BNDES lança edital de R$ 20 milhões para cooperativas de reciclagem

Reciclagem de latas de alumínio

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou nesta quinta-feira (13) um programa para apoiar cooperativas de catadores de materiais recicláveis, com o objetivo de fortalecer a capacidade produtiva e ampliar a comercialização e o rendimento dessas entidades no mercado de reciclagem. Batizada de Tudo na Circularidade, em menção à ideia de economia circular, a iniciativa conta com R$ 20 milhões do Fundo Socioambiental do BNDES, que serão usados na contratação de uma entidade gestora para tocar o projeto na ponta. A seleção pública está aberta até 5 de maio.

“Essa entidade gestora vai coordenar a elaboração de editais, seleção de projetos, contratação e acompanhamento dos executores, de acordo com as realidades locais das cooperativas em todo o país”, explicou a diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campelo, durante evento de lançamento do projeto. Segundo Tereza Campelo, esses recursos aportados poderão ser ampliados com a adesão de empresas e entidades públicas e privadas.

“Queremos juntar recursos. O BNDES está entrando com recursos, no caso R$ 20 milhões, e queremos buscar outros grandes colaboradores, que podem ser empresas, governos, instituições públicas e privadas. O total esperado é de R$ 100 milhões”, estimou.

Créditos de Logística Reversa

A principal meta do Tudo na Circularidade é ampliar o acesso de redes de cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis ao mercado de créditos de logística reversa (CLR) e impulsionar a geração de emprego e renda para esse segmento de trabalhadores.

A logística reversa é um dos principais instrumentos da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), instituída em lei federal desde 2010. Esse termo define um conjunto de “ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”.

Pela lei, diversos setores econômicos, incluindo fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos como agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, lâmpadas, eletroeletrônicos, óleos lubrificantes, medicamentos e produtos embalados em plástico, metal e vidro, entre outros, devem instituir sistemas de logística reversa para que suas embalagens retornem ao ciclo produtivo ou tenham destinação adequada após o consumo. Isso deve ocorrer de forma independente do serviço público de limpeza urbana.

Uma das formas de viabilizar a logística reversa de embalagens foi a criação de um sistema de compensação, semelhante aos “créditos de carbono”, em que as empresas podem remunerar agentes da cadeia produtiva da reciclagem que atuam na coleta, separação e reinserção desses materiais, que inclui principalmente os catadores e suas cooperativas.

“Estamos em um novo momento, falando de circularidade, logística reversa. São temas novos para os catadores, que precisam ter acesso de fato. Quem coloca a mão na massa são os catadores, mas, muitas vezes, os créditos vão para outros agentes”, afirmou o presidente da Associação Nacional de Catadores (Ancat), Roberto Rocha. “Esse programa precisa do BNDES precisa contribuir para que os catadores consigam se inserir nessa massa de crédito”, acrescentou.

O edital do BNDES pretende apoiar as cooperativas em capacitação e apoio para adoção de tecnologias modernas de coleta, separação e tratamento de resíduos; agregação de valor, armazenamento e comercialização; gestão, incremento do conhecimento técnico e comercialização; atendimento à legislação ambiental e sanitária e aumento da produção e da renda.

“As cooperativas recebem resíduos, separam e são remuneradas pela venda dos resíduos separados, pelo seu peso. Essa renda é frequentemente menor que um salário mínimo ou daquela de quando os catadores trabalhavam de forma autônoma nos lixões. Nós queremos dar condições para que essas entidades sejam remuneradas também pela prestação por serviços ambientais que elas fazem, por meio do crédito de logística reversa”, argumentou Tereza Campelo.

Conforme o edital, o parceiro gestor selecionado coordenará elaboração de editais, seleção de projetos, contratação e acompanhamento dos executores.

O processo de seleção do gestor terá quatro etapas: eliminatória, classificatória preliminar, apresentação oral das propostas e classificação final, com previsão de conclusão em até 150 dias. Os critérios de seleção incluem qualificação do gestor e equipe, qualidade da proposta e custos.

O edital para a seleção está aberto até as 18h do dia 5 de maio de 2025. Podem participar pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos sediadas no Brasil.

Lixões

Metade dos municípios brasileiros, onde vivem 18 milhões de pessoas, despeja resíduos em lixões. São mais de 2,5 mil lixões ainda em operação no país. Cerca de 77 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos não tem destinação adequada no Brasil, o que representa cerca de 43% do total.

Um estudo do Ministério do Meio Ambiente (MMA) estima que, se o país aproveitasse os materiais recicláveis aterrados ou descartados em lixões, incluindo papel, papelão, plásticos, metais, vidro e orgânicos, o volume anual de receita ultrapassaria os R$ 38 bilhões. “Isso é três vezes o valor necessário para encerrar todos os lixões ainda existentes no país”, explicou o diretor do Departamento de Gestão de Resíduos do MMA, Eduardo Santos.

De acordo com a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), o índice de reciclagem é de pouco mais de 8% no Brasil.

Ainda segundo o diretor do MMA, o projeto do BNDES também pode atrair empresas interessadas em incentivar a reciclagem mediante desconto em tributos federais, como o Imposto de Renda (IR), medida que foi viabilizada com a regulamentação da Lei de Incentivo à Reciclagem, que entrou em vigor no final do ano passado.

“Está disponível para qualquer projeto de reciclagem, acessar uma dedução fiscal por meio do Imposto de Renda. Então, esses projetos podem ser apoiados por patrocinadores, que vão poder abater do imposto de renda. A gente enxerga como potencial que alavanca a reciclagem em sinergia com esse projeto do BNDES”, observou Eduardo Santos.

* Colaborou Rafael Cardoso, do Rio de Janeiro

Congresso aprova novas regras para pagamento de emendas parlamentares

Brasília (DF), 13/03/2025  - Sessão do  Congresso Nacional para referendar o acordo que liberou o pagamento das emendas parlamentares suspensas. O Supremo Tribunal Federal (STF)  . Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O Congresso Nacional aprovou, nesta quinta-feira (13), o projeto de resolução que estabelece novas regras para execução das emendas parlamentares que, neste ano, podem chegar a R$ 52 bilhões de reais. O pagamento das emendas havia sido suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que cobrava mais transparência, eficiência e rastreabilidade do dinheiro público destinado pelos parlamentares.

A votação de hoje, em sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado, consolida um processo que resultou, na semana passada, na homologação pelo STF, por unanimidade, do plano de trabalho para liberação dos recursos das emendas. O plano foi elaborado, em conjunto, pelo Executivo e Legislativo.

As emendas parlamentares representam a parte do Orçamento que tem sua destinação definida de acordo com a indicação de deputados e senadores, que selecionam obras ou serviços públicos que devem receber os recursos, geralmente aplicados nas suas bases eleitorais.

Com voto contrário do PSOL e do Novo, o projeto foi aprovado por ampla maioria nas duas Casas, com 361 votos favoráveis e 33 contrários na Câmara dos Deputados e 64 votos favoráveis e três contrários no Senado.

O PSOL, que foi o autor da ação no STF que levou à suspensão das emendas, defendeu que o plano de trabalho apresentado manteve a possibilidade de se omitir a autoria do parlamentar que destinou o recurso, sendo essa uma das críticas do STF à execução das emendas.

“É a repaginação do orçamento secreto, contra o qual nós estamos batalhando há anos aqui no Congresso Nacional. O Congresso insiste em, novamente, fazer manobra para manter a irrastreabilidade para que o povo brasileiro não saiba o que está sendo feito com o dinheiro público, com bilhões de reais”, disse a deputada federal Sâmia Bonfim (Psol-SP).

Segundo a legenda, o artigo 45-A da resolução aprovada viola o acordo com o STF para identificar os autores das emendas ao atribuir ao líder da bancada a responsabilidade para indicar emendas para as comissões.

O relator da proposta, senador Eduardo Gomes (TO-PL), rebateu as críticas, informando que será possível identificar, em ata, as solicitações de emendas apresentadas pelas lideranças partidárias às comissões, exigência essa que não existia antes.

“Se o parlamentar individualmente, ou o líder, escolher como critério da bancada a identificação individual, ela terá que acontecer, sendo que a responsabilidade vai ser colocada nas duas formas: ou no líder de bancada, através da ata, ou no parlamentar de maneira uninominal”, explicou Gomes.

Também nesta quinta-feira (13), o ministro do STF, Flávio Dino, relator da ação que suspendeu o pagamento das emendas parlamentares, comentou que a solução encontrada para o problema está “longe do ideal”.

“Mesmo que no caso do orçamento secreto estejamos longe do ideal, ainda muito longe do ideal, mas passos concretos foram dados nesses talvez oito meses, creio eu”, afirmou o ministro.

A expressão orçamento secreto se refere a emendas parlamentares que, nos últimos anos, não permitiam, por exemplo, identificar qual parlamentar havia indicado a destinação do dinheiro, nem o beneficiário final da verba pública, entre outras irregularidades.

Brasília (DF), 13/03/2025  - Sessão do  Congresso Nacional para referendar o acordo que liberou o pagamento das emendas parlamentares suspensas. O Supremo Tribunal Federal (STF)  . Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Sessão do Congresso Nacional para referendar o acordo que liberou o pagamento das emendas parlamentares suspensas. O Supremo Tribunal Federal (STF) . Foto: Lula Marques/Agência Brasil – Lula Marques/Agência Brasil

Entenda

O impasse sobre a liberação das emendas começou em dezembro de 2022, quando o STF entendeu que as emendas chamadas de RP8 e RP9 – que ficaram conhecidas como orçamento secreto – eram inconstitucionais por falta de transparência no uso do recurso público.

Após a decisão, o Congresso Nacional aprovou uma resolução que mudou as regras de distribuição desses recursos alegando cumprir a determinação da Corte. No entanto, o PSOL recorreu ao STF apontando que a ausência de rastreabilidade do dinheiro das emendas continuava em vigor.

Em agosto do ano passado, o ministro do STF Flávio Dino determinou a suspensão das emendas, acatando limitar no PSOL. O ministro também determinou que a Controladoria Geral da União (CGU) auditasse os repasses dos parlamentares por meio das emendas do orçamento secreto.

No mês passado, Dino suspendeu emendas para organizações não governamentais (ONGs) devido à falta de transparência. Em dezembro de 2024, Dino bloqueou as transferências de R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão alegando irregularidades.

O total previsto para emendas parlamentares no Orçamento de 2025, que ainda não foi aprovado, chega a R$ 52 bilhões, uma alta em relação a 2024, quando a cifra foi de R$ 49,2 bilhões. Há 10 anos, em 2014, esse valor era de R$ 6,1 bilhões.

Camex aprova isenção do Imposto de Importação para nove alimentos; veja lista

Supermercado

A redução a zero do Imposto de Importação para alimentos só valerá para carnes desossadas bovinas e não beneficiará outros tipos de carne como de porco e de aves, decidiu nesta quinta-feira (13) o Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex).

O órgão oficializou a medida anunciada na semana passada para segurar o preço de alimentos, detalhando os itens com tarifa zerada. A lista com os códigos de Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) tem nove tipos de alimentos divididos em dez NCM, porque a redução para o café beneficia a versão torrada e a versão em grão não-torrada.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou que a redução entrará em vigor nesta sexta-feira (14), quando a resolução da Camex será publicada no Diário Oficial da União.

Confira a lista final dos alimentos que terão o Imposto de Importação zerado:

carnes desossadas de bovinos, congeladas: de 10,8% para 0%
café torrado, não descafeinado (exceto café acondicionado em capsulas): de 9% para 0%
café não torrado, não descafeinado, em grão: passou de 9% para 0%
milho em grão, exceto para semeadura: passou de 7,2% para 0%
outras massas alimentícias, não cozidas, nem recheadas, nem preparadas de outro modo: passou de 14,4% para 0%
bolachas e biscoitos: passou de 16,2% para 0%
azeite de oliva extravirgem: passou de 9% para 0%
óleo de girassol, em bruto: passou de 9% para 0%
outros açúcares de cana: passou de 14,4% para 0%
preparações e conservas de sardinhas, inteiros ou em pedaços, exceto peixes picados: de 32% para 0%

No caso da sardinha, a alíquota zero valerá apenas para uma quota de importação de 7,5 mil toneladas. Conforme anunciado na semana passada, a cota de importação do óleo de palma aumentou de 60 mil para 150 mil toneladas, por 12 meses, com a manutenção da alíquota do Imposto de Importação em 0%.

Impacto

Alckmin também anunciou o quanto o governo deverá deixar de arrecadar com a medida. Segundo o vice-presidente e ministro, a tarifa zero terá impacto de US$ 110 milhões (cerca de R$ 650 milhões) por ano. Alckmin, no entanto, disse que o impacto será menor, porque a medida durará menos.

“Como espero que [o Imposto de Importação zerado] seja mais transitório, o impacto deve ser menor”, declarou.

Anderson Correia apresenta anteprojeto de lei para que os serviços médico-veterinários públicos sejam contínuos em Caruaru

O vereador Anderson Correia (PP) segue buscando políticas públicas animalistas que alcancem a todos os caruaruenses, sobretudo aos tutores baixa renda. Nesta quinta-feira (13), o parlamentar apresentou um anteprojeto de lei que institui que os serviços públicos veterinários do município de Caruaru tenham atendimentos contínuos e efetivos, inclusive em fins de semanas e feriados, ensejando na transformação da AME Animal em UPA Animal 24h.

Além do pioneirismo na luta pelo hospital público veterinário em Caruaru, Correia também vem buscando que haja na cidade atendimentos 24h por meio de uma unidade de pronto atendimento (UPA Animal), proposta pelo edil ao longo da última legislatura. A ideia é que os atendimentos sejam contínuos no local, tornando-se de fato um serviço essencial, para atender ocorrências de urgência e emergência a qualquer hora do dia e da noite, inclusive nos sábados e domingos, tudo em consonância com o princípio da continuidade, onde os serviços públicos devem ser prestados de maneira contínua, ou seja, sem parar.

“Precisamos urgente ter um equipamento de saúde veterinária com atendimento 24h. As ocorrências de acidente, atropelamentos e outras situações graves com os animais não tem hora para acontecer, por isso precisamos ter o serviço gratuito disponível para a população de forma contínua. Não podemos ver um equipamento como a AME Animal fechado por vários dias por causa de feriados e fins de semana, tem que ser visto como um serviço essencial, para sempre que precisar, saber que está lá disponível, principalmente para os que mais precisam, os tutores baixa renda, que não tem condições de levar para clínicas particulares. Vamos seguir firmes lutando pelas pessoas e pelos animais”, destacou Anderson.

Fernando Monteiro propõe rota turística do cangaço destacando Serra Talhada

O deputado federal Fernando Monteiro defende a aprovação do Projeto de Lei 4860/24, de sua autoria, que propõe a criação da Rota Turística do Cangaço, iniciativa que promete impulsionar o turismo em Serra Talhada (PE) e outras cidades historicamente ligadas ao cangaço. A proposta abrange municípios de Pernambuco, Sergipe e Alagoas, conectando pontos marcantes da história de Lampião e do cangaço.

Além de fortalecer a economia local, a rota destacaria atrativos como o Museu do Cangaço e o Sítio Passagem das Pedras, localizados em Serra Talhada, que são espaços fundamentais para a compreensão da cultura do cangaço e da literatura de cordel. Segundo Fernando Monteiro, a iniciativa ajudará a desenvolver o turismo e ampliar a visibilidade dessas cidades. “Contribuirá para dotar as cidades dos instrumentos de fortalecimento do turismo, ao mesmo tempo em que as tornarão conhecidas em todo o Brasil, estimulando a demanda turística por seus atrativos”, afirmou o parlamentar.

O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Turismo e de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados.

Apae Caruaru promove 2ª edição da Feijoada Beneficente

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Caruaru vai realizar mais uma edição da Feijoada Beneficente no dia 27 de abril. O evento será realizado no Espaço Renato Machado, a partir das 11h, e tem como propósito arrecadar recursos para que a instituição continue oferecendo atendimento qualificado às pessoas com deficiência intelectual e múltipla. No encontro, além de desfrutar da feijoada e de um buffet exclusivo, com refrigerante, sucos, água mineral e outros produtos, haverá show de Irah Caldeira com a Banda Cheiro de Sanfona e artistas convidados, como Onildo Almeida, Maestro Mozart e Valdir Santos.

“Toda a arrecadação será destinada ao fortalecimento das nossas ações, que têm buscado promover, cada vez mais, o suporte especializado, educação e a assistência social e de saúde às pessoas com síndrome de Down, Autismo, Microcefalia, paralisia cerebral e outras síndromes raras”, explica a 1ª diretora secretária da Apae Caruaru, Rosemere Aguiar. Interessados em participar e contribuir para a iniciativa, podem adquirir o ingresso individual, que custa R$ 130,00 ou as cotas de patrocínio do evento, que garantem: mesa para seis pessoas, aplicação da marca no telão, citação da marca no material de divulgação da feijoada, entre outros benefícios.

“Nossas expectativas são as melhores possíveis, pois estamos contando com a participação de uma média de 400 pessoas, além das empresas que estão apoiando nosso evento. Estaremos vendendo ingresso no dia também”, ressalta. A apresentação será do locutor Jaélcio Tenório e entre as atrações estará também o grupo de dança e de música da Apae Caruaru.

Serviço
2ª Feijoada Beneficente da Apae
Local – Espaço Renato Machado
Data – 27 de abril
Horário – 11h
Investimento –
Ingresso individual: R$ 130
Patrocínio cota prata: R$ 1.000
Patrocínio cota ouro R$ 2.000

Julgamento no STF ameaça mandatos de 7 deputados e provoca tensão com Alcolumbre

Por Malu Gaspar
Do Jornal O Globo

Um julgamento marcado para esta quinta-feira (13) no Supremo Tribunal Federal (STF) pode tirar o mandato de sete parlamentares e tensionar a relação da Câmara dos Deputados não só com a Corte, mas com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que tem interesse direto no que será decidido pelos 11 integrantes do tribunal.

O assunto a ser discutido no plenário da Corte são as regras das chamadas sobras de vagas eleitorais. As sobras são uma espécie de repescagem realizada depois de preenchidas todas as vagas na Câmara, pelas quais 7 deputados assumiram seus mandatos depois da eleição de 2022.

As novas regras na divisão das vagas foram consideradas inconstitucionais pelo STF em fevereiro do ano passado. O que se discute agora é se esse entendimento recente deve ou não retroagir , ou seja, já ser aplicado agora e levar ao fim do mandato dos deputados.

Caso o Supremo decida por retroagir, perdem o mandato imediatamente os deputados Augusto Pupio (MDB-AP), Gilvan Máximo (Republicanos-DF), Lázaro Botelho (PP-TO), Lebrão (União Brasil-RO), Professora Goreth (PDT-AP), Silvia Waiãpi (PL-AP) e Sonize Barbosa (PL-AP). Quatro deles são do Amapá de Alcolumbre.

Nesse caso, eles seriam substituídos por aliados do presidente do Senado, que ampliaria seu domínio sobre a bancada e o tabuleiro político local.

A possibilidade de os parlamentares perderem o cargo preocupa o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que tem feito uma peregrinação pelos gabinetes dos ministros do STF para convencê-los a preservar o mandato dos colegas, e não interferir na composição da Câmara, definida em eleição ocorrida em 2022.

O cálculo da discórdia
A controvérsia no Supremo gira em torno das sobras eleitorais, que são as vagas que restam depois da divisão pelo quociente eleitoral — um índice que é calculado a partir do número de votos recebidos e das vagas disponíveis. Uma lei de 2021 estabeleceu que só pode disputar as sobras o partido que tiver ao menos 80% do quociente eleitoral, e os candidatos que tenham obtido votos de ao menos 20% desse quociente.

Em 2022, três partidos – Rede, PSB e Podemos – alegaram ao Supremo que a mudança na regra feriu o pluralismo político e a igualdade de chances. O STF concordou com o argumento das siglas e invalidou as regras, por 7 a 4, em julgamento concluído em fevereiro do ano passado. Para a Corte, todas as legendas podem participar da divisão das sobras.

Em uma segunda votação naquele mesmo julgamento, com placar mais apertado (6 a 5), a Corte decidiu que o entendimento só deveria valer a partir de 2024, o que preservaria o mandato dos atuais parlamentares. Ou seja: a regra que os beneficiou foi anulada, mas eles seriam “poupados” porque a decisão do STF não teria efeitos retroativos – esse ponto da decisão contrariou Alcolumbre.

O julgamento opôs a atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, e o seu antecessor no comando da Corte Eleitoral, Alexandre de Moraes – enquanto Cármen votou para preservar o mandato dos sete parlamentares ameaçados, Moraes defendeu a anulação da posse deles.

Reviravolta
Agora, o plenário do Supremo volta a se reunir para discutir um recurso dos partidos que moveram as ações, que tem o objetivo de garantir a aplicação imediata da decisão da Corte. Na prática, isso levaria à perda do mandato dos sete parlamentares beneficiados pela regra que já foi considerada inconstitucional pelo STF.

A peça-chave do novo julgamento é o ministro Cristiano Zanin Martins, indicado ao cargo pelo presidente Lula, que vai votar no lugar do antigo relator do caso, Ricardo Lewandowski.

Atual ministro da Justiça de Lula, Lewandowski votou a favor de a decisão do STF só valer a partir de 2024, posição que acabou prevalecendo por maioria apertada – mas, na análise do recurso, Zanin já sinalizou que defende a aplicação imediata do entendimento da Corte, o que abre caminho para uma reviravolta no caso.

Isso porque o julgamento do recurso das legendas foi iniciado em junho de 2024 no plenário virtual da Corte, uma plataforma digital que permite a análise de casos sem que os ministros precisem se reunir presencialmente – e longe das transmissões ao vivo da TV Justiça.

Na ocasião, Zanin e outros cinco ministros – Moraes, Flávio Dino e três integrantes da ala chamada “Centrão do STF”, Gilmar Mendes, Kassio Nunes Marques e Dias Toffoli – votaram a favor da aplicação imediata da decisão do STF e da anulação da eleição dos sete deputados federais, indicando uma maioria a favor da mudança na composição da Câmara.

Mas a análise acabou interrompida à época por um pedido de destaque de André Mendonça, que tirou o caso do ambiente online e trouxe a discussão para o plenário físico da Corte, onde o julgamento do recurso será reiniciado do zero. Mendonça foi indicado ao STF por Jair Bolsonaro, cujo partido, o PL, corre o risco de perder duas cadeiras.

‘Precedente perigoso’
No memorial entregue aos ministros do STF, obtido pelo blog, a equipe jurídica dos parlamentares ameaçados afirma que a aplicação imediata da decisão abre um “precedente perigoso” e alega que o recurso das legendas tem “a nítida pretensão de rediscutir o mérito” de uma questão já julgada pelo STF.

“Toda e qualquer alteração do processo eleitoral, ainda que, em tese, venha para aperfeiçoá-lo, está submetida à cláusula da anualidade, precisamente em atenção à segurança jurídica eleitoral qualificada e à proteção de legítimas expectativas dos participantes do pleito”, diz o texto.

Para um influente interlocutor de Motta ouvido reservadamente pela equipe da coluna, “não dá para mexer com a regra do jogo, com o jogo concluído pela Justiça Eleitoral”. “A regra é a de que toda alteração eleitoral só vale para o futuro, justamente para evitar alterações casuísticas.”

Do outro lado, o PSB sustenta que o Supremo, para preservar o mandato dos atuais parlamentares, seriam necessários, no mínimo, oito votos para “modular” os efeitos da decisão, ou seja, para não retroagir.

“Isso porque o art. 27 da Lei nº. 9.868/1999 (que trata do julgamento de ação direta de inconstitucionalidade pelo STF) exige quórum qualificado de 2/3 (dois terços) para a modulação dos efeitos de decisões que declarem inconstitucionalidade em sede de controle concentrado, o que não foi observado”, sustenta a sigla, que seria diretamente beneficiada com a perda do mandato dos sete parlamentares.

STF encaminha para PGR manifestações de acusados de tentativa de golpe de Estado

Edifício-sede da PGR

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR), nesta quarta-feira (12), as respostas de defesa dos acusados do Núcleo 2 da investigação sobre tentativa de golpe de Estado no Brasil. Nas manifestações, os advogados rebateram pontos da denúncia apresentada contra eles nos autos da Petição (PET) 12100.

O Núcleo 2 é formado por Fernando de Sousa Oliveira, ex-secretário executivo de Segurança Pública do DF; Filipe Garcia Martins Ferreira, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro; o coronel do Exército Marcelo Costa Câmara; Marília Ferreira de Alencar, ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF;  o general da reserva Mario Fernandes, secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro; e Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal. Entre os crimes de que são acusados estão tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa.

O ministro aplicou a Lei 8.038/1990, que prevê que, caso a resposta prévia dos advogados à denúncia apresente novos documentos, a parte contrária, no caso a PGR, poderá se manifestar sobre eles em cinco dias.

As defesas dos integrantes dos Núcleos 1 e 3 foram encaminhadas pelo ministro à PGR no último sábado (8).

Confira a íntegra do despacho.

Mães vacinadas contra covid protegem bebês com aleitamento exclusivo

Brasília (DF), 01-08-2024 - Público participa do anúncio novas ações de apoio à amamentação no país, durante a solenidade de lançamento da campanha da Semana Mundial da Amamentação 2024, que este ano tem como tema

Um novo estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) analisou os benefícios da amamentação exclusiva no fortalecimento da imunidade dos bebês contra a Covid-19. A pesquisa, que envolveu mulheres vacinadas contra o vírus SARS-CoV-2, comprovou que o leite humano contém níveis significativos de anticorpos neutralizantes.

Mães vacinadas contra a Covid-19 que amamentam exclusivamente seus bebês transferem níveis mais elevados de anticorpos neutralizantes para o leite humano, ajudando a proteger seus filhos contra infecções pelo Sars-CoV-2.

O aleitamento materno exclusivo se dá quando os bebês são alimentados apenas com o leite materno, sem a necessidade de sucos, chás, água e outros alimentos líquidos ou sólidos.

“Os resultados representam um importante avanço no entendimento da imunidade passiva transferida por meio da amamentação e reforçam a recomendação dessa prática de forma exclusiva nos primeiros seis meses de vida”, afirma a pediatra e líder da pesquisa, Maria Elisabeth Moreira.

Resultados

O estudo analisou a amostra de mulheres vacinadas com duas ou mais doses de diferentes tecnologias de vacinas contra a Covid-19. O trabalho revelou que mães que amamentam exclusivamente apresentaram 22,6% de anticorpos neutralizantes no leite, contra 16,1% das que não amamentam exclusivamente. A descoberta é significativa, pois, no Brasil, a vacinação de bebês menores de seis meses ainda não está disponível, o que torna a amamentação uma ferramenta essencial para a proteção das crianças.

“Os anticorpos neutralizantes presentes no leite humano são uma defesa natural e eficaz contra o vírus, e a amamentação exclusiva potencializa essa proteção. Com a contínua evolução da pandemia, é essencial que as mães sigam as orientações de amamentação para garantir a segurança dos bebês”, avalia Elisabeth Moreira.

Os pesquisadores destacam que a tecnologia das vacinas (mRNA, Vírus Inativado ou Vetor Viral Não Replicante) não influenciou na quantidade de anticorpos neutralizantes presentes no leite humano, indicando que, independentemente do tipo de vacina recebida, a amamentação ainda é uma prática essencial para proteger os bebês contra a Covid-19.

Participaram também do estudo, os pesquisadores do IFF/Fiocruz, Yasmin Amaral, Antonio Egídio Nardi, Daniele Marano e Ana Carolina da Costa.

A expansão do aleitamento materno exclusivo é um objetivo importante para a saúde pública. A meta do Ministério da Saúde é de que, até 2030, 70% dos bebês de até 6 meses de idade recebam esse tipo de nutrição.

“Sou feminista e me orgulho de ser mulher”, diz nova presidente do STM

“Sou feminista e me orgulho de ser mulher”. Essas foram as primeiras palavras da presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministra Maria Elizabeth Rocha, ao assumir o cargo nesta quarta-feira (12).

As declarações da ministra foram feitas durante discurso de posse na presidência da Corte militar. Primeira mulher a ocupar o cargo em 217 anos de história do tribunal, a ministra terá mandato de dois anos.

No discurso,  Elisabeth Rocha afirmou que as mulheres brasileiras têm um “sonho de igualdade” e ressaltou que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo.

Para a presidente, apesar dos avanços conquistados pelas mulheres, é longo o caminho para a construção de um país livre de constrangimentos e asfixias sociais.

“Conviver em uma sociedade na qual sejam superadas todas as formas de discriminação e opressão é um ideal civilizatório de convivência entre humanos”, afirmou.

Mulheres na Justiça 

A presidente também defendeu maior presença de mulheres em cargos de comando do Judiciário brasileiro.

“Costumo dizer que se a Deusa Themis desvendasse os olhos, encontraria poucas de seu gênero na judicatura pátria. Entre calvas circunspectas, barbas esbranquiçadas, ternos e gravatas, veria ela, em algumas poucas togas, traços femininos”, ressaltou.

Inclusão

A presidente também defendeu a inclusão de grupos vulneráveis e a eliminação da violência.

“Em um contexto de legitimidade, sua concretização não pode ser considerada válida se alija e menoscaba a participação daqueles em situação concreta de vulnerabilidade díspar, como é o caso das mulheres, dos afrodescendentes, dos indígenas, da população LGBTQIAP+, dos hipossuficientes, dentre outros segmentos populacionais e de classe”, completou.

Lula

A nova presidente do STM também agradeceu ao presidente Lula pela nomeação, ocorrida em 2007, e disse que a magistratura “permanece esperançosa” na nomeação de mulheres para cargos no Judiciário. No sábado (8), Dia Internacional da Mulher, o presidente nomeou a advogada Verônica Sterman para o Tribunal.

“Gratidão que se estende ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que me indicou e nomeou no Dia Internacional da Mulher, em seu segundo mandato no ano de 2007”, concluiu.

Brasília (DF), 12/03/2025 - Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva participa da solenidade de posse da ministra Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha no cargo de Presidente do Superior Tribunal Militar. Foto: José Cruz/Agência Brasil
Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva participou da solenidade de posse da ministra Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha no cargo de Presidente do Superior Tribunal Militar

Perfil

A ministra compõe o STM desde 2007, quando foi indicada durante o primeiro mandato do presidente Lula. Ela é a primeira mulher nomeada para o tribunal militar em 217 anos de funcionamento do órgão.

Entre 2013 e 2015, a ministra chegou a assumir temporariamente a presidência do STM, mas para um mandato-tampão.

Maria Elizabeth é natural de Belo Horizonte e é formada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). A ministra também é doutora em Direito Constitucional pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O STM é composto por 15 ministros, sendo cinco civis e dez militares, cujas cadeiras estão distribuídas entre quatro vagas destinadas ao Exército, três à Marinha e três à Aeronáutica.