Cinco anos sem Fernando Lyra

Deputado caruaruense foi um dos principais articuladores que levaram Tancredo Neves à Presidência

Wagner Gil

Há exatos cinco anos a política pernambucana e nacional perdia um dos maiores articuladores no processo pós-Ditadura Militar, com a morte do ex-ministro da Justiça, Fernando Lyra. Eleito deputado estadual uma vez e sete vezes deputado federal, o político, bastante respeitado, caso estivesse vivo, com certeza ajudaria o país hoje a encontrar uma saída para essa crise ética, moral e econômica que se abateu sobre o Brasil.

Fernando Lyra morreu de falência múltipla de órgãos, no dia 14 de fevereiro de 2013, com 74 anos. Ele estava internado desde 5 de janeiro daquele ano, no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Ele sofria, já há mais de 20 anos, de uma insuficiência cardíaca congestiva grave.

Antes de ser político, Fernando Lyra formou-se em Direito, na Fadica, hoje Asces-Unita. Filho do ex-prefeito João Lyra Filho, ele foi deputado estadual pelo MDB, entre 1967 e 1971. Depois, elegeu-se sete vezes deputado federal e deixou a política justamente devido a problemas de saúde ligados ao seu coração. Mesmo longe de mandato, atuava nos bastidores e era um dos conselheiros do ex-governador Eduardo Campos, também falecido.

Na Câmara dos Deputados, Fernando Lyra ocupou diversos cargos importantes, entre eles vice-líder do MDB, nos anos 70 e 80; líder do bloco PSB/PMN, entre 1995 e 1996, e líder do PSB, entre 1995 e 1997. Ocupou ainda os postos de primeiro-secretário (1983-1984) e segundo vice-presidente (1993-1994). O pernambucano teve também uma intensa atuação em comissões permanentes, como a da Constituição e Justiça, Direitos Humanos, Finanças e Tributação, Relações Exteriores e de Defesa Nacional e Trabalho, Administração e Serviço Público.

Apesar de ligado às forças de esquerda, ele tinha trânsito em todas as camadas e teve reconhecimento através de sua atuação, sem nunca ter tido qualquer envolvimento em falcatruas ou desvio de verbas públicas. Ele integrou a Constituinte participando da Comissão de Sistematização, da Subcomissão do Poder Executivo e da Comissão da Organização dos Poderes e Sistema de Governo. Por sua forte atuação no Congresso Nacional, Fernando Lyra recebeu a medalha de Mérito Legislativo na Câmara dos Deputados, em 1985.
COM TANCREDO NEVES

Durante sua carreira política, Fernando Lyra se aproximou de Tancredo Neves e foi um dos principais articuladores e coordenadores que levaram o ex-governador de Minas Gerais à Presidência da República, em 1985. Em entrevista à Revista Carta Capital, onde era colunista, Fernando falou sobre o mineiro: “Tancredo foi o maior político que conheci, sem dúvida. Mais do que ninguém, ele soube fazer história no Brasil. Personificou a transição democrática, mas o destino não quis que fosse o seu executor”.

Com a morte de Tancredo, o então vice-presidente José Sarney assumiu e manteve a nomeação de Fernando Lyra como ministro da Justiça. Ele ficou no cargo entre março de 1985 e fevereiro de 1986, sendo responsável pelo fim da censura.

Fernando Lyra foi candidato a vice-presidente na chapa de Leonel Brizola. Na época, Lula e Collor disputaram o segundo turno, com vitória do ex-governador de Alagoas e hoje senador. O ex-ministro ainda dirigiu a Fundação Joaquim Nabuco, seu último cargo público, entre os anos de 2011 e 2013.

 

Ministro da Justiça descarta intervenção federal no Ceará

André Richter – Repórter da Agência Brasil

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Torquato Jardim, descarto neste domingo (18) intervenção federal de qualquer natureza no Ceará. Segundo o ministro, a situação na segurança pública no estado não pode ser comparada à do Rio de Janeiro.

Jardim acompanhou, por volta das 22h, na Base Aérea de Brasília, o embarque da força-tarefa de policiais federais e da Força Nacional para Fortaleza, onde os agentes vão dar apoio às forças militares estaduais no combate ao crime organizado, com aval do governador, Camilo Santana, e do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE)

O envio de reforço ao estado ocorre após o assassinato do traficante Rogério Jeremias de Simone, vulgo Gegê do Mangue, encontrado morto em uma área indígena localizada em Aquiraz, na região metropolitana de Fortaleza. O traficante, que estava foragido, é acusado de chefiar uma organização criminosa criada em São Paulo.

“A situação do Ceará não sugere intervenção de qualquer natureza no futuro distante. É bem diferente a situação do Rio de Janeiro. Lá havia uma quebra da hierarquia do funcionamento das instituições, da autoridade instalada. Isso está longe de ocorrer no Ceará”,  disse o ministro.

Sobre a intervenção federal no Rio de Janeiro, Torquato disse que os presídios de todo o país estão sob alerta máximo para evitar retaliações das facções criminosas.

Temer vai reunir Conselho da República para explicar decreto de intervenção

O presidente Michel Temer convocou para amanhã (19), às 10h, em Brasília, uma reunião do Conselho da República para tratar do decreto presidencial que autorizou a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro.

Criado por lei em 1990 para deliberar sobre intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio e questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas, o Conselho da República é dirigido pelo presidente da República e composto pelos presidentes da Câmara e do Senado, os líderes da maioria e da minoria no Senado, o ministro da Justiça e seis cidadãos brasileiros maiores de 35 anos de idade.

Brasília - O Presidente Michel Temer assina decreto de intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Decreto de intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro foi assinado na última sexta-feiraMarcelo Camargo/Agência Brasil

A informação foi confirmada no início da noite de hoje (18) pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira, após reunião com Temer no Palácio da Alvorada. O ministro da Fazenda, Henrique Meireles, também participou do encontro.

Segundo Eunício, apesar de ter consultado previamente sobre a edição do decreto o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Torquato Jardim, Temer pretende explicar a medida a todos os membros do Conselho da República.

“Não é obrigatória a consulta prévia [ao conselho]. É obrigado que, enquanto não se aprova no Congresso, ele tenha que dar conhecimento ao conselho”, disse o senador.

Reforço da segurança no Ceará

Sobre a decisão de Temer de determinar o envio de uma força-tarefa de policiais ao Ceará, estado do presidente do Senado, Eunício disse que a medida foi solicitada por ele e pelo governador, Camilo Santana, para auxiliar os policiais do estado com apoio se inteligência.

“A situação da segurança pública no Brasil é grave. Isso é sinal de que o presidente, do ponto de vista de fazer ações preventivas e de combate, como está acontecendo no Rio de Janeiro, está fazendo enfrentamento do crime organizado”, disse Eunício ao sair da reunião no Palácio da Alvorada.

Desembargador Josué de Sena tomou posse formal como ouvidor do TJPE

O Poder Judiciário estadual tem novo ouvidor-geral da Justiça. Nesta sexta-feira (16), o presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), desembargador Adalberto de Oliveira Melo, deu posse ao desembargador Josué Antônio Fonseca de Sena, que estará à frente do órgão durante o biênio 2018/2019.

A solenidade de posse formal foi realizada no Gabinete da Presidência do Tribunal, no Palácio da Justiça, no Recife, e contou com a presença do desembargador Francisco Manoel Tenório dos Santos, que exerceu o cargo de ouvidor do Judiciário durante o biênio 2016/2017. Ao transmitir o cargo, o magistrado apresentou um documento reunindo as atividades desenvolvidas em sua gestão.

Em 2016, a Ouvidoria efetuou 7.761 atendimentos. Destes, 7.521 foram solucionados e 240 seguem em andamento. Já em 2017, o órgão recebeu 7.644 demandas, solucionando 6.589 e com 1.055 em curso. Ao apresentar o relatório de produtividade, o desembargador elogiou o trabalho da equipe da Ouvidoria, que atua atendendo a população através de canais como o Fale Conosco, além de receber demandas por e-mail, petição, ofício, telefone, e pessoalmente, nas categorias Denúncia, Elogio, Informação e Sugestão.

Em seu discurso de posse, o novo ouvidor do TJPE, desembargador Josué de Sena, agradeceu ao chefe do Judiciário estadual pela confiança ao convidá-lo para assumir o novo cargo. “Agradeço ao presidente do Tribunal por me escolher para o cargo de ouvidor, e também ao desembargador Francisco Tenório pela profícua gestão à frente da Ouvidoria no último biênio, com uma gestão voltada para a coletividade. O meu propósito é dar continuidade ao trabalho efetuado pelo desembargador, contando com o apoio da equipe da Ouvidoria”, disse o desembargador Josué de Sena.

O presidente do TJPE ressaltou que a Ouvidoria representa o elo maior de comunicação entre a sociedade e a Justiça, um instrumento de participação popular para a construção de um Tribunal ciente de sua função perante os cidadãos. “Agradeço o empenho e a dedicação do desembargador Francisco Manoel Tenório e de sua equipe à frente da Ouvidoria no biênio passado e o parabenizo pelo trabalho efetuado. Ao desembargador Josué de Sena, desejo sabedoria nesta nova fase da prestação de serviço à população”, afirmou o desembargador Adalberto de Oliveira Melo.

A Ouvidoria da Justiça

Criada em 1998 pela Corte Especial do TJPE, a Ouvidoria Geral da Justiça pernambucana tem como objetivo de ampliar a participação dos cidadãos na avaliação e fiscalização do Judiciário. Entre seus objetivos, está informar à população os resultados de medidas tomadas, garantindo transparência a respeito das ações da Justiça Estadual, além de promover um processo educativo pelo qual o cidadão conheça seus direitos e deveres.

Armando Monteiro lamenta morte de ex-prefeito

NOTA DE PESAR
É com grande pesar que lamento o falecimento de Narcizo Lima, uma grande liderança do Agreste pernambucano, em especial para o município de Toritama. Ex-prefeito dessa terra, Narcizo foi uma referência política para a região e deixa um legado de muita luta em prol do desenvolvimento da cidade. À sua família, através de seu filho, o ex-prefeito Flávio Lima, quero transmitir o meu abraço. Que Deus os ilumine e dê conforto a todos.
Senador Armando Monteiro (PTB-PE)

8º Concurso Ler Bem, promovido pela Aspa, está com inscrições abertas para estudantes da rede pública municipal

A ação social visa estimular a leitura em alunos do 4º ano do ensino fundamental I de escolas públicas municipais em todo o Estado

O concurso Ler Bem, projeto social de incentivo à leitura da Associação Pernambucana de Atacadistas e Distribuidores (Aspa), está com inscrições abertas para a edição 2018. Até 28 de fevereiro, as Secretarias de Educação de todo o Estado inscrevem seus municípios para participarem do projeto. Podem concorrer estudantes do 4º ano do ensino fundamental I, com até 10 anos de idade.

Em 2017, a ação chegou à marca de 100 municípios participantes, o que representa mais de 50% das cidades de Pernambuco, contemplando mais de 110 mil alunos. O concurso avalia a garotada a partir da leitura, em voz alta, de trecho de uma obra previamente escolhida pela organização. O título selecionado para 2018 é mantido em sigilo e será disponibilizado pela Aspa apenas aos participantes da etapa classificatória regional.

O presidente da Aspa, José Luiz Torres, destaca o caráter educativo da iniciativa. “Desde 2011, quando o projeto foi criado, estamos crescendo em participação nas cidades do interior de Pernambuco. É muito emocionante ver e incentivar o gosto pela leitura nas crianças, que acabam também contagiando os pais e despertando neles o hábito de ler. Já tivemos vencedores do concurso que ensinaram os pais a ler e essa transformação é o maior retorno que podemos obter com o projeto”, afirma.

FORMATO

O concurso Ler Bem funciona da seguinte forma: inicialmente, as Secretarias de Educação de cada município realizam seletivas com os alunos das escolas da sua cidade para eleger o estudante que representará o município na primeira fase da competição. Esta etapa inicial deve acontecer até junho.

Num segundo momento, de julho a agosto, são realizadas as disputas regionais, englobando os municípios do Sertão, Agreste e da Zona da Mata. Dessas etapas, sairão três representantes de cada região para concorrer à final, em outubro, no Recife.

Os primeiros colocados do Concurso Ler Bem ganharão um final de semana em Porto de Galinhas, quando acontece o 18º Encontro Aspa. Além disso, todos os selecionados dos municípios ganham um tablet e os 15 finalistas são ainda premiados com notebooks.

Nas etapas classificatórias e na final do concurso, os estudantes serão julgados por educadores, representantes da Aspa e convidados da entidade. Há a preocupação de não incluir na comissão julgadora professores de municípios que tenha representantes na disputa.

As secretarias municipais de educação podem realizar as inscrições da garotada gratuitamente pelo e-mail: aspa@aspa.com.br. Mais informações pelo: 81 3465-3400.

CEO do NY Times: jornal impresso só terá mais 10 anos

Do blog Poder 360

O New York Times tem mais de 2 milhões de assinantes de notícias digitais

O CEO (Chief Executive Officer – Diretor Executivo) do New York Times, Mark Thompson, disse que acredita que o jornal impresso durará mais 10 anos apenas nos Estados Unidos e que, mesmo querendo manter “por mais tempo possível”, admite que o tempo do jornal físico já está expirando.

A declaração foi dada em entrevista à CNBC.

Thompson cita também que planeja manter seu público fiel do jornal impresso enquanto melhora a plataforma online para que possa “ser bem sucedido no crescimento da empresa e ter uma operação de notícias de sucesso após o fim do impresso” .

Entretanto, apesar da previsão do fim, o New York Times apresentou crescimento de 20% nos lucros com impresso no último trimestre de 2017.

Após Thompson assumir o cargo, o The New York Times tornou-se a primeira organização de notícias a atingir a marca de 1 milhão de assinaturas nos meios digitais.

Lula diz que Odebrecht fraudou provas em delação

Perícia contratada pela defesa do ex-presidente Lula afirma que a Odebrecht apresentou documentos fraudados à Justiça como se fossem provas de repasses de propinas a políticos registrados no Drousys, o sistema de contabilidade paralela da empreiteira. O especialista que analisou papéis anexados pelo MPF em acusação contra o petista diz que alguns extratos têm marcas de montagem ou enxerto. Ele também aponta inconsistências em datas de transações e em assinaturas.

Os documentos contestados pelos advogados de Lula fazem parte de ação da Lava Jato que investiga o uso de um apartamento vizinho ao do petista em São Bernardo do Campo. Para a acusação, a Odebrecht custeou a aquisição do imóvel.

O perito que analisou a papelada da empreiteira é o mesmo que atestou a validade formal dos recibos apresentados por Lula como prova de que ele pagou o aluguel do local.

Entre os registros analisados pelo especialista estão extratos apresentados pela Odebrecht de movimentações na filial de um banco que a empreiteira comprou no Caribe, o Meinl Bank.

Rodrigo Tacla Durán, advogado que prestou serviço para a empreiteira e está foragido na Espanha, já havia dito que a empresa manipulou dados desta instituição financeira.

Odebrecht sempre rechaçou essas acusações. A construtora tem dito que colabora com as investigações e que os dados que corroboram sua delação premiada serviram de base para acordos já homologados pelas autoridades de diversos países, incluindo o STF e a Justiça Federal do Paraná. (Informações de Daniela Lima – Coluna Painel – Folha de S.Paulo)

Justiça suspende processo de promoção por merecimento no Itamaraty

A Justiça Federal no Distrito Federal decidiu nesta segunda-feira (14) suspender o processo interno de promoção por merecimento da carreira de diplomatas do Ministério das Relações Exteriores (MRE). A medida foi tomada a partir da uma ação do Ministério Público Federal (MPF) e foi deferida pelo juiz Renato Borelli, da 20ª Vara Cível de Brasília. O governo pode recorrer.

Ao suspender o processo de promoção no Itamaraty, o magistrado entendeu que as reuniões dos colegiados que avaliam as promoções não podem ser sigilosas. A natureza sigilosa dos trabalhos das duas câmaras de avaliação está prevista no Decreto 6.559/2008, norma que foi questionada pelo MPF.

Palácio do Itamaraty
Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores Valter Campanato/Arquivo/Agência Brasil

De acordo com o juiz, a decisão vale até que seja garantida “ampla publicidade” dos trabalhos aos servidores interessados no concurso interno.

“A partir do momento em que é ferido o princípio da publicidade, no caso, impedindo que os interessados controlem a legalidade dos critérios utilizados pela administração para a promoção, abre-se espaço para condutas que firam o princípio da impessoalidade, com a escolha indevida de candidatos à promoção por motivos outros que não o interesse público”, argumentou o magistrado.

Procurada pela reportagem, a assessoria do Itamaraty informou que ainda não foi notificada sobre a decisão.

Pezão admite que faltou preparação para lidar com segurança no carnaval do Rio

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), admitiu nesta quarta-feira (14) que faltou preparação do estado para lidar com segurança durante os quatro dias de carnaval. Segundo ele, as falhas iniciais foram corrigidas e o policiamento foi reforçado na segunda-feira (12) e na terça-feira (13). As declarações foram dadas durante entrevista a um programa jornalístico da Rede Globo.

“Não estávamos preparados. Houve uma falha nos dois primeiros dias e depois a gente reforçou aquele policiamento. Eu acho que houve um erro nosso. Nós não dimensionamos, mas acho que é sempre um aprimoramento. A gente tem sempre que aprimorar. Estamos olhando a segurança pública de Cabo Frio a Paraty. São 6,5 milhões de pessoas nas ruas. E com territórios ainda conflagrados. Boa parte do efetivo da Polícia Militar, na Rocinha, onde estamos atuando permanentemente, e também na Praça Seca, onde há uma guerra pelo domínio do tráfico”.

Casos de agressões seguidas de assaltos, além de furtos e arrastões, foram motivos de muitas queixas durante o carnaval. Além disso, na comunidade Bateau Mouche, na Praça Seca, em Jacarepaguá, o confronto entre milicianos e traficantes gerou novos episódios de tiroteio.

O governador e o prefeito se encontravam fora na cidade no período do carnaval. Pezão foi para sua casa no município de Piraí, e Marcelo Crivella viajou para a Europa.

A deputada Martha Rocha (PDT), que preside a Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), informou que autoridades do estado serão convocadas para prestar esclarecimentos.

“O que nós vimos foi uma total demonstração de falta de planejamento. Eu quero perguntar onde estavam os 17 mil policiais anunciados pelo governo do estado. Tivemos cenas de violência em todas as regiões da cidade. Pessoas foram brutalmente agredidas. Bandidos fantasiados foram para a rua portando fuzis, aconteceu roubo nas proximidades de um Batalhão da Polícia Militar e uma idosa foi barbaramente agredida voltando da padaria”, disse a parlamentar.

A Polícia Militar disse em nota, que diante dos casos de violência nos primeiros dias, o patrulhamento na região da orla foi reforçado, inclusive com monitoramento aéreo. “É importante atentar para a necessidade de seguir regras mundiais de segurança: atenção ao uso do celular e demais pertences em aglomerações de pessoas”, diz o texto.

O governador Pezão adiantou que o governo realiza ainda esta tarde uma reunião para fazer um  balanço dos episódios de violência nos últimos dias. Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança destacou que o Instituto de Segurança Pública (ISP) é o órgão responsável por compilar os dados da criminalidade no estado do Rio de Janeiro. O levantamento leva em conta as ocorrências registradas nas delegacias de Polícia Civil, mas ainda não há detalhes sobre os casos ocorridos durante o carnaval. “As estatísticas são divulgadas mensalmente pelo ISP, de forma sistemática e transparente”, disse a secretaria em nota.

Crise

A segurança pública do Rio de Janeiro vive um momento de crise. Na semana passada, a morte de uma menina de 3 anos durante um assalto e de um adolescente 13 anos, baleado em meio a um confronto entre policiais e criminosos, que levou ao fechamento de três vias importantes da cidade, gerou declarações públicas tanto de Pezão como do prefeito Marcelo Crivella.

Dados do ISP divulgados no mês passado mostram que o número de mortes violentas no Rio de Janeiro em 2017 foi 7,5% superior a 2016. Criada em 2008 como um dos principais instrumentos de segurança pública do estado, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) já são vistas com reservas. No início do mês, o comandante-geral da Polícia Militar (PM), coronel Wolney Dias, disse que a corporação estuda reduzir de 38 para 20 o número de UPPs.

Outra preocupação é com o armamento em poder de bandidos. No mês passado, a Polícia Rodoviária Federal prendeu em flagrante um homem que transportava 19 fuzis e outras armas. Dados do ISP já haviam mostrado que, em 2017, as apreensões de fuzis que estavam em poder do crime organizado vinham sendo 75% superior a 2016.