Lucas, 4 anos, tinha um ano quando a mãe percebeu que havia algo anormal no comportamento dele. Foram dois anos para fechar o diagnóstico de autismo. Ele já havia passado por três neuropediatras e a suspeita maior era de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). A mãe, a enfermeira Rebeka Kelly, 33 anos, nunca desistiu de buscar o diagnóstico. Há cinco meses, ele está em atendimento na Clínica Desenvolver Natália Spinelli, na Ilha do Leite. O autismo é uma das especialidades da clínica que hoje trata cerca de 100 crianças com algum tipo de transtorno no comportamento.
“Lucas está desenvolvendo muito bem e está interagindo. Eu sei que ele vai conseguir ter uma vida normal interagindo com as outras pessoas”, disse a mãe. O comportamento do filho de três anos de Lucie Jodasova, 35 anos, também acendeu a luz vermelha. O diagnóstico inicial é de Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD). Há um ano, ela pesquisava sobre o comportamento do filho. “Fui para vários médicos e muitos disseram que era típico da idade e você acaba se acalentando e acreditando, mas lá no fundo sabia que havia algo errado”, contou. Pela internet, ela encontrou a Clínica Desenvolver Natália Spinelli e com três meses de tratamento já percebe melhoras no comportamento do filho. “Ele ficava muito irritado e se jogava no chão porque não conseguia expressar o que queria e hoje ele já consegue dizer. Ele está bem melhor e estou mais tranquila sabendo que há tratamento e que ele não será um adulto problemático”, afirmou Lucie.
Um estudo divulgado pelo CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, revela que uma criança a cada 100 nasce com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os dados revelam um aumento no número de casos de autismo em todo mundo. Até há alguns anos, a estimativa era de um caso para cada 500 crianças. Com isso, estima-se que no Brasil existem dois milhões de autistas. As pesquisas ainda revelam que os meninos são mais afetados pelo transtorno do que as meninas.“Algumas pessoas me perguntam porque há 20 anos não se via tantos casos de autismo, que hoje é praticamente uma ‘epidemia’. Acredito que há uma mutação genética e também acredito que hoje em dia exista muito isolamento em razão do acesso em demasia aos equipamentos eletrônicos”, avaliou Natália.
O diagnóstico dos transtornos vem ocorrendo cada vez mais cedo o que ajuda no tratamento. “Antes eu recebia crianças com cinco ou seis anos e hoje já recebemos crianças a partir de um ano”, contou. O tempo de tratamento não varia em cada caso e não há uma cura, mas existe a possibilidade da criança receber alta. “A alta significa que a gente não consegue mais visualizar nenhuma característica do autismo. É o que alguns neuropediatras chamam de sair do espectro do autismo”, explicou.
Na clínica são até oito profissionais para trabalhar por criança. “A gente atende diariamente, também atendemos a domicílio e damos suporte no ambiente escolar. Há uma grande diferença de um professor itinerante e assistente pedagógico de um terapeuta especializado que trabalhará com a linguagem e o comportamento sensorial”, ressaltou. Uma vez por mês, os pais participam das atividades, mas na maior parte das vezes eles acompanham por um vidro. “Nós limitamos o acesso porque as crianças mudam muito na presença dos pais”, afirmou Natália.
Do Diario de Pernambuco