Mercado financeiro projeta queda de 5,62% na economia este ano

A previsão do mercado financeiro para a queda da economia brasileira este ano foi ajustada de 5,66%25 para 5,62%. A estimativa de recuo do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – está no boletim Focus, publicação divulgada todas as semanas pelo Banco Central (BC), com a projeção para os principais indicadores econômicos.

Para o próximo ano, a expectativa é de crescimento de 3,50%, a mesma previsão há 11 semanas consecutivas. Em 2022 e 2023, o mercado financeiro continua a projetar expansão de 2,50% do PIB.

Inflação
As instituições financeiras consultadas pelo BC mantiveram a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 1,63%, neste ano.

Para 2021, a estimativa de inflação permanece em 3%, há oito semanas consecutivas. A previsão para 2022 e 2023 também não teve alteração: 3,50% e 3,25%, respectivamente.

A projeção para 2020 está abaixo do piso da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4% em 2020, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,5% e o superior, 5,5%.

Para 2021, a meta é 3,75%, para 2022, 3,50%, e para 2023, 3,25%, com intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, em cada ano.

Selic
Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, estabelecida atualmente em 2% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Para o mercado financeiro, a expectativa é que a Selic encerre 2020 em 2% ao ano. Para o fim de 2021, a expectativa é que a taxa básica chegue a 3% ao ano. Para o fim de 2022, a previsão é 4,9% ao ano e para o final de 2023, 6% ao ano.

Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Entretanto, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Dólar
A previsão para a cotação do dólar permanece em R$ 5,20, ao final deste ano. Para o fim de 2021, a expectativa é que a moeda americana fique em R$ 5.

Agência Brasil

Confira a programação de aulas remotas para alunos municipais

Durante toda a semana, a Prefeitura de Caruaru disponibiliza aulas pela TV Câmara, canal 22.2, para os alunos da rede municipal de ensino. O conteúdo é exibido de segunda a sexta-feira a partir das 7h30, para estudantes da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e da EJA. Aos sábados, são veiculadas as aulas do Cursinho Popular Edilson de Góis, das 14h às 15h.

O material disponibilizado na programação da TV Câmara tem tradução em Libras. Para todas as ferramentas e plataformas utilizadas pelos alunos, a Secretaria de Educação de Caruaru teve o cuidado de realizar um processo de formação para as equipes de Acompanhamento Pedagógico, Formadores Especialistas da Gerência de Ensino e profissionais das unidades escolares. Os estudantes são acompanhados diariamente pelos profissionais.

PLATAFORMAS DIVERSAS
A Prefeitura de Caruaru oferece diversas formas para os alunos desenvolverem atividades durante o período de pandemia do novo coronavírus. Site, videoaulas no Youtube, aulas na TV Câmara e apostilas impressas. Contando com apoio de parceiros, o intuito é adequar o ensino a cada realidade. Confira as opções:

Site “Aula em Cas@” – https://caruaru.pe.gov.br/
YouTube – https://www.youtube.com/PrefeituradeCaruaruOficial
TV Câmara – Canal 22.2 (usando antena do tipo UHF)
Escola Mais Caruaru – https://www.escolamais.com/caruaru
Redes sociais (Instagram e Facebook) – @aulaemcasacaruaru

PROGRAMAÇÃO

Segunda-feira (10/08)

Educação Infantil
– Avós e tempo de antigamente – Vamos Aprender
Anos Iniciais
1º ano – Gênero textual – Parlenda
2º ano – Gênero textual – Lista
3º ano – Gênero textual – Lenda
4º ano – Gênero textual – Notícia
5º ano – Gênero textual – Notícia

Anos finais (6º, 7º, 8º e 9º ano)
– História e Língua Portuguesa

Terça-feira (11/08)

Educação Infantil
– Céu, estrelas, noite e dia – Vamos Aprender

Anos Iniciais
1º ano – Números
2º ano – Medidas de massa
3º ano – Sólidos geométricos
4º ano – Números
5º ano – Fração e Números decimais

Anos finais (6º, 7º, 8º e 9º ano)
– Matemática e Língua Inglesa
EJA – Fase 1 e 2
– Unidades de medida

Quarta-feira (12/08)

Educação Infantil
– Fenômenos Naturais: ventos, raios e trovões

Anos iniciais
Língua Portuguesa
1º ano – Gênero textual – Parlenda
2º ano – Gênero textual – Receita e Cardápio
3º ano – Gênero textual – Poema- 2
4º ano – Gênero textual – Notícia
5º ano – Gênero textual

Anos finais (6º, 7º, 8º e 9º ano)
– Ciências, educação física e ensino religioso
EJA – Fase 2 e 4
– Consumo Consciente

Quinta-feira (13/08)

Educação Infantil
– A Água – Vamos Aprender

Anos iniciais
1º ano – Números
2º ano – Medidas de capacidade
3º ano – Planificação dos sólidos geométricos
4º ano – Geometria
5º ano – Problemas com as quatro operações: adição, subtração, multiplicação e divisão

Anos finais (6º, 7º, 8º e 9º ano)
– Matemática e Geografia

Sexta-feira (14/08)

Educação Infantil
– Cuidados Pessoais – Vamos Aprender

Anos iniciais
Bichos da Água – Vamos Aprender
Fauna Brasileira – Vamos Aprender

Anos finais (6º, 7º, 8º e 9º ano)
– Língua Portuguesa e Arte

Agosto Dourado: amamentação exclusiva protege bebê e previne mães de doenças

A amamentação exclusiva da criança até os seis meses de idade promove o desenvolvimento saudável do cérebro em bebês e crianças pequenas, protege as crianças contra infecções e diminui o risco de obesidade e de outras doenças. A prática também reduz custos de assistência médica no futuro e protege as mães lactantes contra o câncer de ovário e de mama.

No entanto, apenas quatro em cada dez bebês no mundo são alimentados exclusivamente com o leite materno nos primeiros seis meses de vida, conforme recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados são do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) que aponta ainda o índice de 39% das mães que utilizam o leite materno como alimentação exclusiva para os bebês até os seis meses de idade, no Brasil.

A enfermeira Andressa Oliveira, especialista em ginecologia e obstetrícia e professora do curso de Enfermagem da UNIFAVIP, afirma que a amamentação é um dos momentos cruciais para aumentar o vínculo entre o binômio mãe-bebê, com grandes vantagens para ambos. Além de apresentar diversos benefícios voltados a criança como proteção contra doenças, prevenção na formação incorreta dos dentes, evitar problemas na fala e proporcionar melhor desenvolvimento e crescimento para o bebê, o aleitamento materno contribui também com a saúde da mãe, através da redução das chances de câncer de mama, ovários e endométrio, auxiliando na redução do peso adquirido durante a gestação, e contribuindo com a retração uterina após o parto.

“Vale ressaltar ainda que é um recurso natural onde não haverá custos para a família”

Uma pesquisa publicada em 2016 no periódico The Lancet apontava que a universalização do aleitamento exclusivo — ou seja, ter todas as crianças do mundo se alimentando somente com o leite materno no início da vida — poderia prevenir 823 mil mortes por ano entre meninos e meninas com menos de cinco anos de idade, além de evitar 20 mil mortes por câncer de mama anualmente.

Para o bebê, o aleitamento exclusivo até os seis meses de idade contribui para a imunidade reduzindo os riscos de infecções. Sendo constituído de anticorpos, proteínas, lipídios, vitaminas A, B12, C, D, E e K, água, cálcio, potássio, sódio, cloro, ferro, zinco, fósforo, riboflavina, tiamina, dentre outros. “O leite materno possui os nutrientes fundamentais para o bebê desde o seu nascimento até os seis meses de idade, não sendo necessária a complementação por meio de fórmulas ou mesmo a adição de água. Dessa forma a ideia difundida erroneamente de que o leite materno pode não suprir as necessidades do bebê, cai por terra”.

Diversos estudos relacionam o aleitamento materno exclusivo (AME) até os 6 meses do bebê com a diminuição do risco de morte, quando comparado ao aleitamento materno predominante e às crianças em aleitamento materno parcial.

Além disso, a amamentação diminuiu as chances de diabetes tipo 2 e, com base em estudos de alta qualidade, diminuiu em 13% as chances de sobrepeso/obesidade, de acordo com o artigo científico “Consequências a longo prazo da amamentação no colesterol, obesidade, pressão arterial sistólica e diabetes tipo 2: revisão sistemática e metanálise”, publicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

É de extrema importância orientar as mulheres, desde os pré-natais, a se preparem para vivenciar a amamentação. Muitas delas apresentam dificuldades no processo justamente pela falta de informação. Apoiá-las e ajudá-las a entender que amamentar é algo possível e principalmente essencial, é um papel desafiador para os profissionais que estão comprometidos com a saúde materno-infantil.

O tempo e a maneira que uma criança é amamentada irá interferir no resto da sua vida.

A importância do ato para o desenvolvimento saudável do ser humano deu origem à campanha Agosto Dourado, dedicado à intensificação das ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno.

O Agosto Dourado existe para alertar a população de que amamentar é um ato natural e de muito amor.

Histórico

A campanha Agosto Dourado originou de em um encontro, em Nova Iorque, entre a Organização Mundial da Saúde (OMS) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 1991. A reunião tinha como meta acompanhar o nascimento da Declaração de Innocenti (documento voltado para a amamentação) e elaborar ações em nível mundial para conscientizar sobre a causa.

A Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM), que ocorre de 1 a 7 de agosto em vários países, é coordenada pela Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (WABA), que define um tema a cada ano e promove ações globais mostrando a importância da amamentação para crianças e mães.

No Brasil, a Semana de Aleitamento Materno é comemorada desde 1999 com a coordenação do Ministério da Saúde. Em 2017, foi sancionada a Lei nº 13.435, que institui o mês de agosto como o “Mês do Aleitamento Materno”.

Pai e filho de 11 anos são assassinados em Rio Formoso

Na noite do último domingo (9), um duplo homicídio foi registrado no município de Rio Formoso, na Mata Sul de Pernambuco. As vítimas foram pai e filho.

O blogueiro Áquila Bruno Silva, de 36 anos e o filho, de 11 anos, estavam dentro de um veículo estacionado em frente a um supermercado quando foram surpreendidos com a chegada de um elemento que efetuou disparos de arma de fogo alvejando os dois.

As vítimas chegaram a ser socorridas, dando em um hospital municipal, mas já sem vida.

O autor do crime já foi identificado pela Polícia Civil, mas segue sendo procurado.

Diario de Pernambuco

Aumentam pedidos de medida protetiva em PE

01/02/2018- Credito: Rafael Martins/ DP- Fotografia produzida pelo ESTUDIO DP para fins de conteudo patrocinado publicado nos veiculos do Diario de Pernambuco. Autorizacao concedida para uso exclusivo na reportagem: A secretaria de violencia contra a Mulher em Garanhuns criou a sala de acolhimento a mulheres vitimas de violencia em Garanhuns. Na foto: Mulher vitima de violencia domestica.

A Lei Maria da Penha completou 14 anos de vigência, na sexta-feira, em meio à pandemia. No primeiro semestre de 2020, cresceu em 4% o número de solicitações de medidas protetivas em delegacias de atendimento especializado, em relação ao mesmo período de 2019. Para a chefe do Departamento de Polícia da Mulher, Julieta Japiassu, o crescimento é exemplo de que a lei vem sendo utilizada, mas ainda há dificuldade por parte das vítimas em perceber que estão sendo agredidas, nas chamadas “pequenas violências” do cotidiano.

A ideia errada de que só é violência quando envolve agressão física acaba prejudicando essa percepção. “Muitas vezes a vítima só consegue notar que está sendo agredida quando o ciclo está mais adiantado. É preciso observar o que parentes e amigos falam”, conta Julieta.

A lei aponta para cinco tipos de violência: a física; a moral, quando o agressor atenta contra a honra; a psicológica, que são as humilhações e chantagens emocionais; a patrimonial, que vem quando o agressor proíbe a vítima de trabalhar, estudar ou outras maneiras de obter independência; e a sexual, que pode acontecer dentro de um casamento, quando o cônjuge coage a companheira a ir manter relações contra a sua vontade.

Entre janeiro e junho de 2020, as delegacias especializadas de Pernambuco solicitaram à Justiça 4.033 medidas protetivas, ante 3.877 do primeiro semestre de 2019. “. Ano a ano, a gente vem aumentando tanto a quantidade de boletins de ocorrência quanto os pedidos de medidas protetivas”, pondera.

Prevenção
O trabalho preventivo também é importante. “Fizemos um trabalho muito forte recentemente com as Caravanas da Mulher nos municípios. Tanto homens quanto mulheres assistiam e, depois, difundiam as informações na comunidade”, acrescenta a delegada.

Diario de Pernambuco

Feiras dos polos de confecções retomam atividades no Agreste

A partir desta segunda-feira, o plano de flexibilização das atividades econômicas avança etapas de forma diferente em regiões de Pernambuco. Além da ampliação do horário de funcionamento dos serviços de alimentação e dos shoppings para até 22h na Região Metropolitana do Recife e nas Zonas da Mata Norte e Sul, o Agreste também passa para uma etapa importante para fazer a economia local se movimentar. O governo do estado liberou o funcionamento das feiras do polo de confecções da região, seguindo protocolos específicos para a atividade. Apenas a feira de Toritama teve a abertura antecipada e começou a funcionar desde ontem. As demais retomam as atividades hoje.

Para Bruno Schwambach, secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, o retorno das feiras do polo de confecção é um movimento importante para o Agreste, mas todos os cuidados terão que ser tomados. “O decreto vai permitir voltar a dar oportunidade para um polo de confecções para Pernambuco, mas vai delegar para os municípios o estabelecimentos dos protocolos. É fundamental que empreendedores e clientes tenham disciplina com as medidas”, disse.

O Moda Center Santa Cruz, que estava fechado desde março e que desde o fim de abril funcionava apenas como ponto de entrega de mercadorias às transportadoras, é um dos que retoma as atividades hoje, seguindo vários protocolos. Entre eles estão a redução do número de acesso à área dos boxes e lojas, que passou de 48 para 10 pontos, limitação de um vendedor por box, três vendedores e três clientes por loja, disponibilização de álcool em gel, aferição de temperatura, uso de máscara obrigatório, instalação de 20 pias para que as pessoas possam lavar as mãos, reforço na higienização.

“Durante o período de paralisação das atividades, iniciamos a avaliação do que precisava ser adequando em nosso espaço para a retomada do atendimento ao público, por entendermos a necessidade de equilibrar as ações de reabertura do Moda Center e os cuidados com a saúde de nossos colaboradores, condôminos e clientes”, disse José Gomes Filho, síndico do Moda Center Santa Cruz.

Outra feira de confecção que volta a funcionar hoje é a Feira da Sulanca de Caruaru, com protocolos rígidos assim como no Moda Center, além de uma unidade móvel disponível para fazer o teste da Covid-19 em quem apresentar sintomas. Além disso, haverá barreiras sanitárias no entorno do parque e nas entradas da cidade. Ainda assim, o delivery Sulanca vai continuar funcionando mesmo com a retomada das atividades presenciais.

Atividades liberadas nesta segunda-feira, 10 de agosto:

– Região Metropolitana do Recife e Zonas da Mata Norte e Sul
serviços de alimentação e shoppings com horário ampliado para 22h

– Agreste, que compreende os municípios de Caruaru, Garanhuns e entorno
retomada das feiras do polo de confecção

– Sertão, com Arcoverde, Afogados da Ingazeira e Serra Talhada como principais polos
reabertura dos serviços de alimentação e shoppings com 50% e das 6h às 20h, além das academias de ginástica e polo de confecções

– Sertão, nos municípios com Gerência Regional de Saúde com sede em Salgueiro e Petrolina
liberação de serviços de escritório com 50% e concessionárias de veículos com 100%

– Araripina e Ouricuri
isolamento mais rígido até o próximo dia 16, apenas com funcionamento das atividades consideradas essenciais

Diario de Pernambuco

Com 652 indígenas mortos pela Covid-19, aldeias vivem drama da pandemia

Brasília- Indígenas protestam no Congresso Nacional, contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que altera a demarcação de terras indígenas. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A pandemia do novo coronavírus escancarou as fragilidades de um Brasil desigual e injusto. Entre inúmeras tragédias, a doença feriu de morte a memória dos povos originários. Mitos, línguas e a história indígena passaram a sangrar por rodovias e rios, após os modais de transporte se transformarem em vetores de um vírus que é ainda mais letal aos anciãos. De caminhão ou de barco, a covid-19 infecta etnias do Sul ao Norte, passando pelo Centro-Oeste e Nordeste. Em questão de dias, o novo coronavírus mata os mais velhos. Extingue bibliotecas vivas, receptáculos de culturas milenares, enquanto a carga puxada pela boleia ou embarcação, essencial para o desenvolvimento do país, segue em frente estrada acima, rio abaixo. Até ontem, levantamento da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) contabilizava 652 indígenas mortos e ao menos 23.453 infectados pelo coronavírus.

A história da primazia das rodovias no país tem início com a construção da capital federal, quando os políticos atenderam ao lobby de empresas automobilísticas norte-americanas e alemãs em nome do progresso. Em 1969, alinhados com os Estados Unidos, militares construíram a Transamazônica, outro episódio em que a estrada se sobrepôs à vida dos povos originários. Hoje, para as etnias que sofrem com a chegada do coronavírus pelas estradas, a pandemia é continuação de um conto de invasão e morte. Os vetores do vírus podem ser motoristas curiosos ou caminhoneiros que executam um trabalho fundamental para o país, mas param em terras indígenas por variados motivos, muitas vezes sem máscara. Sem saber, deixam para trás o rastro de contaminação.

Coube aos próprios povos se protegerem, contando com diagnósticos tardios, a máscara e, muitas vezes, longas viagens até o hospital mais próximo. Os territórios demarcados também servem à proteção de biomas e para frear a extração indiscriminada de minérios. A BR-070, importante rota do agronegócio, corta o território do povo Bororo, no Mato Grosso. E pela rodovia, o coronavírus chegou à aldeia Meruri.

Uma das lideranças locais, Eloenia Ararua relata que o contato entre caminhoneiros e a população é constante. Ela lembra que o município mais próximo fica a cerca de 30km. Ainda assim, motoristas param para fazer lanches ou almoçar. “Normalmente, não usam máscara. Na região, somos os mais contaminados. No Xavante tem muitos casos, mas com uma população bem maior. Caminhoneiros não deveriam parar. Temos baixa imunidade”, diz.

Eloenia conta os mortos. “Perdemos quatro pessoas na faixa de 70 anos para cima. O primeiro que morreu era uma grande liderança e foi o primeiro vereador que tivemos. Tinha vários trabalhos. O segundo ajudou na demarcação do nosso território quando houve conflito entre fazendeiros e a comunidade. O outro foi um fundador da aldeia, conhecedor da medicina tradicional, da cultura e dos cantos”, lamenta.

No Pará, a BR-222 corta a reserva Mãe Maria, do povo Gavião, em Bom Jesus do Tocantins. São mais de mil indígenas, 15 aldeias presas ao fluxo da rodovia. Coordenadora da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), Tuxati Parkateje conta que, em reservas no estado, a barreira sanitária não funcionou: aqueles que lá ficavam, acabaram sendo infectados pelos viajantes. Na Mãe Maria, a decisão foi por fechar a entrada das aldeias. Ainda assim, o vírus chegou.

Quando o primeiro caso foi confirmado, o pânico foi total. Tuxati conta que famílias pegaram alimentos, como arroz e feijão, e deixaram as aldeias na tentativa de ficar mato adentro, ainda mais distante de qualquer contato. Foi o caso dos seus tios, que correram para a mata — mas quando o fizeram, levaram com eles o vírus. A tia morreu antes de chegar ao hospital. Muitos indígenas não retornaram às aldeias até hoje. Para ela, houve ausência de política pública para o combate ao vírus nas comunidades.

O eixo da infecção
O coordenador executivo da Apib, Dinamam Tuxá, avalia que o trânsito nas rodovias é um dos principais vetores do novo coronavírus. E ele dá uma lista de situações na qual caminhoneiros se encontram com as etnias: em pequenas paradas para almoçar ou mesmo para colher uma fruta na beira da estrada. “BRs como a 101, a 116, que cortam o Brasil, passam por várias comunidades. No Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, berço do agro, há fluxo grande de carga. Muitas comunidades são ponto turístico, como na Bahia. As pessoas param para almoçar, conhecer, descansar. E esse trânsito está levando a covid-19. O próprio estado não fez medida de prevenção e contenção pensando no trânsito nessas vias”, diz.

É possível observar de forma clara o avanço da doença acompanhando o traçado da BR-153, segundo o antropólogo e professor de ciências sociais da Universidade Federal do Tocantins (UFT), André Demarchi. A rodovia, que é rota de grandes caminhões e atravessa o estado, passa próxima a terras indígenas e carregou o vírus para as aldeias. O primeiro povo atingido, segundo ele, foram os Apinajés, que ficam em uma área que engloba quatro municípios e duas rodovias federais. Os autóctones criaram barreiras sanitárias, mas, segundo o professor, isso não impediu que o coronavírus chegasse às aldeias.

Um dos líderes dos Apinajés, Antônio Veríssimo Apinajé aponta que o fluxo de caminhões e as grandes rodovias na proximidade da terra carregaram a covid. De acordo com ele, um dos primeiros casos foi justamente o de um caminhoneiro. Dentre os que vivem nas 42 aldeias, no entanto, não houve casos. Ouvindo as histórias dos anciãos e de doenças que no passado atingiram indígenas, como a varíola, Antônio conta que as aldeias levaram a pandemia a sério desde o início. Logo, fizeram uma barreira sanitária para frear a entrada na terra e os idosos foram removidos às aldeias mais isoladas.

Em Aquidauana (MS), nas terras do povo Terena, a assinatura de uma ordem de serviço de pavimentação de uma rodovia para ligar o território com a cidade em julho foi o pontapé da infecção de indígenas nas aldeias, segundo o biólogo Eriki Paiva Terena, que atua no Conselho do Povo Terena. O evento contou com a presença de vereadores, deputados e outros políticos, além de candidatos aos pleitos municipais. Quatorze dias depois, quatro pessoas apresentaram sintomas, uma delas morreu. A população havia feito barreira sanitária para tentar impedir a chegada do vírus mas, mais uma vez, uma rodovia o levou. Para Eriki, faltou ação por parte do governo para proteger as comunidades. “Virou um jogo de empurra. E tivemos tempo antes (da chegada do vírus). É uma completa ineficiência”, diz.

Professor de antropologia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Antônio Hilário Aguilera Urquiza ressalta que toda construção de rodovia, ou duplicação, que é próxima a terras indígenas exige um estudo para se analisar o impacto socioambiental, algo previsto em legislação federal.

“A princípio, toda estrada de rodagem, de asfalto ou não, é uma forma de invasão. Existe esse impacto. Imagine, então, em tempo de pandemia”, afirma. Urquiza, que trabalha com povos originários há mais de 30 anos, pontua que todos que transitam dentro ou próximo desses territórios, como chacareiros e caminhoneiros, são foco de contágio para as populações nas aldeias.

Ausência do Estado
Em meio ao aumento de casos e mortes que atingem as aldeias, mesmo as mais longínquas, as lideranças indígenas reclamam da ausência do Estado. Integrante da Coordenação das Organizações dos Indígenas Amazônia Brasileira (Coiab) e articuladora da Fundação Nacional do Índio (Funai) Angela Kaxuyana avalia a necessidade de testar quem entra ou sai dos territórios. “As rodovias são uma perigosa porta de entrada do coronavírus em aldeias e outras comunidades, pois não se tem controle e monitoramento para fazer testagem dessas pessoas”, destaca. Para ela, o governo deve fazer ações de monitoramento de acesso aos territórios indígenas.

Coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinamam Tuxá ressalta a importância da fiscalização. “Quando montamos barreira, somos repreendidos. Se houvesse um plano estruturante de contingenciamento dentro das terras indígenas, com fortalecimento das barreiras, não teríamos esse número de contaminados que se tem hoje. Há que ter um controle. Os caminhoneiros estão trabalhando, prestando um serviço. Então, precisamos do Estado.”

Como as etnias têm relações comerciais com os municípios, a assessora da Federação dos Povos Indígenas do Mato Grosso (FepoiMT) Eliane Xunakalo destaca que o cuidado precisa de duas vias. “Temos relações de consumo, de parcerias. O melhor seria que a rodovia não passasse nas terras indígenas. Os Caiapós fecharam (a rodovia), mas a competência é do governo e isso gera conflitos. E nesse período o governo não está preocupado com nossos povos. Não nos é reconhecido o direito à saúde na prática.”

A deputada federal Joênia Wapichana (Rede-AP) destaca que, além das rodovias e hidrovias, existem casos em que os próprios agentes de saúde e militares levaram o vírus para territórios isolados, de avião. Isso, sem contar os garimpeiros e madeireiros ilegais. “O principal ponto que sempre nos preocupou para garantir o isolamento social é que tivesse uma fiscalização na entrada.”

Funai
A Funai afirma que bloqueios trazem risco de comprometimento do abastecimento. Em março, o órgão suspendeu as autorizações de entrada em terras demarcadas em todo o país. Em nota, a fundação informa que o órgão reforçou ações de prevenção em conjunto com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e que já investiu R$ 26 milhões em medidas de combate ao coronavírus. A Funai diz, ainda, garantir a segurança alimentar e higiene de famílias indígenas, com distribuição de cerca de 500 mil cestas básicas e quase 62 mil kits de higiene pessoal e limpeza.

Também afirma que realizou “ações de vigilância e monitoramento territorial” e participa de 271 barreiras sanitárias para impedir a entrada de não indígenas em aldeias. O órgão contabiliza 151 ações de fiscalização em 63 terras demarcadas para coibir “extração ilegal de madeira, garimpo e pesca predatória.”

Correio Braziliense

Pernambuco retoma e amplia setores em regiões do Estado a partir desta segunda-feira (10)

Os dados do contágio da Covid-19 permitem que, a partir de hoje, regiões de Pernambuco avancem etapas de reabertura do Plano de Convivência com a Covid-19 ou ampliem as atividades econômicas já retomadas, com protocolos de segurança e higiene. A exceção fica em algumas cidades do Sertão, que não apresentaram resultados satisfatórios da saúde. Na Macrorregião 1, que compreende a Região Metropolitana do Recife (RMR) e Zonas da Mata Norte e Mata Sul, foi possível avançar para Etapa 7, ampliando até às 22h o horário de funcionamento dos shoppings centers e serviços de alimentação. Na Macrorregião 2, que abrange as cidades do Agreste, a Etapa continua sendo a 6, mas houve reabertura das feiras dos polos de confecções. Nas Macrorregiões do Sertão, ocorreram distinções devido aos números da saúde.

O governo liberou, nas cidades da RMR e das Zonas da Mata Norte e Sul, o funcionamento dos serviços de alimentação, como restaurantes, bares e lanchonetes, das 6h às 22h (antes só podiam ser das 6h às 20h). Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Pernambuco (Abrasel-PE), André Araújo, a ampliação do horário pode gerar mais incremento. “Esperamos um crescimento entre 25% e 30% na movimentação do setor devido à reabertura de novos bares, que antes não abriam por causa do horário, e pelo aumento da base de fluxo do movimento”, explicou Araújo.

De acordo com o governo, os shoppings centers podem funcionar das 10h às 22h (antes só podiam das 10h às 20h). Com a liberação, os shoppings Guararapes, Tacaruna, Recife, RioMar e Paulista North Way funcionam das 10h às 22h, de segunda a sábado, e das 12h às 21h, aos domingos. O Patteo adota esse mesmo horário a partir do dia 15, antes dessa data é facultativo para os lojistas. O Plaza e o Costa Dourada funcionam também das 10h às 22h, de segunda a sábado, mas fecharão às 20h aos domingos. O Shopping Boa Vista funciona das 10h às 21h, de segunda a sábado, e aos domingos não funcionará. E o Camará funciona das 10h às 22h, de segunda a sábado, e das 13h às 21h, aos domingos.

A reabertura tão esperada para os municípios do Agreste foi a das feiras dos polos de confecções. Segundo o governo do Estado, cada cidade regulamenta a atividade com os protocolos de segurança. No centro atacadista Moda Center Santa Cruz, em Santa Cruz do Capibaribe, por exemplo, haverá retomada da realização das feiras, às segundas e às terças-feiras, das 6h às 18h. Alguns protocolos a serem adotados são: redução do número de acesso à área dos boxes e lojas; disponibilização de álcool em gel e aferição de temperatura corporal dos clientes em todas as entradas e limitação de um vendedor por box e de três vendedores e três clientes por loja.

Já no Sertão, cada Macrorregião teve sua particularidade. A Macrorregião 3, que abrange os municípios de Arcoverde, Afogados da Ingazeira e Serra Talhada, avança para Etapa 6. Os serviços de alimentação podem retomar com 50% da capacidade de clientes e horário das 6h às 20h. Os shoppings podem reabrir das 10h às 20h com 50% da capacidade, além das academias de ginásticas e polos de confecções, ambos com novos protocolos de segurança. O comércio varejista pode funcionar com um cliente para cada 10 metros quadrados de loja.

Na Macrorregião 4, houve ainda mais particularidades. Os municípios da 7ª Gerência Regional de Saúde, com sede em Salgueiro, e da 8ª Gerência Regional de Saúde, sediada em Petrolina, avançam para a Etapa 5. Está permitido o funcionamento dos serviços de escritório com 50% da carga e serviços e vendas de veículos com 100% da carga.

Os municípios da 9ª Gerência Regional de Saúde, com sede em Araripina, permanecem na Etapa 4. No entanto, houve exceção para as cidades de Araripina e Ouricuri, que voltam para Etapa 2 por causa dos casos da Covid-19. Desde a última sexta-feira, só funcionam os serviços essenciais nesses dois municípios, que seguirão assim até o próximo dia 16.

Folhape

Pernambuco registra 247 novos casos da Covid-19 e 29 mortes nas últimas 24h

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) registrou, nesta segunda-feira (10), 247 novos casos da Covid-19. Também foram confirmados 29 óbitos, ocorridos desde o dia 26 de junho. Entre os novos infectados, 40 (16%) são casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 207 (84%) são leves, ou seja, pacientes que não demandaram internamento hospitalar e que já estavam curados, ou na fase final da doença. Agora, Pernambuco totaliza 105.381 casos já confirmados, sendo 24.247 graves e 81.134 leves.

Do total de mortes do informe desta segunda, 13 (45%) ocorreram nos últimos três dias, sendo 4 mortes registradas no dia de ontem (domingo, 09/08), 6 mortes em 08/08 e 3 em 07/08. Os outros 17 óbitos (55%) ocorrem entre os dias 26/06 e 06/08. Com isso, o Estado totaliza 6.970 mortes pela Covid-19. Os detalhes epidemiológicos serão repassados ao longo do dia pela Secretaria Estadual de Saúde.

Folha de Pernambuco