Das pouco mais de três décadas de carreira que Petrúcio Amorim acumula, em cerca de um terço do período ele participou de inúmeras conversas com sua biógrafa, Graça Rafael. O resultado dos vários e longos depoimentos será conhecido na quinta-feira (10), no lançamento do livro Petrúcio Amorim – O Poeta do Forró. O evento terá a presença da autora e do músico, além da atriz Fabiana Pirro, que irá interpretar passagens da obra.
Previsto originalmente para 2015, quando Petrúcio completou 30 anos de palco, o livro acabou não sendo finalizado a tempo da efeméride. “Foram dez anos e dez meses de muito cuidado e muito zelo”, diz Graça Rafael, que se considera uma “forrozeira nata”. Caruaruense como o biografado, ela aventou a ideia de escrever sobre o músico por sugestão da filha, Raffaela, em 2004. A princípio o artista não gostou tanto do projeto, por se achar jovem para ser biografado, mas depois abraçou a sugestão e passou a se reunir periodicamente com a escritora para os depoimentos.
Além do personagem principal da obra, a autora conversou com cerca de 50 pessoas, entre amigos, familiares e músicos, a exemplo de Cristina Amaral, Irah Caldeira, Jorge de Altinho e Novinho da Paraíba. O forrozeiro Santanna assina o prefácio.
“Ele contou toda a história, sem qualquer reserva”, diz a autora, que diz ter se emocionado diversas vezes enquanto o músico recordava sua trajetória, desde a infância humilde. “Teve dias que a gente chorou junto”, lembra, sem revelar em quais passagens isso ocorreu. Filho de um marceneiro e uma costureira, Petrúcio nasceu bastante debilitado, uma gestação conturbada e complicações decorrentes, provavelmente, da subnutrição da mãe, Dona Hermínia. O pai, Antônio, abandonou a família quando o garoto ainda era pequeno, agravando ainda mais a situação financeira no lar.
Aos 17 anos, saiu da modesta casa na Rua do Vassoural, no bairro do Alto do Vassoural, em Caruaru, e partiu para o Recife, para trabalhar como ajustador mecânico, ofício aprendido em curso profissionalizante do Senai, onde também chegou a integrar o time de futsal. Em 1980, deu os primeiros passos da carreira musical, quando conheceu Jorge de Altinho e apresentou algumas composições próprias, que seriam depois gravadas pelo forrozeiro, então um estreante. Cinco anos depois, Petrúcio Amorim lançaria o álbum inaugural, Doce pecado, que mesclava rock, xote, baião e afoxé.
Influenciado por músicos como Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Fagner e Zé Ramalho, Petrúcio Amorim teve melhor sorte como compositor, sobretudo a partir dos anos 1990, quando teve músicas gravadas por bandas como Mastruz com Leite, Cavalo de Pau e Limão com Mel. O sucesso na voz de outros artistas ajudou a engrenar a carreira de intérprete na metade daquela década.
“É quase como uma regra, todas as músicas dele contam uma história”, diz a autora sobre o caráter autobiográfico das composições do forrozeiro, que ela considera com diferencial e razão para despertar emoção entre os ouvintes.
Serviço
Lançamento Petrúcio Amorim – O Poeta do Forró, às 19h
Editora Coqueiro, 224 páginas, R$ 70
Onde: Restaurante Parraxaxá de Boa Viagem (Av. Fernando Simões Barbosa,1200)
Tributo
Outra homenagem recebida recentemente pelo forrozeiro foi o álbum Márcia Pequeno canta o grande Petrúcio Amorim, em que a cantora interpreta 12 faixas de autoria exclusiva do músico, sem participação de parceiros. Cidade grande, Estrela cadente, Tareco e mariola são algumas das composições presentes no CD, que tem participações de Flávio José, Novinho da Paraíba, Assisão, Maestro Spok e Geraldinho Lins. “Certa vez num táxi, conversando com o motorista sobre músicas, ele me disse que gostava de uma meia dúzia de composições de Petrúcio que achava serem de Flávio José ou de Novinho da Paraíba”, recorda o produtor musical Marcos Santtana, sobre a origem do projeto. O CD já está disponível nas plataformas digitais.