O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou que quer passar uma “mensagem de esperança” à população no ato de 7 de setembro convocado por seus apoiadores para a avenida Paulista, em São Paulo. A declaração foi dada pelo mandatário em entrevista à Rádio Jornal, nesta quinta-feira (26).
Segundo Bolsonaro, ele cumprirá, pela manhã, agenda em Brasília. À tarde, o presidente estará na principal via da capital paulista para participar do ato no dia da Independência do Brasil.
“Pretendo, sim, participar do evento na Paulista, onde devo chegar por volta das 15h30, [e fazer] um pronunciamento mais demorado, falar com a população, dar uma mensagem de esperança e mostrar para o mundo a imagem do local e o quão o povo está preocupado com seu futuro”, disse Bolsonaro.
Pela manhã, ainda em Brasília, o presidente informou que irá participar de solenidade no Palácio da Alvorada, com hasteamento da bandeira nacional, e um rápido discurso a apoiadores na Esplanada do Ministérios.
Bolsonaro ainda afirmou que não pretende desencadear uma guerra civil no País. Ele comentou declarações recentes, como a do deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ), que citou a possibilidade de uma guerra civil por causa da instabilidade política.
“Qualquer pessoa que fala algo, que exagera, que extrapola, tem qualquer ligação comigo. Se tem um plástico no seu carro escrito ‘Bolsonaro’, o pessoal vincula a mim como se aquela pessoa fosse meu porta-voz. O que eu entendo do Otoni de Paula é que tem toda a sua liberdade de se expressar. Não acredito em guerra civil, não provocamos e nem queremos isso daí”, afirmou o presidente.
O presidente também criticou o que chama de “outro lado” em protestos. “Acredito que esse movimento do dia 7, como todos os outros feitos por pessoas simpáticas ao nosso governo ou àquilo que nós defendemos, são movimentos extremamente pacíficos”, disse.
“O outro lado, quando vai para esses movimentos, antifas, pessoal do MST, com bandeira vermelha, foice e martelo, depredam agências bancárias, tocam fogo em pneus nas ruas, atiram pedras em policiais. Não fizemos, não fazemos e não faremos isso. Reconheço a liberdade que o povo tem de manifestar, contra ou a favor de quem quer que seja”, completou o presidente.
Economia
Na entrevista, Bolsonaro afirmou que a economia do Brasil “está se recuperando” e voltou a criticar prefeitos e governadores por medidas como lockdown tomadas durante a pandemia de Covid-19. Apesar de confiante, o presidente acredita que a recuperação econômica deve demorar.
“As coisas não vão ser tão rápidas como muitos querem. Estamos vendo a inflação na casa dos 7%. Lógico que os alimentos estão muito acima disso, o que é preocupante. Todos estão sofrendo”, afirmou Bolsonaro.
Ao falar sobre o aumento do preço dos combustíveis, o chefe do Executivo afirmou que não pode resolver sozinho.
“O combustível está caro? Nao está? Já ultrapassou os R$ 6 ou R$ 7 na ponta da linha. Temos alternativas? Temos, mas eu sozinho não tenho como resolver esse assunto. Passa por um entendimento com os governadores”, completou o presidente.
Transnordestina e Suape
O presidente comentou a informação de que a Transnordestina não passaria por Suape, mas direto para Pecém, no Ceará. Bolsonaro disse que é uma questão da iniciativa privada.
“Não é dinheiro do Governo Federal, são contratos que fazemos com a iniciativa privada e esta visa, obviamente o lucro. Eu me comprometo com vocês que vou entrar em detalhe sobre isso com a minha equipe. Esse é um problema que se arrasta desde 2014, quando a obra foi paralisada. Nós queremos concluí-la e atender ao Nordeste”, frisou Bolsonaro.
O contrato de concessão da ferrovia deve ser ajustado para excluir o trecho que vai de Custódia, no Sertão de Pernambuco, ao Porto de Suape, segundo o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Esse trecho pernambucano deverá ser objeto de outra parceria com a iniciativa privada.
Eleições em Pernambuco
Questionado sobre quem apoiará na eleição para governador de Pernambuco no próximo ano, Bolsonaro diz que o assunto está “em segundo plano”.
“Tenho interesse em uma bancada de deputado federal e um bancada de senadores. Interessa governador? Interessa, mas isso fica em segundo plano. Até porque não consegui ter um partido para dizer que vamos disputar as eleições e o nosso compromisso”, disse.
Ele ainda citou o ministro do Turismo, o pernambucano Gilson Machado, como quem lhe fornece informações sobre Pernambuco.
Impeachment de Alexandre de Moraes
Na quarta-feira (25), o presidente do Senado, o senador Rodrigo Pacheco, rejeitou pedido de Bolsonaro pelo impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O pedido havia sido apresentado pelo presidente da República em caráter pessoal e será arquivado.
“Lamento a posição do sr. Rodrigo Pacheco, mas continuaremos no limite dentro das quatro linhas buscar garantir a liberdade para o nosso povo”, comentou o presidente.
“Os poderes são independentes. Entrei com uma ação no intuito que o processo fosse avante. O presidente do Senado, o senhor Pacheco, entendeu e acolheu uma decisão da sua advocacia. Quando chegou uma ordem do ministro Barroso para abrir a CPI da Covid, ele mandou abrir e ponto final. Ele agiu de maneira diferente de como agiu no passado e vocês sabem que nessa briga eu to praticamente sozinho nela. Ele [Alexandre de Moraes] simplesmente ignora a Constituição”, afirmou Bolsonaro.
Folhape