A oposição entra na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, nesta quarta-feira (28), confiante de que imporá uma nova derrota ao presidente não eleito Michel Temer (PMDB) na votação da reforma trabalhista. Para o líder dos opositores na Casa, Humberto Costa (PT-PE), a base do Planalto rachou e as articulações intensas podem derrotar o parecer do líder do Governo, Romero Jucá (PMDB-RR), na CCJ.
Durante a sessão plenária de ontem, o Planalto tremeu com uma nova fala do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). À frente da maior bancada do Senado, Renan sentenciou o fim da gestão de Michel Temer e – numa menção direta ao ex-presidente da Câmara e amigo do presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pelo juiz Sérgio Moro – expôs as vísceras do governo. “O erro do presidente Temer foi achar que poderia governar o Brasil influenciado por um presidiário de Curitiba”, atacou o peemedebista no microfone do plenário.
Renan afirmou, ainda, que pode usar das prerrogativas de líder para mexer na composição do PMDB na CCJ, trocando senadores que são favoráveis à reforma trabalhista por outros peemedebistas contrários à proposta. “Isso demonstra que o governo está agonizando e cresce a possibilidade de nós, uma vez mais, rejeitarmos a reforma trabalhista, a exemplo do que aconteceu na Comissão de Assuntos Sociais, duas semanas atrás”, entende Humberto Costa.
O líder da Oposição no Senado, que tem participado de intensas articulações para virar votos na CCJ, explica, ainda, que dois senadores titulares da Comissão, anteriormente favoráveis à proposta, mudaram seus votos nos últimos dias, tendo em conta as denúncias contra Temer e o aumento da rejeição ao governo, que chega a 97%. Lasier Martins (PSD-RS) resolveu apresentar um voto em separado, o que significa que não deve acompanhar o parecer do relator. Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) entregou os cargos que tinha do Governo Federal no Estado e anunciou que votará contra a reforma.
“Esse governo de Temer acabou. Só falta ser sepultado. O dia todo será de muita luta e nós apelamos aos brasileiros que pressionem seus senadores para que votem hoje contra Temer e a favor dos trabalhadores, que foram, afinal, quem os elegeu para os cargos que ocupam e não podem agir para destruir os direitos dos brasileiros”, explicou o senador petista.