ARTIGO — Um bom líder deve aprender a aceitar críticas

Por Chinghua Tang

Muitos empresários e governantes têm dificuldade para aceitar críticas e ouvir o que as pessoas têm a dizer sobre o seu comportamento – uma atitude que pode influenciar a administração dos negócios e prejudicar o trabalho em equipe. Na maioria das vezes, ser criticado não é uma situação agradável, mas pode servir para provocar uma autorreflexão e ajudar a identificar problemas e falhas.

Ter a humildade suficiente para ouvir sugestões e reclamações era um dos segredos de administração do imperador Tang Taizong, um dos maiores líderes da história. Responsável por transformar a China em um dos países mais poderosos do mundo, ele costumava dizer que um líder esclarecido escuta opiniões diferentes, dá atenção a diversos pontos de vista e escuta os conselhos dos outros.

No governo de Taizong, a tarefa de supervisionar os funcionários era do censor imperial, que tinha autoridade para investigar queixas e até remover do cargo qualquer homem que violasse a lei, não agisse com justiça, deixasse de implementar políticas públicas ou gastasse demais. Mas não apenas os funcionários eram supervisionados: existia também o contestador, que tinha como função criticar o imperador por comportamentos impróprios e políticas equivocadas. Isso garantia que Taizong escutasse queixas e refletisse sobre seus próprios erros, além de incentivar os funcionários a falar com franqueza.

Mas o que essas práticas de um longínquo império chinês podem nos ensinar em pleno século 21? Em tempos de democracia, a liberdade de expressão é valorizada e as leis protegem os direitos das pessoas de expressar sua opinião com franqueza. No entanto, há muitos “feudos” em uma sociedade democrática (corporações, hospitais, escolas, faculdades, agências governamentais e organizações de caridade) nos quais os administradores têm um poder enorme sobre os administrados.

Um chefe exerce uma ampla influência sobre a vida de seus funcionários, já que tem o poder de contratar, demitir, promover ou rebaixar as pessoas, cujos meios de vida dependem dele. Mesmo que os colaboradores saibam que o comportamento de seu empregador é ilegal ou antiético, eles podem realmente falar o que pensam? Podem expressar opiniões sem se preocupar com a reação de seus superiores e colegas? Podem ser sinceros, independentemente de interesses próprios? Qual a probabilidade de fazerem denúncias?

Nos dias atuais, quantos chefes incentivariam seus subordinados a criticá-los, como Taizong fez, além de recompensar aqueles que se manifestavam? Ao refletir sobre os abusos de poder de governos e de corporações com os quais nos confrontamos hoje, pergunto-me se um contestador não mereceria um lugar em nossa sociedade. Isso, certamente, ajudaria a reparar muitos dos males de nossas instituições.

ARTIGO — Lugar de criança é na escola

Por Newton de Oliveira

Cotidianamente, nas comunidades carentes da cidade do Rio de Janeiro, centenas de crianças ficam sem aula em função de tiroteios provocados por operações policiais em horário escolar. Não são situações esporádicas. Tais episódios que, muitas vezes acabam resultando em ferimento e morte por tiro de estudantes, não podem ser banalizados e merecem uma reflexão.

A primeira delas é que sua ocorrência demonstra pelos menos dois tipos de inconsistência de gestão. Uma delas é a absoluta falta de planejamento por parte da polícia ao não considerar a relação custo/benefício de uma ação em horário escolar perto de estabelecimentos de ensino. Podemos dizer que há um descaso com as vidas ali envolvidas, fruto de uma lógica de guerra insana que engolfa os policiais e a população com resultados pífios e deixando um rastro de mortos e feridos que faz com que o estado tenha um em cada três policiais militares mortos no país neste ano.

Outro fator é de ordem ideológica por assim dizer. Nas comunidades pobres do Rio, a escola – que busca a duras penas ser um espaço de convivência, alimentação, ensino formal, cultura e esporte – fica fechada com prejuízos a curto e médio prazos que não são difíceis de serem inferidos.

Por tudo isso, operações policiais em horário escolar, além de ser um desrespeito à vida e ao lema servir e proteger, materializa a verdadeira importância e visão que o estado tem da população e das crianças, sobretudo. Triste.
Lugar de criança é na escola …

*Newton de Oliveira é professor de Direito da Faculdade Mackenzie Rio, especialista em segurança pública, com cursos em Israel, e foi coordenador consultor (líder pelo PNUD junto ao Ministério da Justiça) da equipe que planejou a Segurança dos Jogos Pan-americanos do Rio.

Newton de Oliveira está disponível para entrevista.

Sobre o Mackenzie

A Universidade Presbiteriana Mackenzie está entre as 100 melhores instituições de ensino da América Latina, segunda a pesquisa QS Quacquarelli Symonds University Rankings, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação.

GPA arrecada jornais usados

A Gerência de Proteção Animal (GPA), da Secretaria de Serviços Públicos, está precisando de jornais, para serem utilizados na limpeza dos ambientes onde ficam alojados os animais. Os interessados em contribuir podem deixar os jornais nos seguintes pontos de arrecadação:

– Térreo da Prefeitura Municipal (Palácio Jaime Nejaim), Praça Teotônio Vilela, Centro;

– Secretaria de Serviços Públicos, no Bloco C, que fica na rua Rafael Cavalcanti, S/N, Bairro Pinheirópolis (em frente ao antigo Forrozão);

– Sede da Gerência de Proteção Animal, localizada na Avenida Rádio Cultura do Nordeste, 1000, Bairro Indianópolis (por trás do Caruaru Shopping e ao lado da Rádio Cultura).

A GPA também poderá fazer o recolhimento em domicílio. Basta ligar para o 3724-0333 e informar o endereço.

8% dos brasileiros ainda utilizam cheque pré-datado

Na hora de ir às compras, nem só do cartão de crédito vivem os brasileiros. Embora a aceitação e a popularidade deste meio de pagamento sejam significativas, há outras modalidades que também despertam a atenção dos consumidores. Um levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em todas as regiões do país revela que 8% dos brasileiros ainda utilizam cheque pré-datado para realizar compras. Na média, o cheque é utilizado nove vezes por ano entre seus usuários e os produtos que os brasileiros mais têm adquirido via talão de cheque são alimentos em supermercados (34%), materiais de construção (20%) e móveis (18%).

Ter prazo para pagar (28%), fazer compras mesmo quando não se tem dinheiro (23%) e a possibilidade de parcelar o valor do bem ou serviço adquirido (12%) são os fatores que mais levam essa pequena parcela de consumidores a continuar se utilizando do cheque como meio de pagamento.

Quatro em cada dez usuários fazem controle no próprio canhoto; 38% já ficaram inadimplentes por cheque sem fundo

O levantamento ainda revela que dentre aqueles que utilizam o pré-datado no ato das compras, quase a metade (49%) teve a iniciativa de fazer a solicitação ao banco, enquanto 29% aceitaram uma oferta da instituição financeira. Para 50%, a contratação teve como finalidade se preparar para algum imprevisto, ao passo que 12% o contrataram para quitar alguma dívida.

Resistindo às formas de controle de gastos mais modernas, como aplicativos no celular, os consumidores que utilizam cheque pré-datado têm como principal mecanismo a anotação em canhoto (42%) ou em papel, caderno ou agenda (23%). Apenas 21% fazem os registros em alguma planilha no computador. No total, 86% dos usuários de cheque garantem fazer algum tipo de controle quando usam esse meio de pagamento, contra 11% que não dão importância ao tema.

Como consequência da falta de controle nos gastos, a pesquisa revela que 38% dos que possuem cheque pré-datado já ficaram com o nome sujo por pagamentos em atraso e 13% ainda estão nesta situação. Para a economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, ainda que seja uma modalidade de crédito pouco utilizada, negligenciar o controle pode ser arriscado. “O cheque pré-datado tem a vantagem de oferecer crédito de forma prática e rápida, mas, ao mesmo tempo, exige disciplina e cuidado. É importante destacar que a modalidade não é regulamentada por lei e, em tese, o cheque pode ser compensado antes da data indicada, gerando problemas se não houver o dinheiro na conta. Além disso, se o consumidor confunde ou se esquece das datas de pagamento, ou mesmo se ele assumir quantias acima de sua capacidade para honrar os compromissos, as consequências podem ser ruins”, afirma.

26% dos brasileiros usam crediário e 27% não analisam tarifas e juros embutidos

Outra modalidade de crédito que se mostra ainda mais usual é o famoso carnê. De acordo com a pesquisa do SPC Brasil e da CNDL, 26% dos consumidores brasileiros têm o costume de fazer compras no crediário, especialmente as mulheres (31%) e os residentes do interior (29%).

Assim como no caso do cheque pré-datado, a principal motivação para adquirir o crediário é a possibilidade de fazer mais compras (32%), seguida de alguma necessidade ou imprevisto (21%) e do fato de não haver burocracia para adquirir (19%). Em média, cada entrevistado possui de uma a duas compras atualmente realizadas no crediário.

Um dado preocupante é que 27% dos usuários de carnê não analisaram as tarifas e juros cobrados quando realizam compras com esse meio de pagamento. Os mais cuidadosos somam 67% da amostra. A pesquisa destaca ainda que 39% dos usuários de carnê já ficaram com o nome sujo devido a pagamentos pendentes nessa modalidade, sendo que 13% ainda estão nesta situação. “No caso do crediário e do carnê, há uma particularidade que merece atenção: frequentemente há juros embutidos nas parcelas, o que encarece a compra e pode torná-la desvantajosa. Por isso, o ideal é comparar o valor total da compra parcelada com aquele que seria cobrado na aquisição à vista”, afirma o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli.

“Dividir as compras em prestações que cabem no bolso é algo tentador. Mas é preciso saber, também, se o pagamento dessas parcelas não comprometerá a renda e, consequentemente, o pagamento de outras despesas. Além disso, com a facilidade do parcelamento, corre-se o risco de exagerar nas compras por impulso ou sem planejamento”, afirma a economista Marcela Kawauti.

Metodologia

Forma ouvidos 601 consumidores de todas as regiões brasileiras, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos e pertencentes às todas as classes sociais. A margem de erro é de 4,0 pontos percentuais e a margem de confiança, de 95%.

Economista faz análise positiva sobre a liberação dos saques de contas do PIS/Pasep

O Governo Federal anunciou esta semana que vai liberar o saque de contas do Programa Integração Social (PIS) e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, para homens a partir de 65 anos e mulheres a partir de 62 anos. O pagamento será iniciado em outubro. A medida é um estimulo para aumentar o consumo no comércio e varejo, prolongando o folego da economia, após os saques das contas inativas do FGTS, explica o professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Agostinho Pascalicchio. “A liberação dos recursos do fundo de garantia é um valor significativo e será distribuído para todo o país e deve beneficiar prioritariamente a área de varejo, movimentando o setor de consumo e ajudando a população a sanar dívidas atrasadas”, analisa o professor.

Pelos cálculos do governo, a liberação deve injetar cerca de R$ 16 bilhões na economia, o que representa 0,25% do Produto Interno Bruto do País (PIB) do país. A medida vai atingir 8 milhões de pessoas. E caso o titular tenha falecido, o beneficiário poderá sacar os valores disponíveis.

Pascalicchio ressalta que esse valor colabora para manter a economia dinâmica, mantendo o consumo das famílias ativo. Além disso, esse item juntamente com o aumento real do salário mínimo, os recursos do FGTS, a safra que geraram benefícios que migraram do campo para a cidade, garantem aumento do consumo e beneficiam o aumento do PIB. “Vale lembrar que esse recurso é descentralizado e atinge de forma positiva a economia local de pequenos comunidades e municípios”.

O especialista explica ainda que o governo está aumentando os seus gastos e essa decisão de uma forma ou de outra beneficiará um pouco a população. “A questão é como esses recursos são administrados pelos congressistas. Infelizmente não temos uma transparência clara sobre onde serão destinados os recursos, mas a princípio é um aumento de gastos que poderá beneficiar também o crescimento econômico. A estimativa inicial do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles era de R$ 136 bilhões de reais e será injetado quase R$ 25 bilhões”, afirma Pascalicchio.

O especialista está disponível para comentar o assunto.

Aumento das vendas é o principal objetivo entre os que irão investir

Mesmo diante de uma cenário ainda difícil, pouco mais de um quinto dos empresários (23%) sondados disseram que pretendem fazer algum investimento nos próximos 90 dias. Entre essa parcela minoritária de empresários, a principal motivação para investir é aumentar as vendas, mencionada por 62% desses empresários. Também são citadas a necessidade de atender ao aumento da demanda (9%) e de adaptar a empresa a uma nova tecnologia (8%). Os investimentos prioritários serão ampliação de estoque (38%), reforma da empresa (30%), compra de equipamentos (24%), investimentos em comunicação e propaganda (24%), e ampliação do portfólio (15%).

Considerando os empresários que planejam investir, a maior parte irá recorrer ao capital próprio guardado na forma de aplicações ou investimentos (57%), ou resultante da venda de algum bem (10%). Há ainda 17% que mencionam o empréstimo em bancos e financeiras.

Metodologia

Os Indicadores de Demanda por Crédito e de Propensão para investimentos do Micro e Pequeno Empresário calculados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) levam em consideração 800 empreendimentos com até 49 funcionários, nas 27 unidades da federação, incluindo capitais e interior. As micro e pequenas empresas representam 39% e 35% do universo de empresas brasileiras nos segmentos de comércio e serviços, respectivamente.

Indicador de Intenção de Investimento atinge 27,7 pontos em julho

O micro e pequeno empresariado brasileiro também tem se mostrado pouco interessado em realizar investimentos em seus negócios. O indicador de propensão a investir registrou 27,7 pontos em julho, pouco acima dos 26,6 pontos observado em junho, o que configura estabilidade dentro da margem considerada pelo estudo. O indicador também leva em consideração uma escala que varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, mais o empresário tende a realizar investimentos.

Em termos percentuais, 67% dos micro e pequenos empresários não pretendem investir nos próximos três meses, sendo uma das principais razões a desconfiança diante da crise (30%). Além desses, 40% disseram não ver necessidade de investir, 12% investiram recentemente.

Somente 6% dos micro e pequenos empresários pretendem contratar crédito

O segundo semestre iniciou e os micro e pequenos empresários seguem retraídos na busca por crédito. De acordo com dados apurados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes (CNDL), a demanda por crédito das micro e pequenas empresas (MPEs) atingiu 11,3 pontos em julho, uma queda após os 15,2 pontos registrados em junho. Quanto mais próximo de 100, maior é a probabilidade de os empresários procurarem crédito e quanto mais próximo de zero, menos propensos eles estão para tomar recursos emprestados.
Gráfico
Expressivos 86% dos MPEs afirmam não ter a intenção de tomar crédito, ante apenas 6% que manifestaram essa intenção. Entre aqueles que não pretendem tomar crédito, 43% dizem conseguir manter o negócio com recursos próprios. Esses empresários mencionam, ainda, a insegurança com as condições econômicas do país (20%) e as altas taxas de juros (17%).

Pouco mais de um terço dos micro e pequenos empresários (34%) consideram difícil o processo de contratação de crédito, contra 25% que avaliam como fácil. Entre os que consideram difícil, o excesso de burocracia e as exigência dos bancos são o principal entrave, mencionado por 46% desses empresários. Em segundo lugar aparecem as taxas de juros elevadas (36%). A contratação de empréstimo (25%) e financiamento (20%) em instituições financeiras são os tipos de crédito mais difíceis de ser contratado – para 14% é o crédito junto a fornecedores. Por outro lado, uma fatia importante considera fácil (25%), sendo o bom relacionamento com o banco a principal razão (46%).

Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, o dado sugere uma barreira entre as micro e pequenas empresas, que nem sempre veem no crédito um meio para se expandir ou, se veem, têm a percepção de que o processo pode ser demorado, burocrático e custoso. “Em face das dificuldades relatadas por esses empresários, políticas que forneçam informações e orientação sobre o processo de contratação de crédito e sobre a forma como convém usá-lo pode ser uma forma de fomentar o crescimento e o financiamento dessas empresas”, afirma.

Com Selic mais baixa e novas regras, caem juros do rotativo

Dados divulgados na quinta-feira, dia 24, pelo Banco Central (BC) mostram que a taxa de juros do rotativo regular, aquele que é cobrado de quem paga ao menos o valor mínimo da fatura, voltou a cair no último mês, passando de 230,2% para 223,8% entre junho e julho. No trimestre e no ano, as reduções são ainda maiores, de 104,2 pontos percentuais e 241,8 pontos percentuais, respectivamente.

Por outro lado, a taxa cobrada de quem paga a fatura atrasada ou não paga nem o mínimo subiu 39,3 pontos percentuais na passagem de junho para julho, saltando de 464,7% para 504,0%. No trimestre, essa taxa também apresentou alta – nesse caso, de 8,0 pontos percentuais.

Na avaliação do presidente do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), Roque Pellizzaro Junior, a queda na taxa do rotativo regular é um sinal de que o consumidor já começa a sentir os efeitos práticos da aproximação do fim da crise econômica, o que diminui o risco de inadimplência, em especial daqueles que já mostram disposição a pagar acertando o valor mínimo. A isso se soma a queda da taxa Selic e as novas regras do cartão de crédito fixadas pelo Banco Central, que passaram a vigorar em abril deste ano. “Dadas as diferenças entre as taxas de juros, o consumidor que não tem o valor total para pagar a fatura integralmente deve se esforçar para ao menos pagar o valor mínimo. As taxas de juros ainda são muito elevadas, mas correspondem a menos da metade das taxas de quem atrasa toda a fatura”, orienta Pellizzaro Junior.

ARTIGO — Análise Econômica

Por Maurício Assuero

A divulgação da alteração da meta fiscal para R$ 159 bilhões de déficit demonstrou, friamente, a realidade da economia brasileira porque vai obrigar o próximo presidente a trabalhar com as contas negativas, visto que até 2022 não teremos condições de falar em superávit. Essa informação está posta e ponto final. O pior é cada anúncio do governo, a população fica mais preocupada e mais convencida de que não há muito a esperar. É como a espera pela chuva que angustia o sertanejo.

O último anúncio do governo foi a redução de 60 mil cargos dentre os quais datilógrafos (alguém com 20 anos de idade já viu uma máquina de datilografia?), radiotelegrafista (com a tecnologia atual de redes sociais, internet, alguém ainda manda telegrama?), perfurador digitador (cartão perfurado era uma forma de programar computadores, por volta dos anos 1980). Enfim: dá gosto saber que o governo ainda contrata pessoas para estas áreas. Diga-se que são cargos vagos e por isso,não se sabe quanto será economizado com suas extinções.

O bom mesmo da proposta do governo é o tratamento em relação ao trabalhador. Primeiro, reduziu R$ 10 do salário mínimo aprovado uma semana antes. Segundo vai aumentar a contribuição previdenciária de 11% para 14%. Mas, isso ainda é pouco: os funcionários públicos ficarão sem aumento. Haverá alterações nas regras das progressões e no estágio probabatório (período de 36 meses no qual o funcionário é avaliado pelo desempenho). O governo entendeu que falta uma greve geral dos funcionários públicos para coroar o extraordinário êxito do seu governo.

Esse saco de maldades não foi pensado de um dia para outro. Temos as reformas. Temos a mudança das regras no mercado de trabalho. Temos a lei que autoriza terceirização na atividade fim e com isso adequado ao setor público não será mais necessário concurso público. O mais terrível é que as propostas não produzirão, no curto prazo, o efeito desejado e no longo prazo elas se mostrarão mais danosas para a população.

Diante de tudo isso, temos o comportamento do mercado. Aquietou-se pela simples identificação do esforço daequipe econômica. Meirelles tem sido o interlocutor ejá disse que tem interesse em ficar no governo independente de quem seja o presidente. Com isso, o mercado deixou de lado a preocupação com Temer, que pela falta de pulso não tem a menor capacidade de dizer não e quando diz, retroage. Então, a ideia é ficar de olho no que faz Meirelles. Investir no curto prazo é, por enquanto, mais saudável no que no longo porque a nuvem de incerteza é muito grande.