ARTIGO — Salvem a Economia

Por Maurício Assuero

São dois anos após a segunda eleição de Dilma e o Brasil entrou em queda livre. É pouco provável que nos lembremos qual foi a última ação do governo em benefício da economia. Tudo que tem sido feito é no sentido de salvar o cargo. Na última sexta (11/03) Dilma foi taxativa ao dizer em entrevista coletiva que não tinha cara de renúncia e que as pessoas estão erradas quando querem lhe tirar do poder. Ela chegou lá, democraticamente, pela escolha do voto. Agora, a outra ponta do icerberg é que ela foi eleita para governar, para todos os brasileiros, e isso ela não está fazendo.

O governo acabou. Dilma não tem condições políticas para propor qualquer ação ou implantar qualquer pacote que tire a economia do buraco. Considerando que, se tudo continuar igual, ela sairá em 2018 então não é difícil entender que até lá o Brasil vai chegar num patamar de estagnação que não será modificado nos quatro anos de um novo governo seja ele quem for. Se sair agora, quem irá comandar as ações? Deposita-se tudo no PMDB, mas a convenção do PMDB foi um dos piores balões de ensaios já vistos: o partido teve a capacidade de proibir que filiados assumam cargos no governo, ou seja, quem está fica, mas nenhum outro cargo deve ser assumido por filiados ao PMDB!

Enquanto as pessoas discutem o pós-Dilma, cabe lembrar que tivemos uma retratação no PIB, que a inflação está acima dos dois dígitos, que a taxa de desemprego está subindo e que isto vai ficar mais complicado com o desenho do cenário econômico para as empresas envolvidas nos desvios de recursos públicos. Uma delas já entrou com pedido de recuperação judicial. Na prática, vai sair muito menor do que era porque não vai poder contratar operações com o setor público e por ser empresa de engenharia pesada dificilmente encontrará espaço para atuar na iniciativa privada.

A manutenção da taxa de juros, em 14,25% ao ano é uma ação impactante do crescimento econômico. É difícil convencer um empresário a implantar um investimento com o custo do dinheiro neste patamar, visto que investimento só se torna viável se a taxa de retorno for superior a taxa de atratividade e neste nível é difícil ter um segmento que responda bem. O setor de serviços, por exemplo, que e mais flexível a formação de custos está enfrentando grandes dificuldades para se manter. Não adianta botar Lula como ministro. Pediram a saída de Levy, agora acham que Barbosa não tem condições. Sinceramente, o único ministro capaz de mudar este quadro chama-se Jesus Cristo.

 

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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