O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ex-primeira-dama Michelle e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid vão prestar depoimento simultâneo à Polícia Federal nesta quinta-feira (31/8). A estratégia da corporação, que apura suposta venda ilegal de presentes recebidos em viagens oficiais da Presidência da República, é evitar que os depoentes combinem as respostas. Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes proibiu que Cid se comunicasse com Bolsonaro e Michelle.
Além dos três, também serão ouvidos os advogados Fabio Wajngarten e Frederick Wassef, o pai de Cid, Mauro César Lourena Cid; e os assessores Osmar Crivellati e Marcelo Câmara. A oitiva será a partir das 11h. Cada depoimento, que vai ocorrer ao mesmo tempo, será acompanhado por um delegado separadamente.
Cid está preso há três meses no Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília, investigado em diversos casos que envolvem o nome do ex-presidente — como as joias sauditas, falsificação dos cartões de vacinação e o plano golpista para anular o resultado das eleições de 2022.
No depoimento desta quinta, a PF deve questionar Bolsonaro sobre a suposta participação dele na negociação de venda ilegal das joias. A suspeita da PF é que as operações funcionavam por determinação de Jair Bolsonaro e que teriam rendido R$ 1 milhão. A corporação afirma que os itens valiosos foram levados aos Estados Unidos no mesmo avião em que Bolsonaro viajou em dezembro do ano passado. Os bens deveriam ter sido incorporados ao patrimônio público.
Cooperação internacional
Com o apoio dos Estados Unidos, a PF brasileira pretende ter acesso às contas bancárias do ex-presidente, de Mauro Cid e do general Mauro Loureira Cid, mantidas no país norte-americano. A polícia também busca o rastreamento das joalheiras envolvidas na venda das peças, principalmente do relógio que teria sido “resgatado” por Wassef.
O acessório, de platina cravejado de diamantes, foi entregue por sauditas a Bolsonaro durante uma viagem oficial, em 2019. O objeto foi levado para os Estados Unidos e, segundo a PF, em junho do ano passado, foi vendido por mais de U 68 mil, cerca de R$ 346 mil. É nesta parte da história que entra Frederick Wassef. Ele teria ido aos EUA para recomprar o relógio, que estava exposto em uma joalheria de Miami, para entregar ao Tribunal de Contas da União (TCU). As informações são do Correio Braziliense.