Moraes autoriza STF a julgar militares envolvidos no 8 de janeiro

Fachada do edifício sede do Supremo Tribunal Federal - STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) poderá investigar e julgar militares suspeitos de envolvimento nos atos que resultaram na invasão da sede dos Três Poderes em 8 de janeiro, em Brasília. Ele também abriu investigação sobre a participação de membros das Forças Armadas e da Polícia Militar do Distrito Federal suspeitos de participação no movimento.

“Fixo a competência do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar os crimes ocorridos em 8/1/2023, independentemente de os investigados serem civis ou militares e defiro a representação da Polícia Federal e autorizo a instauração de procedimento investigatório para apuração de autoria e materialidade de eventuais crimes cometidos por integrantes das Forças Armadas e polícias militares relacionados aos atentados contra a democracia que culminaram com os atos criminosos e terroristas do dia 8 de janeiro de 2023”, escreveu o ministro na decisão.

O ministro autorizou a abertura de processo do STF ao analisar um pedido da Polícia Federal (PF) para investigar a conduta de militares. Segundo a PF, existe a suspeita de participação e de omissão de militares do Gabinete de Segurança Institucional e do Batalhão da Guarda Presidencial, baseada em depoimentos de policiais militares do Distrito Federal ouvidos pela quinta fase da Operação Lesa Pátria.

Ao justificar a competência do STF em vez da Justiça Militar para julgar o caso, Moraes argumentou que os crimes sob investigação estão previstos no Código Penal e que a lei não distingue investigados civis e militares. “A responsabilização legal de todos os autores e partícipes dos inúmeros crimes atentatórios ao Estado Democrático de Direito deve ser realizada com absoluto respeito aos princípios do devido processo Legal e do Juiz Natural, sem qualquer distinção entre servidores públicos civis ou militares”, destacou Moraes.

Moraes argumentou ainda que o próprio Supremo já decidiu que o Código Penal Militar não abrange crimes civis. “O Código Penal Militar não tutela a pessoa do militar, mas sim a dignidade da própria instituição das Forças Armadas. Conforme pacificamente decidido por esta Suprema Corte ao definir que a Justiça Militar não julga crimes de militares, mas sim crimes militares”, acrescentou o ministro.

Os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro são investigados pelos seguintes crimes: atos terroristas, ameaça, perseguição, dano, incitação ao crime, incêndio majorado, associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado.

Líderes indígenas e viúvas de Dom e Bruno voltam à região do crime

Atalaia do Norte (AM), 27/02/2023 - Comitiva do governo federal visita a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), para anunciar a retomada de ações de proteção a povos indígenas. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Nesta segunda-feira (27), líderes da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que vivem sob ameaça de morte voltaram a Atalaia do Norte, no Amazonas, pela primeira vez, desde o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, em junho de 2022. Dom e Bruno reuniam provas contra criminosos do Vale do Javari e pretendiam denunciá-los às autoridades, em um caso que ganhou repercussão mundo afora.

Os representantes da Terra Indígena do Vale do Javari estiveram com autoridades do governo federal, com o objetivo de marcar a unidade de forças com o poder público, em defesa dos povos que habitam a região.

Atalaia do Norte (AM), 27/02/2023 - A presidente da FUNAI, Joênia Wapichana (e), a esposa do indigenista Bruno Pereira, Beatriz de Almeida (c), e a esposa do jornalista Dom Phillips, Alessandra Sampaio (d). Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Atalaia do Norte (AM), 27/02/2023 – A presidente da Funai, Joênia Wapichana (E), a esposa do indigenista Bruno Pereira, Beatriz de Almeida (C), e a esposa do jornalista Dom Phillips, Alessandra Sampaio (D) – Marcelo Camargo/Agência Brasil

Também estiveram na sede da Univaja as viúvas de Dom e Bruno, respectivamente, Alessandra e Beatriz Matos, que assumiu, há cerca de duas semanas, o cargo de diretora do Departamento de Proteção Territorial e de Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato, no Ministério dos Povos Indígenas.

Do mesmo modo que os líderes, Alessandra e Beatriz alegaram ter tido medo para justificar o afastamento do local e disseram que a viagem só foi possível por um esquema de proteção de forças de segurança.

Também presente, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou que a disposição do governo Lula para avançar em pautas do movimento indígena é “um estado de oportunidade”. Como exemplo, a ministra citou o fato de haver, pela primeira vez, no comando da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) uma líder indígena mulher, Joenia Wapichana.

Sonia Guajajara ressaltou que isso ganhou repercussão mundial. Em um discurso que provocou aplausos de indígenas de diversos povos, a ministra disse que vai levar a cabo a mensagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para retirar todos os invasores de terras indígenas. “Não é possível mais que vivam acuados no próprio território”, afirmou.

Uma das metas que o governo Lula vai perseguir é dar fim à impunidade, o que se relaciona com o prosseguimento de investigações “de todos os crimes contra indígenas na região”, destacou a ministra.

Além disso, a força-tarefa que surgiu por iniciativa da Univaja cobra a presença permanente de agentes de segurança pública no Vale do Javari.

Conquista do voto feminino completou 91 anos

Fachada prédio TSE - 24.02.2023

No Brasil, em 24 de fevereiro de 1932, as mulheres passaram a ter a prerrogativa de participar da escolha dos representantes políticos por meio do voto. O direito só foi reconhecido por meio do Decreto nº 21.076, do então presidente Getúlio Vargas.

Com a instituição do Código Eleitoral, também naquele ano foi criada a Justiça Eleitoral. Já em maio de 1933 foi eleita a Assembleia Constituinte para aprovar uma nova Constituição, que incorporou o sufrágio feminino para maiores de 18 anos, alfabetizadas, sem restrição ao estado civil e somente obrigatório para as servidoras públicas.

Conquista do voto feminino completa 91 anos nesta sexta - 24.02.2023

Já a Constituinte de 1946, promulgada em 18 de setembro, tornou obrigatório o voto para homens e mulheres alfabetizados de todo o país. Em 1988, a Constituição estendeu o direito de voto a homens e mulheres analfabetos. Em 2015, foi instituída a Lei 13.086, em que foi decretado o Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil, celebrado todo dia 24 de fevereiro. Para saber mais detalhes sobre o processo histórico do sufrágio feminino, basta acessar a página do TSE.

Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes, durante a sessão plenária desta quinta (23), lembrou a data, ressaltando que o Brasil foi “um dos primeiros países do mundo a universalizar o voto, inclusive para todas as mulheres”. Ele também destacou que, em 91 anos, a Justiça Eleitoral é fundamental para a construção contínua da democracia no Brasil, e que é “importante lembrarmos e comemorarmos” sempre o dia 24 de fevereiro de 1932.

Assista ao vídeo no canal do TSE.

Curiosidade

Conquista do voto feminino completa 91 anos nesta sexta - 24.02.2023

Embora o voto feminino somente tenha sido instituído no Brasil com o Código de 1932, no dia 25 de novembro de 1927, na cidade de Mossoró (RN), o nome de Celina Guimarães Vianna foi incluído na lista dos eleitores do Rio Grande do Norte. Assim, ela se tornou a primeira eleitora do país – e da América Latina –, alistando-se aos 29 anos de idade. Isso foi possível a partir do advento da Lei nº 660/1927, que estabeleceu que, no estado potiguar, não haveria distinção de sexo para o exercício do voto.

Presença parlamentar

Noventa e um anos após o advento do voto feminino, as mulheres são hoje a maioria do eleitorado brasileiro. De outro lado, contudo, a representação política feminina segue, desde o princípio, sendo baixa. Na legislatura da Câmara dos Deputados de 1950-1954, a presença feminina foi de apenas 0,3%, entre os 326 deputados. No registro de 1995-1999, essa porcentagem foi para 7%, entre os 513 parlamentares eleitos. Devido a esse histórico, a luta pela inclusão da mulher é pauta em toda eleição.

Para o pleito de 2022, por exemplo, foi aprovada a Emenda nº 117, em 5 de abril de 2022, que determina aos partidos políticos a aplicação de recursos do Fundo Partidário na promoção e difusão da participação política das mulheres. Além disso, obriga a aplicação de recursos desse fundo e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (Fundo Eleitoral), bem como a divisão do tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão, no percentual mínimo de 30% para candidaturas femininas.

Norma deve ser cumprida por todos os partidos

O TSE atua diretamente para garantir o cumprimento da cota de gênero. Nas Eleições 2022, o tema foi tratado na Resolução nº 23.675/2021. Além de reforçar a questão da proporcionalidade entre candidatas e candidatos, a legislação deixa claro o possível indeferimento do pedido de registro de candidatura do partido político ou da federação quando não forem respeitados os limites mínimo e máximo das candidaturas de cada gênero e/ou não sejam observados os limites máximo e mínimo de candidaturas por sexo.

TSE Mulheres

A página TSE Mulheres traz todo o histórico sobre o voto feminino e apresenta também informações constantemente atualizadas sobre a participação da mulher no âmbito eleitoral. Em 2022, do total de candidatos, 34% foram mulheres. Já entre os eleitos, elas representaram 18%, sendo que as reeleitas totalizaram 14%.

Nas Eleições 2022, 311 mulheres se elegeram. O número é aproximadamente 2% maior do que o do pleito de 2018, quando 287 candidatas foram escolhidas pelo eleitorado. A quantidade de candidaturas também aumentou em torno de 2%: hoje, elas são 34% do total de candidatos.

Inscrições para primeira seleção de 2023 do Prouni começam nesta terça-feira (28)

Estudantes chegam ao Centro Universitário do Distrito Federal, para o segundo dia de prova do Enem 2020

As inscrições para a primeira seleção de 2023 do Programa Universidade para Todos (Prouni) começam na próxima terça-feira (28) e vão até 3 de março. Serão ofertadas 288.112 bolsas, das quais, 209.758 integrais e 78.354 parciais. O resultado da primeira chamada está previsto para 7 de março.

O Ministério da Educação (MEC) publicou todas as informações sobre as vagas disponíveis para que os interessados em disputar uma bolsa possam consultar, com antecedência, as opções ofertadas para todo o país. De acordo com o MEC, são 14.346 cursos de graduação de 995 instituições privadas de ensino superior em todos os estados e no Distrito Federal.

A consulta está disponível na página do Prouni, no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior. A busca pode ser realizada por tipo de bolsa (integral e parcial), modalidade (presencial e a distância), curso, turno, instituição e localidade do campus. Os estados com maior número de bolsas ofertadas são São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro.

Quem fez as provas de 2022 ou de 2021 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode participar do Prouni – considera-se a edição em que o estudante tiver obtido a melhor média de notas. É necessário atingir, no mínimo, 450 pontos na média das notas e ter nota acima de zero na redação. Outra exigência é não ter participado do Enem na condição de treineiro.

Para obter uma bolsa integral, o candidato deve comprovar renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até um salário mínimo e meio; e para a bolsa parcial (50%), a renda familiar bruta mensal deve ser de até três salários mínimos por pessoa da família.

Requisitos

O Prouni é um programa de acesso ao ensino superior que oferece bolsas de estudo integrais e parciais em instituições particulares de ensino superior para aqueles que nunca concluíram um curso de graduação.

Aberta inscrição para 52º Concurso Internacional de Redação de Cartas

Alunos, Computador

Imagine que você é um super-herói e sua missão é tornar as estradas mais seguras para as crianças. Então, escreva uma carta para alguém explicando quais superpoderes você precisa para cumprir sua missão. 

Esse é tema deste ano da 52ª edição do Concurso Internacional de Redação de Cartas. Podem participar estudantes de até 15 anos de escolas públicas e particulares de todo o país.

No Brasil, o evento é realizado pelos Correios e desenvolvido em três fases: escolar, estadual e nacional. A quarta etapa, a internacional, é conduzida pela União Postal Universal.

O objetivo é incentivar a criatividade, o desenvolvimento linguístico e a afetividade de crianças e adolescentes a partir da escrita de cartas, que podem ser dos mais variados tipos.

É o que explica a gerente Corporativa dos Correios, Luciana Ramos da Silva. “Então prevê crianças que escolheram poema, outras formato cordel. Então é legal ver como isso que é trabalhado pelos próprios colégios. Então há essa criatividade ainda, é uma questão mesmo de poder dar uma vazão para as crianças poderem trabalhar isso aí”.

Além do imaginário, segundo Luciana Ramos, as cartas mexem com a emoção. “É muito legal também, a gente recebe o vocabulário, o jeito que elas apresentam. A gente tem muita inteligência dentro dessas crianças, então, assim, isso é muito legal, a gente fica muito emocionado. Tem cartas que os jurados realmente se sentem emocionados como as crianças conseguem colocar toda essa noção no texto.”

Os vencedores deste ano vão receber na etapa estadual, premiações entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil. Já na fase nacional, o prêmio varia entre R$ 10 mil e R$ 10,5 mil.

No ano passado, o concurso recebeu mais de 1600 cartas, de quase 900 escolas. Os Correios participaram de quase todas as 51 edições anteriores, desde 1972. O Brasil já ganhou três medalhas de ouro, duas de prata e duas de bronze. Na classificação internacional, o país ocupa a segunda posição, atrás apenas da China.

Para participar do concurso, o estudante deve procurar a escola. As inscrições começaram nesta quinta-feira (23) e vão até 23 de março. Mais informações no site dos Correios.

Bombeiros encontram última pessoa desaparecida em São Sebastião

São Sebastião (SP), 22/02/2023, Casas destruídas em deslizamentos na Barra do Sahy após tempestades no litoral norte de São Paulo.

O Corpo de Bombeiros confirmou, na tarde deste domingo (26), que foi encontrada a última pessoa desaparecida nos deslizamentos na Barra do Sahy, em São Sebastião, no litoral norte paulista. Com isso, o número de mortes devido aos temporais do último fim de semana chega a 65, sendo 64 em São Sebastião e uma em Ubatuba. 

Os bombeiros estão agora fazendo um levantamento para confirmar com as polícias Civil e Militar, assim como associações de moradores, se ainda há pessoas consideradas desaparecidas e, assim, decidir se encerram os trabalhos de resgate.

Temporais 

No sábado 18) e domingo (19) da semana passada atingiram a região 682 milímetros de chuva, provocando enxurradas e deslizamentos. Vários bairros ficaram ilhados durante o carnaval devido aos danos causados à Rodovia Rio-Santos, só podendo ser acessados por helicópteros e barcos. A situação causou ainda falta de água e energia elétrica em diversos pontos do município.

Nas primeiras horas, os trabalhos de resgate foram feitos pelos próprios moradores da Barra do Sahy, bairro mais atingido pelos deslizamentos, uma vez que as equipes dos bombeiros e da Defesa Civil tiveram dificuldade de acesso à área. Sobreviventes e corpos das vítimas foram levados para a sede de uma organização não governamental, até que as equipes profissionais de socorro pudessem alcançar o local.

O último boletim divulgado pelo governo estadual, no fim da manhã deste domingo, informava que haviam sido identificados e liberados para sepultamento, os corpos de 55 pessoas – 20 homens, 17 mulheres e 18 crianças. As enxurradas e os deslizamentos de terra deixaram ainda 2.251 desalojados e 1.815 desabrigados na região.

No Hospital Regional do Litoral Norte, em Caraguatatuba, estavam internadas, 11 pessoas feridas nos temporais.

Vacina bivalente contra a covid-19 começa a ser aplicada nesta segunda

Vacinação drive thru na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), zona norte do Rio. A cidade do Rio de Janeiro retoma hoje (25) sua campanha de aplicação da primeira dose da vacina contra a covid-19 em idosos da população em geral.

O Ministério da Saúde começa a aplicar nesta segunda-feira (27), em todo o país, a vacina bivalente contra a covid-19. Segundo a pasta, o imunizante melhora a imunidade contra o vírus da cepa original e também contra a variante Ômicron, e possui perfil de segurança e eficácia semelhante ao das vacinas monovalentes.

Inicialmente, a vacina será aplicada somente nos grupos de risco. Conforme divisão anunciada pelo ministério, a imunização será feita na fase 1 em pessoas acima de 70 anos de idade, imunocomprometidos, indígenas, ribeirinhos e quilombolas; na fase 2, pessoas com idade entre 60 anos e 69 anos de idade; na fase 3, gestantes e puérperas; e na fase 4, profissionais de saúde.

No Brasil, duas vacinas bivalentes, ambas produzidas pelo laboratório Pfizer, receberam autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial. Elas são indicadas como dose única de reforço para crianças e adultos, após dois meses da conclusão do esquema vacinal primário, ou como última dose de reforço.

O ministério reforça que as vacinas monovalentes contra a covid-19 seguem disponíveis em unidades básicas de Saúde (UBS) para a população em geral e são classificadas como “altamente eficazes contra a doença”, garantindo grau elevado de imunidade e evitando casos leves, graves e óbitos pela doença.

“A aplicação da bivalente não significa que as vacinas monovalentes não continuam protegendo. Elas continuam protegendo, mesmo para a variante Ômicron, mas, claro, tendo a possibilidade de uma vacina desenhada mais especificamente para a variante circulante, a tendência é termos uma melhor resposta”, reforçou o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha.

TJPE declara inconstitucionalidade de leis de Goiana que transformaram vigilantes em guardas municipais

Em decisão unânime, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) declarou a inconstitucionalidade do artigo 8º da Lei Complementar nº 012/2001 e do artigo 76 da Lei Municipal nº 2.042/2007, ambas do Município de Goiana, por terem promovido a ascensão funcional de servidores ocupantes do cargo de vigilantes ao novo cargo de guarda municipal sem a devida realização de concurso público. De acordo com a Corte, a promoção dos servidores ao novo cargo burlou a exigência ao concurso público e afrontou os princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade previstos no artigo 37, II, da Constituição Federal de 1988, e no artigo 97, caput, da Constituição de Pernambuco. Proposta pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 0005554-38.2018.8.17.0000 foi julgada no dia 23 de janeiro e teve como relator o desembargador Erik Simões. O município ainda pode recorrer da decisão colegiada.

 

Além das normas constitucionais, o relator ainda citou jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) em seu voto. “A Súmula Vinculante nº 43 do Supremo Tribunal Federal já consolidou entendimento no sentido de que ‘É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido’. Compulsando os fólios, observa-se que o cargo de Guarda Municipal não integra a carreira do cargo de Vigilante, sendo certo que as atividades funcionais atribuídas aos referidos cargos são diversas, não se tratando de nova denominação”, escreveu o desembargador Erik Simões no voto.

 

A comparação das atribuições dos cargos de vigilante e de guarda municipal foram analisadas pelo relator e pelos demais desembargadores. “Da simples leitura das atribuições dos cargos de Vigilante e de Guarda Municipal, vislumbra-se manifestamente a ascensão funcional de servidor público, ao arrepio das disposições constitucionais indicadas pela Procuradoria-Geral de Justiça, sobretudo em face de evidente necessidade de atendimento a requisitos diversos para a investidura de cada cargo, com a exigência de conteúdos muito mais amplos para o exercício da função de Guarda Municipal. (…) Estamos diante de um novo cargo, com atribuições diversas, cujo provimento haveria de se dar mediante um novo concurso público”, fundamentou o desembargador Erik Simões.

 

Desembargador federal recebe Cidadania caruaruense

Na noite da sexta-feira (24), a Casa Jornalista José Carlos Florêncio reuniu autoridades para homenagear o relevante trabalho realizado em Caruaru pelo Desembargador Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, que recebeu Título de Cidadania a partir de uma propositura do vereador Leonardo Chaves (PSDB). A instalação em 2004 da 16° Vara Federal do estado – a primeira de Caruaru – e sua importância para o Agreste, foram os destaques do trabalho realizado pelo homenageado no município. O Procurador da Alepe, Braga Sá, também foi citado pela exemplar atuação que promoveu os avanços da pasta jurídica em Caruaru.

Natural de Recife, o senhor Élio Wanderley é formado em administração de empresas, bacharel em direito, professor, escritor e desembargador do Tribunal Federal Regional da 5° região. Em sua fala na tribuna, o autor do decreto, Leonardo Chaves, relembrou sua importante trajetória e afirmou: “este é um pleito de gratidão a uma grande personalidade que contribuiu para o crescimento da nossa cidade.”

O homenageado agradeceu em seu discurso a cidade que o acolheu e a Câmara Municipal que o prestigiou com o Título. 

O Procurador Executivo de Caruaru, Bruno Bacelar, o Presidente da OAB Caruaru, Fernando Jr, e o Procurador da Alepe, Braga Sá, também subiram à tribuna para prestar homenagens. Braga falou, emocionado, do trabalho desenvolvido em Caruaru, relembrou a integridade e ética do pai de Élio e mencionou sobre o futuro promissor que o desembargador está construindo.

Compareceram também à cerimônia o Desembargador da Justiça Federal Francisco Alves dos Santos Júnior, o Chefe da Delegacia da Polícia Rodoviária Federal em Caruaru, Gisomar Fabiano Araújo Moura Silva, o Procurador Geral da Alepe, Hélio Lúcio Dantas, o Gerente Executivo do INSS Caruaru, Sidney Bezerra Torres e a Procuradora do Ministério Público Federal de Caruaru Marelisa de Oliveira Breuni.

Fernando Lyra é inspiração

Por Wolney Queiroz*

No bojo das justas homenagens ao inesquecível Fernando Lyra, atrevo-me a juntar uma singela, porém sincera, contribuição.

Eu era criança quando conheci Fernando Lyra, portanto, sempre o vi com admiração. Sob ótica infantil, Fernando era, além de adulto, o melhor dos adultos, visto que os demais sempre estavam em roda para escutá-lo.

Tanto ele quanto meus pais tinham apartamento no famoso edifício Marlin, na praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes. Fernando e Márcia, moravam no 101 e meus pais, em cima, no 201. “Menino, pelo amor de Deus, pisa devagar para não incomodar Fernando”, era a frase que eu e meu irmão, Wolmer, ouvíamos de mamãe todos os dias.

Eu tinha sete ou oito anos de idade e três coisas são absolutamente marcantes nas memórias que tenho dele: o fio de telefone de uns vinte metros, que possibilitava que o aparelho passasse da sala de jantar à de sala de estar e à varanda (não havia telefone sem fio nessa época); o cheiro agradável de colônia Eau Sauvage, Cristian Dior; e o charmoso hábito de virar rapidamente o rosto para a esquerda, enquanto piscava os dois olhos e arrumava a gola da camisa com a mão direita.

Com sua eloquência e gestual, Fernando me hipnotizava. Como eu gostava de quando papai dizia: “Vou lá embaixo, conversar com Fernando” e perguntava “Quer ir?” Eu não perdia uma!

O ano era 1986, eu já era adolescente, Fernando Lyra liderava o grupo político do qual fazíamos parte. Deputado federal de muitos mandatos, respeitado por suas posições e sobretudo pela sua verve, Fernando era venerado pelos jornalistas estaduais e nacionais. E muito mais ainda por nós, seus liderados.

Ouvir as suas opiniões sobre o cenário político-eleitoral, seus causos e sua vivência no parlamento eram um deleite para mim, que àquela altura já ambicionava uma carreira política.

Fernando era nosso farol. Já houvera sido ministro da justiça de Tancredo Neves e estava num patamar que nenhum dos seus contemporâneos e conterrâneos ousava imaginar chegar.

Três anos depois, Fernando migrava para o PDT, vindo a ser candidato a vice-presidente da república de Leonel Brizola. Todos nós o acompanhamos nessa travessia partidária – deixando o PMDB e cerrando fileiras no trabalhismo – embora só eu e Zé Queiroz tenhamos permanecido no partido de Brizola.

Fernando era a síntese do que, pra mim, significava o bom político: coerente e respeitado, era bem relacionado e com posições firmes. Todavia, o seu ponto forte era sua sagacidade e lucidez na leitura dos acontecimentos e cenários políticos.

No ano de 1992, meu pai, Zé Queiroz, vencia, sem o apoio dos Lyra, as eleições para o seu segundo mandato como prefeito de Caruaru. Naquela eleição eu me elegi vereador.

No ano seguinte, iniciou-se uma briga política que logo descambou para o campo pessoal. Os Queiroz e os Lyra passaram a ser dois grupos políticos diferentes e antagônicos.

Embora a paz seja melhor que a guerra, foi graças à essa última que eu pude disputar e ganhar minha primeira eleição de deputado federal, em 1994, aos 21 anos de idade. Fernando também se elegeu, ele para o seu sexto mandato, mas devido à briga, não nos falávamos. Sequer nos cumprimentávamos.

Um dia, no início do mandato, eu fui entrevistado pelo jornalista Carlos Monforte no Bom dia Brasil, da TV Globo. Quando foi à noite, o jornalista Magno Martins me telefonou dizendo: “Olha, falei com Fernando Lyra e ele elogiou tua entrevista. Disse que você rapidamente se consolidaria em Brasília”.

Para mim, aquilo era a dupla glória. Primeiro a entrevista à Globo, numa quarta-feira de manhã. E depois, tão ou mais importante, a aprovação do meu adversário.

A nossa briga durou mais alguns anos, até que no primeiro semestre do ano 2000, chegamos à conclusão que separados perderíamos a eleição para Tony Gel. Era necessário superar as desavenças e diferenças para conseguir vencer o adversário comum.

O escritório do jornalista Zé Nivaldo e do publicitário Marcelo Teixeira era o terreno “neutro” para a primeira conversa entre João Lyra e Zé Queiroz depois de anos de troca de acusações e insultos. Temendo um desfecho desagradável, eu fui ao escritório de Fernando, no edifico Sete, também na Ilha do Leite, em Recife. Conversamos muito.

Fernando discorreu longamente sobre a trajetória comum aos dois grupos, contou histórias, e ressaltou a importância de nos unirmos, nos reagruparmos, para manter o comando da nossa cidade. Aquela foi a minha primeira conversa com Fernando Lyra de homem para homem. Conversa franca, direta e sem testemunhas.

Saímos do seu escritório no mesmo carro e chegamos juntos à sede da Makplan, para perplexidade de João Lyra, Zé Queiroz, Zé Nivaldo e Marcelo Teixeira, que aguardavam a nossa chegada (separados, claro) para o início da reunião.

A união foi feita, o candidato tertius foi Jorge Gomes, porém mesmo unidos, perdemos para Tony Gel. A partir dali, passei a ter bom convívio com Fernando, o que perdurou até o seu falecimento.

Teria muito mais a dizer das qualidades políticas e humanas de Fernando Lyra. O que palavras não podem traduzir são o quanto Fernando Lyra inspirou e iluminou, não apenas a minha carreira, mas toda uma geração de filhos da Democracia.

*Secretário-executivo do Ministério da Previdência