Por Maurício Assuero
O recesso parlamentar se estenderá até o próximo dia 1º e a gente fica na dúvida se realmente ele chegou na hora certa. Há pelo menos duas vertentes: a necessidade de definição de políticas, que tirem a economia do buraco e a conclusão dos processos de impeachment e de cassação de Eduardo Cunha. Obviamente que este prazo beneficia Cunha. Ele ganhará tempo para usar suas armas junto aos deputados que lhe devem favores no sentido de reverter o processo de cassação (louva-se a paciência do Juiz Sergio Moro: espera tranquilamente o desfecho para convidar Cunha para uma conversa presencial!). Na outra ponta, mas nessa mesma linha, tem a questão do impeachment. Se Dilma se salvar é provável que a economia sofra mais intensamente e se ela for condenada nada garante que a economia cresça, todavia, o sentimento do mercado é a continuação do governo Temer.
O congresso poderia ser convocado em situações de relevante interesse público, mas uma definição para esta celeuma política não está sendo encarada como tal. Nossos representantes não entenderam o quanto é importante seguir em frente, aprovar medidas restauradoras para a atividade econômica e o pior: como a convocação extraordinária implica em custos adicionais, nossos representantes não estariam muito dispostos a abrir mão dessa remuneração. Assim, uma economia combalida, sofrida, desgastada e desmoralizada perante os investidores externos, pode continuar de mão estendida mendigando um pedido de socorro. É triste.
O discurso do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), deixou a sensação de que os projetos de interesse do Governo Federal (espera-se também que sejam do interesse do povo) deverão ter um andamento mais rápido em função da necessidade de respostas para a economia. Ele falou, inclusive, sobre a questão previdenciária. Mas, este é um caso para lembrar que a proposta do governo atende o governo e não a população. O debate precisa ser ampliado e sair dos extremos atuais: imposição de se trabalhar até morrer e ter tempo de contribuição suficiente para aposentar antes dos 60 anos. Precisamos olhar, também, como será o mecanismo de concessão de aposentadorias para parlamentares (o ex-ministro Aloizio Mercadante, acaba de se aposentar como ex-senador).
Juntando tudo isso, o sentimento que fica é que esta pausa no Congresso vai servir para as tratativas para as eleições municipais. Posso até estar cometendo um julgamento de valor, mas o interesse dos deputados e senadores, neste instante, é o fortalecimento de suas bases. A economia não vai melhorar de um dia para o outro.