Por Maurício Assuero
O governo do estado anunciou esta semana que não pagará, em agosto, a parcela do 13º a exemplo do que foi feito em alguns anos passados. Isso causou espanto para alguns e várias consequências podem ser destacadas. A primeira é que alguns funcionários se endividaram através do empréstimo consignado e agora não terão como pagar o débito. A forma mais viável é procurar o agente financeiro e renegociar. A segunda questão é que ao deixar para o final do ano o governo, de certa forma, contribui para sufocar o consumo presente e não se tem garantia de que o consumo futuro (o final do ano) seja compensatório, mesmo porque as pessoas usaram o 13º para pagar dívidas.
O lado mais sombrio de tudo isso não foi o governo suspender o 13º, mas sim, avisar que a data de pagamento de mês não será divulgada antecipadamente como sempre ocorreu (a antecipação do 13º foi uma exceção). Isso acende um alerta vermelho e expõe a fragilidade das nossas contas. A economia do estado tem sofrido com a seca, internamente, e com a queda na arrecadação tanto por meios próprios como nas transferências da União.
Como coisas ruins não são isoladas, eis que tem algo para aumentar mais a nossa preocupação. O governo federal autorizou a utilização de leite em pó para a indústria de laticínios produzir seus produtos. Então, pecuaristas ficarão a ver navios com essa medida. O que mais surpreende são as ações intempestivas sem que as partes interessadas dialoguem e busque um denominador comum. Isso vai fazer o governo estadual queimar boas pestanas para equacionar este problema.
A gente começa a se perguntar o que fez o estado cair numa derrocada dessa natureza, principalmente, sabendo que o nosso governador era o homem das finanças no governo de Eduardo Campos. Não parece razoável acreditar que em tão pouco tempo ele tenha esquecido como gerenciar recursos. Agora a renegociação da dívida passa a ser prioridade. Há uma inquietação muito expressiva em várias outras áreas (na saúde, por exemplo) onde o estado tem tido dificuldade em honrar pagamentos. Basta lembrar que os prestadores de serviços também possuem suas obrigações (com seus funcionários e com seus fornecedores) e quando não recebem se endividam ou cortam gastos demitindo pessoas e revendo procedimentos. O momento é bastante delicado. A solução do estado passa pelo aumento da arrecadação. Como fazer isso num ano de eleições é a “pedra filosofal”.