O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), minimizou as críticas que tem sofrido ao longo das últimas semanas do presidente Jair Bolsonaro. Entre as ofensas dirigidas ao magistrado, o chefe do Executivo já se referiu a ele como “idiota”, “tapado”, e “filho da p*”.
“Ataques pessoais eu ignoro, trato com a indiferença possível. Não sou ator político. Não participo de bate boca, não paro para discutir miudezas. Eu sou um ator institucional, só atuo quando considero importante proteger as instituições, porque essa é a causa da minha geração, que foi a conquista e a preservação da democracia, e não me desvio desse caminho por nada, e acho que a sociedade brasileira está madura o suficiente para não aceitar qualquer tipo de desvio institucional que, aliás, nos tornaria párias mundiais”, frisou Barroso.
A declaração dele foi dada durante um evento organizado pela XP Investimentos, nesta quarta-feira (25). Barroso também falou sobre voto impresso, um dos motivos de maior desavença entre Bolsonaro e ele. O ministro sempre se colocou contra essa pauta por entender que as urnas eletrônicas são seguras e que instituir um mecanismo de votação com papel colocaria em risco as eleições do país, ao contrário do que defende o presidente da República.
Recentemente, a Câmara dos Deputados rejeitou uma proposta de emenda à Constituição que buscava implementar o voto impresso já para as eleições de 2022. “O país tem tantos problemas. Inflação fugindo de controle, desemprego batendo recordes, desinvestimentos, juros subindo, e a gente discutir voto impresso é uma total perda de foco, porque estamos discutindo algo em que não há problema”, lamentou o magistrado.
Barroso voltou a afirmar que as urnas eletrônicas não são suscetíveis a invasões. “Desde 1996 nós utilizamos urnas eletrônicas. Elegemos o Fernando Henrique Cardoso para o segundo mandato, o Lula para dois mandatos, a Dilma Rousseff para dois mandatos e o Bolsonaro, inclusive com alternância no poder em diferentes momentos. Nunca se documentou alguma fraude. Quem disse que tinha provas não as apresentou. O sistema é totalmente seguro e auditável em todos os seus passos”, garantiu.
“Tudo é transparente, seguro e auditável. Nós trabalhamos pela democracia brasileira, não trabalhamos para candidato algum”, acrescentou o ministro, que também disse que, “ao contrário do que possa parecer, o voto impresso não seria um mecanismo a mais de auditoria, não nas circunstâncias brasileiras”.
“Teríamos que transportar 150 milhões de votos nesse país em que se rouba cargas. Há problemas de milícia, PCC, Comando Vermelho, Amigos do Norte, problemas de segurança. Depois, teríamos que armazenar. A história do Brasil é de urnas que apareciam grávidas, nos tempos das urnas de lona, em que apareciam mais votos do que eleitores. E, depois, a proposta era contagem manual pública de votos, que eram aquelas cenas pavorosas no Maracanã ou nos centros de apuração em que os fiscais comiam voto. Seria um retrocesso na história do Brasil voltarmos aos modelos das fraudes eleitorais.”