Ministério do Trabalho fiscaliza postos e alerta sobre riscos da exposição ao benzeno

Uma prática comum em postos revendedores de combustíveis no Brasil está chamando a atenção para um problema que entrou na mira dos auditores-fiscais do Ministério do Trabalho (MTb). Frentistas que continuam enchendo o tanque dos veículos após o travamento automático da bomba estão expostos a grandes quantidades de vapor de gasolina, que contém benzeno – líquido incolor e cancerígeno. Mas completar o tanque “até a boca” é apenas uma das atividades que causam essa exposição. Por isso, em 2017, auditores fiscais do MTb realizaram 1.796 ações, verificando o cumprimento de medidas para diminuir os riscos ocupacionais relacionados ao benzeno nos postos.

As medidas estão previstas no Anexo 2 da Norma Regulamentadora nº 09 (NR-09), de setembro de 2016, que estabeleceu exigências relacionadas aos procedimentos, ao treinamento dos trabalhadores e ao controle ambiental nos postos, entre outras. Segundo o auditor-fiscal do Ministério do Trabalho e coordenador da Comissão Nacional Permanente do Benzeno (CNPBz), Carlos Eduardo Ferreira Domingues, a exposição ocupacional ao benzeno acontece por via aérea ou por contato da gasolina com a pele. Um dos momentos de grande exposição ocorre durante o abastecimento dos veículos, quando grande quantidade de vapor de gasolina é liberada pelo bocal do tanque, atingindo diretamente o frentista.

O problema se agrava quando o trabalhador continua enchendo o tanque “até a boca”, após o travamento automático da bomba. “Nesse caso, ele precisa se aproximar do bocal de abastecimento do tanque e a exposição ao vapor de gasolina contendo benzeno é muito maior”, explica Carlos Eduardo. “No abastecimento normal, o sistema automático permite que o frentista se afaste do bocal, mas ainda assim o benzeno continua no ar.”

Flanela – Outro risco para os frentistas é o uso de flanela ou estopa para impedir respingos, ou para a limpeza após extravasamentos de gasolina na lataria dos veículos. O tecido absorve o vapor com benzeno, que chega ao trabalhador quando há contato com a pele.

Seu uso já é proibido pela NR-09. A limpeza, nesses casos, deve ser feita com tolhas de papel absorvente, desde que o trabalhador esteja com luvas impermeáveis apropriadas. Para a proteção contra respingos, deve-se utilizar um dispositivo desenhado para esse fim e adaptado ao bico de abastecimento.

O Anexo 2 da NR-09 também diz que os empregadores são responsáveis pela higienização semanal dos uniformes usados pelos trabalhadores. O descumprimento desse item, no entanto, foi o maior motivo de autuações aos postos nas fiscalizações do ano passado.

Tanques – Outra atividade que causa grande exposição ao benzeno é o descarregamento dos caminhões-tanque de combustível. Como o tanque do posto está praticamente vazio nesse momento, os vapores de gasolina se acumulam naquele espaço, saindo pelos respiros no momento em que ele é preenchido com combustível. “Quando se enche o tanque de gasolina de um posto revendedor de combustíveis, há uma grande emanação de vapores e a exposição ao benzeno no ambiente é maior, porque o vapor de gasolina é mais pesado que o ar e, mesmo lançado através dos respiros, retorna ao nível do solo”, alerta Carlos Eduardo.

Os trabalhadores que realizam essa operação de descarga devem utilizar máscaras de proteção respiratória de face inteira, com filtro para vapores orgânicos, além de equipamentos de proteção para a pele. No entanto, os auditores-fiscais do MTb constataram o descumprimento dessa norma em vários postos.

Recuperação – Segundo Carlos Eduardo, a principal preocupação dos donos de postos deve estar em impedir a emanação dos vapores emitidos pela gasolina no ambiente de trabalho. A NR-09 prevê a instalação de um sistema de recuperação nas bombas de abastecimento de gasolina, para captar o vapor e devolvê-lo ao tanque do posto.

Depois de uma negociação tripartite, foi estabelecido um prazo de seis anos a partir de setembro 2016, para a substituição ou adaptação das bombas de gasolina mais antigas e um escalonamento para as mais novas, chegando a até 15 anos para as bombas instaladas entre 2016 e 2019. “O próximo passo será iniciar a discussão sobre a recuperação de vapores de gasolina durante o descarregamento dos caminhões-tanque nos postos”, conta o coordenador da CNPBz.

Ele explica que, além dos frentistas, outros trabalhadores, como os funcionários de lojas de conveniência, também podem estar expostos aos vapores de gasolina contendo benzeno. Já no caso dos usuários dos postos, segundo ele, o risco é menor, pois eles ficam menos tempo em contato com o problema.

Saiba mais:

Risco de câncer

– O benzeno é classificado na Categoria 1 (cancerígenos para humanos) pela Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer (Iarc, na sigla em inglês) da Organização Mundial da Saúde (OMS);

– O combustível que tem benzeno na composição é a gasolina.

Maior risco de exposição ao benzeno em postos de combustíveis*

– Descarga dos caminhões-tanque;

– Abastecimento de veículos;

– Limpeza e manutenção das bombas de combustíveis, canaletas, sumps e outros equipamentos e dispositivos dos postos;

– Armazenamento irregular de amostras de gasolina em locais com trabalhadores;

– Aparelhos de ar-condicionado com captação de ar em local inadequado.

* A exposição a outros hidrocarbonetos ocorre também em outras atividades, especialmente na troca de óleo.

Fiscalização

Em 2017, a fiscalização do Ministério do Trabalho autuou postos que não estavam cumprindo medidas do Anexo 2 da Portaria 1.109. Os principais itens não cumpridos foram:

– A higienização dos uniformes será feita pelo empregador com frequência mínima semanal;

– Os trabalhadores com risco de exposição ao benzeno devem realizar, com frequência mínima semestral, hemograma completo com contagem de plaquetas e reticulócitos;

– O empregador deve proibir a utilização de flanela, estopa e tecidos similares para a contenção de respingos e extravasamentos. Só podem ser utilizados materiais que tenham sido projetados para esta finalidade;

– Os postos devem manter sinalização, na altura das bombas, indicando os riscos do benzeno;

– Os trabalhadores envolvidos na descarga de combustíveis de caminhões-tanque devem utilizar equipamento de proteção respiratória de face inteira, com filtro para vapores orgânicos, além de equipamentos de proteção para a pele.

Feira da Sulanca não funcionará no carnaval

A Secretaria de Serviços Públicos informa que a Feira da Sulanca, que normalmente acontece às segundas-feiras, não será realizada no dia 12 de fevereiro, devido ao período de carnaval, que vai de 9 a 14 de fevereiro (sábado a quarta-feira de Cinzas). Já as demais feiras, de bairro e do Gado, funcionarão normalmente em seus dias e horário habituais. Em fevereiro, a Feira da Sulanca será realizada nos dias 5, 19 e 26, das 5h às 13h.

Startup caruaruense participa do Porto Musical 2018

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Na próxima quinta-feira (1º), a startup Musicle, incubada no Armazém da Criatividade de Caruaru, participa do Porto Musical 2018, evento voltado ao mercado profissional de música que reúne a cadeia produtiva de música do País. Durante a programação do evento, os empreendedores caruaruenses apresentarão um painel sobre os desafios que o mercado da música vem enfrentando e como os shows caseiros podem aproximar o público dos artistas. O Porto Musical começa na quinta e segue até sábado (3) no Teatro Apolo-Hermilo Borba Filho.

A proposta da Musicle é fazer um bate-papo sobre essa modalidade de espetáculo, que conta com apresentações menores, tanto em formato quanto em público, e que prioriza a experiência ao invés de grandes números. Com conhecimento na área, a startup desenvolveu uma plataforma online que cria conexões e oportunidades de networking entre seus usuários, empregando conceitos de economia compartilhada. Ligando três personagens com interesses em comum: o anfitrião, pessoa que abrirá as portas de sua casa para receber amigos e vivenciar um show exclusivo e intimista de um artista autoral; o próprio artista; e o fã, englobando o conceito de economia compartilhada e inserindo de vez o público na negociação.

Mas como funciona? O anfitrião escolhe o local onde irá realizar a apresentação. Esse local pode ser a sala, a varanda, a garagem, o quintal de sua casa ou de algum amigo, um local que comporte dez ou mais pessoas. Com o ambiente escolhido, o usuário preenche uma série de informações, como endereço, quantidade de pessoas e dentre as opções define o artista ideal para o seu show. Automaticamente, baseado nas informações colhidas entre anfitrião e artista, é dado o valor final dos ingressos individuais para ser revendido e rateado entre os amigos e convidados do anfitrião. A partir de então, basta garantir que o número mínimo de ingressos estabelecidos pelo artista seja vendido antecipadamente para confirmar a apresentação. Caso contrário, o show não acontece e todos recebem o dinheiro de volta.

A Musicle é uma das nove startups a participar do segundo ciclo de incubação do Armazém da Criatividade de Caruaru, braço do Porto Digital que interioriza as ações do parque tecnológico e de empreendedorismo no agreste pernambucano. Além disso, é realizadora do Primavera Folk Festival, evento independente que acontece em Caruaru desde 2016 e está preparando a sua terceira edição para novembro de 2018.

Aeroporto do Recife é o 10º em qualidade no País

Folhape

Responsável por uma grande movimentação de passageiros no Nordeste, o Aeroporto Internacional do Recife teve uma queda na média da satisfação geral do passageiro. Divulgada pelo Ministério dos Transportes, Portos de Aviação Civil, a pesquisa de satisfação geral dos passageiros em relação aos principais terminais do Brasil apresentou no quarto trimestre do ano passado uma pontuação de 4,29 para o aeroporto pernambucano. No trimestre anterior, o tinha recebido 4,42 pontos. Com esse resultado, o terminal ocupou a décima posição no ranking geral, uma queda de quatro posições em relação à pesquisa anterior.

Nacionalmente, o aeroporto de Curitiba foi o melhor avaliado, ocupando a primeira posição com nota 4,77, seguido do aeroporto de Viracopos com 4,76. No Nordeste, o terminal de Natal foi o que apresentou a maior pontuação com 4,48.

Aeroporto com mais voos internacionais entre os nordestinos, o Recife obteve notas menores em qualidade de sinalização, com 4,09, e disponibilidade de assentos na sala de embarque, com 4,19. Em alguns pontos, Recife teve uma avaliação abaixo da média 4, como a disponibilidade de vagas no estacionamento de veículos, com 3,44, a qualidade da internet (wi-fi) disponibilizada, com 3,52, a limpeza dos sanitários, com 3,81, e a disponibilidade de tomadas, com 3,96.

Em nota, a Infraero, que administra o Aeroporto do Recife, informou que considera a pesquisa válida para aprimorar os processos nos aeroportos sob sua administração, como é o caso do principal terminal de Pernambuco. Ainda na nota, destacaram que “a Infraero teve a maioria dos aeroportos apontados como os melhores pelos passageiros.” Por sua vez, a Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer do Estado, comunicou que apesar da pasta ser parceira da administração do aeroporto, estabelecendo uma relação estreita para ações de fomento ao turismo, a secretaria não realiza a gerência nas questões operacionais.

Entre os quesitos de destaque do terminal estão a cordialidade e prestatividade dos funcionários da inspeção de segurança, com 4,51, e o tempo de fila na inspeção de segurança, com 4,43.

A média do índice geral de satisfação para os aeroportos foi de 4,35. Entre os meses de outubro e dezembro, foram entrevistados 13.908 pessoas em 15 terminais envolvidos no Brasil. Os entrevistados atribuem notas de 1 a 5 a cada um dos itens em análise.

Casos de febre amarela crescem 64% em uma semana

Folhapress

Balanço divulgado pelo Ministério da Saúde na tarde da terça-feira (30) aponta que o país já registra 213 casos confirmados de febre amarela, com 81 mortes. Os dados, que abrangem o período de julho de 2017 a 30 de janeiro de 2018, representam um aumento de 64% no total de casos em relação ao levantamento da última semana, que apontava 130 confirmações. Há ainda 435 casos suspeitos em investigação, de acordo com a pasta.

Entre os Estados, São Paulo continua a concentrar a maior parte dos registros, seguido de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Já o Distrito Federal registrou apenas um caso.

Apesar de divulgado todas as terças-feiras, os números contabilizados no balanço federal costumam mostrar uma defasagem em relação aos divulgados pelas secretarias estaduais de saúde, que mantém dados mais atuais.

No balanço federal, por exemplo, São Paulo aparece com 108 casos confirmados e 43 mortes. O último dado informado pela secretaria de saúde paulista, porém, aponta 134 casos confirmados no Estado, com 52 mortes.

Redução
Em nota, o Ministério frisa que o número de casos é menor do que o registrado no mesmo período de 2016 até 30 de janeiro de 2017, quando houve 468 casos e 147 mortes confirmadas por febre amarela. A pasta justifica o parâmetro de contagem devido à sazonalidade da doença, que é maior no verão.

Nesta terça-feira, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse em reunião no Conselho Nacional de Saúde que o menor número de casos registrados no período atual em relação ao anterior mostra que “as ações de prevenção e planejamento foram adequadas”.

“Considerando que neste ano temos 22 milhões de pessoas na área de risco, e no ano passado foram 15 milhões vacinados, temos um número de eventos menor para um público de risco maior”, diz.

Especialistas, no entanto, apontam problemas de planejamento e de vigilância da cobertura vacinal como fatores que levaram ao novo aumento de casos registrado neste ano.

Campanha
Com o crescente número de casos de febre amarela, os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro iniciaram na última quinta-feira (25) uma campanha emergencial de vacinação, com o uso da dose fracionada. A Bahia também fará parte da nova mobilização, mas entre os dias 19 de fevereiro a 9 de março.

A diferença da vacina fracionada em relação à integral está no volume aplicado. Enquanto a dose padrão tem 0,5 ml, a fracionada tem 0,1 ml. Um frasco com cinco doses, por exemplo, pode vacinar até 25 pessoas. O tempo de proteção também varia: enquanto a primeira protege por toda a vida, a segunda tem duração menor. Inicialmente, esse período era citado em até um ano.

Novos estudos feitos pela Fiocruz, porém, mostram que a imunização já dura ao menos oito anos. A instituição afirma que continuará a avaliar o tempo de proteção para definir se haverá a necessidade de aplicação de uma nova dose no futuro.

Ao todo, serão repassados R$ 54 milhões aos Estados para a realização da campanha, informa o ministério. Ainda segundo a pasta, todos os casos registrados no país são de febre amarela silvestre, que é transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes, que circulam em áreas rurais e de mata. O último caso de febre amarela urbana, que é transmitida por outro vetor, o Aedes aegypti, foi registrado em 1942.

Lula marca para fevereiro o lançamento de pré-candidatura

Folhapress

Apesar das recentes derrotas na Justiça, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcou para fevereiro o lançamento de sua pré-candidatura à Presidência.

A ideia é que o lançamento ocorra em dois municípios do Nordeste. Reunido na terça-feira (30) com o comando do PT, Lula reafirmou a disposição de concorrer ainda que impossibilitado de fazer campanha.

Lula confirmou presença na celebração do aniversário do PT, programado para o dia 22 de fevereiro, quando também deverá apresentar sua carta ao povo brasileiro. Na reunião, o ex-presidente ressaltou a importância de reafirmar sua candidatura.

A fixação de uma agenda é uma tentativa de mostrar que o PT não desistiu do lançamento. As caravanas também estão mantidas.

Na terça (30), o ministro Humberto Martins, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), negou pedido de liminar de habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A defesa recorreu ao STJ com um pedido de habeas corpus preventivo para afastar a possibilidade de antecipação de cumprimento da pena de 12 anos e um mês de prisão em regime fechado.

STJ nega habeas corpus ao ex-presidente Lula

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Folhapress

O ministro Humberto Martins, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), negou habeas corpus ao ex-presidente Lula, informou a assessoria de imprensa da corte. Na semana passada, Lula foi condenado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva em segunda instância, pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região).

Na terça-feira (30), a defesa recorreu ao STJ com um pedido de habeas corpus preventivo para afastar a possibilidade de antecipação de cumprimento da pena de 12 anos e 1 mês de prisão em regime fechado. Na prática, a defesa de Lula pediu uma espécie de “superliminar” para anular a decisão do TRF-4.

Pela Lei da Ficha Limpa, o petista fica inelegível e não pode concorrer na eleição deste ano. Mas os advogados argumentam que a inelegibilidade pode ser afastada com base no artigo 26-C da Lei Complementar nº 64/1990, que determina: “O órgão colegiado do tribunal ao qual couber a apreciação do recurso contra as decisões colegiadas () poderá, em caráter cautelar, suspender a inelegibilidade sempre que existir plausibilidade da pretensão recursal e desde que a providência tenha sido expressamente requerida, sob pena de preclusão, por ocasião da interposição do recurso”.

Depois da condenação pelo TRF-4, o PT lançou Lula para presidente na eleição deste ano. No documento, a defesa afirma que, se Lula ficar fora da corrida eleitoral, a democracia brasileira sofrerá “prejuízo irreversível”. “A privação de sua liberdade no período de campanha (ou pré-campanha) eleitoral, consideradas as credenciais acima referidas, configurar-se-ia em um prejuízo irreversível ao exercício da democracia no país – que pressupõe o debate de ideias muitas vezes antagônicas entre si”, diz o texto.

Trump diz que corte de impostos foi maior conquista de 2017

Leandra Felipe – Correspondente da Agência Brasil

Em sua estreia no tradicional “State of the Union” (discurso da União) – como é chamado o pronunciamento de prestação de contas feito anualmente pelos presidentes norte-americanos perante o Congresso –, Donald Trump ressaltou como principal conquista a reforma tributária. Ele disse que neste segundo ano de governo, o país viverá um “novo momento”, acrescentando que neste ano quer a votação de uma reforma migratória que priorize os interesses dos americanos, repetindo o tom nacionalista: “América primeiro”.

Sobre o corte de impostos votado no Congresso, afirmou que a lei, assinada em dezembro de 2017, “vai proporcionar enorme alívio para a classe média e as pequenas empresas.”

Ele disse ainda que as medidas de desregulamentação, que acabaram com as restrições para geração de energia, representam a retirada de “entraves” ao crescimento, ao referir-se à eliminação de regras deixadas como herança por Barack Obama.

A gestão anterior havia restringido e criado barreiras para adequar a produção de energia fóssil ao acordo global sobre o clima – compromisso que Trump desfez nesse primeiro ano.

O presidente destacou que todas as mudanças na condução econômica e desregulamentação levaram o país a uma nova fase. “Nunca houve melhor momento para começar a viver o sonho americano”. Lembrou que o país celebra a geração de 2,4 milhões de novos empregos em 2017, com salários melhores.

Durante quase uma hora, ele fez um balanço do governo, mas também pediu apoio ao Congresso para dois temas principais neste segundo ano: imigração e infraestrutura. “Estou pedindo que ambas as partes se reúnam para dar a infraestrutura segura, rápida, confiável e moderna às necessidades da economia que nosso povo merece”.

O presidente norte-americano afirmou que as mudanças na imigração incluem US$ 25 bilhões para a segurança nas fronteiras, em referência ao muro fronteiriço com o México. Ele disse que quer limitar a base familiar “cadeia”, restringindo benefícios de dependentes de visto de residência para cônjuges e filhos menores, reafirmando que pretende valorizar a imigração por mérito.

Ao falar de imigração, foi vaiado por alguns parlamentares democratas. Mas Trump pediu que integrantes dos dois partidos – democratas e republicanos – superem diferenças e trabalhem em conjunto para proteger os cidadãos de todas as origens, cor e religião.

Donald Trump prometeu ampliar a ofensiva contra o Estado Islâmico e investir em segurança. Defendeu a segunda emenda constitucional – que garante o direito de cada cidadão do país a portar e usar uma arma para segurança pessoal e disse que o país entrará em fase de crescimento.

Ele falou também sobre a prisão de Guantánamo, em Cuba, afirmando que vai “reexaminar a política de detenção militar” e manter abertas as instalações do presídio.

Além de manifestações em determinados momentos contra o discurso, democratas compareceram ao Congresso vestidos de preto, em apoio ao movimento #TimesUp, que combate o assédio e abuso sexual.

Em Washington também houve protestos do lado de fora do Congresso, e manifestantes pediram o impeachment do presidente. Uma frase que acusa o presidente de ter assediado sexualmente 20 mulheres foi projetada na fachada do Hotel Internacional Donald Trump.

Desde o início das primeiras denúncias contra ele, Trump nega e diz que as mulheres que o denunciaram proliferam acusações “falsas”. Ele acusa os jornais que divulgaram as denúncias de produzir “notícias falsas”.

O presidente não entrou em temas polêmicos, como as denúncias de que o governo russo teria interferido nas eleições americanas em favor de sua candidatura, contra a candidata democrata Hillary Clinton.

Mesmo condenado, Lula lidera pesquisa; sem ele, Bolsonaro aparece na frente

lula-bolsonaro_Reprodução

Congresso em Foco

A primeira pesquisa realizada após a condenação do ex-presidente Lula pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) mostra que ele ainda lidera todas as simulações na disputa presidencial. Segundo o Datafolha, o petista aparece na primeira colocação, com percentual que varia de 34% a 37%. Quando Lula, que está ameaçado pela Lei da Ficha Limpa, é excluído do levantamento, quem lidera é o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), com 18% das intenções de voto.

Atrás de Bolsonaro vêm Marina Silva (Rede), com 13%, Ciro Gomes (PDT), com 10%, Geraldo Alckmin (PSDB) e Luciano Huck (sem partido), ambos com 8%. A pesquisa indica que Bolsonaro parou de crescer e oscilou negativamente em todos os cenários apresentados em comparação com a pesquisa anterior, feita em novembro.

Em um eventual segundo turno, Lula venceria todos os adversários. Contra Alckmin, por 49% a 30%; contra Bolsonaro, por 49% a 32%, e contra Marina, por 47% a 32%. Bolsonaro perderia para Marina (42% a 32%).O governador de São Paulo patina na pesquisa. Ele tem de 6% a 11% das intenções de voto. Também aparece atrás, mas empatado tecnicamente, em um eventual segundo turno com Ciro Gomes (PDT) – 34% a 32%. Possível alternativa a Alckmin, o prefeito de São Paulo, João Doria, figura com, no máximo, 5% das intenções de voto.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTC), têm apenas um 1% cada.

Marina e Ciro

Segundo o Datafolha, a saída de Lula da disputa favorece principalmente Marina e Ciro Gomes. Na comparação de cenários com e sem a participação do ex-presidente, a ex-senadora passa de 8% para 13%, enquanto o ex-governador do Ceará cresce de 6% para 10%. Alckmin e Huck oscilam de 6% para 8%.

Cotado como principal alternativa do PT caso Lula fique fora da disputa, o ex-governador da Bahia Jaques Wagner pontua com apenas 2% das intenções de voto. Nos cenários em que Lula não é candidato, o percentual dos que dizem não saber em quem votar ou que votariam em branco ou nulo sobe de 16% para 28%.

Tentativa de censura

Jair Bolsonaro tentou impedir a divulgação da pesquisa Datafolha. O deputado recorreu ao TSE com a intenção de barrar a publicação do resultado. Bolsonaro queixa-se sobretudo de uma questão a respeito de seu patrimônio.

“Você tomou conhecimento sobre denúncias envolvendo o aumento do patrimônio da família do deputado Jair Bolsonaro desde o início da sua carreira política?”, perguntou o Datafolha.

A defesa de Bolsonaro alega que a questão atribuiu a ele “a pecha de denunciado por enriquecimento ilícito, de forma manifestamente difamatória”. O texto afirma que ele nunca foi denunciado por acréscimo de patrimônio.

“Os questionamentos apresentados se revelam tendenciosos, com nítido objetivo de manipular não apenas o eleitor consultado, mas também aqueles que do seu conteúdo tiverem conhecimento”, afirma a representação protocolada no TSE pelos advogados do deputado.

Segundo o Datafolha, o questionamento sobre o patrimônio de Bolsonaro foi feito após as perguntas sobre intenção de voto, sendo, portanto, impossível ter exercido alguma influência no resultado obtido em relação à corrida presidencial.

Líder do MDB defende que Temer deixe a reforma da Previdência

Congresso em Foco

O presidente Michel Temer não tem o respaldo político necessário para dialogar com a sociedade e votar a reforma da Previdência. Deveria deixar a votação da proposta para o sucessor, presidente a ser eleito pelo voto popular. A opinião não é de uma liderança oposicionista, mas do líder do MDB no Senado, Raimundo Lira (PB).

Para o senador, só um chefe do Executivo consagrado pelas urnas tem apoio suficiente propor mudanças profundas que mexem diretamente com a vida de milhões de brasileiros. Lira conta que fez a sugestão a Temer para que desista da votação durante reunião com a bancada do MDB no ano passado. O presidente ouviu, mas não disse nada.

“Como é um assunto tão importante, deveria ser feito com a profundidade necessária e com o apoio e o convencimento da população. Somente um presidente eleito pode fazer isso”, acredita Lira.

O líder do MDB diz que considera fundamental a aprovação de uma reforma da Previdência, mas evita expressar sua opinião sobre a proposta enviada por Temer ao Congresso. “Não sou contra nem a favor, não tenho opinião formada. Só vamos entrar no assunto quando ela passar na Câmara. Aí passa a ser discussão do Senado.”

Ele admite que não há certeza se a proposta será aprovada pelos deputados. “A gente não sabe se vai ser aprovada ou não. Se for aprovada, qual será o conteúdo dela. A partir daí, quando ela atravessar o tapete, vamos discutir. Não adianta pensar em um assunto dessa importância sem ser de forma objetiva. Seria até uma interferência no trabalho da Câmara”, explica.

Para Raimundo Lira, não falta legitimidade para Temer – presidente que chegou ao Planalto após um processo de impeachment de Dilma –, mas, sim, maior respaldo político. “Não é falta de legitimidade. A maior reforma que um país pode promover é por meio de uma Assembleia Constituinte. Os constituintes são eleitos para isso. Ninguém consegue fazer uma reforma profunda sem uma Constituinte. Considero a reforma da Previdência tão importante que deveria ter esse respaldo popular”, avalia.

A posição do líder do MDB no Senado prenuncia a dificuldade que o governo terá para concretizar a reforma da Previdência. O Planalto reconhece que ainda não tem os 308 votos necessários para aprovar a proposta na Câmara. Ministros e lideranças governistas na Casa correm contra o relógio para que o texto seja votado ainda em fevereiro. Depois disso, a batalha será no Senado, onde também haverá resistência.

Presidente da comissão especial do impeachment em 2016, Raimundo Lira está na liderança do MDB desde julho do ano passado. Ele substituiu Renan Calheiros (AL), que deixou o posto após fazer sucessivos ataques a Temer e atuar como oposicionista. Com um perfil considerado conciliador, o senador paraibano ainda tem o desafio de apaziguar uma bancada dividida. O grupo de Renan no Senado resiste à reforma da Previdência e outras iniciativas do governo. Já a ala liderada por Romero Jucá (RR) dedica fidelidade absoluta ao presidente.