Pernambuco: momento de resiliência nos negócios

Por Raniery Marques*

Com o início da adoção de medidas de flexibilização do isolamento social em diversas cidades brasileiras e, especialmente, em Recife, uma das preocupações agora é com relação ao processo de retomada das empresas da região. Em Pernambuco, setores como turismo, consumo e mercados industriais foram os mais afetados e estão agora numa fase que requer resiliência, criatividade e foco nos projetos voltados para a transformação digital.

Não podemos deixar de pensar que trata-se de um processo que ainda vai demandar tempo para voltar ao normal já que a economia do estado foi uma das mais atingidas pela crise. Dados divulgados pelo Centro Internacional de Negócios de Pernambuco (CIN) e a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE) mostram que as exportações, em abril deste ano, movimentaram 73 milhões de dólares e se aproximaram do mesmo volume registrado em 2011 (66 milhões de dólares). As importações atingiram nesse período o montante de 204 milhões de dólares, a menor na séria histórica dos últimos dez anos. Já o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), publicação mensal da FIEPE, traz, na edição de abril deste ano, a informação que houve uma queda acentuada na confiança do empresário pernambucano chegando a 36,7 pontos em uma escala que vai de zero a cem, na qual acima de 50 pontos demonstra confiança e abaixo falta dela. Para se ter uma ideia, esse mesmo índice em abril de 2019 era de 55 pontos, demonstrando claramente a preocupação do empresariado neste momento que estamos vivendo.

Pelo fato de esses dados apontarem um cenário ainda um pouco otimista, acreditamos que este seja um momento de resiliência para os empresários de todos os setores que atuam na região. Estudos demonstram que há segmentos que precisarão se reiniciar, se transformar para reemergir, alguns terão um retorno normalmente e outros estão vivendo uma onda de crescimento.

Negócios voltados para o setor hoteleiro (forte em Pernambuco), aeroportos e o próprio governo são exemplos de indústrias que, necessariamente, terão que se reiniciar. Já óléo e gás, automotivo e construção civil precisam olhar para frente e entender como é se transformar para reemergir. Serviços financeiros, agricultura e private equity são segmentos que estão na camada cujo retorno se dará normalmente. Já as empresas que estão no setor de varejo, farmácia on-line, entrega de alimentos, educação digital e streaming media já estão passando por uma onda de crescimento.

Turismo e lazer, duas das principais vocações de Pernambuco, têm sofrido de forma significativa com essa pandemia. Esses setores empregam milhares de pessoas e precisarão, necessariamente, se reinventar ao final desse processo. Um dos estados mais lindos do país pelas belezas naturais e pelo clima agradável, Pernambuco terá o desafio de mostrar e convencer os turistas que é seguro visitar a região, num futuro bem próximo.

Uma coisa é certa. Estamos vivendo um momento de transformação. Todos nós fomos afetados pela pandemia. Por isso, precisamos ser cada vez mais criativos, no sentido de entendermos que estamos passando por um processo de mudança, de desenvolvimento e, acima de tudo, de evolução. Por fim, fica a mensagem de que as empresas devem ser resilientes nos negócios. Sabemos que esta crise vai passar e todos precisam se preparar para uma nova realidade. Nitidamente, já iniciamos um processo de retomada, governos divulgaram protocolos do que precisaremos fazer para voltarmos ao convívio social, redobraremos nossa atenção com a higiene e, com certeza, deixaremos um legado mais rico às novas gerações que estão por vir.

*Raniery Marques é sócio-líder dos escritórios da KPMG em Recife e Belém.

Festival de Cinema de Caruaru será realizado de forma virtual

Entre os dias 23 de agosto e 13 de setembro, o Festival de Cinema de Caruaru realizará sua sétima edição. Devido à pandemia do coronavírus, neste ano, o evento acontecerá de forma inteiramente digital, com transmissões ao vivo e oficinas realizadas de forma remota. Ao todo, a programação conta com 84 filmes, produzidos em onze países.

As exibições serão distribuídas em sete mostras competitivas: Infantil, Adolescine, Latino-americana, Agreste, Nordeste, Brasil de curta-metragem e Brasil de longa-metragem. As produções estarão disponíveis no site do evento (www.festivaldecaruaru.com.br) e, diariamente, os diretores e atores participarão de transmissões no Instagram (@festcinecru), a partir das 19h, para que possam compartilhar a história por trás de suas obras.

Nesta edição, o público também poderá fazer parte da escolha dos filmes premiados por meio de uma votação virtual. Além disso, um júri internacional será responsável por premiar filmes em destaque, em diversas categorias.

Confira os filmes selecionados: https://bit.ly/festcinecru2020

Faculdade Senac realiza webinar sobre mercados internacionais

As oportunidades de negócios nos mercados internacionais serão tema do webinar “A internacionalização de micro, pequenas e médias empresas brasileiras de produtos e serviços”. O evento é gratuito e será realizado pela Faculdade Senac Pernambuco, em parceria com o grupo português OPorto Forte. A atividade acontece no dia 20 de agosto, das 16h às 17h30. As inscrições já podem ser realizadas pelo endereço https://bit.ly/2DV6xcQ.

O webinar tem o objetivo de desmistificar a ideia de que o comércio exterior é voltado apenas para grandes empresas, indústrias e produtores agrícolas. “Empresas pequenas e médias podem acessar o mercado intencional individualmente, em consórcios ou através de tradings. Além disso, esse acesso não diz respeito apenas à exportação ou importação de mercadorias. Os serviços agregados estão ocupando cada vez mais espaço na economia mundial”, explica Jobson Alves, coordenador de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão e Inovação da FacSenacPE.

O encontro contará com a presença dos convidados palestrantes Sérgio Castro, economista, gestor de projetos internacionais em mais de 25 países e diretor do grupo OPorto Forte; Jorge Mendes, profissional com mais de 25 anos de experiência como consultor de mercados; Celso Cavalcanti, especialista em Comércio Exterior e Economia Internacional; Valentin Kirov, jurista pela universidade de Sófia e participante na representação diplomática da Bulgária no Brasil e em Portugal; e Carlos Calado, doutor em Engenharia Civil, diretor da FacSenacPE e ex-reitor da UPE (2007-14). Serão contemplados em palestras os mercados do Oriente Médio, Norte da África e África Ocidental, América do Sul e Europa.

Mais informações sobre o evento podem ser consultadas pelo telefone 0800.081.1688 ou pela secretaria da FacSenacPE, que atende pelo WhatsApp (81) 99696.7900 ou pelo número 3413.6655.

Curso de extensão – Para os profissionais e empresas que tenham interesse em aprofundar os conhecimentos em torno dos mercados internacionais, a FacSenacPE oferece, também em parceria com o grupo OPorto Forte, o curso de extensão “Economia Mundial: Oportunidades nos Mercados Externos”. As atividades serão ofertadas na modalidade remota, com 40h de carga-horária e atividades extraclasse, distribuídas de 21 de setembro a 14 de outubro, em 14 encontros, das 19h às 22h.

Segurança de Caruaru reforçada com equipes de motopatrulhamento

A Prefeitura de Caruaru iniciou, nessa terça-feira (11), uma nova estratégia de segurança na cidade. Comandado pelas equipes da Guarda Municipal, o motopatrulhamento tem como objetivo monitorar toda a extensão da Via Parque. O serviço vai garantir maior segurança para os cidadãos que utilizam o espaço da área de lazer.

Para a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, a estratégia vai reforçar as ações que já vêm sendo desenvolvidas no município. “Essa é mais uma forma de estar próximo da população, de forma ágil e eficaz. O motopatrulhamento chega para reforçar a liberdade de ir e vir dos caruaruenses com segurança”, afirma a prefeita.

De acordo com a presidente da Autarquia Municipal de Defesa Social, Trânsito e transporte (DESTRA), Karla Vieira, as motos são uma ferramenta importante para as ações preventivas. “Em situações que necessitam de deslocamento emergencial, o motopatrulhamento será fundamental. Assim, vamos conseguir aumentar a capacidade operacional e diminuir o tempo na ocorrência”, afirmou.

A equipe de motopatrulhamento vai atuar percorrendo toda a Via Parque. “Ela também vai atuar nos grandes corredores da cidade, como a Avenida Agamenon Magalhães, Avenida Caruaru e centro da cidade, além do trecho que compreende o Pátio de Eventos até o Sol Poente, com aproximadamente 5.2 km de extensão”, destacou Karla.

FGTS distribuirá R$ 7,5 bilhões de seu lucro para os trabalhadores

Seguindo a determinação da Lei nº 8.036/1990, o Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) distribuirá R$ 7,5 bilhões de seu lucro em 2019 aos trabalhadores.

Os recursos, segundo relatório enviado ao FGTS ao Tribunal de Contas da União (TCU), serão distribuídos por meio de crédito nas contas vinculadas de titularidade dos trabalhadores. O repasse dos recursos deverá ocorrer até 31 de agostos. O dinheiro vai para as contas vinculadas que apresentarem saldo positivo em 31 de dezembro de 2019.

O lucro do FGTS em 2019 foi de R$ 11, 3 milhões. Segundo o FGTS, os R$ 7,5 bilhões que serão repassados aos trabalhadores serão distribuídos de forma proporcional aos saldos das contas
vinculadas. Com isso, mais os juros e a atualização monetárias obrigatórios, o rendimento total do FGTS em 2019 será de 4,90%

Tal rentabilidade é superior a aplicações com risco e tributação semelhantes — a caderneta de poupança, por exemplo, que pagou 4,26% —, supera a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no ano passado, de 4,31%, proporcionando um ganho real aos saldos.

Isso, segundo o fundo, cumpre o objetivo estratégico de preservar o poder de compra dos recursos dos trabalhadores. Desde 2017, quando o FGTS passou a distribuir parte dos lucros aos trabalhadores, o rendimento total dos recursos tem superado o ganho da poupança e a inflação.

Pernambuco chega a mais de 7 mil mortes por Covid-19

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) confirmou, nesta terça-feira (11), que Pernambuco atingiu 7.008 mortes pela Covid-19, com os 38 óbitos ocorridos desde o último dia 25 de maio e anunciados hoje. Também foram registrados 601 novos infectados.

Entre os casos registrados nesta terça, 116 (19%) são de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 485 (81%) são leves, ou seja, pacientes que não demandaram internamento hospitalar e que já estavam curados, ou na fase final da doença.

Do total de mortes do informe de hoje terça, 14 (37%) ocorreram nos últimos três dias, sendo três mortes registradas nessa segunda (10), seis mortes no último domingo (9) e cinco no sábado (8). Os outros 24 óbitos (63%) ocorreram entre os dias 25 de maio e 7 de agosto.

Os detalhes epidemiológicos serão repassados ao longo do dia pela Secretaria Estadual de Saúde.

Folhape

Compesa retoma recadastramento de clientes em Caruaru

A Compesa retomou hoje (11), o trabalho de recadastramento dos clientes de Caruaru. A estimativa é que 44 mil residências sejam visitadas até abril de 2021. O objetivo desta ação é, além de estreitar relacionamento, atualizar as informações do cadastro, evitando, ainda, que o cliente precise se deslocar até as lojas de atendimento da Companhia.

Alguns dados como números de CPF, RG e matrícula do imóvel serão solicitados por um colaborador da Compesa, tecnicamente capacitado, devidamente identificado e portando os equipamentos de proteção individual. “É importante frisar que não serão solicitadas quaisquer informações financeiras e que, em alguns casos, o cadastrador precisará ingressar no imóvel para realização deste trabalho, porém mantendo a distância recomendada para preservar a saúde de todos”, explica o gerente da Unidades de Negócios da Compesa, João Raphael Queiroz.

As visitas serão realizadas de segunda a sexta das 7h às 17h, e aos sábados das 7h às 12h nos bairros: Alto do Moura, Boa Vista, Cedro, Cidade Alta, Indianópolis, Vila Kennedy, Maurício de Nassau, Nova Caruaru, Petrópolis, Rendeiras, Salgado, Universitário e Vassoural.

Em caso de dúvida, a população pode entrar em contato com a Compesa através do número 0800 0810195.

Prefeitura de Caruaru faz novas entregas de creche e escola

A Prefeitura de Caruaru entregou, nesta terça-feira (11), mais duas unidades educacionais, sendo uma delas construída e outra requalificada. A Creche Professora Lindomar Pinheiro, localizada no Bairro Baraúnas, foi a primeira. O espaço para receber as crianças conta com 10 salas de aula, uma sala multiuso, fraldários, ambiente para amamentação, lavanderia, copa, cozinha, jardim/horta, playground, entre outros.

Durante a tarde, foi a vez de ser entregue a requalificação da Escola Municipal Lions Club. A unidade de ensino passou por serviços de reforma e adequação de ambientes como cozinha, despensas, banheiros, escovódromo, secretaria, salas de aula, biblioteca, playground, área de convivência, e outras instalações. “Cada escola e creche entregue significa um passo a mais para o futuro da nossa cidade. Os espaços estão prontos e com toda estrutura para, assim que as aulas forem retomadas, nossos alunos possam aproveitar”, ressalta a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra.

Covid-19: Senado adia sessão desta terça-feira por luto pelos 100 mil mortos

A escala de 100 mil brasileiros mortos pelo coronavírus interferiu diretamente na agenda do Congresso desta semana. Ao decretar luto oficial de quatro dias, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), suspendeu a sessão que estava prevista para esta terça-feira (11). Se, por um lado, parlamentares terão mais o tempo para buscar consenso sobre as matérias mais polêmicas, como o veto à desoneração da folha setorial, por outro, medidas emergenciais para o combate à pandemia serão postergadas (veja quadro com os principais vetos). São mais de 190 vetos presidenciais a projetos e trechos de leis aprovadas para debater – alguns de 2019.

Para dificultar ainda mais a situação, o Correio apurou que líderes partidários estão distantes de chegar a um entendimento sobre vários temas, o que deverá jogar o encontro entre deputados e senadores para a próxima semana. Uma provável estratégia será, depois dos acordos, dividir as sessões e limpar a pauta antes de votar os vetos. Caso contrário, parlamentares enfrentarão uma longa sessão. “Pode durar até três dias para limpar a pauta e colocar desoneração e outros vetos para votar”, disse um interlocutor. Alcolumbre fará uma reunião com líderes, hoje, para identificar as maiores dificuldades, reorganizar a pauta e tentar avançar nas negociações.

Líder do PSD, Otto Alencar (BA) disse que parlamentares instaram Alcolumbre para que organizasse os trabalhos. Para ele, a demora em marcar a sessão não colabora para a costura de um acordo. “Na nossa visão, esses vetos que têm relação com a saúde, uso de máscara, de compensação financeira para profissionais de saúde, além da desoneração da folha e do pacote anticrime do (Sergio) Moro, são mais de 40. Quanto mais acumularem, mais difícil será a negociação pelo sistema remoto”, avaliou Otto.

Negociada ou não, e dividida ou não, há dúvidas sobre se a base do governo terá força para manter os vetos presidenciais. Descumprimentos de acordo do presidente Jair Bolsonaro com líderes governistas, como o veto ao artigo 12 do novo marco do saneamento básico, deixaram o Executivo na zona da desconfiança. “Não vamos mais votar matéria remota sobre marco regulatório, não há condição. Joga para baixo o valor das empresas de saneamento nos estados. Creio que é direcionado a prejudicar os estados. Foi acordado para manter com a presença do próprio Tasso (Jereissati) (PSDB-CE), com acordo do (Fernando) Bezerra (MDB-PE) e Eduardo Gomes (MDB-TO), e eles vetam. O governo não tem cumprido a palavra e não tem uma linha de comportamento de governo. Caminha trôpego, sem direção firme”, criticou o líder do PSD.

Vice-líder do PT, a deputada Natalia Bonavides (RN) destaca que o governo terá dificuldades em manter o veto. “O governo está tendo uma postura absurda sobre o tipo de conteúdo vetado, como saúde indígena, projeto de uso das máscaras. Sequer mantém os termos negociados. Os vetos da pandemia são os mais preocupantes. O tempo passa, pode perder o objeto. Foram aprovados com um propósito e, a cada semana que passa, isso tem um impacto. Efetivamente, isso significa mais mortes”, destacou.

Líder do governo, Eduardo Gomes afirma que o Executivo entende a gravidade da situação e está disposto a debater os vetos. Segundo ele, apoiadores do Palácio do Planalto trabalham nos temas desde a semana passada. “Estamos dividindo em duas categorias: veto constitucional, onde o presidente foi orientado por vetar por motivos jurídicos; e outros por conceito. O Congresso é assim. Tem veto que você acha que é fácil, mas é difícil, e outros que parecem difíceis, mas se resolvem com mais facilidade”, amenizou.

Correio Braziliense

Infectologista: tomar mais de uma vacina não significa maior proteção

Três vacinas estão com testes em andamento no Brasil atualmente, após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a realização de estudos. Todas estão em fase avançada de testes, na chamada pesquisa clínica, ou seja, aplicação em humanos. São elas a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca, com testes feitos pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); a Coronavac, parceria firmada entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac Biotech; e a do laboratório Pfizer.

O desenvolvimento de uma vacina ocorre em etapas. A primeira é a laboratorial, onde é feita a avaliação de qual a melhor composição para o produto. A segunda etapa, chamada de pré-clínica, é a de testes em animais. A terceira é a fase clínica, de testes em humanos. Se os testes forem satisfatórios, a vacina é submetida ao registro na agência regulatória. Mesmo após o registro, a vacina é monitorada no pós-mercado pela Anvisa.

Apesar de haver três opções de vacina em teste no país, a infectologista Nancy Bellei, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), alerta que tomar mais de um tipo não significa que a pessoa ficará mais protegida contra a covid-19. “A pessoa vai tomar uma vacina, vamos aguardar os estudos e ver depois se há uma vacina melhor que a outra. A pessoa toma uma vacina só, não tem nenhuma que a gente recomenda tomar uma e outra. Ninguém sabe isso ainda sobre a vacina contra covid-19 e pode ser até pior.”

Nancy explica que há dois cenários considerados para os resultados das vacinas: o funcionamento delas por um período de tempo em médio prazo, em que funcionariam de forma semelhante à produção de anticorpos que se tem visto nas pessoas infectadas pela doença. O outro seria um resultado em longo prazo, ou seja, quanto essas vacinas vão ter um papel de estimular a imunidade celular – considerada permanente, assim como ocorre em doenças como o sarampo.

“A saída, em médio prazo, parece que é possível, porque essas vacinas induzem produção de anticorpo e aí boa parte das pessoas vacinadas estaria protegida, você diminui a cadeia de transmissão. Em longo prazo, o ideal é que essas vacinas pudessem ativar a imunidade celular, que seria a imunidade de memória, porque os títulos de anticorpos – quantidade presente – na infecção natural eles caem, então a gente precisa ter imunidade celular”, disse.

Segundo a médica, o que se conhece até o momento é que as pessoas que têm a infecção por covid-19 vão perdendo os anticorpos. “Há estudos mostrando que, em torno de 100 dias, perdemos o nível de anticorpos, só que não sabemos o quanto resta de imunidade celular que permite responder à nova infecção se a gente encontrar o vírus dali a algum tempo. Nós não sabemos isso ainda”, disse ao ressaltar que é uma doença nova e que houve pouco tempo para se desenvolver estudos.

“Quem já teve infecção, a gente não sabe se vai ter uma proteção em longo prazo, então muito menos ainda conseguimos antever se as vacinas vão ter esse papel e, se tiverem, por quanto tempo. Porque se elas não tiverem, vai ser como uma vacina de gripe, que você tem que dar toda hora de novo”.

Imunidade celular x anticorpos
Nancy Bellei afirma que se as vacinas não tiverem a competência de ativar a imunidade celular, o problema não será resolvido em longo prazo. “É totalmente diferente, imunidade celular não é anticorpo, ela é a memória imunitária que a gente faz com algumas doenças: sarampo, caxumba, rubéola, catapora, que nunca mais a gente pega porque tem imunidade. Eu não sei o quanto essas vacinas vão estimular a imunidade celular para que a gente, se encontrar o vírus novamente, mesmo sem ter anticorpo, rapidamente o produza”.

De acordo com a infectologista, houve prova de imunidade celular em algumas vacinas, mas não se sabe na prática o quanto isso será aplicado. “Há alguns estudos com essas vacinas, mas não permitem dizer isso na prática, só depois de aplicar e ter os estudos”.

Ela explica que a imunidade celular é resultado da ação de defesa de células que são ativadas quando chega um organismo estranho no corpo da pessoa. “É diferente da imunidade humoral, que são os anticorpos. Eles estão na circulação, independentemente de serem ativados. A imunidade celular é mais permanente, mais definitiva, e a imunidade humoral é definitiva se eu tenho imunidade celular. Se não, ela é transitória.”

CoronaVac
A vacina chamada de CoronaVac está em fase adiantada de testes, na terceira etapa, chamada clínica, de testagem em humanos. Na produção da CoronaVac, o novo coronavírus é introduzido em uma célula do tipo Vero, cultivada em laboratório. O vírus se multiplica e, no final, é inativado e incorporado à vacina que será aplicada na população. Com a aplicação da dose, o sistema imunológico passaria a produzir anticorpos contra o agente causador da covid-19.

O anúncio de produção da vacina pelo governo de São Paulo ocorreu em 11 de junho, após parceria firmada entre o Instituto Butantã e o laboratório chinês Sinovac Biotech. O investimento do Instituto Butantã nos estudos, na fase clínica, é de R$ 85 milhões.

“Nessa vacina, você vai ter todos os componentes do vírus. Então alguns advogam que com uma vacina desse tipo, haveria mais chance de ela ser mais imunogênica [maior capacidade de estimular uma resposta imunológica], já que você está oferecendo grande quantidade de proteínas diferentes que podem estimular o sistema imune”, disse a Nancy Bellei.

Ela acrescenta que as vacinas com vírus inteiros normalmente são mais reatogências, ou seja, causam mais reação. “Então, existe sempre essa discussão: você quer uma vacina que seja muito imunogênica, mas não quer que seja muito reatogência”. Segundo a médica, isso é o que ocorre em geral com vacinas desse tipo, e é preciso aguardar os resultados dos testes.

A terceira etapa – os testes em humanos – é dividida em três fases. As fases 1 (inicial, que avalia se a vacina é segura) e 2 (que conta com maior quantidade de voluntários e avalia a eficácia do produto) já foram executadas na China, com sucesso. A Fase 3 dessa terceira etapa está sendo realizada no Brasil, com 9 mil voluntários de todo o país, e foi iniciada em São Paulo.

Caso os testes com esses 9 mil voluntários, na Fase 3, se mostrem positivos, a vacina entrará na etapa de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária e então começará a ser produzida em larga escala. A expectativa do Instituto Butantã é de que a vacina poderá estar disponível para a população em junho de 2021, com fornecimento ao SUS, o Sistema Único da Saúde, de forma gratuita.

O Butantã tem capacidade de produzir 1 milhão de vacinas por dia. As primeiras pessoas a serem vacinadas no Brasil devem ser aquelas dos grupos de maior risco, como idosos e/ou com comorbidades, ou seja, doenças pré-existentes.

Oxford
Desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca, essa vacina usa um vetor viral – baseado em um vírus modificado – que atinge chimpanzés, mas não humanos, ao qual é acrescida uma proteína que o novo coronavírus usa para invadir células, para induzir a produção de anticorpos — em vez de um vírus inativado. A vacina já está na Fase 3 dos ensaios clínicos, a última etapa de testes em seres humanos para determinar a segurança e eficácia.

Segundo Nancy, existem inúmeros trabalhos que determinam que a porção do vírus que estimula os anticorpos neutralizantes é a da proteína Spike – usada para penetrar nas células. “Para o vírus entrar na célula, ele tem que se ligar em um determinado ponto, que está na proteína S [Spike]. Vacinas que trabalham com a indução de proteína S, por meio de RNA mensageiro ou com o vetor de adenovírus – carreando um pedaço genético dessa proteína -, estimulariam diretamente a nossa produção de anticorpo neutralizante, que evitaria que o vírus se ligasse ao receptor.”

A infectologista afirma que, dessa forma, as vacinas seriam menos reatogênicas – causariam menos reações -, mas seriam mais específicas. “Se eventualmente o vírus tiver uma mutação nessa região da proteína Spike, no futuro uma vacina desse tipo teria que ser modificada, porque não mais reconheceríamos o vírus, por se tratar de uma região muito específica”, disse.

Para a realização do estudo clínico da vacina, foi firmado acordo entre a Universidade de Oxford e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Em São Paulo, com a viabilização financeira da Fundação Lemann no custeio da infraestrutura médica e de equipamentos necessários, os testes tiveram início em 20 de junho. Em pouco mais de um mês, cerca de 1,7 mil voluntários, de um total de 2 mil a serem recrutados na capital paulista, já foram selecionados e tomaram a vacina.

Segundo a Unifesp, o recrutamento continua e os voluntários estão sendo acompanhados de perto para que os pesquisadores monitorem a saúde deles, assim como segurança e eficácia da vacina. No Rio de Janeiro, serão 2 mil testados e, em Salvador, mais mil voluntários recrutados.

A expectativa é de que a vacina tenha seu dossiê de registro apresentado à Anvisa ainda neste ano. A partir daí, as doses produzidas serão disponibilizadas ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, para serem aplicadas na população.

Pfizer
No fim de julho, a Pfizer e a BioNTech anunciaram a escolha do Brasil como um dos locais para a fase clínica de seu programa de vacina à base de RNA mensageiro, o Projeto Lightspeed, contra o novo coronavírus. A Fase 2 dos testes clínicos – em humanos – está sendo conduzido em São Paulo, no Centro Paulista de Investigação Clínica, e na Bahia, na Instituição Obras Sociais Irmã Dulce.

As pesquisas baseiam-se em potenciais vacinas de RNA mensageiro (mRNA), produzido sinteticamente, que tem como objetivo estimular a produção de uma proteína semelhante ou idêntica à do vírus no organismo. Essa proteína deve ser capaz de estimular o sistema imune a produzir células de defesa, fazendo com que, quando a pessoa entrar em contato com o vírus, já tenha desenvolvido imunidade.

“Esse tipo de vacina a gente nunca utilizou. Nessa [vacina] de RNA mensageiro, haveria uma indução de a gente produzir essa proteína e aí o nosso sistema de anticorpos a reconheceria. Então a gente teria uma proteção. Mas essa é a vacina mais diferente de todas, é uma plataforma de vacina que nunca foi utilizada, então é mais difícil ainda antecipar vantagens e desvantagens”, disse a infectologista.

Nancy explica que essa vacina se assemelha à de Oxford porque trabalha com a indução de proteína, por meio de RNA mensageiro, e a outra pelo vetor de adenovírus. Ela avalia que ambas têm potencial para serem menos reatogênicas.

Segundo a Pfizer, diferentemente das vacinas convencionais, as vacinas de mRNA são potencialmente mais rápidas de serem produzidas. A expectativa é apresentar em outubro os resultados dos estudos para autoridades regulatórias de todo o mundo e, a partir daí, elas avaliarão como será feita a distribuição. A meta é produzir 100 milhões de doses neste ano e mais 1,3 bilhão em 2021.

Quarta vacina
O governo do Paraná firmou parceria de cooperação técnica e científica com a China para iniciar a testagem e a produção de outra vacina contra a covid-19 no estado, por meio do Instituto de Tecnologia (Tecpar). O termo de confidencialidade assinado com a empresa estatal chinesa Sinopharm possibilitará a realização da terceira fase de testes – aplicação em humanos – no Paraná. A expectativa é que o processo possa começar ainda neste mês de agosto.

O tipo de vacina a ser testado é a inativada e o prazo de fornecimento, caso os testes clínicos apresentem resultados satisfatórios, está previsto para o segundo semestre de 2021.

Governo federal
O governo federal assinou, na última quinta-feira (6), a medida provisória (MP) que abre crédito extraordinário de R$ 1,9 bilhão para viabilizar a produção e aquisição da vacina após a conclusão dos testes e registro na Anvisa. A transferência de tecnologia na formulação, envase e controle de qualidade da vacina será realizada por meio de um acordo da AstraZeneca com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao Ministério da Saúde.

De acordo com o governo, embora seja baseada em nova tecnologia, essa plataforma já foi testada anteriormente para outras doenças, como, por exemplo, nos surtos de ebola e Mers (síndrome respiratória do Oriente Médio, causada por outro tipo de coronavírus) e é semelhante a outras plataformas da Bio-Manguinhos/Fiocruz, o que facilita sua implantação em tempo reduzido.

Além disso, a Fiocruz recebeu R$ 100 milhões, em doação de um grupo de empresas, para investir no aprimoramento de suas instalações que serão usadas na produção da vacina da covid-19. A primeira etapa de adequação inclui a construção de um laboratório para controle de qualidade de 100 milhões de doses importadas da AstraZeneca, a partir de dezembro. A previsão é que a fábrica esteja totalmente concluída no início de 2021, quando será possível a incorporação total da tecnologia pelo Brasil e a realização de todo o processo de produção da vacina no local.

“A Fundação Lemann articulou a vinda dos testes da vacina de Oxford ao Brasil e financiou parte dos testes por entender a importância de o país ter acesso à vacina. Agora participa também da doação para a montagem da fábrica que possibilita a autonomia na produção. São passos importantes para garantir resposta ao enfrentamento da covid-19 e para oferecer à sociedade brasileira um legado público na área da saúde que irá beneficiar todo o país nesse e em outros desafios”, disse Denis Mizne, diretor executivo da fundação.L

Parte das instituições dessa coalizão também apoiará a construção de uma fábrica similar no Instituto Butantã, em São Paulo, que está testando a CoronaVac.