HMV é referência no atendimento de vítimas de animais peçonhentos

Neste período de inverno a incidência de acidentes com animais peçonhentos é bem maior, uma vez que os ambientes e objetos escuros e úmidos favorecem a permanência dos animais. Atualmente, o Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, é referência para os atendimentos destes casos.

De janeiro a julho deste ano a unidade realizou 175 atendimentos, uma média de 25 pessoas por mês. Embora seja um hospital totalmente regulado (pacientes encaminhados via Central de Regulação), para estes atendimentos a unidade é “porta aberta”.

“Mesmo nesse período de pandemia, o HMV segue atendendo os pacientes que forem vitimados por estes animais. As recomendações é que em casos mais graves a pessoa venha diretamente a unidade, fazendo uso de máscara. Nos casos mais simples, o paciente pode procurar uma unidade de saúde próxima a sua casa. Dispomos de exames e soroterapia para todos os casos necessários”, explicou o Dr. Adalberto de Lima, coordenador da emergência.

Para facilitar o tratamento, se possível o animal deve ser levado até a unidade para identificação da espécie. O Hospital Mestre Vitalino fica localizado na via local da BR-104, 175, sentido Toritama.

Na mata atlântica, 71% do desmate ocorreu em 3% dos municípios de 2018 a 2019

A maior parte do desmatamento na mata atlântica -71%- concentrou-se em apenas 100 municípios, que representam 3% dos 3.429 municípios inseridos no bioma, entre 2018 e 2019. Os dados são do Atlas dos Municípios, da Fundação SOS Mata Atlântica.

No topo do ranking, o município piauiense de Manoel Emídio teve 879 hectares desmatados no período, seguido de Gameleiras (MG), com 434 hectares, Canto do Buriti (PI), com 404 hectares e Novas Laranjeiras (PR), com 332 hectares.

A cidade turística de Porto Seguro (BA) aparece no sexto lugar, com 240 hectares desmatados, o que é movido pela extração ilegal de madeira, principalmente no parque nacional do Monte Pascoal.

Dos 100 municípios que mais desmataram, 40 estão em Minas Gerais, 23 na Bahia, 22 no Paraná e 15 em outros estados.

As pressões econômicas que movem o desmatamento nessas regiões são distintas. Na região do Matopiba -região com trechos de mata atlântica entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia- há expansão de terras do agronegócio.

Já em Minas Gerais, o que motiva o desmatamento é a produção de carvão vegetal usado em fornos para obtenção do ferro-gusa, assim como a substituição da floresta nativa por plantio de eucaliptos.

No Paraná, o desmate se concentra em regiões de mata de araucárias, exploradas para uso na construção civil e também para abrir áreas para o agronegócio.

No início do ano, os produtores rurais do estado, através da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), tentaram anular a aplicação da lei da mata atlântica, com a anistia a desmatadores do bioma.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chegou a assinar essa decisão via despacho, em abril, mas recuou após manifestação do Ministério Público Federal.

A tentativa buscava aplicar o Código Florestal, que é de caráter geral e anistia o desmate feito até 2008, ignorando a lei específica sobre a mata atlântica, que exige a recomposição da vegetação nativa ou compensação de uma área equivalente.

“A lei da mata atlântica é a mais simples de ser aplicada. Ela garante que a gestão pode ser levada para o município, sem precisar de Brasília”, afirma Mario Mantovani, diretor de políticas públicas da SOS Mata Atlântica.

“O município pode fazer seu plano municipal da mata atlântica e, se tiver desmatamento, ele pode incluir o dinheiro da multa ou da compensação no seu fundo municipal de meio ambiente. Não precisa passar para o estado ou para o Ibama. Faz tudo dentro do município”, diz Mantovani.

O atlas também verificou uma relação de aumento no número de municípios com desmatamento da mata atlântica em períodos de eleições municipais.

Os anos eleitorais de 2012 e 2016 tiveram respectivamente 500 e 550 municípios na lista de desmatadores -os maiores números da década- mas só em 2016 o aumento também se verificou na área desmatada.

Para Mantovani, o aumento do número de municípios desmatadores em ano eleitoral pode ser explicado por uma diminuição na fiscalização do poder municipal no período, em uma tentativa de evitar desgastes com setores apoiadores.

Entre os maiores desmatadores da década, há quatro municípios que conseguiram reduzir o desmate e deixaram o ranking no último ano.

Alvorada do Gurguéia (PI), que havia liderado o ranking do desmatamento no período anterior (2016-2017), conseguiu reduzir o desmate na região para apenas 22 hectares entre 2018 e 2019.
Já os mineiros Jequitinhonha e Águas Vermelhas registraram queda de 20% e de 64% do desmatamento, caindo para a 9º e a 21º posição no novo período.

Na lista dos dez municípios com maior remanescente florestal, seis estão em São Paulo: Ilhabela (1º), Pedro de Toledo (2º), Tapiraí (3º), Iporanga (5º), Ubatuba (6º) e São Sebastião (7º).

Em maio, a fundação havia lançado o Atlas da Mata Atlântica, com dados nacionais e estaduais, revelando que o desmatamento no bioma aumentou 27% em todo o país entre 2018 e 2019 em relação ao período anterior, com concentração nos estados da Bahia, Minas Gerais e Paraná.

O atlas também havia mostrado que os estados do Rio Grande do Norte e Alagoas conseguiram zerar o desmate nesse período.

Folhapress

Vice-prefeito de Olinda sofre sequestro-relâmpago

O vice-prefeito de Olinda, Márcio Botelho (SD), foi vítima de um sequestro-relâmpago na noite de terça-feira (18). Quatro homens armados abordaram o veículo do político, por volta das 22h, na comunidade conhecida como Ilha do Rato. Um suspeito foi preso.

Botelho havia participado de um evento com o prefeito da cidade, Professor Lupércio (SD). Após deixar o prefeito e um amigo em casa, a abordagem aconteceu. Ele foi liberado cerca de uma hora depois. Policiais militares interceptaram o carro nas proximidades da comunidade de Rurópolis, em Ipojuca.

Em entrevista ao G1, o secretário de Segurança Urbana de Olinda, coronel Pereira Neto, informou que mesmo com o celular extraviado, o vice-prefeito conseguiu pedir ajuda. Provido de GPS, todo o trajeto do veículo foi identificado. foi possível identificar todo o trajeto que o veículo estava sendo conduzido.

O suspeito do crime foi encaminhado para a sede do Grupo de Operações Especiais (GOE), no Recife, ainda de acordo com o coronel.

PRF apreende 22 veículos roubados e adulterados durante operação em Pernambuco

Foi encerrada no domingo (16) a quarta fase da Operação Tamoio, de combate ao crime organizado nas rodovias federais de Pernambuco. Com início na sexta-feira (14), a iniciativa da Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu 22 veículos, sendo 14 roubados e 8 adulterados, deteve 20 pessoas e gerou um prejuízo estimado de 1,3 milhão às organizações criminosas.

Durante a operação, foram fiscalizados 260 veículos e 392 pessoas, sendo apreendidos 2,1 milhões de filtros de cigarro sem nota fiscal, 46 Kg de maconha e 400 roupas falsificadas. Também foram apreendidos 30 m³ de madeira ilegal do Pará, uma arma de fogo e seis munições.

Para intensificar as ações de policiamento direcionado, que visa incrementar o enfrentamento qualificado à criminalidade e o aumento da percepção de segurança nas rodovias federais, a Tamoio IV foi coordenada em macro-regiões: fronteira, centro-sudeste e norte-nordeste. Da fronteira ao litoral, a atuação da PRF se concentrou nos principais corredores logísticos multimodais, rota de saída ou entrada do país no transporte de ilícitos.

Diario de Pernambuco

Ministérios pedem mais verbas em Orçamento de 2021 e elevam pressão no teto de gastos

O governo vem cedendo a apelos para aumentar a verba de diferentes ministérios nas discussões sobre o Orçamento de 2021. A expansão pressiona ainda mais o teto de gastos.

A regra que limita o aumento das despesas à inflação do ano anterior é considerada pela equipe econômica como fundamental para manter a credibilidade das contas públicas.

Um dos ministérios contemplados é o do Desenvolvimento Regional, comandado por Rogério Marinho.

Após ganhar aval da JEO (Junta de Execução Orçamentária, formada por Economia e Casa Civil), ele vai receber mais R$ 846 milhões em 2021 em relação à proposta orçamentária oferecida anteriormente (de R$ 7,4 bilhões).

Marinho tem interesse em expandir os gastos públicos, sobretudo em obras, e vem pedindo recursos já neste ano.

A ideia tem ganhado a simpatia do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ele tem participado de inaugurações de empreendimentos iniciados em governos anteriores (inclusive do PT).

Por outro lado, a iniciativa vem desagradando o ministro Paulo Guedes (Economia). “Se tiver ministro fura-teto, eu vou brigar com o ministro fura-teto”, afirmou Guedes na última semana.

Na quantia extra que Marinho recebeu para o próximo ano, estão R$ 500 milhões para operações com carros-pipa. Outros R$ 174 milhões vão para a conclusão do sistema adutor do agreste pernambucano, além de R$ 152 milhões do programa de integração do rio São Francisco.

Diante do aperto previsto para as contas de 2021, o governo avalia não fazer o censo demográfico do IBGE no ano que vem e remanejar os recursos que seriam usados nessa finalidade para o Ministério da Defesa e outras pastas.

A proposta foi debatida pela JEO. Originalmente, o censo seria realizado neste ano, mas foi adiado para 2021 por causa da pandemia. O custo estimado pelo governo para a pesquisa é de aproximadamente R$ 2 bilhões.

Já no Ministério da Defesa, foram liberados mais R$ 2,2 bilhões em recursos. Em uma fase anterior das discussões, haviam sido oferecidos R$ 108 bilhões para a pasta.

Isso representa um acréscimo de 1,8% no orçamento da pasta (R$ 106 bilhões) inicialmente previsto no Orçamento de 2020.

As verbas para o próximo ano ainda estão em negociação no governo. Depois, ainda poderão passar por mudanças no Congresso.

Deputados e senadores têm direito a emendas e, assim, destinar dinheiro para ações dos ministérios. Geralmente os Ministérios da Saúde e Educação são contemplados, principalmente pelas emendas de bancadas regionais.

Na atual fase de elaboração do Orçamento de 2021, seriam destinados R$ 127,7 bilhões para a Saúde e R$ 102 bilhões para Educação.

Essa projeção está próxima da proposta inicialmente feita pelo governo para 2020, ou seja, sem considerar as modificações no Congresso. A queda no Ministério da Saúde seria de 1,7% (R$ 129,9 bilhões neste ano) e de 0,2% no Ministério da Educação (R$ 102,2 bilhões no projeto original de 2020).

Sem dinheiro de emendas parlamentares, a verba para a Defesa ficaria acima da Educação, o que foi rechaçado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

“Claro que os recursos para a Educação serão maiores do que os recursos para a Defesa, isso é óbvio. Não tenho dúvida”, afirmou nesta terça-feira (18).

“Imagina se o presidente da República vai assinar uma proposta na qual os recursos da Defesa sejam maiores do que os recursos para a Educação? Não faz nenhum sentido”, disse Maia.

No Ministério das Comunicações, houve expansão de R$ 200 milhões (sendo R$ 80,3 milhões apenas para despesas administrativas).

A pasta, comandada por Fábio Faria, tem participado de negociações do governo sobretudo com o Congresso.

O Itamaraty vai receber R$ 493,3 milhões a mais do que na proposta original por causa da variação cambial e da necessidade de manter funcionando representações diplomáticas no exterior.

Todos os números estudados pelo governo podem sofrer alterações, porque estão sendo negociados internamente. O governo tem até 31 de agosto para apresentar o Projeto de Lei Orçamentária Anual ao Congresso, que depois ainda pode alterar os números antes de aprová-los.

As despesas precisam caber no teto de gastos, criado por uma emenda constitucional em 2016, durante o governo do presidente Michel Temer (MDB). A norma impede o crescimento real das despesas.

As discussões sobre o teto vêm criando atritos no governo. Conforme mostrou a Folha, Bolsonaro já se queixou a deputados aliados de que Guedes precisa ser menos inflexível e intransigente em relação aos recursos orçamentários.

A principal reclamação do presidente, de acordo com assessores palacianos, é que o ministro é mais propenso a negociar a liberação de recursos solicitados por deputados e senadores, mas adota uma posição mais rígida quando o pedido é feito por integrantes da equipe ministerial.

Para a execução orçamentária de 2020, membros do governo passaram a estudar diferentes maneiras de expandir os gastos por meio de brechas em interpretações sobre o teto de gastos e sobre a emenda constitucional do Orçamento de guerra.

Apesar de o teto estar vigor, o governo tem usado créditos extraordinários para lidar com a pandemia. O instrumento é permitido em situações de calamidade e fica fora do cálculo do teto.

Já a emenda permite que sejam gastos recursos para amenizar a pandemia e “suas consequências sociais e econômicas”, o que abriu espaço para as interpretações sobre inclusão de obras.

Sinalizações feitas por Maia e por membros do TCU (Tribunal de Contas da União), no entanto, têm freado essas intenções enquanto a equipe econômica busca reafirmar constantemente o objetivo em manter o teto e o respeito às regras fiscais.

Ministérios que ganharam mais verba nas negociações do Orçamento de 2021:

Desenvolvimento Regional
Defesa
Comunicações
Relações Exteriores.

Orçamento para Saúde e Educação ainda pode subir com emendas parlamentares:

Verba para Saúde está prevista para R$ 127,7 bilhões
Valor inicial programado no Orçamento de 2020 foi de R$ 129,9 bilhões
Recursos para Educação estão previstos para R$ 102 bilhões, sem emendas
Inicialmente, o projeto de Orçamento de 2020 reservou R$ 102,2 bilhões

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Folhapress

Imposto digital de Guedes deve ampliar desigualdade tributária, dizem especialistas

O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, fala à imprensa após reunião com a Comissão Mista de Orçamento, na Câmara dos Deputados.

Similar à antiga CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), o novo “imposto digital” que o governo pretende criar deve ter peso maior para os mais pobres, ampliando a desigualdade tributária do país, dizem especialistas.

Segundo os analistas, as contrapartidas prometidas pelo governo para a criação do imposto -desoneração de folha, aumento da isenção do IR (imposto de renda) e ampliação do Bolsa Família- são insuficientes para compensar as distorções que seriam geradas na economia por um imposto amplo sobre transações financeiras.

Além disso, dizem os estudiosos, o teto de gastos impede que um potencial aumento de receitas gerado pelo novo tributo seja usado na ampliação do programa de transferência de renda para as famílias pobres.

Estudo publicado em 2007 -ano em que foi extinta a CPMF- pela economista Maria Helena Zockun mostrou que, naquela época, a alíquota de 0,38% da contribuição virava em média 1,32% na despesa das famílias, já que o imposto incide em cascata sobre as diversas etapas de produção e venda dos produtos e serviços consumidos.

Além de ter peso efetivo maior do que sugere sua alíquota, a CPMF também pesava mais sobre os mais pobres, calculou Zockun.

Isso porque essa parcela da população consome mais bens do que serviços, e os bens têm cadeias mais longas, acumulando mais impostos, quando eles incidem em cascata. Além disso, os mais pobres destinam toda sua renda para consumo, enquanto os mais ricos poupam parte de seus rendimentos.

Por conta desses dois efeitos, a parcela da renda comprometida com o pagamento da CPMF chegava a 2,2% para famílias com rendimento até 2 salários mínimos, estimou a economista. Já para as famílias com renda superior a 30 mínimos, o peso da contribuição era de 1%.

A regressividade da CPMF se somava a um quadro maior de desproporcionalidade da carga tributária, mostrou ainda a economista. Somando impostos diretos e indiretos (IPI, ICMS, PIS, Cofins, IR, contribuições trabalhistas, IPVA, IPTU, ISS e CPMF), os mais pobres gastavam 51% de sua renda com tributos, enquanto os mais ricos, cerca de 27,2%.

“Como a nossa arrecadação de tributos incide especialmente na produção e não na renda, e isso vai para o preço dos produtos, a população ao comprar está pagando imposto, sem nem perceber”, afirma Zockun, atualmente diretora de pesquisas da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). “Quando as famílias são mais ricas e poupam e, portanto, não gastam tudo em consumo, elas não ficam tão vulneráveis aos impostos sobre consumo.”

Segundo a economista, o efeito do “imposto digital” planejado pela equipe econômica não deve diferir muito daquele encontrado na CPMF em 2007. “Não seria muito diferente, não temos uma estrutura de consumo distinta do que tínhamos há 13 anos”, afirma.

Para o assessor especial do Ministério da Economia Guilherme Afif Domingos, o efeito do novo imposto seria compensando pela desoneração total da contribuição previdenciária patronal até um salário mínimo; redução da contribuição para os demais salários de 20% para 15%; aumento dos rendimentos isentos de IR dos atuais R$ 1,9 mil para R$ 3 mil; e a ampliação do valor do Bolsa Família dos cerca de R$ 200 atuais para um valor mais próximo de R$ 300, incluindo mais 6 milhões de beneficiários.

Afif Domingos rebate a crítica de que o imposto pesa sobre os preços, incide em cascata e prejudica desproporcionalmente os mais pobres. “Estão usando os pobres como escudo para esconder o que eles não querem, que é que se mapeie o custo do dinheiro”, diz o assessor.

“Quem está fazendo essa campanha são aqueles economistas ligados ao setor financeiro”, afirma. “Quando todos pagam um pouco, os governos podem arrecadar melhor, porque não há sonegação. A forma de prejudicar os pobres é a sonegação tributária.”

Para Zockun, as compensações planejadas pelo governo não são suficientes para equilibrar as distorções geradas pelo novo imposto, que deve ainda onerar exportações e investimentos e influenciar nas decisões dos agentes, que tendem a criar formas de driblar o tributo.

“É uma forma distorcida de fazer a compensação, tem formas melhores de eliminar a contribuição sobre folha, por exemplo, através de um ajuste do imposto de renda”, argumenta. “O princípio é que não se deve criar distorções no sistema, porque elas tornam a economia menos eficiente, portanto ela gera menos crescimento do que poderia com os recursos disponíveis.”

Leonardo Alvim, pesquisador do Núcleo de Tributação do Insper, dá mais um argumento: o teto de gastos impede que recursos adicionais obtidos com o novo tributo sejam destinados à ampliação do Bolsa Família. “Com o teto dos gastos, aumento de receitas não pagam aumento de despesas”, diz Alvim.

“O teto congelou o gasto, corrigido apenas pela inflação”, explica. “Se duplicar, triplicar ou quadruplicar a receita, isso não permite gastar mais. Então eventual receita decorrente de uma nova CPMF não pode ser usada para Bolsa Família, que é uma despesa. Só é possível gerar uma nova despesa cortando outra despesa, nunca por meio de nova receita.”

Daniel Duque, pesquisador do Ibre-FGV, avalia que, se de fato for criado, o novo imposto digital do governo pode ampliar a desigualdade, num momento em que ela já deverá estar exacerbada, com o esperado fim do auxílio emergencial e o fechamento de postos de trabalho em decorrência da pandemia.

Duque lembra que a desigualdade diminuiu na crise do coronavírus, com o forte aumento da renda dos mais pobres devido à ajuda emergencial.

Com base em dados da Pnad Covid-19 e da Pnad Contínua do IBGE, o economista estima que o índice de Gini de todas as rendas dos brasileiros (medida que inclui as transferências do governo) caiu para 0,4835 em junho deste ano, vindo de 0,5620 no primeiro trimestre de 2019. O índice de Gini é uma medida de desigualdade que varia de zero a um -quanto mais próximo de zero, maior a igualdade.

“Com o fim do auxílio emergencial em alguns meses, é esperado um aumento da desigualdade”, diz Duque.

Segundo ele, a recriação da CPMF se somaria a esse quadro já desfavorável e iria na contramão das reformas tributárias em discussão no Congresso, que visam acabar com a cumulatividade dos impostos sobre consumo através da criação de um IVA (Imposto sobre Valor Agregado).

“As reformas tributárias em discussão no Congresso, mesmo sem mudanças no imposto de renda, reduziriam a regressividade tributária”, diz Duque. “No entanto, a introdução desse imposto sobre pagamentos iria no sentido contrário, aumentando a regressividade dos tributos, com impacto negativo sobre a desigualdade.”

Folhapress

Argentina ultrapassa barreira dos 300 mil infectados por coronavírus

A Argentina ultrapassou nesta terça-feira a barreira dos 300 mil infectados pelo novo coronavírus, com 235 mortos nas últimas 24 horas, uma das cifras mais altas desde o começo da pandemia, anunciou o Ministério da Saúde.

Os dados são divulgados um dia depois de uma passeata opositora no centro de Buenos Aires pedir ao governo o fim das medidas de isolamento social, consideradas uma forma de privação da liberdade.

Autoridades confirmaram 6.840 novos casos do novo coronavírus, o que eleva o acumulado para 305.953, em um país de 44 milhões de habitantes. O número de mortos é de 6.048. O isolamento social, atenuado na região metropolitana e mais rigoroso em outras províncias, será mantido até o próximo dia 30.

AFP

De 25 países, Brasil é 2º com menor apoio ao aborto, diz pesquisa

O Brasil é o segundo país, em uma lista de 25, com menos pessoas favoráveis ao aborto, segundo uma nova pesquisa, feita com 18 mil pessoas pelo instituto Ipsos. Os dados, divulgados nesta terça-feira (18), mostram que só 16% dos brasileiros acreditam que a prática deveria ser permitida em qualquer caso, ou seja, sempre que a mulher desejar. A média global é de 44%.

O apoio recuou consideravelmente desde o ano passado: enquanto 61% dos brasileiros entrevistados em 2019 disseram ser favoráveis ao aborto em qualquer circunstância ou em alguns casos, como o de estupro, neste ano o número dessas duas categorias somadas baixou para 53%.

No ranking mundial, a Malásia é o país menos favorável à interrupção da gravidez por vontade da mulher, com 10% de respostas positivas. O Brasil vem em seguida, empatado com o Peru. Na outra ponta, aparecem a Suécia, com 76% de pessoas que consideram que o aborto deve ser permitido sempre que a mulher desejar, o Reino Unido, com 67%, e a França, com 66%.

Dos brasileiros entrevistados pelo instituto Ipsos, o maior grupo (38%) é o dos que acreditam que o aborto deve ser permitido em determinadas circunstâncias, como em caso de estupro. Em seguida vêm 21% que acreditam que a interrupção da gravidez não deve ocorrer em momento algum, a não ser quando a saúde da grávida estiver em risco.
Depois vêm os 16% que apoiam a permissão em qualquer circunstância e outros 13% que acham que não deve ser aceito por lei em nenhum caso.

Também no Brasil, o índice dos favoráveis à interrupção da gravidez em qualquer caso é ligeiramente maior entre mulheres (17% contra 15% dos homens), entre os que têm menos de 35 anos (22% contra 10% dos que têm mais de 50 anos) e com maior escolaridade (21% contra 5% dos menos escolarizados). No recorte por região do mundo entre os 25 países do estudo, a Europa é o continente mais permissivo, com 58% dos entrevistados respondendo que o aborto deve ser permitido sempre que a mulher desejar e 22%, em determinadas circunstâncias, totalizando 80%.

Na América do Norte, 47% são totalmente a favor e 24% são favoráveis em certos casos, somando 71%. Na Ásia e no Pacífico, os índices são de 43% e 28%, respectivamente, totalizando 71% também. Já na América Latina o total de apoio é de 62%, com 26% favoráveis à interrupção da gravidez em qualquer caso e 36%, em algumas situações. No Oriente Médio e na África, os números são de 38% de apoio total e 22% em certos casos, somando 60%. Para o levantamento, o Ipsos entrevistou 17.997 adultos em 25 países entre 22 de maio e 5 de junho.

No Brasil, foram mil pessoas, em uma amostra que corresponde a uma parcela mais urbana, escolarizada e conectada do que a média da população. A margem de erro para o país é de 3,5 pontos percentuais.

Folhapress

Papa pede que vacinas contra o coronavírus não sejam reservadas para os mais ricos

This photo taken and handout on August 19, 2020 by the Vatican Media shows Pope Francis speak during a live-streamed weekly private audience from the library of the apostolic palace in the Vatican during the COVID-19 coronavirus pandemic. (Photo by Handout / VATICAN MEDIA / AFP) / RESTRICTED TO EDITORIAL USE – MANDATORY CREDIT “AFP PHOTO / VATICAN MEDIA” – NO MARKETING – NO ADVERTISING CAMPAIGNS – DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS

O papa Francisco pediu, nesta quarta-feira (19), que as futuras vacinas contra o coronavírus não se destinem primeiro “aos mais ricos”, em um momento em que a pandemia não para de aumentar as desigualdades no mundo.

A futura vacina deve se dirigir aos que mais precisam, disse Francisco em sua audiência das quartas-feiras, transmitida ao vivo de sua biblioteca privada no Vaticano, a fim de evitar as concentrações de fiéis na Praça de São Pedro. “Seria triste se a prioridade da vacina da Covid-19 fosse dada aos mais ricos. Seria triste se isso se transformasse na prioridade de uma nação e não fosse destinado a todos”, continuou o papa.

“E que escândalo seria se toda a ajuda econômica, grande parte dela procedente dos cofres públicos, fosse usada para salvar as empresas que não contribuem para a inclusão em vez do bem comum e da preservação da Criação”, disse. “A pandemia é uma crise e de uma crise não saímos iguais: ou saímos melhores ou saímos piores. Deveríamos sair melhores, para melhorar a injustiça social e a degradação do meio ambiente”, acrescentou.

Para Francisco, a batalha atual deve ser travada em duas frentes: “Por um lado, é preciso encontrar um remédio para este vírus minúsculo mas terrível que colocou o mundo de joelhos. Por outro, temos que nos curar de um vírus muito grande, o da injustiça social, da desigualdade, da marginalização e da falta de proteção para os mais fracos”.

“É preciso mudar o mundo”, insistiu, destacando que a economia deve focar nas pessoas, principalmente as mais pobres. Várias vacinas estão em fase de testes atualmente para imunizar as pessoas contra a Covid-19, doença que já matou mais de 774.000 pessoas no mundo desde dezembro.

AFP

Cuba testará em humanos sua vacina contra Covid-19

French engineer-virologist Thomas Mollet harvests a culture supernatant containing the SARS-CoV-2 which has been amplified/multiplied on mammalian cells in a flask, under a biosafety cabinet at the Biosafety level 3 laboratory (BSL3) of the Valneva SE Group headquarters in Saint-Herblain, near Nantes, western France, on July 30, 2020. – Could the Covid-19 vaccine be found by a biotechnology company in western France, far from major global research centers? The hypothesis is more than plausible for the British government, which has just signed an important agreement with it. (Photo by JEAN-FRANCOIS MONIER / AFP)

Cuba começará na próxima semana os ensaios clínicos em humanos de seu projeto de vacina contra Covid-19, o “Soberana 01”, cujos resultados estão programados para fevereiro de 2021, informaram as autoridades sanitárias nesta terça-feira. O Registro Público de Ensaios Clínicos de Cuba e o Centro de Controle Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos autorizaram o início dos ensaios em 676 pessoas entre 19 e 80 anos.

O recrutamento de candidatos começará no próximo dia 24 de agosto e terminará no final de outubro. Essas pessoas não devem ter “alterações clinicamente significativas” e devem dar seu consentimento por escrito para receber a dose, disseram as autoridades. A conclusão do estudo está prevista para 11 de janeiro e os resultados ficarão prontos em 1º de fevereiro de 2021 e publicados em 15 de fevereiro.

“Embora haja vacinas de outros países, precisamos das nossas para ter soberania”, disse o presidente Miguel Díaz-Canel em 19 de maio.

No sábado, as autoridades russas relataram avanços na produção da vacina Sputnik V. Chegaram a manifestar a intenção de produzi-la com Cuba. No entanto, a ilha socialista não se pronunciou oficialmente sobre a oferta.

O governo cubano costuma ressaltar o desenvolvimento de sua biotecnologia e apontar entre suas conquistas a própria vacina contra hepatite B. Com 11 milhões de habitantes, a ilha conseguiu conter a nova pandemia do coronavírus, com 3.408 casos, 88 mortos e 2.794 curados até a última segunda-feira.

Um surto recente obrigou as autoridades a reforçar as medidas de prevenção em Havana.

AFP