Com 652 indígenas mortos pela Covid-19, aldeias vivem drama da pandemia

Brasília- Indígenas protestam no Congresso Nacional, contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que altera a demarcação de terras indígenas. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A pandemia do novo coronavírus escancarou as fragilidades de um Brasil desigual e injusto. Entre inúmeras tragédias, a doença feriu de morte a memória dos povos originários. Mitos, línguas e a história indígena passaram a sangrar por rodovias e rios, após os modais de transporte se transformarem em vetores de um vírus que é ainda mais letal aos anciãos. De caminhão ou de barco, a covid-19 infecta etnias do Sul ao Norte, passando pelo Centro-Oeste e Nordeste. Em questão de dias, o novo coronavírus mata os mais velhos. Extingue bibliotecas vivas, receptáculos de culturas milenares, enquanto a carga puxada pela boleia ou embarcação, essencial para o desenvolvimento do país, segue em frente estrada acima, rio abaixo. Até ontem, levantamento da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) contabilizava 652 indígenas mortos e ao menos 23.453 infectados pelo coronavírus.

A história da primazia das rodovias no país tem início com a construção da capital federal, quando os políticos atenderam ao lobby de empresas automobilísticas norte-americanas e alemãs em nome do progresso. Em 1969, alinhados com os Estados Unidos, militares construíram a Transamazônica, outro episódio em que a estrada se sobrepôs à vida dos povos originários. Hoje, para as etnias que sofrem com a chegada do coronavírus pelas estradas, a pandemia é continuação de um conto de invasão e morte. Os vetores do vírus podem ser motoristas curiosos ou caminhoneiros que executam um trabalho fundamental para o país, mas param em terras indígenas por variados motivos, muitas vezes sem máscara. Sem saber, deixam para trás o rastro de contaminação.

Coube aos próprios povos se protegerem, contando com diagnósticos tardios, a máscara e, muitas vezes, longas viagens até o hospital mais próximo. Os territórios demarcados também servem à proteção de biomas e para frear a extração indiscriminada de minérios. A BR-070, importante rota do agronegócio, corta o território do povo Bororo, no Mato Grosso. E pela rodovia, o coronavírus chegou à aldeia Meruri.

Uma das lideranças locais, Eloenia Ararua relata que o contato entre caminhoneiros e a população é constante. Ela lembra que o município mais próximo fica a cerca de 30km. Ainda assim, motoristas param para fazer lanches ou almoçar. “Normalmente, não usam máscara. Na região, somos os mais contaminados. No Xavante tem muitos casos, mas com uma população bem maior. Caminhoneiros não deveriam parar. Temos baixa imunidade”, diz.

Eloenia conta os mortos. “Perdemos quatro pessoas na faixa de 70 anos para cima. O primeiro que morreu era uma grande liderança e foi o primeiro vereador que tivemos. Tinha vários trabalhos. O segundo ajudou na demarcação do nosso território quando houve conflito entre fazendeiros e a comunidade. O outro foi um fundador da aldeia, conhecedor da medicina tradicional, da cultura e dos cantos”, lamenta.

No Pará, a BR-222 corta a reserva Mãe Maria, do povo Gavião, em Bom Jesus do Tocantins. São mais de mil indígenas, 15 aldeias presas ao fluxo da rodovia. Coordenadora da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), Tuxati Parkateje conta que, em reservas no estado, a barreira sanitária não funcionou: aqueles que lá ficavam, acabaram sendo infectados pelos viajantes. Na Mãe Maria, a decisão foi por fechar a entrada das aldeias. Ainda assim, o vírus chegou.

Quando o primeiro caso foi confirmado, o pânico foi total. Tuxati conta que famílias pegaram alimentos, como arroz e feijão, e deixaram as aldeias na tentativa de ficar mato adentro, ainda mais distante de qualquer contato. Foi o caso dos seus tios, que correram para a mata — mas quando o fizeram, levaram com eles o vírus. A tia morreu antes de chegar ao hospital. Muitos indígenas não retornaram às aldeias até hoje. Para ela, houve ausência de política pública para o combate ao vírus nas comunidades.

O eixo da infecção
O coordenador executivo da Apib, Dinamam Tuxá, avalia que o trânsito nas rodovias é um dos principais vetores do novo coronavírus. E ele dá uma lista de situações na qual caminhoneiros se encontram com as etnias: em pequenas paradas para almoçar ou mesmo para colher uma fruta na beira da estrada. “BRs como a 101, a 116, que cortam o Brasil, passam por várias comunidades. No Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, berço do agro, há fluxo grande de carga. Muitas comunidades são ponto turístico, como na Bahia. As pessoas param para almoçar, conhecer, descansar. E esse trânsito está levando a covid-19. O próprio estado não fez medida de prevenção e contenção pensando no trânsito nessas vias”, diz.

É possível observar de forma clara o avanço da doença acompanhando o traçado da BR-153, segundo o antropólogo e professor de ciências sociais da Universidade Federal do Tocantins (UFT), André Demarchi. A rodovia, que é rota de grandes caminhões e atravessa o estado, passa próxima a terras indígenas e carregou o vírus para as aldeias. O primeiro povo atingido, segundo ele, foram os Apinajés, que ficam em uma área que engloba quatro municípios e duas rodovias federais. Os autóctones criaram barreiras sanitárias, mas, segundo o professor, isso não impediu que o coronavírus chegasse às aldeias.

Um dos líderes dos Apinajés, Antônio Veríssimo Apinajé aponta que o fluxo de caminhões e as grandes rodovias na proximidade da terra carregaram a covid. De acordo com ele, um dos primeiros casos foi justamente o de um caminhoneiro. Dentre os que vivem nas 42 aldeias, no entanto, não houve casos. Ouvindo as histórias dos anciãos e de doenças que no passado atingiram indígenas, como a varíola, Antônio conta que as aldeias levaram a pandemia a sério desde o início. Logo, fizeram uma barreira sanitária para frear a entrada na terra e os idosos foram removidos às aldeias mais isoladas.

Em Aquidauana (MS), nas terras do povo Terena, a assinatura de uma ordem de serviço de pavimentação de uma rodovia para ligar o território com a cidade em julho foi o pontapé da infecção de indígenas nas aldeias, segundo o biólogo Eriki Paiva Terena, que atua no Conselho do Povo Terena. O evento contou com a presença de vereadores, deputados e outros políticos, além de candidatos aos pleitos municipais. Quatorze dias depois, quatro pessoas apresentaram sintomas, uma delas morreu. A população havia feito barreira sanitária para tentar impedir a chegada do vírus mas, mais uma vez, uma rodovia o levou. Para Eriki, faltou ação por parte do governo para proteger as comunidades. “Virou um jogo de empurra. E tivemos tempo antes (da chegada do vírus). É uma completa ineficiência”, diz.

Professor de antropologia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Antônio Hilário Aguilera Urquiza ressalta que toda construção de rodovia, ou duplicação, que é próxima a terras indígenas exige um estudo para se analisar o impacto socioambiental, algo previsto em legislação federal.

“A princípio, toda estrada de rodagem, de asfalto ou não, é uma forma de invasão. Existe esse impacto. Imagine, então, em tempo de pandemia”, afirma. Urquiza, que trabalha com povos originários há mais de 30 anos, pontua que todos que transitam dentro ou próximo desses territórios, como chacareiros e caminhoneiros, são foco de contágio para as populações nas aldeias.

Ausência do Estado
Em meio ao aumento de casos e mortes que atingem as aldeias, mesmo as mais longínquas, as lideranças indígenas reclamam da ausência do Estado. Integrante da Coordenação das Organizações dos Indígenas Amazônia Brasileira (Coiab) e articuladora da Fundação Nacional do Índio (Funai) Angela Kaxuyana avalia a necessidade de testar quem entra ou sai dos territórios. “As rodovias são uma perigosa porta de entrada do coronavírus em aldeias e outras comunidades, pois não se tem controle e monitoramento para fazer testagem dessas pessoas”, destaca. Para ela, o governo deve fazer ações de monitoramento de acesso aos territórios indígenas.

Coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinamam Tuxá ressalta a importância da fiscalização. “Quando montamos barreira, somos repreendidos. Se houvesse um plano estruturante de contingenciamento dentro das terras indígenas, com fortalecimento das barreiras, não teríamos esse número de contaminados que se tem hoje. Há que ter um controle. Os caminhoneiros estão trabalhando, prestando um serviço. Então, precisamos do Estado.”

Como as etnias têm relações comerciais com os municípios, a assessora da Federação dos Povos Indígenas do Mato Grosso (FepoiMT) Eliane Xunakalo destaca que o cuidado precisa de duas vias. “Temos relações de consumo, de parcerias. O melhor seria que a rodovia não passasse nas terras indígenas. Os Caiapós fecharam (a rodovia), mas a competência é do governo e isso gera conflitos. E nesse período o governo não está preocupado com nossos povos. Não nos é reconhecido o direito à saúde na prática.”

A deputada federal Joênia Wapichana (Rede-AP) destaca que, além das rodovias e hidrovias, existem casos em que os próprios agentes de saúde e militares levaram o vírus para territórios isolados, de avião. Isso, sem contar os garimpeiros e madeireiros ilegais. “O principal ponto que sempre nos preocupou para garantir o isolamento social é que tivesse uma fiscalização na entrada.”

Funai
A Funai afirma que bloqueios trazem risco de comprometimento do abastecimento. Em março, o órgão suspendeu as autorizações de entrada em terras demarcadas em todo o país. Em nota, a fundação informa que o órgão reforçou ações de prevenção em conjunto com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e que já investiu R$ 26 milhões em medidas de combate ao coronavírus. A Funai diz, ainda, garantir a segurança alimentar e higiene de famílias indígenas, com distribuição de cerca de 500 mil cestas básicas e quase 62 mil kits de higiene pessoal e limpeza.

Também afirma que realizou “ações de vigilância e monitoramento territorial” e participa de 271 barreiras sanitárias para impedir a entrada de não indígenas em aldeias. O órgão contabiliza 151 ações de fiscalização em 63 terras demarcadas para coibir “extração ilegal de madeira, garimpo e pesca predatória.”

Correio Braziliense

Pernambuco retoma e amplia setores em regiões do Estado a partir desta segunda-feira (10)

Os dados do contágio da Covid-19 permitem que, a partir de hoje, regiões de Pernambuco avancem etapas de reabertura do Plano de Convivência com a Covid-19 ou ampliem as atividades econômicas já retomadas, com protocolos de segurança e higiene. A exceção fica em algumas cidades do Sertão, que não apresentaram resultados satisfatórios da saúde. Na Macrorregião 1, que compreende a Região Metropolitana do Recife (RMR) e Zonas da Mata Norte e Mata Sul, foi possível avançar para Etapa 7, ampliando até às 22h o horário de funcionamento dos shoppings centers e serviços de alimentação. Na Macrorregião 2, que abrange as cidades do Agreste, a Etapa continua sendo a 6, mas houve reabertura das feiras dos polos de confecções. Nas Macrorregiões do Sertão, ocorreram distinções devido aos números da saúde.

O governo liberou, nas cidades da RMR e das Zonas da Mata Norte e Sul, o funcionamento dos serviços de alimentação, como restaurantes, bares e lanchonetes, das 6h às 22h (antes só podiam ser das 6h às 20h). Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Pernambuco (Abrasel-PE), André Araújo, a ampliação do horário pode gerar mais incremento. “Esperamos um crescimento entre 25% e 30% na movimentação do setor devido à reabertura de novos bares, que antes não abriam por causa do horário, e pelo aumento da base de fluxo do movimento”, explicou Araújo.

De acordo com o governo, os shoppings centers podem funcionar das 10h às 22h (antes só podiam das 10h às 20h). Com a liberação, os shoppings Guararapes, Tacaruna, Recife, RioMar e Paulista North Way funcionam das 10h às 22h, de segunda a sábado, e das 12h às 21h, aos domingos. O Patteo adota esse mesmo horário a partir do dia 15, antes dessa data é facultativo para os lojistas. O Plaza e o Costa Dourada funcionam também das 10h às 22h, de segunda a sábado, mas fecharão às 20h aos domingos. O Shopping Boa Vista funciona das 10h às 21h, de segunda a sábado, e aos domingos não funcionará. E o Camará funciona das 10h às 22h, de segunda a sábado, e das 13h às 21h, aos domingos.

A reabertura tão esperada para os municípios do Agreste foi a das feiras dos polos de confecções. Segundo o governo do Estado, cada cidade regulamenta a atividade com os protocolos de segurança. No centro atacadista Moda Center Santa Cruz, em Santa Cruz do Capibaribe, por exemplo, haverá retomada da realização das feiras, às segundas e às terças-feiras, das 6h às 18h. Alguns protocolos a serem adotados são: redução do número de acesso à área dos boxes e lojas; disponibilização de álcool em gel e aferição de temperatura corporal dos clientes em todas as entradas e limitação de um vendedor por box e de três vendedores e três clientes por loja.

Já no Sertão, cada Macrorregião teve sua particularidade. A Macrorregião 3, que abrange os municípios de Arcoverde, Afogados da Ingazeira e Serra Talhada, avança para Etapa 6. Os serviços de alimentação podem retomar com 50% da capacidade de clientes e horário das 6h às 20h. Os shoppings podem reabrir das 10h às 20h com 50% da capacidade, além das academias de ginásticas e polos de confecções, ambos com novos protocolos de segurança. O comércio varejista pode funcionar com um cliente para cada 10 metros quadrados de loja.

Na Macrorregião 4, houve ainda mais particularidades. Os municípios da 7ª Gerência Regional de Saúde, com sede em Salgueiro, e da 8ª Gerência Regional de Saúde, sediada em Petrolina, avançam para a Etapa 5. Está permitido o funcionamento dos serviços de escritório com 50% da carga e serviços e vendas de veículos com 100% da carga.

Os municípios da 9ª Gerência Regional de Saúde, com sede em Araripina, permanecem na Etapa 4. No entanto, houve exceção para as cidades de Araripina e Ouricuri, que voltam para Etapa 2 por causa dos casos da Covid-19. Desde a última sexta-feira, só funcionam os serviços essenciais nesses dois municípios, que seguirão assim até o próximo dia 16.

Folhape

Pernambuco registra 247 novos casos da Covid-19 e 29 mortes nas últimas 24h

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) registrou, nesta segunda-feira (10), 247 novos casos da Covid-19. Também foram confirmados 29 óbitos, ocorridos desde o dia 26 de junho. Entre os novos infectados, 40 (16%) são casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 207 (84%) são leves, ou seja, pacientes que não demandaram internamento hospitalar e que já estavam curados, ou na fase final da doença. Agora, Pernambuco totaliza 105.381 casos já confirmados, sendo 24.247 graves e 81.134 leves.

Do total de mortes do informe desta segunda, 13 (45%) ocorreram nos últimos três dias, sendo 4 mortes registradas no dia de ontem (domingo, 09/08), 6 mortes em 08/08 e 3 em 07/08. Os outros 17 óbitos (55%) ocorrem entre os dias 26/06 e 06/08. Com isso, o Estado totaliza 6.970 mortes pela Covid-19. Os detalhes epidemiológicos serão repassados ao longo do dia pela Secretaria Estadual de Saúde.

Folha de Pernambuco

Sem comícios por causa da pandemia, partidos querem liberação de “livemício” durante campanha

Mais de uma década depois da minirreforma eleitoral que vetou a realização de showmícios, a possibilidade de artistas se apresentarem em prol de candidatos voltou à pauta dos partidos.

No entanto, como a campanha deste ano acontecerá em meio à pandemia do novo coronavírus, a discussão agora se concentra na viabilidade legal da transmissão online, sem público, de shows em prol das campanhas.

O formato tem sido chamado de live eleitoral ou “livemício”. Defensores da ideia têm afirmado que “livemícios” não remunerados não podem ser enquadrados na lei de 2006, sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que proibiu os showmícios.
Outros advogados eleitorais, porém, discordam e entendem que a lei atual não permite a prática.

Segundo a legislação, é proibida “a realização de showmício e de evento assemelhado para promoção de candidatos, bem como a apresentação, remunerada ou não, de artistas com a finalidade de animar comício e reunião eleitoral”.

Na última semana, a produtora Paula Lavigne disparou na sua lista de transmissão no WhatsApp uma mensagem em que questionava “se é legal ou não fazer livemício”. “A lei não fala nada do digital”, acrescentou.

Lavigne, que é esposa de Caetano Veloso, pretende fazer eventos em apoio à chapa que deve disputar as eleições em São Paulo pelo PSOL, com Guilherme Boulos à frente e a deputada Luiza Erundina como vice. Artistas como Caetano e Chico Buarque assinaram recentemente um manifesto em defesa da candidatura de Boulos.

“A ideia era fazer um livemício para Boulos e Erundina no dia 25 de setembro, mas estamos esperando, porque nenhum advogado, de partido nenhum, sabe responder [se é possível]”, disse a produtora à Folha.

Para sanar a dúvida, o PSOL protocolou uma consulta no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na última quarta-feira (5) questionando se é possível fazer apresentações não remuneradas durante a campanha. Ela foi distribuída ao ministro Luis Felipe Salomão, que ainda não se manifestou.

“Nos períodos ‘normais’ se poderia concluir, não sem alguma controvérsia constitucional, estar vigendo a proibição de showmícios e eventos assemelhados não remunerados”, diz o pedido do partido. A legenda diz que, apesar disso, as características das eleições de 2020 gerariam dúvidas sobre as restrições “da proibição da participação não remunerada e espontânea dos artistas no pleito”.

“Uma live ou webinar dos candidatos com a participação de artistas não se caracteriza como showmícios ou, sequer, como um evento assemelhado: ambiente é virtual e é mais restrito ou menos ampla a participação, somente participando quem de modo espontâneo acessa o site ou plataforma digital”, diz.

No fim, o PSOL questiona ao ministro se a lei eleitoral “permite realização de apresentação dos candidatos aos eleitores juntamente com atores, cantores e outros artistas através de shows (lives eleitorais) não remunerados e realizados em plataforma digital”.

Apesar do questionamento da legenda ser específico sobre “livemícios” não remunerados, a possibilidade de shows virtuais pagos também tem sido apresentada por políticos.

No início de julho, o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) tentou por meio legislativo a liberação dos “livemícios”, mas o projeto ainda não andou na Câmara.

Frota pede que seja autorizada, apenas neste ano, a contratação de artistas para apresentações em plataformas virtuais em apoio aos candidatos. O valor máximo que uma campanha poderia gastar com as lives, segundo o projeto, seria R$ 20 mil.

O deputado justifica que a medida ajudaria na “recuperação financeira de artistas que estão sem trabalho desde o início da pandemia no país”.

Consultados pela reportagem, três advogados eleitorais avaliam que a lei atual não permite livemícios específicos em apoio a campanhas.

Marilda Silveira, integrante do Ibrade (Instituto Brasileiro de Direito Eleitoral), diz que apesar de não haver decisão do TSE a respeito do tema, o texto da lei parece “bastante claro”. “Os livemícios, portanto, até aqui, não são permitidos.”

A constitucionalista Vera Chemim afirma que na fase de campanha “artistas não poderão fazer qualquer tipo de showmício”. No período pré-eleitoral, no entanto, entende que é possível a realização de eventos virtuais que mencionem pré-candidatos ou exaltem suas qualidades desde que “atendam à proibição de pedir ou comprar votos e não desrespeitem outros pretensos pré-candidatos”.

Para o advogado Delmiro Campos, que foi juiz do TRE de Pernambuco e integra a Abradep (Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político), existe “uma linha muito tênue” sobre o assunto.

“Eu entendo que é possível equiparar lives de pré-candidatos com apresentação de artistas a um showmício virtual.”

No entanto, Campos aponta que se um artista mencionar de forma espontânea um pré-candidato em uma live, não vê irregularidade, assim como entende que é possível um pré-candidato músico se apresentar ao público.

Folhapress

MEC deve cortar R$ 1,4 bi de verba de universidades e institutos em 2021

O Ministério da Educação anunciou cortes em parte do orçamento de despesas discricionárias destinadas a universidades e institutos federais para o ano de 2021. De acordo com o MEC e o o Conif (Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica), o valor reduzido deve chegar a R$ 1,4 bilhão.

A verba é referente aos gastos sobre os quais o governo tem certo grau de decisão e maleabilidade. No geral, destinam-se a custeio, investimentos e assistência estudantil, que ajuda a manter os alunos nas instituições.

Segundo o Ministério da Educação, o montante representa um corte de 18,2% em cada setor. No caso das universidades, a redução, que também foi confirmada pela, Andifes (Associação Nacional das Instituições Federais de Ensino Superior), chega a aproximadamente R$ 1 bilhão.

Em relação à rede de 38 institutos federais, que conta ainda com um colégio e dois centros de educação tecnológica, o corte representa menos R$ 434,3 milhões.

Os cortes, que ainda devem passar por análise no Congresso, devem constar no Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2021, proposta de Orçamento da União elaborada pelo governo federal.

Com informações do Uol.

Aumento de casos de covid-19 faz com que Havana volte a lockdown

O governo cubano colocou Havana novamente em um rígido lockdown nesse sábado (8), depois do ressurgimento de casos do novo coronavírus, determinando que restaurantes, bares e piscinas fechem mais uma vez, suspendendo transporte público e proibindo o acesso à praia.

Considerado uma rara história de sucesso na América Latina pela maneira como lidou e conteve a pandemia do novo coronavírus, o país havia aliviado as restrições no mês passado, após os casos caírem diariamente.

No entanto, eles voltaram a crescer aos níveis de abril, ao longo das últimas duas semanas, com o Ministério da Saúde relatando 59 casos no sábado e dizendo que a situação pode se tornar “incontrolável” se as autoridades não agirem rapidamente.

O sistema gratuito de saúde de Cuba, baseado nas comunidades, havia recebido o crédito, junto com medidas rígidas de isolamento dos doentes e seus contatos, pelo total de casos ter ficado abaixo de 2.900, com 88 mortes, em uma população de 11 milhões de pessoas.

As autoridades, porém, repreenderam os cubanos por terem baixado a guarda depois que o lockdown foi aliviado, sem manter distância física ou usar máscaras adequadamente, obrigatórias em espaços públicos, e por se reunirem em grandes grupos.

Bolsonaro convida Temer para chefiar missão humanitária no Líbano

Manifestantes carregam bandeiras nacionais durante um protesto contra o governo no centro de Beirute, Líbano, em 20 de outubro de 2019

O presidente Jair Bolsonaro participou, na manhã deste domingo (9), de uma videoconferência com outros chefes de Estado e de governo para tratar das ações de apoio ao Líbano. Na última terça-feira (4), uma grande explosão na zona portuária de Beirute, capital do país, deixou um saldo de centenas de mortes e milhares de feridos. Ao detalhar as ações do governo brasileiro, Bolsonaro disse que convidou o ex-presidente Michel Temer, que tem ascendência libanesa, para coordenar a missão.

“Nos próximos dias, partirá do Brasil, rumo ao Líbano, uma aeronave da Força Aérea Brasileira com medicamentos e insumos básicos de saúde, reunidos pela comunidade libanesa radicada no Brasil. Também estamos preparando o envio, por via marítima, de 4 mil toneladas de arroz, para atenuar as consequências da perda dos estoques de cereais destruídos na explosão. Estamos acertando, com o governo libanês, o envio de uma equipe técnica, multidisciplinar, para colaborar na realização da perícia da explosão. Convidei, como o meu enviado especial e chefe dessa missão, o senhor Michel Temer, filho de libaneses e ex-presidente do Brasil”, afirmou Bolsonaro.

Em nota, a assessoria de Temer informou que o ex-presidente “está honrado” com o convite. “Quando o ato for publicado no Diário Oficial serão tomadas as medidas necessárias para viabilizar a tarefa”, diz a nota.

A videoconferência foi iniciativa do presidente da França, Emmanuel Macron, e contou com a participação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, do presidente do Líbano, Michel Aoun, além dos líderes de países como Egito, Catar e Jordânia, entre outros. Em seu breve pronunciamento, Bolsonaro classificou a reunião como necessária e urgente, reafirmou suas condolências às famílias das vítimas da tragédia e destacou a relação histórica entre Líbano e Brasil.

“O Brasil é lar da maior diáspora libanesa no mundo, 10 milhões de brasileiros de ascendência libanesa formam uma comunidade trabalhadora, dinâmica e participativa, que contribui de forma inestimável com o nosso país. Por essa razão, tudo que afeta o Líbano nos afeta como se fosse o nosso próprio lar e a nossa própria pátria”, disse.

Agência Brasil

Mega-Sena acumula; confira dezenas sorteadas

A Mega-Sena acumulou. Nenhum apostador acertou as seis dezenas do concurso 2.287, sorteadas na noite desse sábado (8). Confira os números sorteados: 02 – 04 – 06 – 29 – 41 – 56.

No concurso, 45 apostas acertaram a quina, e cada uma levará R$ 45.775,06. Já 3.261 apostas ganharam a quadra – cada uma receberá R$ 902,38.

A previsão é de que o próximo sorteio, terça-feira (11), pague prêmio de R$ 11 milhões.

Governo e Congresso negociam três propostas para Reforma Tributária

As discussões sobre uma reforma tributária para unificar e simplificar os tributos sobre o consumo ganhou força em 2019 com a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 45, elaborada pelo CCiF (Centro de Cidadania Fiscal) e apresentada pelo deputado Baleia Rossi (MDB-SP).

Conhecida como a proposta da Câmara, o texto unifica cinco tributos – três federais, um estadual e um municipal– em um IVA (Imposto sobre Valor Agregado), sistema utilizado na maioria dos países desenvolvidos para tributar bens e serviços.

Após ganhar o apoio de governadores, que concordaram em incluir o ICMS na reforma, desde que fossem feitas algumas mudanças no texto original, a tramitação da proposta foi atropelada pela apresentação de um outro texto pelo Senado, a PEC 110, que também previa um IVA, mas com regras diferentes, inspirada nos trabalhos do ex- deputado Luiz Carlos Hauly.

As duas Casas formaram uma comissão mista para buscar um consenso, mas os trabalhos ficaram paralisados por conta da pandemia.

No mês passado, o Ministério da Economia apresentou a sua proposta de um IVA, mas incluindo apenas dois tributos federais (PIS e Cofins), deixando estados e municípios de fora. O projeto vinha sendo prometido desde o ano passado.

O governo ainda pretende mandar outras propostas de reforma tributária, que tratam de Imposto de Renda, tributação da folha de pagamentos e um tributo sobre movimentações financeiras que o ministro Paulo Guedes (Economia) jura não ser uma nova versão da antiga CPMF.

A possibilidade de aprovação de um desses textos ainda é vista com ceticismo por especialistas, principalmente diante da resistência do setor de serviços, que avalia que as mudanças vão reduzir a tributação de bens e encarecer a dos serviços.

Folhapress