Espanha supera 20.000 mortes por coronavírus

A Espanha superou neste sábado a marca de 20.000 mortes provocadas pela pandemia de coronavírus, com 565 vítimas fatais nas últimas 24 horas, 20 a menos que o número registrado na sexta-feira, anunciou o governo.

Em seu balanço diário, o ministério da Saúde informou um total de 20.043 mortes até o momento no país, o terceiro mais afetado do mundo em número de vítimas fatais, atrás dos Estados Unidos e da Itália.

Os casos confirmados subiram para 191.726, após uma desaceleração do avanço da doença nos últimos dias, e os curados a 74.662, quase 1.700 a mais que na sexta-feira.

“O nível de transmissão atual é muito menor”, disse Fernando Simón, diretor do Centro de Emergências Sanitárias.

A Espanha completa neste sábado cinco semanas de confinamento da população, determinado pelo governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez para impedir o avanço da pandemia.

O confinamento deve prosseguir pelo menos até 25 de abril, mas o governo já advertiu que pode anunciar uma nova prorrogação da medida.

Simón destacou que o comitê científico que assessora o governo “entende que as medidas de controle devem ser prorrogadas”.

Porém, em meio a uma crescente pressão social para, por exemplo, permitir a prática de esportes por um período do dia ou sair às ruas com as crianças, o especialista admitiu que as medidas “podem ser adaptadas”.

O ministério da Saúde anunciou na sexta-feira uma mudança na metodologia de seu balanço, que agora também passa a incluir os testes sorológicos, ou seja, exames que permitem detectar se uma pessoa superou a doença e desenvolveu anticorpos.

Estes exames estão apenas começando no país (até o momento 1.194 pessoas apresentaram resultado positivo no teste de anticorpos, segundo o governo) e serão fundamentais para saber, mais à frente, qual o percentual da população que desenvolveu defesas contra o coronavírus.

Os dados servirão para organizar a saída do confinamento e a retomada das atividades sociais e econômicas, segundo um plano que o governo prevê que será escalonado e que pode ser organizado até o fim do ano.

Várias administrações regionais passaram a questionar o dado oficial de mortos divulgado pelo governo central, já que milhares de pessoas faleceram vítimas do coronavírus sem ter acesso a um teste que confirme a presença da doença no organismo.

O governo da Catalunha, que citou informações divulgadas por funerárias, afirmou que até o momento morreram 7.881 pessoas por coronavírus, enquanto o balanço oficial do ministério da Saúde neste sábado para a região cita 3.879 óbitos.

A região de Madri, a mais afetada com 7.132 mortos, oficialmente, também afirmou que o número real pode ser consideravelmente maior.

AFP

Governo prorroga fechamento do comércio e atividades não essenciais até 30 de abril

Seguindo as orientações de isolamento social da Secretaria Estadual de Saúde, em consonância com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e buscando a redução do avanço do novo coronavírus em Pernambuco, o governador Paulo Câmara anunciou, nesta sexta-feira (17), a prorrogação do fechamento do comércio e das demais atividades não classificadas como essenciais durante a pandemia do novo Coronavírus. A nova medida é válida até 30 de abril.

Continuam abertos, entre outros, serviços relacionados à alimentação, como supermercados, padarias mercadinhos; casas de ração animal; farmácias e depósitos de água mineral e gás; além de hospitais e serviços de abastecimento de água, gás, energia e internet.

Oficinas mecânicas, lojas de assistência técnicas, lojas de defensivo e insumos agrícolas, bancos e serviços financeiros, lavanderias, serviços urgentes de manutenção predial e prevenção de incêndio, atividades decorrentes de contratos de obras particulares que estejam relacionadas à situação de emergência e atividades prestadas por concessionários de serviços públicos também podem seguir funcionando.

Na sexta-feira, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou 323 novos casos da Covid-19 em Pernambuco, totalizando 2006 casos registrados da doença. Também foram confirmados laboratorialmente 26 novos óbitos, elevando para 186 o número de mortes relacionada ao novo Coronavírus.

Folhape

Isolamento social torna avanço do coronavírus mais lento em Pernambuco e outros estados

Quem acompanha, desde o início, as notícias sobre o novo coronavírus dificilmente ouviu ou leu constatação mais comum do que o fato de que se sabe muito pouco sobre o agente infeccioso que parou o mundo na cibernética e globalizada década de 20 do século 21. E essa incerteza é a tônica do debate sobre questões diversas que influenciam as decisões políticas e impactam o dia a dia em meio à crise.

Entre elas, a extensão do isolamento social, a forma e o momento em que será viável retomar as atividades econômicas e até que ponto o sistema de saúde será capaz de garantir o atendimento à população e evitar o colapso da falta de leitos, em que o pior cenário seria a equipe médica ter de escolher quem deve ser atendido e quem deve morrer.

Para que essas questões sejam analisadas, é preciso entender, primeiro, o comportamento do vírus. Estima-se que o número de reprodução básica, o R0, do Sars-Cov-2 fique entre 2 e 3, o que significa dizer que uma pessoa infectada contamina, em geral, outras duas ou três. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de letalidade é dez vezes maior que a do H1N1.

A velocidade com que a doença se espalha é maior do que a capacidade de distribuição e realização de testes no País, que é insuficiente para o tamanho da população. Mas, para mapear de forma mais precisa a expansão do vírus pelo território, é necessário mais do que notificar os casos graves, como tem sido feito. Os assintomáticos, isto é, os pacientes que não apresentam sintomas, também deveriam ser contabilizados.

Além disso, falta compreender a própria gravidade da Covid-19 e as implicações que isso acarreta: de onde vem essa capacidade de transmissão tão alta; por que ela afeta algumas pessoas mais do que outras, ainda que as condições de saúde e qualidade de vida sejam parecidas; se é capaz de infectar o mesmo paciente mais de uma vez; e, principalmente, qual o medicamento mais eficaz. Fora isso tudo, estuda-se a possibilidade de produção de uma vacina que imunize as pessoas contra a doença.

Diante de tantas dúvidas, outra constatação muito comum é a necessidade de “achatar a curva” de crescimento da pandemia. Isso significa retardar o aparecimento de novos casos para que, em vez de atingir todo mundo de uma vez só, o vírus tenha uma expansão mais prolongada, dando tempo para a abertura de vagas no sistema de saúde.
Por isso, as medidas de incentivo ao isolamento social.

“Nós estamos subindo uma montanha no escuro e a nossa lanterna, que é a quantidade de testes, é muito fraquinha. Quando você está no escuro e não sabe para onde está andando, o que você faz? Para e vai tateando. Estamos nessa situação. Fazer mais testes é como colocar mais velas na casa”, compara Jones Albuquerque, pesquisador do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Descrito o cenário atual, cientistas tentam descobrir por onde e de que forma a Covid-19 deverá se expandir nos próximos dias. Outra questão que fica é: qual o impacto real das medidas de isolamento social sobre a evolução dos casos? A Folha de Pernambuco conversou com pesquisadores locais e de outros estados para compreender melhor esse panorama. E, em todos esses lugares, a boa notícia é que o avanço da infecção está mais lento do que antes das ações restritivas.

Projeções
A nova pandemia mobiliza a comunidade científica de todo o mundo em busca de soluções para os impactos que a doença causa em cada sociedade. Em Pernambuco, universidades e instituições como as fundações Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Joaquim Nabuco (Fundaj) reúnem dados estatísticos que acompanham a contagem diária de casos e mortes, considerando a realidade dos locais onde as notificações são feitas.

Professor do Departamento de Estatística e Informática da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Jones Albuquerque observa que a curva do gráfico no Estado começou a se achatar depois dos decretos que restringem a circulação de pessoas e estabelecem o distanciamento social. Com base nos números que tem monitorado, ele estima que o número de mortes seria cerca de dez vezes maior do que o atual caso as medidas não tivessem sido tomadas. “Se estávamos numa ordem de grandeza de milhares, caímos para centenas. Se hoje estamos em mais de cem mortos, se não tivéssemos feito nada, estaríamos com mais de mil”, explica.

O levantamento realizado pelo professor considera o ritmo de crescimento da Covid-19 na Itália comparado com o início do contágio em Pernambuco. “Até 29 de março, estávamos acompanhando a Itália, na mesma velocidade. Então, a gente muda isso e cai para outra curva”, afirma Albuquerque, que toma como referencial o número de mortes registradas. “No dia 10 de abril, tínhamos 32 óbitos, quando as projeções apontavam para cerca de 300. E eu atribuo isso às campanhas de isolamento social”, conclui. Com relação ao número total de casos confirmados, as projeções indicam que, neste fim de semana, o Estado pode chegar a 2.196 notificações até o domingo, 19 de abril.

Embora por metodologias de pesquisa diferentes, essa diferença entre os casos projetados e os que se confirmaram na realidade também foi observada em outros estados. Um estudo realizado pelos departamentos de Física e Epidemiologia da Universidade Federal do Ceará (UFC) mostra que, por lá, os registros de confirmações para Covid-19 apresentaram um ritmo mais lento poucos dias após os decretos.

“Há um crescimento exponencial que Fortaleza teria se não houvesse a contenção, enquanto a curva de casos confirmados continua com outra inclinação, muito mais linear. E a diferença entre essas duas curvas seria a quantidade de casos a mais. A partir do dia 26 ou 27 de março, a primeira tem um crescimento tão grande que a outra vai ficar tão achatada que fica próximo a zero e a escala das duas não fica mais compatível”, explica o professor de Física e coordenador da pesquisa, José Soares.

Por isso, o cientista acredita que, se as regras de distanciamento social forem flexibilizadas agora, o aumento no número de casos voltará a crescer vertiginosamente. Para continuar acompanhando o avanço da doença e fazer novas projeções, ele adotará um modelo estatístico mais complexo. “O modelo que usamos é bom para pequenos tempos iniciais. Mas o que sabemos pelo próprio comportamento da pandemia na China é que devemos levar em conta as pessoas que têm sintomas leves, moderados e graves e os assintomáticos, que seriam na ordem de 84% das pessoas contaminadas. E o epidemiologista, o físico e o matemático não sabem quantas dessas pessoas são”, diz.

Ao se deparar com resultados semelhantes, o professor de Física José Fernando Diniz Chubaci, da Universidade de São Paulo (USP), ressalta a rapidez com que as medidas de isolamento tiveram efeito sobre a evolução dos casos. “No começo da pandemia, São Paulo tinha mais casos que o Brasil, e isso foi crescendo. E todo dia eu ia registrando. Aí eu percebi que São Paulo estava diminuindo o ritmo de crescimento, e o Brasil estava muito rápido. Os governos tomando a iniciativa de fazer a política pública de isolamento social, rapidamente você tem a resposta”, comenta.

Com uma propagação muito rápida, a capacidade de transmissão do coronavírus constitui um desafio para os estudiosos, que esbarram em diversas variáveis. “Quando eu olho que alguém está infectado, é porque ele fez o exame. Quando começou a infecção dele? Pode colocar uma semana para trás. Ou seja, o que a gente vê agora é sempre olhando o passado”, explica Jones Albuquerque.

Mapeamento
Apesar da falta de informações mais completas que seriam viabilizadas pela testagem em massa, pesquisadores da Fundaj põem no mapa os números oficiais registrados até o momento. No painel disponível no site da instituição, é possível visualizar quais os locais mais afetados e para onde o vírus está se expandindo. De acordo com o coordenador do Centro Integrado de Estudos Georreferenciados para Pesquisa Social (Cieg) da instituição, Neison Freire, as áreas com a maior probabilidade de contaminação coincidem com as de maior adensamento populacional.

“[O coronavírus] está indo em todas as direções, mas existe uma principal. O eixo de dispersão, como a gente tecnicamente se expressa, é onde temos o maior número de contaminados e tem uma direção nordeste-sudoeste. Ele vai de Fernando de Noronha, passando pela Região Metropolitana do Recife, em direção a Palmares, na Mata Sul”, detalha. “Em cada local, o vírus vai se adaptando às condições geográficas e à ocupação urbana, se ela é mais densa, mais precária. Então, ele está procurando as áreas mais populosas e onde as pessoas não estão cumprindo como deveria o isolamento social”.

Na última sexta-feira (17), durante coletiva de imprensa virtual, o secretário de Saúde do Estado, André Longo, reafirmou a necessidade de manter a política de distanciamento, citando um “pequeno” estudo desenvolvido no Recife que indica que mais de 200 vidas chegaram a ser poupadas. “Isso já faz um tempo atrás, acho que até tem que atualizar”, informou. O gestor ponderou, no entanto, a taxa de isolamento, que hoje varia entre 50% e 60% da população, precisa aumentar. “Se tivéssemos praticado um isolamento na casa dos 70%, 75%, estaríamos [numa situação] muito melhor do que estamos hoje”, ressaltou.

Folhape

Demissão de Mandetta por Bolsonaro é reprovada por 64%, diz Datafolha

A demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde pelo presidente Jair Bolsonaro, em meio à crise da pandemia do novo coronavírus, foi reprovada por 64% dos brasileiros, mostra pesquisa do Datafolha feita nesta sexta-feira (17).

O levantamento aponta um empate técnico entre aqueles que acreditam que a condução da emergência sanitária pelo Ministério da Saúde sem Mandetta irá piorar (36%) ou melhorar (32%). O ex-ministro foi demitido na quinta (16), e passou o cargo para o médico Nelson Teich.

O Datafolha ouviu 1.606 pessoas por telefone, para evitar contato pessoal, e sua margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos. A pesquisa mostrou um estancamento na erosão da imagem do presidente como gestor da maior crise de saúde pública deste século. Sua aprovação oscilou positivamente, dentro da margem de erro, de 33% no levantamento feito de 1º a 3 de abril para 36% agora.

Assim, os satisfeitos empatam tecnicamente com os descontentes, que eram 39% e agora são 38%. O patamar de quem acha o desempenho presidencial ruim ou péssimo estabilizou-se em patamar acima do registrado na primeira pesquisa sobre a crise, feita de 18 a 20 de março: 33%.

Para 23%, o trabalho do presidente é regular, o mesmo nível (25%) da rodada anterior. Os parâmetros de desaprovação e aprovação do presidente seguem semelhantes. Ele é mais reprovado por mulheres (41%), mais ricos (acima de dez salários mínimos, 48%) e instruídos (com curso superior, 46%).

Perguntados se Bolsonaro tem capacidade para continuar liderando o país, 52% acham que sim e 44%, que não. Novamente, homens são mais favoráveis ao mandatário, com 58% de “sim”, número igual ao registrado entre moradores da região Sul, seu reduto eleitoral.

Embora não seja comparável metodologicamente com levantamentos presenciais anteriores, o índice de apoio a Bolsonaro se assemelha ao verificado na população em geral, o que tem determinado a atitude intransigente do presidente em relação às suas visões acerca da crise, contrárias à prática internacional no combate ao novo coronavírus.

Mandetta foi demitido na quinta (16), após um processo de fritura que demorou cerca de um mês devido ao fato de ele não concordar com as diretrizes defendidas por Bolsonaro.

O ex-ministro sempre foi claro acerca da defesa do isolamento social como instrumento de contenção de propagação do patógeno e se mostrou cauteloso, quando não cético, ao uso indiscriminado de cloroquina e hidroxicloroquina para tratar doentes.

Com efeito, o trabalho do Ministério da Saúde era aprovado por 76% no levantamento anterior, ante 33% do presidente. Ex-ministro, Mandetta registra na nova pesquisa uma avaliação positiva de seu trabalho de 70% dos ouvidos, ante 18% dos que o acharam regular e 7%, que o reprovaram.

Já Bolsonaro encampou uma disputa figadal com governadores de estado, o presidenciável João Doria (PSDB-SP) à frente, na qual a crítica às quarentenas e fechamento de comércio tomou lugar central. Para ele, que antes negava a gravidade da crise, o foco principal tem sido em tentar manter a economia funcionando.

Após dispensar Mandetta, ele voltou a subir o tom nesse sentido na posse de Teich. Além disso, o presidente vem propagandeando os medicamentos, que são alvo de estudos não conclusivos e apresentam contraindicações importantes, como uma provável panaceia para a Covid-19.

No campo da imagem, os governadores seguem à frente de Bolsonaro em aprovação, com 54% de ótimo ou bom. O índice, contudo, oscilou negativamente dentro da margem em relação à pesquisa anterior (58%). Rejeitam o trabalho dos estados 20% e 24%, o consideram regular.

Estão mais satisfeitos com seus governadores os moradores da região Sul (60%), Nordeste (60%) e Norte/Centro-Oeste (57%). Habitantes do Sudeste aprovam menos: 49% consideram os chefes locais bons ou ótimos no manejo da pandemia.

O corte estadual, quando aplicado a Bolsonaro, reflete a divisão política que marca o país desde a campanha eleitoral de 2018 -que, por sua vez, atravessou os anos do PT no poder, só que com o PSDB como antípoda do partido de Luiz Inácio Lula da Silva.

Assim, o Sul é o principal ponto de apoio ao trabalho do presidente, com 44% de aprovação, enquanto o Nordeste se mantém como castelo oposicionista: 46% acham que ele ruim ou péssimo. Igualmente, enquanto 58% dos sulistas veem Bolsonaro em plena capacidade de liderança, 53% dos nordestinos acham o contrário.

A troca do ministro é uma inflexão ainda incerta na crise. Por um lado, Teich representa uma escolha mais ponderada, ante as opções mais radicalmente bolsonaristas, quando não negacionistas abertos do vírus como o ex-ministro Osmar Terra, que estavam colocadas.

Introduziu a necessidade de olhar para aspectos econômicos da pandemia no discurso, alinhando-se a Bolsonaro, mas evitou declarações polêmicas. Ao defender a reabertura do comércio, ainda que admita o risco para as pessoas, Bolsonaro tem concentrado sua ação no ataque aos governadores. Mas não repetiu a minimização da crise, que teve seu auge num discurso em 24 de março e que levou a um maior isolamento político do presidente.

Por isso, apesar de aproximadamente 90% dos brasileiros possuírem acesso pelo menos à telefonia celular, o Datafolha não adota o método em pesquisas eleitorais, por exemplo.

O método telefônico exige questionários rápidos, sem utilização de estímulos visuais, como cartão com nomes de candidatos. Além disso, torna mais difícil o contato com os que não podem atender ligações durante determinados períodos do dia, especialmente os de estratos de baixa classificação econômica.

Assim, mesmo com a distribuição da amostra seguindo cotas de sexo e idade dentro de cada macrorregião, e da posterior ponderação dos resultados segundo escolaridade, os dados devem ser analisados com alguma cautela.

Na pesquisa divulgada nesta sexta-feira, feita dessa forma para evitar o contato pessoal entre pesquisadores e respondentes, o Datafolha adotou as recomendações técnicas necessárias para que os resultados se aproximem ao máximo do universo que se pretende representar.

Todos os profissionais do Datafolha trabalharam em casa, incluídos os entrevistadores, que aplicaram os questionários de suas casas através de central telefônica remota. Os limites impostos pela técnica telefônica não prejudicam as conclusões pela amplitude dos resultados apurados e pelos cuidados adotados.

Foram entrevistados 1.606 brasileiros adultos que possuem telefone celular em todas as regiões e estados do país. A margem de erro é de três pontos percentuais. A coleta de dados aconteceu nesta sexta (17).

ARTIGO — Advocacia 4.0

Por Fernando Magalhães

Muito tem se falado em Advocacia 4.0, mas na realidade o que é? Todos escritórios devem seguir esta tendência? E os ganhos realmente são significativos? E quanto custa tudo isso?

Para começar vamos definir o que é Advocacia 4.0. Basicamente, é a nova maneira de um advogado, ou escritório de advocacia, atuar no mercado utilizando-se de todos os novos recursos que foram introduzidos nos últimos 40 anos.

Nos últimos 40 anos? Sim, a internet não é tão jovem assim. Foi criada em 1969 nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em 1988. Acredito que todos os escritórios atualmente pelo menos usam e-mail para se comunicar e, mais recentemente, WhatsApp.

Para por aí? Claro que não. Existem outras ferramentas que vieram com a internet que podem alavancar o resultado de qualquer escritório (importante estar sempre em conformidade com as políticas da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB). Site, blog, Facebook e Instagram são algumas destas ferramentas que, se bem usadas, podem mudar a história do escritório.

Outro ponto importante é a digitalização de documentos pesquisáveis: os programas de gerenciamento eletrônicos de documentos (GED) e a tão falada “nuvem”. Tudo pode ser armazenado de forma virtual, diminuindo o espaço físico necessário para arquivos. Pode-se pesquisar qualquer documento de qualquer lugar do mundo como se estivesse no seu próprio escritório.

Ainda na esteira tecnológica, a grande maioria dos tribunais já estão preparados para o peticionamento eletrônico e, em alguns casos, audiências feitas a distância.

E isso também é um ganho para o escritório. Será que é necessário ir até outra cidade para conversar com seu cliente sobre determinada ação? Sim, existe o telefone, mas colocar toda a diretoria numa sala, vendo cada participante e ainda podendo mostrar em sua apresentação, torna o trabalho muito mais ágil.

Na última década começaram a aparecer no mercado softwares específicos para o mercado jurídico de todos os tamanhos, funcionalidades e preços. Lógico, como em qualquer mercado tem sempre os bons e os ruins (e por que não falar os excelentes e os péssimos?). Resumidamente, estes programas estão divididos em duas partes: gerenciamento de processos e gestão financeira.

A função de um gerenciador de processos é ter todas as informações sobre os processos em um único lugar, receber as intimações diretamente na sua agenda virtual, designar quem deve fazer o que e em quanto tempo deve cumprir a tarefa, entre outras funcionalidades mais específicas. Quanto à gestão financeira, o gestor consegue ver o fluxo de caixa do escritório, fazer orçamentos, ver quem está devendo, quem são seus melhores clientes e até que equipe ou qual advogado é mais produtivo.

Mais recentemente começamos a ouvir falar em robôs, mas o que eles fazem? Você pode pesquisar como determinado juiz, ou ministro do Supremo Tribunal Federal, julga determinado assunto e a partir daí fazer sua tese. Outra funcionalidade é trazer informações específicas sobre determinado assunto para a elaboração de uma petição e, em alguns casos, montar a própria petição com as informações passadas para o robô (não vou discutir aqui a qualidade desta petição, não é o objetivo deste artigo).

Ainda temos uma nova corrente que usa todas as informações possíveis que não estão relacionados ao Direito, mas sim ao problema em questão e apresenta uma petição com links para artigos, vídeos e até opiniões de outros juristas.

Voltando ao início do artigo algumas respostas já foram dadas. Sim, todos os escritórios já estão em parte na Advocacia 4.0 (todos têm pelo menos e-mail e site) e os ganhos e custos? Os ganhos em tempo e assertividade nas pesquisas são enormes, sem falar na comodidade de ter todas as informações a qualquer momento literalmente na palma da sua mão. Custos? Sim, alguns destes produtos são caros. É necessária uma infraestrutura de Tecnologia da Informação muito boa e investir pesado em treinamento.

E os pequenos como ficam? Existem hoje vários programas e softwares para todos os bolsos, inclusive gratuitos, patrocinados pelas associações de advogados.

Além de tudo isso, e também muito importante, é a democratização da informação e do conhecimento. Porém, é importante conhecer a matéria e ser muito criativo nas soluções apresentadas, afinal pode-se encontrar resposta para tudo na internet, mas nem sempre o que é bom para um é bom para o seu cliente e o robô ainda não tem a intuição e não pensa, ele apenas dá o caminho e você decide.

Recuperação do setor metalmecânico de PE cada vez mais distante

Olimpíada do Conhecimento 2016. Primeiro dia. Tecnologia de Manufatura e Engenharia. Desafio Individual de Solda
Brasília (DF) 10.11.2016 – Foto: Adriano Machado/CNI *** Local Caption *** Olimpíada do Conhecimento 2016 – Primeiro dia

Depois de amargar quedas de produtividade, desemprego e, até mesmo, encerramento das atividades de algumas empresas fornecedoras do Complexo Portuário de Suape, o setor metalmecânico de Pernambuco sofre mais uma queda de braço. É que desde que os efeitos da Covid-19 chegaram à economia local, o segmento tem sido um termômetro do quanto esse efeito cascata deixará mais distante a recuperação do setor.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico do Estado de Pernambuco (Simmepe) e 1º vice-presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (FIEPE), Alexandre Valença, boa parte das empresas fornece insumo para a cadeia produtiva e o efeito mais severo, neste momento, é não contar com a demanda do mercado. “Elas dependem do nível de investimento de outras indústrias, como as da construção civil, naval, automotiva. Quando não tem isso, naturalmente, a demanda cai e a produtividade das empresas de base é afetada”, disse, destacando que, além desse freio, existe também uma dificuldade atrelada ao canal de distribuição.

Valença reforçou a importância dessas empresas sobreviverem, pois são delas que nascem a produção de lata, autopeças, eletrodomésticos e até os insumos destinados à construção civil, por exemplo. “Ou seja, ficou dificílimo fazer qualquer projeção de retomada. Dessa vez, percebemos uma crise com um agravante muito maior: pois se antes a dificuldade se concentrava ao Complexo Portuário de Suape, agora, ela se tornou geral”, sentenciou.

Os efeitos disso tem acertado em cheio as indústrias de consumo do segmento, como as produtoras de aço, de minério de ferro, as serrarias até as fabricantes de panelas e de eletrodomésticos. “Se já estava ruim com a situação dos estaleiros, agora, ficará bem pior, pois, no momento, muitas têm optado por paralisar a produção, conceder férias coletivas ou usar os recursos do banco de horas para atenuar as perdas atuais e ajudar na sobrevivência delas próprias”, analisou.

Dados do Simmepe revelam que 60% das empresas do segmento estão paradas ou com a produtividade reduzida, de um total de 2 mil indústrias – sem contar as que concederam férias coletivas aos seus funcionários. “É um cenário deliciado, sobretudo porque ninguém teve experiência com pandemia e muito menos com o pós pandemia”, afirmou Valença.

O diretor presidente da Mectronic Eletromar, Wadi Nicola Mansour, bem sabe como está a dura realidade das empresas do segmento. Proprietário de duas unidades fabris de instalações elétricas e de um galpão, ocupando uma área de 35 mil metros quadrados em São Lourenço da Mata, Mansour está com a produção parada desde o dia 25 de março e concedeu férias coletivas para 800 colaboradores.

“O efeito é drástico e atinge 95% do faturamento da minha empresa, além de elevar a inadimplência para uma taxa de 70% (antes, não chegava a 1%). Isso quebra qualquer negócio e, por tabela, toda uma cadeia que depende disso. Hoje, no Brasil, temos mais de 100 mil pontos de vendas. Imagina a quantidade de postos de trabalho gerados indiretamente?”, questionou, explicando que é possível que a situação provocada pela Covid-19 tenha efeitos ainda mais drásticos se comparado à crise de 2014.

De lá para cá, o empresário disse não ter conseguido ocupar a capacidade instalada total das fábricas, que operavam em 60%. É provável que, quando a pandemia arrefecer, esse percentual não chegue a 50% em virtude, sobretudo, da retração de 30% do mercado de material de construção. A Mectronic Eletromar destina 97% da sua produção para o mercado interno, sendo dividida entre as regiões Nordeste, Sul e Sudeste; e 3% para o mercado externo, atendendo os países das américas Latina e Central e o Oriente Médio.

Assim como a empresa de Mansour, outros negócios pernambucanos estão passando por essa mesma situação e, por isso, o 1º vice-presidente da FIEPE, Alexandre Valença, acredita que as soluções para mitigação dos efeitos estão no retorno dos investimentos por parte dos governos, no financiamento dos bancos públicos e privados e no retorno das grandes obras públicas.

Dados externos

Além da crise atingir o mercado interno do setor metalmecânico, o externo também tem dado sinais de retração. Informações compiladas pela FIEPE, com base nos dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, dão conta que há uma queda nas exportações de embalagens de alumínio – inseridas nas indústrias metalúrgicas – de 35% de fevereiro para março, registrando recuo de 25% da média do ano passado. Para se ter ideia, 77% do mercado externo atendem Argentina, Paraguai e Chile – também afetados pelo coronavírus.

Medidas temporárias são adotadas por conta da Covid-19

A Prefeitura de Caruaru segue tomando medidas fundamentadas nas necessidades que são causadas pela pandemia da Covid-19 no município. Em novo Decreto publicado na noite desta sexta-feira (17), a gestão municipal definiu medidas temporárias a serem adotadas, durante a calamidade pública decretada por intermédio do Decreto Municipal nº 027, no último dia de 26 de março.

Dessa vez, estão suspensos todos os contratos firmados pela prefeitura, enquanto durar o estado de calamidade pública. Vale ressalta que os contratos relativos ao combate à pandemia do Covid-19 não fazem parte desta decisão, assim como os contratos relativos aos serviços públicos essenciais indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, que podem colocar em perigo a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população. Os contratos de locação também serão mantidos pelo Município.

A publicação também prevê que o Núcleo de Gestão da Prefeitura de Caruaru poderá estabelecer, em caráter excepcional, novas hipóteses de contratos, sem suspensão. Os contratos de locação firmados pelo poder executivo terão seus aluguéis reduzidos, a depender do valor do aluguel, na seguinte proporção, enquanto durar o estado de calamidade pública:

Aluguéis entre R$ 5.000,00 a R$ 10.000,00: redução de 10%
Aluguéis acima de R$ 10.000,00 e até R$ 15.000,00: redução de 20%
Aluguéis acima de R$ 15.000,00 e até R$ 20.000,00: redução de 30%
Aluguéis acima de R$ 20.000,00: redução de 50%.

Cobrança do uso do solo da Feira da Sulanca está suspensa

A Prefeitura de Caruaru, por meio da Secretaria da Fazenda (Sefaz), informa que a cobrança do uso do solo está suspensa enquanto a Feira da Sulanca não estiver ocorrendo. Dessa forma, não será obrigatório o pagamento pelo contribuinte até o retorno normal das atividades da Feira. A Sefaz reforça, ainda, que todos os serviços estão sendo realizados on-line, através do link:https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdENyseUZuIaKg6Cr6KACfcRzDwzwQc5KCsHlIGA2k6dn5P1w/viewform.

Guarda Municipal de Caruaru recupera veículo roubado

Na última quarta-feira (15), as barreiras sanitárias itinerantes de combate à Covid-19 estavam realizando um trabalho de orientação no bairro Petrópolis. As equipes são formadas pelo efetivo da Secretaria de Saúde, Secretaria de Ordem Pública, Guarda Municipal, Agentes de Trânsito e Bombeiro Civil, e têm o objetivo de ampliar os serviços de orientações, instruções e medição de temperatura em 10 bairros do município, em caráter educativo.

Durante a ação, um morador solicitou o apoio da Guarda Municipal (GM), informando que tinha acabado de ter o carro tomado em assalto. A equipe da GM identificou o veículo, pediu reforço de mais viaturas e solicitou apoio ao 1º BIESP.

Chegando próximo ao Alto do Moura, o veículo roubado entrou próximo ao matadouro, despistando as viaturas. Depois de informações repassadas pela população, o carro foi encontrado travado. O proprietário foi comunicado e levou a chave reserva.

“Dividimos as equipes com o efetivo do BIESP em rondas por todo o Alto do Moura. Uma das equipes recebeu a informação de que havia um veículo abandonado em um matagal próximo e, logo, o efetivo seguiu e encontrou o veículo com êxito” comentou o Comandante da Guarda Municipal, Evandir Amorim.

Movimentação no Porto de Recife ainda não registrou queda

A movimentação de cargas no Porto do Recife ainda não deu sinais de ter sido afetada pelos reflexos da pandemia do covid-19 que vem afetando quase todos os setores da economia.

Segundo o presidente do Porto, Carlos Vilar, as operações gerais do Porto no mês de março foram 60% maiores do que no mesmo mês do ano passado e, em abril, a expectativa é de que a movimentação seja pelo menos igual à do mesmo período de 2019.

Vilar revelou que contribuíram para o significativo crescimento no volume de cargas em março deste ano em relação a março de 2019 a movimentação de 25 mil toneladas de milho, contra 12 mil no mesmo mês do ano passado; 25 mil toneladas de fertilizante, contra 11 mil em março de 2019 e de 25 mil toneladas de trigo, contra 11 mil no mesmo período do ano passado.

A operadora portuária Agemar Infraestrutura e Logística, por exemplo, que no ano passado foi responsável por 40% das movimentações de cargas no Recife, já descarregou, de 1º de janeiro a 14 de abril deste ano, 187 mil toneladas de mercadorias, contra 131 mil no mesmo período do ano passado, o que representa um incremento de 43%.

Para o presidente do Porto do Recife, Carlos Vilar, o volume de cargas registrados este ano referem a contratos de importação fechados com antecedência cujas cargas estão sendo entregues agora. Para ele, os reflexos da retração dos mercados causados pela pandemia deverão afetar as operações portuárias a partir de maio.

Manoel Ferreira Neto, diretor da Agemar, afirma que o fechamento do comércio e a redução na produção industrial irá ocasionar uma grande redução na movimentação de cargas no Porto nos próximos meses. Mesmo assim, ele destaca que a empresa não dispensou nenhum funcionário. “Estamos dando férias coletivas de forma escalonada e, para quem está trabalhando, estamos cumprindo todas as normas sanitárias para evitar o contágio”, explica.

Nesta semana, a empresa está realizando a operação de descarga do navio Sapphire Island, vindo da Argentina com 29 mil toneladas de milho. “As operações dos setores de transporte e logística não foram afetadas pelas medidas de restrição baixadas pelo Governo do Estado para conter a expansão do coronavírus. Em razão disso, estamos não só mantendo nossas operações portuárias, como também de transporte marítimo de combustível entre Recife e Fernando de Noronha, a além de manter nossas unidades de armazéns gerais em pleno funcionamento”, destaca.

De acordo com Carlos Vilar, o Porto do Recife emprega atualmente cerca de 1.200 trabalhadores diretos e indiretos. Desse total, 350 foram afastados por 120 dias por fazerem parte do grupo de risco que incluem pessoas com mais de 60 anos e portadores de doenças crônicas. Segundo ele, até agora não foi registrado no Porto nenhum caso de pessoas com sintomas da Covid-19. “Estamos tomando todas as precauções, incluindo a adoção de regras rígidas de distanciamento, uso de equipamentos de proteção e bloqueio do acesso ao Porto de pessoas do grupo de risco”, afirma.