Delegada pernambucana morta na Bahia: crime pode ter sido premeditado e motivado por vingança

O homem que confessou ter matado a delegada pernambucana Patrícia Neves Jackes Aires, de 29 anos, pode ter premeditado o crime, segundo informou o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom) da Bahia, o delegado Arthur Gallas, em coletiva de imprensa.

A vítima foi encontrada morta dentro do próprio carro, no domingo (11), na cidade de São Sebastião do Passé, na Região Metropolitana de Salvador.

Segundo o diretor de polícia, o suspeito Tancredo Neves Lacerda Feliciano de Arruda, de 26 anos, costumava verbalizar que a vítima havia sido a responsável pela sua prisão, em maio deste ano, por agressão.

“Pode ter sido um crime premeditado. Ele pode ter feito para se vingar pelo fato de já ter sido preso pela lesão anterior que ele cometeu contra ela. Ela sempre andava armada, mas, nesse dia, ela havia deixado o objeto em casa, e ele sabia”, afirmou Arthur Gallas.

Ainda segundo o delegado, Tancredo Neves tinha um histórico de violência não somente com a delegada, com quem mantinha relacionamento, mas, também, com outras mulheres. Ao todo, são 26 ocorrências envolvendo o suspeito.

“Desde menor, ele já se envolvia em problemas, o que indicava que era uma pessoa perigosa e que não media esforços para agredir as pessoas e tirar a vida, como foi o caso”, destacou Arthur Gallas.

No Paraná, ele teria empurrado uma mulher do 5º andar e responde por isso. E também se envolveu em um caso de agressão envolvendo uma médica em Feira de Santana, na Bahia. A vítima chegou a registrar o caso, mas não deu prosseguimento por medo.

Tancredo, que se apresenta como médico formado no Paraguai, também foi indiciado pela Polícia Civil por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica, em inquérito aberto em 2022, em Euclides da Cunha, no interior da Bahia.

Apesar do carro com o corpo ser sido encontrado em São Sebastião do Passé, a polícia suspeita que o crime tenha acontecido na cidade de Sapeaçu, já que o rastreador do veículo mostrou o trajeto feito naquele dia e imagens de um posto de pedágio mostram a vítima no banco de carona já desfalecida.

“Ele deve ter matado ela em Sapeaçu, por conta do tempo que permaneceu lá. A gente tem que aguardar os laudos periciais, principalmente dela, para estabelecer melhor o horário da morte”, destacou o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana da Bahia.

Inicialmente, o suspeito chegou a dizer que os dois tinham sido sequestrados por três homens em uma moto e que os tais criminosos teriam seguido com Patrícia no carro.

Em depoimento na segunda-feira (12), ele admitiu que inventou o sequestro e disse ter usado o cinto do carro para se defender da delegada durante agressões no veículo. A suspeita é que Patrícia tenha sido vítima de estrangulamento.

O suspeito teve a prisão em flagrante convertida em preventiva e seguiu para o Complexo Penitenciário Lemos Brito, na Bahia.

A pernambucana Patrícia Neves deixa um filho. Ela era bacharel em Direito e especialista em Direito Penal e Processo Penal. Em 2016, tomou posse como delegada e foi designada para a delegacia de Barra, no oeste da Bahia.

Com forte atuação na prevenção e enfrentamento às violências de gênero, Patrícia já trabalhou no Núcleo Especializado de Atendimento à Mulher (Neam) da Bahia, em 2021, e estava lotada em Santo Antônio de Jesus, onde atuava como plantonista.

Folhape

Central realiza grande avaliação para as categorias de base

O Central Sport Club realiza no próximo dia 18 de agosto, uma grande avaliação para os atletas interessados em integrar os elencos que irão disputar o Campeonato Pernambucano Sub-13, Sub-15 e Sub-17.

A avaliação será realizada no estádio Luiz José de Lacerda e em breve será divulgada mais informações a respeito de horário e inscrições.

Inscrições para artistas que desejam se apresentar na Casa Rosa encerram neste domingo (18)

A Fundação de Cultura de Caruaru lembra a todos os artistas e grupos culturais que o prazo para as inscrições no cadastro da Casa Rosa encerra no próximo domingo, 18 de agosto de 2024. O processo seletivo visa à criação de um banco de dados de artistas, sejam pessoas físicas ou jurídicas, que desejam se apresentar no palco da Casa Rosa ou realizar outras ações culturais no espaço.

Os interessados em participar devem consultar os critérios estabelecidos no chamamento público, disponível no Mapa Cultural de Caruaru, através do link: https://mapacultural.caruaru.pe.gov.br/.

A Fundação de Cultura de Caruaru reforça seu compromisso com a diversidade cultural, incentivando os artistas locais a aproveitarem a oportunidade de expressar e compartilhar seu talento com o público em um dos mais importantes pontos de fomento cultural da cidade.

CDL Caruaru estreia novos episódios dos podcasts Vencendo Desafios e Guia Legal

Estreiam nesta quarta-feira (14) os novos episódios dos podcasts “Vencendo Desafios” e “Guia Legal”, da CDL Caruaru. Os quatro programas inéditos serão exibidos no canal da entidade no Youtube (www.youtube.com/@CDL_CARUARU).

O terceiro episódio de “Vencendo Desafios” já está no ar. O convidado é o médico nefrologista Ricardo Maranhão. No bate-papo com Claudio Rodrigues, sócio-diretor da Staff Comunicação, agência produtora do podcast, Maranhão fala sobre sua carreia na Medicina e sobre uma outra paixão: a programação de dados. Desde a adolescência, ele se dedica a esta atividade, que já rendeu o desenvolvimento de sistemas estratégicos para médicos. No bate-papo, Ricardo fala também da Happy – Escola de Inovação, da qual é sócio, e da parceria firmada com a CDL Caruaru.

Na quarta (28/08), vai ao ar o terceiro episódio de “Guia Legal”. A convidada é Janaína Araújo, agente certificadora da CDL Caruaru. Na conversa, ela fala sobre a importância do Certificado Digital, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas.

No dia 4 de setembro, a série “Vencendo Desafios” apresenta, em seu quarto episódio, a consultora em gestão e inovação Cátia Maciel. A escritora e CEO da InSer Gestão aborda a sua grande paixão pela pesquisa sobre atendimento ao consumidor e fala um pouco sobre o livro “Cliente – A Transformação da Cultura do Atendimento”.

E no dia 18 de setembro, o quarto episódio da série “Guia Legal” será com Anderson Almeida, especialista em posicionamento de marcas no digital e tráfego pago e CEO do Grupo Fiji. Na conversa com Claudio Rodrigues, ele traz detalhes importantes sobre vendas pelo Whatsapp, tema de grande relevância para lojistas.

Episódios já lançados – A CDL Caruaru estreou o podcast no mês de julho. Já estão no canal os bate-papos com Rossini Batista, presidente da entidade, e Rhuan Torres, gerente de Inovação da FCDL-PE (Federação das CDLs de Pernambuco), na série “Vencendo Desafios”, e com Jan Grumberg, advogado e assessor jurídico da CDL Caruaru, e Almir Leite, diretor da CDL Caruaru, na série “Guia Legal”.

CDL Caruaru – Instituição associativa de caráter civil, congrega vários e representativos segmentos do comércio lojista, atuando nos termos das normas estatutárias em vigor, tendo ao longo da sua existência prestado relevantes serviços aos empresários lojistas e contribuído com o desenvolvimento de nossa cidade e do Estado de Pernambuco. Como instituição que representa a classe empresarial de nossa cidade, possui centenas de filiados com os quais mantém uma relação de cunho associativista das mais profícuas, até mesmo porque é a entidade mantenedora do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Mais informações sobre os serviços prestados à população podem ser obtidas pelo número de telefone (81) 3101-2900.

Loteamento Demóstenes Veras será o destino da Caravana da Saúde e Cidadania nesta sexta-feira (16)

A próxima parada da Caravana da Saúde e Cidadania será no Loteamento Demóstenes Veras, em Caruaru, nesta sexta-feira (16). A estrutura será montada na Avenida Recife, s/nº, em frente à Unidade Básica de Saúde (próximo à Funase), onde diversos serviços municipais serão ofertados, das 8h às 12h. As Secretarias Municipais de Saúde (SMS) e de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SDSDH) estão à frente da ação, que conta com o apoio das demais secretarias do município.

Serão disponibilizados diversos serviços municipais, como atendimentos do Programa Saúde em Dia, com médico e dentista (Odontomóvel), dispensação de medicamentos (mediante receita municipal) através do Farmamóvel, avaliação nutricional, práticas integrativas (ventosaterapia e auriculoterapia), aferição de pressão e HGT, ação educativa da Vigilância em Saúde com distribuição de peixes larvófagos (para o combate ao mosquito da dengue), vacinação antirrábica e castração para cães e gatos, emissão de RG, atualização do CadÚnico e Bolsa Família, entre outros.

Nesta edição, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Tecnologia e Economia Criativa (Sedetec) levará, mais uma vez, ações do programa “Emprego, Renda e Avança”: Caruaru Cred Mais, com microcrédito para empreendedores, e o Profissionaliza Mais, com inscrições para cursos gratuitos no segmento têxtil e de confecções.

Serviço:

Caravana da Saúde e Cidadania no Loteamento Demóstenes Veras
. Dia: 16.07.2024 (sexta-feira)
. Hora: 8h às 12h
. Local: Avenida Recife, s/nº, Loteamento Demóstenes Veras (em frente à Unidade Básica de Saúde, próximo à Funase)

Garanhuns promove novo Casamento Civil Comunitário em novembro de 2024

Mais uma edição do Casamento Civil Comunitário será realizada pela Prefeitura de Garanhuns, através da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, por meio da Casa de Justiça e Cidadania. A cerimônia está prevista para o dia 13 de novembro, no Parque Euclides Dourado, e também conta com parceria do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania.

As inscrições devem ser realizadas no período de 15 de agosto a 30 de setembro, na Casa de Justiça e Cidadania, localizada na Travessa Pau Pombo, 126 – Santo Antônio, de segunda a sexta, das 8h às 14h. Serão disponibilizadas vagas para 50 casais moradores do município.

Para se inscrever, o casal deve apresentar RG, CPF, comprovante de residência, certidão de nascimento ou de casamento com averbação de divórcio ou óbito e folha resumo do CADÚnico recente. Também devem ser apresentados cópias do RG, CPF e comprovante de residência de duas testemunhas, que não podem ser pai ou mãe dos noivos. Para mais informações, basta entrar em contato com o whatsapp da Casa de Justiça e Cidadania: (87) 99736-1045.

FAB transportará urnas funerárias de vítimas de acidente em Vinhedo

A Força Aérea Brasileira (FAB) inicia nesta terça-feira (13) o transporte das urnas funerárias de vítimas do acidente aeronáutico registrado em Vinhedo (SP). Em nota, a corporação informou que o destino das urnas funerárias é o aeroporto de Cascavel, no Paraná.

O translado será feito com a aeronave KC-390 Millennium, operada pelo Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte – Esquadrão Gordo, com decolagem prevista para as 15h, partindo da Base Aérea de São Paulo.

Como foi o acidente
O acidente ocorreu por volta das 13h30 da última sexta-feira (9), matando 62 pessoas. A aeronave turboélice da marca francesa ATR, da empresa Voepass (antiga Passaredo), caiu em Vinhedo, próximo a Campinas. O voo saiu de Cascavel (PR) e seguia para o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

O procurador-Geral de Justiça do Estado de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, disse, nessa segunda-feira (12), que o Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo já concluiu todos os exames necroscópicos que determinam a causa da morte. O IML continua a fazer agora a identificação dos corpos.

De acordo com o último balanço, 27 corpos foram identificados e 12 foram liberados às famílias. Vinte e três vítimas foram identificadas por impressões digitais e quatro por meio de análise da arcada dentária.

BNDES aumenta aprovações de crédito em 83% no 1º semestre

A aprovação de crédito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) chegou a R$ 66,5 bilhões no primeiro semestre deste ano, um aumento de 83% em relação ao mesmo período do ano passado. Em relação ao primeiro semestre de 2022, o crescimento chega a 107%.

Os dados foram divulgados nesta terça-feira (13).

O segmento com maior crescimento na aprovação de crédito na comparação do primeiro semestre de 2023 com os 6 primeiros meses deste ano, foi a infraestrutura (146%), que atingiu o volume de R$ 26,3 bilhões.

“Não é só o volume. É a qualidade dos projetos. No caso da [Via] Dutra, desenvolvemos uma modelagem inovadora. E é o maior projeto de financiamento rodoviário da história do Brasil e a maior debênture da história do Brasil. É um projeto de R$ 16 bilhões, em que o BNDES entra com mais de R$ 10 bilhões”, disse o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, citando o projeto que envolverá nova iluminação, duplicação de pistas, viadutos e vias marginais na rodovia que liga as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

Também houve aumentos nas aprovações de crédito para a indústria (81%), comércio e serviços (70%) e agropecuária (31%).

“Essas aprovações são distribuídas em todos os setores da economia. Temos aqui um aumento de 204% na agropecuária [em relação ao primeiro semestre de 2022], refletindo a importância que o BNDES tem para o setor, atingindo R$ 14,2 bilhões em aprovações de crédito para agropecuária. Nós percebemos que a retomada das aprovações de crédito é uma realidade forte em todos os setores em que nós trabalhamos”, informou o diretor financeiro do banco, Alexandre Abreu.

Ele destacou que, do total aprovado, R$ 29,3 bilhões foram para micro, pequenas e médias empresas, 53% a mais que no ano anterior, e R$ 10,7 bilhões foram por meio de bancos cooperativos e cooperativas de crédito (128% a mais que no ano anterior).

Em relação aos desembolsos, ou seja, o dinheiro efetivamente repassado pelo BNDES aos projetos, o volume total no primeiro semestre deste ano chegou a R$ 49,3 bilhões, ou seja, 21% a mais que o mesmo período do ano passado e 47% superior ao primeiro semestre de 2022.

De acordo com o BNDES, a expectativa é finalizar 2024 com desembolsos que representem 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país), ou seja, maior do que o 1,1% de 2023.

A carteira de crédito do BNDES soma R$ 530,2 bilhões, 11% maior do que a registrada no primeiro semestre de 2023, de R$ 479,1 bilhões. O percentual de inadimplência gira em torno de 0,07%, abaixo dos valores de mercado, que foi 0,41%, segundo a instituição.

Rio Grande do Sul
O BNDES também divulgou informações relativas ao auxílio ao Rio Grande do Sul, estado impactado por fortes chuvas no segundo trimestre deste ano. De acordo com o banco, as medidas de apoio atingiram R$ 9,7 bilhões, entre créditos emergenciais, créditos solidários e suspensão de pagamentos.

O Novo Fundo do Clima, que em 2023 desembolsou R$ 800 milhões, tem previsão de investir R$ 5 bilhões neste ano, R$ 12,5 bilhões em 2025 e R$ 14,6 bilhões em 2026.

Resultado financeiro
Em relação aos resultados financeiros, o BNDES informou ter obtido lucro líquido recorrente de R$ 7,2 bilhões no primeiro semestre deste ano, quase o dobro (94%) do registrado no mesmo período do ano passado (R$ 3,7 bilhões). A maior parte do crescimento foi impulsionado por intermediação financeira.

O lucro contábil, que também inclui dividendos de empresas nas quais o BNDES tem participação societária, como a Petrobras, a JBS e a Eletrobras, chegou a R$ 13,3 bilhões. O patrimônio líquido do banco soma R$ 160 bilhões.

A previsão é que o BNDES contribua com R$ 21,06 bilhões para o resultado primário do Tesouro Nacional neste ano.

Prometer pouco e cumprir muito pode transformar o país

Samuel Hanan

A proximidade das eleições municipais é um momento propício para uma reflexão necessária dos brasileiros. Porque em todas as esferas – federal, estadual e municipal – o Brasil vive uma tradição muito nefasta dos candidatos: prometer muito e cumprir pouco.

Tomemos como exemplo as promessas e propostas dos candidatos à Presidência da República nas últimas eleições. Em geral, prometeu-se unir o povo brasileiro – portanto um governo de unidade nacional -, governar para todos, não aumentar impostos, reduzir as desigualdades regionais e sociais, melhorar a educação (pois sem ela não há salvação), e combater a corrupção. Chegou-se a falar que os corruptos seriam sumariamente afastados de seus cargos e seus malfeitos encaminhados ao Ministério Público e à Justiça. Prometeu-se, ainda, ampliar os programas sociais, especialmente o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continua (BCP), e respeitar as conquistas das aposentadorias e pensões.

Tudo soou maravilhoso, no entanto o que se vê na prática são comportamentos iguais, promessas iguais e com data de vencimento: a data da eleição. Nossos políticos levam ao pé da letra o que escreveu o austríaco Sigmund Freud (1856-1939), criador da psicanálise: “As massas nunca tiveram sede de verdade. Elas querem ilusões e não vivem sem elas”.

Fechadas as urnas, apurados os votos e empossados os eleitos, tudo muda. Não se vê nenhuma ação efetiva no sentido de unir a classe política e o povo brasileiro. Pelo contrário: a prática comum é eleger vilões, imputando a eles todas as dificuldades do governo. A “herança maldita” é a desculpa recorrente.

Quem está no cargo jamais admite qualquer parcela de responsabilidade pelo insucesso da gestão ou pelo não cumprimento do que foi distribuído por sua fábrica de ilusões. Não quer enxergar que não se une um país retirando os direitos de muitos para manter – e, se possível, ampliar – os privilégios de poucos.

O governo federal atual, por exemplo, escolheu como primeiro vilão o presidente do Banco Central – que possui autonomia – e os banqueiros controladores dos maiores conglomerados do sistema financeiro nacional, acusados de serem os grandes responsáveis pelas elevadíssimas taxas de juros, responsáveis por tirar do caixa do governo cerca de R$ 800 bilhões por ano. São apontados como inimigos do povo.

O governo também elegeu dentre os vilões preferidos os cidadãos ricos e super-ricos que não gostam e nem querem pagar tributos. São tratados como egoístas e insensíveis às necessidades da população, apesar de o governo ter aumentado tributos em mais de 50% nos últimos 35 anos, elevando a carga tributária de 22,3% para o patamar de 33,5% e 34,0% do Produto Interno Bruto (PIB), o que dá ao Brasil a 14ª posição dentre os maiores cobradores de impostos do mundo.

Porém não bastou. São igualmente vilanizados os empresários que vivem reclamando do governo, mas gozam dos benefícios fiscais concedidos pelo mesmo governo que criticam. São personalidades sempre muito ativas no Congresso Nacional e frequentadores de gabinetes de ministros, buscando por mais privilégios e reclamando novas renúncias fiscais – benefícios que retiram recursos do governo na ordem de 4,8% do PIB, o correspondente a R$ 550 bilhões por ano.

O Brasil precisa, urgentemente, aprender a desmitificar as mentiras propagadas amiúde pelos maus governantes. Não é real que o presidente do Banco Central, o Comitê de Política Econômica (Copom) e os grandes banqueiros são os responsáveis pelas elevadas taxas básicas de juros (Selic).

Essa situação é consequência da má gestão dos governos dos últimos 25 anos, que optaram pela farra de financiar o gigantismo do Estado nacional com privilégios insuportáveis, e com gastos superiores às receitas, gerando déficits nominais da ordem de 8,89% do PIB, ou R$ 967 bilhões/ano, conforme dados de 2023 do Banco Central do Brasil. Vale lembrar que um ano antes, em 2022, o déficit foi de R$ 480 bilhões. Ou seja, o governo atual dobrou o déficit nominal, revelando pouca preocupação com o tamanho do rombo e ignorando suas consequências. Nem é necessário ser um prêmio Nobel de Economia para saber que todo déficit precisa ser coberto por meio de refinanciamento junto ao sistema bancário e que a simples incorporação dos juros ao estoque da dívida implicará em mais dívida e mais juros a serem pagos.

Também fica claro que gigantesco déficit não foi originado do crescimento de investimentos públicos, tampouco em melhor remuneração dos professores, dos profissionais da saúde, e dos membros da segurança pública, merecedores de proventos mais dignos. A origem, sem dúvida, está na gastança com os privilégios dos donos do poder.

Há outro aspecto a ser considerado. Hoje a taxa básica de juros da Selic é de 10,50% ao ano (em reais). Já a taxa de juros preferenciais dos títulos do tesouro norte-americano está no patamar de 5,50% ao ano (em dólar).

A taxa de juros no Brasil também é agravada pela taxa do risco Brasil, estabelecida pelos credores e investidores internacionais. No caso brasileiro, essa taxa flutua entre 1,35 p.p. e 1,45 p.p.. E ainda existe um terceiro componente considerado na fixação da taxa de juros: a inflação interna, de 3,8% a 4,0% ao ano.

Fácil concluir, portanto, que não existe nenhum ato hostil, nem do Bacen, nem dos bancos. Existe, sim, um descontrole dos gastos do governo que tem superado em muito as receitas. Isso gera um aumento do endividamento, com a colaboração das expectativas futuras em relação ao país e ao cenário mundial, ambas avaliadas como não favoráveis.

Sobre o falso argumento de ricos e super-ricos não gostam e não querem pagar tributos, é necessário ponderação. É fato que esses não gostam, porém pagam tudo o que a legislação estabelece. Não há no Brasil desobediência fiscal.

Questão mais grave está nos governos que tributam muito e preferem cobrar mais do consumo e do emprego do que dos rendimentos do trabalho e do capital, bem como dos dividendos recebidos pelos investidores.

A reforma tributária, em fase de regulamentação no Congresso, apesar de aplaudida por muitos, repete parcialmente os mesmos vícios do passado. O tempo mostrará que teremos uma das duas maiores alíquotas do mundo em tributos sobre consumo – o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) – que devem ficar na faixa de 26% a 28% do bem ou produto. Uma aberração para um país com população majoritariamente de baixa renda (60 % da população tem renda inferior a 1 salário mínimo).

Olhando para trás, vemos que, até a Constituição Federal de 1988, a carga tributária brasileira era da ordem de 22% a 23% do PIB, depois majorada para 27,28% em 2001 e hoje já próxima de 34% do PIB. Ou seja, em apenas 35 anos os tributos foram elevados em mais de 50%.

Conclui-se, portanto, que os verdadeiros culpados são os governos, porque cobram muito (34% do PIB) e cobram mal (tributos regressivos sobre consumo de 25% a 28% do valor do produto comercializado) e sobre o emprego, uma vez que o Brasil tem encargos previdenciários e trabalhistas entre os mais elevados do mundo. Cobram muito para manter privilégios absolutamente condenáveis e para assegurar o gigantismo da ineficiente máquina pública.

Sobre a terceira inverdade citada, vemos que empresários com presença atuante no Congresso Nacional e nos gabinetes dos Ministros de Estado – alguns até no gabinete do Palácio do Planalto – têm conseguido obter do governo central benefícios fiscais e renúncias fiscais (hoje chamados de gastos tributários da União) concedidos sem nenhuma correlação com a redução das desigualdades regionais e sociais, que é seu verdadeiro papel constitucional (arts 43 e 151 da CF/88).

Recentemente, o presidente da República disse em pronunciamento estar chocado com o tamanho da renúncia fiscal da União, cujo valor supera R$ 520 bilhões (em valores de 2023) e sufoca o caixa do governo. É, de fato, motivo de choque para qualquer gestor público que se preze. É inadmissível o governo federal renunciar a cerca de 4,80% do PIB, retirando, com isso, recursos que poderiam ser direcionados para a redução do déficit público anual e para a melhoria dos serviços públicos essenciais à população.

Esse erro não é novo, mas segue se agravando. Em 2002 (último ano de governo de FHC), a renúncia fiscal era de 1,47% do PIB. No ano seguinte, mais que dobrou, atingindo 3,60% em 2015, no final do governo Dilma Roussef, já chegava a 4,33% do PIB. Hoje, está perto de 4,80% do PIB. O governo federal tem, portanto, motivos de sobra para se espantar com esses números. No entanto, se fizesse o mea-culpa partidário concluiria que os governos Lula e Dilma muito contribuíram para a inadmissível ampliação das renúncias que, se cortadas pela metade, dariam ao governo uma folga superior a R$ 260 bilhões/ano.

Parte dessa renúncia, aliás, é ilegítima e contrária a comando constitucional estatuído nos artigos 3º, 43, 151 e 165 (parágrafos 6º e 7º). Isso porque de 60% a 65% do valor renunciado anualmente tem como favorecidos os contribuintes-empresários estabelecidos nas duas regiões mais desenvolvidas do país, contribuindo para aumentar o fosso existente entre as regiões Sul e Sudeste e as regiões Norte e Nordeste.

Isso também não tem contribuído em nada para melhorar a distribuição de renda no país, vez que o Coeficiente Gini em 2023 mostrou o Brasil ocupando apenas a 30ª colocação entre os 30 países com maior carga tributária no planeta, o lanterna.

Também não encontra respaldo na realidade o discurso de que o governo está melhorando a qualidade de vida e aumentando a renda das classes menos favorecidas, exceto, nesse caso, pela concessão de benefícios sociais de caráter efêmero. Da mesma forma, não se pode dizer que há atuação para a redução da disparidade absurda na renda dos cidadãos do Norte e Nordeste comparados com os brasileiros do Sul e Sudeste.

Diferentemente das promessas, até agora não se vê nenhuma ação governamental concreta na direção prometida. Assim, permanece a dura realidade da renda média dos trabalhadores das regiões Norte e Nordeste ser de 30% a 36% menor que a média nacional, segundo dados oficiais.

O Brasil continua sendo um país de cidadãos pobres. Mais de 60% das pessoas vivem com renda média mensal inferior a um salário-mínimo (R$ 1.412,00, brutos) e cerca de 92% a 94% dos brasileiros têm renda média mensal bruta inferior a três salários-mínimos, ou R$ 4.236,00.

Em outra questão nevrálgica a população, a violência urbana, os recursos financeiros e as ações anunciadas desde 2023 ainda não produziram resultado prático. Segundo estudo do IEP – Institute for Economic and Peace (em português, Instituto para Economia e Paz), mesmo não estando em guerra com outros países, é visto como uma das nações mais perigosas do mundo. Isso porque vivemos uma guerra civil, graças à criminalidade acentuada pelo tráfico de drogas e armas e por cerca de 70 organizações criminosas que o Estado não consegue combater.

O IEP analisou dados de 163 países e colocou o Brasil na indesejável posição nº 131 no ranking de segurança pública. Na América do Sul, somente Venezuela e Colômbia são vistos como menos seguros que o Brasil, recordista mundial em números absolutos de homicídios (dados de 2023).

Isso é um grande obstáculo para o desenvolvimento do país. Recente estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) revela que se a taxa nacional de homicídios convergisse para a média global, a economia brasileira poderia experimentar crescimento adicional de 0,6% do PIB, equivalente a R$70 bilhões.

O mito da competitividade alardeada pelo vice-presidente da República e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços ainda não se concretizou. Nada se verificou de ações eficazes em relação a programas de melhoria de competitividade nos setores produtivos nacionais.

Há cinco anos consecutivos o Brasil permanece entre os 10 países menos competitivos no ranking global. Matéria da revista Exame mostrou que, segundo o I.M.D. – Instituto for Management and Development (em português Instituto de Gestão e Desenvolvimento), sediado na Suíça, em 2024 o Brasil caiu duas posições em relação à colocação de 2023.

Nesse ranking, o país ocupa apenas a 62ª posição, seguido de Gana (65º), Argentina (66º) e Venezuela (67º). Definitivamente, não temos do que nos orgulhar.

As promessas de campanha vão se acumulando sem serem cumpridas. Enquanto isso, o Brasil vai somando derrotas mundiais em indicadores importantes. Apesar disso, é preciso ser otimista porque não faltam recursos financeiros e a honestidade ainda é o maior legado que um pai pode deixar para sua família e um governante, ao seu país. Foi o que ensinou o dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616): “Nenhuma herança é tão rica quanto a honestidade”.

Para transformar o país nossos governantes precisam, antes de tudo, mudar o comportamento. Os brasileiros terão um país muito melhor se os governos aprenderem a prometer pouco e cumprir muito. Que saudade de Juscelino que cumpriu mais de 82% do seu plano de metas.

Tributária: Senado precisa ajustar texto para não prejudicar empresas do Simples Nacional

Após passar pela Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei Complementar (PLP) 68/2024, que regula a Reforma Tributária aprovada no final de 2023, está em debate agora no Senado – casa na qual a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) espera que o texto seja aprimorado.

Uma das principais preocupações da Entidade é com o Simples Nacional. Isso porque algumas das novas regras no projeto podem representar aumento significativo de tributos para empresas enquadradas nesse regime.

Na Câmara, o trecho do projeto sobre o Simples não foi alterado, fazendo com que empresas de pequeno porte – que dão a tônica da economia do País – continuem em um dilema cujas opções são ruins: ou se manter integralmente no Simples, mas perdendo competitividade, ou excluir os novos tributos do regime diferenciado e arcar com uma carga tributária maior.

Atualmente, vale dizer, esses empreendedores têm um tratamento diferenciado, o que lhes garante condições relevantes para competir no mercado, já que a legislação garante a transferência integral dos créditos de PIS/Cofins no montante de 9,25%. A reforma, porém, restringiu essa transferência ao montante pago no regime unificado.

A FecomercioSP propõe, desde o início da discussão, que seja permitida, ao contrário, a transferência de crédito da CBS em um porcentual equivalente à alíquota aplicável a empresas do regime regular, de modo a manter a regra atual sobre contribuições que serão extintas (PIS/Cofins). É uma proposta para garantir competitividade aos contribuintes do meio das cadeias produtivas.

Mas não é só isso: a modificação nas regras da não cumulatividade é outro fator que ainda precisa ser aprimorado nessa nova fase da regulamentação. Esse ponto é especialmente importante na definição de bens e serviços para uso e consumo pessoais, que não geram crédito tributário. Pelo texto atual, será permitido o creditamento de “serviços de planos de assistência à saúde e de fornecimento de vale-refeição e vale-alimentação, quando forem destinados a empregados e decorrerem de Convenção Coletiva de Trabalho (CCT)”.

Todavia, ainda não há a inclusão de despesas relevantes, como bolsa de estudo e deslocamento dos empregados, aperfeiçoamentos que podem reforçar ainda mais a neutralidade do sistema, conforme já defendido pela FecomercioSP.

Pontos contemplados
A Federação considera importantes alguns avanços feitos na Câmara – muitos deles com a colaboração da própria Entidade, que participou dos Grupos de Trabalho (GTs) elaborados pelo Congresso para discutir essa etapa da reforma. Ainda assim, são pontos que merecem atenção.

Se, por um lado, a trava embutida na alíquota de referência é positiva, por outro, não há qualquer sanção ao descumprimento do dispositivo, além da possibilidade de revisão de benefícios já pactuados. Um dispositivo foi incluído estabelecendo que se o porcentual geral for superior a 26,5%, o Poder Executivo apresentará Projeto de Lei Complementar (PLP) para propor diminuição das reduções de alíquotas dos regimes diferenciados, beneficiados com reduções de 30% e 60%.

Outro ponto positivo foi a inclusão da proteína animal na Cesta Básica Nacional de Alimentos, medida relevante para garantir uma alimentação nutricionalmente adequada. Da mesma forma, foi feito um reparo foi feito para garantir a redução a todos os medicamentos registrados na Anvisa ou produzidos por farmácia de manipulação — exceto os beneficiados com redução a zero das alíquotas. A ampliação do benefício é importante.

Carga tributária e modernização do Estado
A FecomercioSP tem sido crítica, desde o início, à Reforma Tributária aprovada no final de 2023 no Congresso e, agora, em fase de regulamentação. Para a Entidade, além de dificultar significativamente o ambiente de negócios para os pequenos empreendedores, os contribuintes brasileiros passarão a figurar na lista das nações que mais pagam impostos (26,5%) quando o texto entrar em vigor.

Como já dito, ainda que a Câmara tenha aprovado uma limitação à alíquota de referência, não há indicativo de sanção ao descumprimento do dispositivo. Sem contar a questão do Simples, que, para a FecomercioSP, é um pilar da reforma e precisa ser ajustado com urgência.

A FecomercioSP segue defendendo uma Reforma Administrativa que reduza os gastos públicos e proporcione mais transparência e retorno ao contribuinte. O País pode oferecer serviços melhores e desburocratizar processos que, hoje, tornam a máquina pública ineficiente e incapaz de resolver os principais gargalos da sociedade brasileira. Um Estado que arrecada 32% do Produto Interno Bruto (PIB), mas é falho em eficiência e produtividade, precisa passar por uma ampla discussão para que o empresariado e a população não sejam penalizados com o pagamento de altos impostos. Assim, fica claro que uma mudança na legislação com potencial de aumentar tributos não deveria preceder um esforço rigoroso do governo para reduzir os próprios gastos.

Sobre a FecomercioSP
Reúne líderes empresariais, especialistas e consultores para fomentar o desenvolvimento do empreendedorismo. Em conjunto com o governo, mobiliza-se pela desburocratização e pela modernização, desenvolve soluções, elabora pesquisas e disponibiliza conteúdo prático sobre as questões que impactam a vida do empreendedor. Representa 1,8 milhão de empresários, que respondem por quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e geram em torno de 10 milhões de empregos.