O júri popular do caso do ex-policial penal Jorge Guaranho, réu pela morte de Marcelo Arruda, guarda municipal e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), começa nesta quinta-feira (4) no Paraná. O agente de segurança é julgado por homicídio duplamente qualificado após atirar contra o petista durante sua festa de aniversário, temática do Partido dos Trabalhadores, em julho de 2022. O caso foi um dos mais simbólicos de violência política naquele ano, em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) disputaram a Presidência.
Presidido pelo juiz Hugo Michelini, o júri será no Fórum de Justiça de Foz do Iguaçu. Guaranho está detido no Complexo Médico Penal de Pinhas, na Região Metropolitana de Curitiba, desde agosto de 2022. Logo após a troca de disparos, ele ficou internado em um hospital em Foz do Iguaçu após ter sido agredido por convidados presentes na festa em que disparou contra Arruda.
Inicialmente, o julgamento estava marcado para 7 de dezembro de 2023, mas foi adiado a pedido da defesa de Guaranho que alegou ter sido surpreendida com a inclusão no processo de um laudo pericial. Conforme os advogados, a defesa “não foi intimada, nem tampouco participou da produção de provas naqueles autos”.
A vítima comemorava 50 anos com a família e amigos quando o policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho invadiu o local e fez dez disparos, dos quais quatro acertaram a vítima. O réu foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) à Justiça por homicídio doloso duplamente qualificado, por motivo fútil – em função da violência política motivada pelo desrespeito às diferenças – e perigo comum, já que os disparos foram efetuados no local da festa e poderiam ter vitimado os convidados presentes.
Relembre o caso
A comemoração do aniversário de 50 anos ocorria em uma área reservada da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu, na Vila A, no dia 9 de julho de 2022. De acordo com a denúncia do Ministério Público do Paraná, o réu — desconhecido da vítima e familiares — se aproximou da porta do salão de festas de carro, com o som do veículo em alto volume, reproduzindo uma música de campanha do então candidato Jair Bolsonaro. De acordo com as testemunhas, Guaranho havia saído de um churrasco com mulher e filho e soube que o festejo tinha como tema decorativo o Partido dos Trabalhadores e o então candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva.
Aos gritos de “Bolsonaro” e “mito”, o réu, que estava acompanhado da esposa e do filho – um bebê de colo – ameaçou Arruda mostrando que estava armado e afirmou que voltaria para matar a vítima.
Aproximadamente uma hora depois, Guaranho retornou ao local da festa, sozinho, e começou a disparar contra o alvo e convidados ainda da porta do salão. A ação foi registrada pelas câmeras de segurança. As imagens mostraram que a vítima tentou se esconder debaixo de uma mesa, onde foi alvejada à queima-roupa.
Jorge José da Rocha Guaranho está preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (PR). Recentemente, ele foi demitido do cargo de policial penal por decisão do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, por uso de recurso material da repartição em atividade particular (arma), improbidade administrativa e incontinência pública. A decisão é resultado de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) instaurado à época do crime, para apurar a atuação do ex-agente da penitenciária federal de Catanduvas, no Paraná.
O início do júri do caso Marcelo Arruda está marcado para quinta-feira (4), às 8h00, na Vara Plenário do Tribunal do Júri de Foz do Iguaçu, no Polo Centro. O julgamento terá transmissão ao vivo pelo canal do Tribunal de Justiça do Paraná.
O Globo