Bailarino faz ‘vaquinha’ para realizar sonho

 Jaciara Fernandes

Dificilmente existe quem nunca ouviu a frase de otimismo “nunca desista dos seus sonhos!” Foi ouvindo essas palavras e as repetindo continuadamente que o hoje bailarino Wemerson Jheyvson está prestes a realizar um sonho: dançar em palco fora do Brasil. O que depende dele o projeto pessoal e profissional está prestes de ser concretizado, mas ele esbarra na falta de dinheiro para garantir a sua ida ao exterior. Sem vergonha de falar sobre a sua história de vida e de contar com a solidariedade de amigos, ele está realizando uma ‘vaquinha’ on-line e as coisas estão começando a mudar, para o rumo certo.

A viagem, que está marcada para o dia 11 de abril e com retorno para Caruaru em 11 de julho próximo, está orçada em R$ 15 mil, incluindo passagens aéreas, seguro saúde, alimentação e algumas despesas que, naturalmente, surgem. Felizmente a estadia ficará por conta da academia de dança que o acolherá.

A dança entrou na vida de Wemerson quando ele ainda era bastante jovem, tendo, inclusive, passado pelo teatro. Tendo sido aprovado na primeira fase no curso de Licenciatura em Dança pela Universidade Federal de Pernambuco, ele praticamente foi obrigado a não seguir em frente porque houve uma mudança no horário de trabalho, uma vez que é servidor público de Caruaru há seis anos. O bailarino não sabe informar ao certo quando começou a dançar, mas tem algumas recordações. “Eu era tão pequeno que não conseguia dá os passos certos, são memórias vagas”, contou.

Com o passar do tempo, Wemerson foi conhecendo profissionais de referência na dança, a exemplo do dançarino e coreógrafo Marcos Mercury, com quem, lá atrás, em 2007, participou do espetáculo de dança contemporânea “Armário”, que tinha poesias de Djair Vasconcelos. Junto à amiga Leila Cristina, teve a oportunidade de ensinar em uma escola de dança na cidade de Santa Cruz do Capibaribe. “Leila trabalhava no Studio de Danças Sinara Kataline, aqui em Caruaru, e conseguiu uma bolsa para mim. Serei eternamente grato a ela”, lembrou.

O primeiro ano foi praticamente um processo para quebrar com o preconceito de que só mulher pode dançar balé. Filho de Severino Bernardo, um metalúrgico já falecido, e de Maria Ilda da Silva, de 58 anos, ele recebeu dentro da própria casa o apoio para dançar na ponta do pé. Era a força que estava precisando.

Wemerson Jheyvson tem orgulho de dizer que integra o programa de intercâmbio firmado entre a Marcelos Move Dance School, localizada na Suíça, e o Studio de Danças Sinara Kataline, onde atua como aluno e professor. Trata-se do Projeto CH Dança Corpos Híbridos, o qual exige, no mínimo, seis horas diárias de muito trabalho.

Tanto esforço não foi em vão, pois ele é o primeiro contemplado pelo projeto e foi selecionado para um bolsa de estudos que terá duração de três meses em um dos principais berços da dança em todo o mundo. A possibilidade de ter uma experiência fora do Brasil surgiu com a disponibilidade do próprio Marcelo Pereira, brasileiro radicado há muitos anos na Europa, e a sensibilidade da bailarina Sinara Kataline. “Acredito que nada é por acaso. Sinara apareceu na minha vida como um anjo protetor”, expressou sua gratidão.

Sem nunca esquecer seu país de origem, Marcelo costuma fazer cursos de férias em academias localizadas em vários Estados, inclusive, em Pernambuco, Caruaru está no cronograma dele. “A seleção na qual fui aprovado foi feita pelo próprio Marcelo. Senti uma emoção e nervosismo indescritíveis”, contou.

Tudo é levado em consideração numa “peneira” tão rigorosa, passando pela técnica, performance e presença de palco, entre outros pré-requisitos. Experiência de palco ele já soma algumas, a exemplo dos grandes festivais de fim de ano realizados pelo Studio de Sinara Kataline, as três participações nos shows da baiana Margareth Menezes e os espetáculos que já encenou através do Teatro Experimental de Arte (TEA).

O intercâmbio que terá sede na cidade de St. Gallen também terá apresentações na Áustria, além da Suíça, com uma grade que contempla o balé clássico, o jazz e a dança contemporânea. Para abraçar a causa e contribuir na realização do sonho do bailarino, basta depositar qualquer quantia acessando a página https://www.vakinha.com.br/vaquinha/me-ajude-a-dancar-na-suica.

 

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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