Pedro Augusto
Embora as recomendações sejam constantes, tanto por parte do poder público como da própria imprensa, ainda nos tempos de hoje Caruaru tem sido prejudicada devido à falta de educação e consciência por parte de milhares de moradores. Que o diga o Ipojuca, extenso rio que corta a cidade, “depósito” já há vários anos de lixo, metralhas e demais entulhos, sendo simplesmente ignorado por parte dos infratores. Apesar do trabalho de limpeza desenvolvido pela Secretaria Municipal de Serviços Públicos, a situação desse rio, que é tido como de grande importância para a história da Capital do Agreste, permanece difícil também devido, dentre outros fatores, a esta prática degradante.
Em circulação por alguns trechos do Ipojuca, durante a manhã da última quarta-feira (30), a reportagem VANGUARDA captou, através da sua câmera fotográfica, o extenso quantitativo de entulhos, que se encontra jogado tanto nas margens como nos próprios volumes de água do rio. Geladeiras, fogões, sofás, guarda-roupas, chinelos, sacos e garrafas plásticas, bem como roupas e colchões velhos, são apenas alguns dos exemplos dos materiais que se encontram hoje armazenados de maneira irregular. Na tradicional passagem molhada do Bairro do Vassoural, por exemplo, moradores das imediações já estão cansados de presenciar o depósito de todo tipo de objeto.
Este é o caso da dona de casa, Anísia Maria. Residente há mais de 20 anos, da 4ª Travessa Antônio Martins, ela foi uma das a criticar a postura da maioria da vizinhança. “Meu filho, a Prefeitura, em relação a esta situação, simplesmente, está enxugando gelo. Ou seja, digamos que ela venha hoje (última quarta) por aqui e faça a limpeza. Poucos dias depois, a situação de sujeira se encontra do mesmo jeito, porque vários moradores não possuem o mínimo de educação e acabam jogando todo tipo de lixo, causando mais problemas para todos. Eu mesma, já não é hoje, tenho gastado mais dinheiro com a compra de medicamentos e inseticidas por causa da presença constante dos bichos, do que com a própria comida. Se não começar a multar esse povo imundo, nunca teremos o Ipojuca limpo.”
O autônomo Hélio Carlos, que reside no Bairro Santa Rosa, foi outro popular a questionar a má conduta de alguns moradores. “Para se ter ideia do absurdo praticado por eles, mesmo contando com caçambas instaladas pela Prefeitura, muitos não perdem tempo colocando o lixo nas sacolas e também o depositando de maneira correta. Eles jogam tudo mesmo nas margens do rio, contribuindo ainda mais para com o aumento da imundice e da fedentina. A verdade é que tem muita gente que só faz reclamar de sujeira, mas não tem feito a sua parte para a situação melhorar. Sujos e irresponsáveis!”, disparou.
Riscos
Diante já da tanta exploração sobre o tema por parte da imprensa e do poder público, ressaltar novamente os riscos de se descartar de maneira incorreta detritos no Ipojuca, até que pode soar como um: “chover no molhado”. Mas, tomando como parâmetro a situação quase que irremediável que se encontra o rio, não há como não se fugir do tema. Ficou para o professor de Biologia, Alexandre Nunes, a missão de mais uma vez abordar os efeitos que, geralmente, são causados pelo amontoado de lixo.
“Infelizmente muitas pessoas de Caruaru permanecem sem fazer a sua parte no que diz respeito à preservação do Rio Ipojuca ao jogar todo tipo de lixo nas suas margens. É importante destacar que é imprescindível manter estas últimas limpas, ou seja, com boa vegetação, para garantir a saúde do rio. Além de contribuir para com o aumento da contaminação do Ipojuca, tal prática, tem sido responsável para proliferação de vetores de doenças como baratas, ratos, moscas e formigas. Sem falar nos transtornos especialmente observados durante o período chuvoso, quando há o habitual transbordo de água”, disse.
Também para o especialista está faltando consciência por parte dos infratores. “A Prefeitura tem feito a limpeza constante, tanto é que a situação poderia ainda estar pior se não fosse esse combate, mas, quase que imediato, essas pessoas têm depositado todo tipo de material no rio. Está faltando mais educação ambiental. Campanhas para despertar o interesse para a preservação do Ipojuca necessitam ser intensificadas nas escolas para tentarmos modificar essa realidade”, acrescentou Alexandre.
Limpeza
Somente no ano passado, segundo dados divulgados à imprensa, a Secretaria Municipal de Serviços Públicos, através de suas equipes, removeu mais de 50 mil toneladas de entulho, lixo e baronesa do Ipojuca. De acordo com o secretário-executivo da pasta, Bruno França, a limpeza no rio por parte da PMC tem ocorrido de forma diária, mas tem esbarrado na má conduta contínua de milhares de moradores.
“Esse trabalho de remoção vem acontecendo de segunda a sexta-feira em todo o rio, mas tão logo finalizamos a ação num determinado trecho, populares voltam a sujá-lo, depositando todo tipo de lixo. No intuito de tentar conscientizar essas pessoas, o projeto Ecoatitude tem realizado medidas de conscientização, bem como notificações têm sido elaboradas. Deixamos o nosso apelo para que a população faça a sua parte e contribua para com uma Caruaru mais limpa!”, pontuou Bruno.
Denúncias sobre o descarte irregular de entulho podem ser realizadas pelo telefone: (81) 3701-1455.