Nesta segunda-feira (15/3), o presidente Jair Bolsonaro, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, responsabilizou a pandemia da Covid-19 e a política do isolamento social pelo aumento no preço dos alimentos. Segundo o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) a inflação dos produtos alimentícios atingiu 15%, número três vezes maior que a taxa oficial do país referente ao mesmo período.
“A política do ‘fique em casa’, ‘feche tudo’, que destruiu milhões de empregos, a consequência está aí. Imagine se o homem do campo tivesse ficado em casa, não teria alimento para ninguém. Agora, todo mundo é responsável, quem é que está com essa política do ‘fica em casa’? Não sou eu”, disse o presidente.
Bolsonaro também comentou a alta do preço dos combustíveis e alta do ICMS. “Quer dizer: eu baixei o imposto para ficar mais barato o diesel, o gás de cozinha, e 19 governadores querem que vocês continuem pagando alto o diesel e o gás de cozinha”, respondeu.
As declarações do presidente não encontram respaldo na realidade. O aumento no preço do arroz para o consumidor brasileiro está ligado à cotação do dólar. Com a valorização da moeda norte-americana, passou a exportação do grão passou a ser mais vantajosa para os produtores. O aumento no preço da carne, por sua vez, começou antes mesmo da pandemia.
Segundo o IBGE, os alimentos que mais encareceram em 2020 foram cereais, leguminosas e oleaginosas (57,83%), óleos e gorduras (55,98%), tubérculos, raízes e legumes (31,62%), carnes (29,51%) e frutas (27,09%).
Aumento do dólar
Em 12 meses, o dólar subiu 30% em relação ao real, uma das moedas que mais se desvaloriza no mundo, deixando os produtos de importação ainda mais caros. A interferência do presidente na Petrobras aumentou ainda mais a pressão no valor da moeda americana, piorando a inflação.
Em relação ao preço dos combustíveis, a Petrobras tem autorizado os reajustes em alinhamento ao mercado internacional. Quanto à tributação, o presidente suspendeu os impostos federais sobre o diesel e o gás de cozinha. Mas governadores de 18 estados e do DF elevaram o ICMS incidente sobre produtos.
Correio Braziliense