Boteco da Diversidade abre debate sobre direitos humanos

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No dia 9 de dezembro, sábado, acontece a décima primeira e última edição do ano do Boteco da Diversidade, que ocupa a Comedoria do Sesc Pompeia desde de fevereiro. Com bate-papo, fragmento cênico e pocket show, o tema da vez são os Direitos Humanos, que esteve presente nas dez edições anteriores.

Contando com a participação de ativistas e artistas, alguns deles presentes nas outras edições, o Boteco de dezembro se propõe, a partir de ações artísticas e diálogos políticos, a prática do exercício de direitos, da consciência política, da cidadania e do respeito. “A retomada dos direitos humanos baseia-se na ideia de que é possível ‘reinventar a vida’, sem desigualdades sociais, sem racismo, sem discriminações, sem lesbo-homo-transfobia e demais opressões. Que as diferenças sejam respeitadas e valorizadas e as desigualdades, frutos de injustiças sociais, sejam enfrentadas e erradicadas”, diz a ativista Amelinha Teles.

A DJ Vivian Marques abre a noite com discotecagem, às 19h30. Fragmentos cênicos do espetáculo ‘Fome.doc’, da Kiwi Cia. de Teatro, traz princípios do teatro documentário e discute, sob diferentes ângulos, a fome no mundo. As artistas mulheres que compõe o projeto Rimas & Melodias fazem um pocket show em parceria com a rapper Preta Rara. Entremeando as intervenções artísticas, ativistas participam de um bate-papo sobre Direitos Humanos. Participam da mesa a prostituta Lourdes Barreto, a filósofa e colunista Djamila Ribeiro, a colunista transexual e deficiente em cadeira de rodas Leandrinha Du Art, a pesquisadora Maria Clara Araújo e o vereador da cidade de São Paulo, Eduardo Suplicy.

O Boteco da Diversidade é um projeto que existe desde fevereiro de 2017, com a iniciativa de ampliar a visibilidade política e artística de ações e assuntos vinculados à diversidade cultural e à defesa dos direitos humanos. Ao longo do ano, foram vários os encontros no Boteco com artistas, ativistas, temas e formatos inéditos a cada edição: Visibilidade Trans (fevereiro); Feminismo (março); Masculinidades (abril); Prostituição (maio); Sexualidade e Deficiência (junho); Visibilidade Gorda (agosto); Refúgio e Migração (setembro), Criminalização e Cárcere (outubro) e Etnias em Resistência (novembro).

Sobre artistas e ativistas participantes do Boteco da Diversidade: Direitos Humanos

DJ Vivian Marques
Vivian Marques sempre gostou muito de mu´sica, sonhava em ser danc¸arina, mas quando descobriu o hip hop, ao invés de se tornar b-girl, optou por ser DJ. Aluna do DJ Kl Jay (Racionais MCs), vem mostrando que talento e atitude independem de ge^nero. Em 2007 criou, em parceria com Tati Laser e Juju Denden, o projeto “As Minas Pa´”, com intuito de influenciar mulheres a discotecar, especialmente dentro do hip hop. A inventividade dos sets vem de uma mistura harmoniosa de estilos que vai do hip hop cla´ssico e underground, R&B, Soul, Funk’s 70 entre outras vertentes da mu´sica negra.

Kiwi Cia. de Teatro
Fome.doc é um trabalho cênico inspirado nas técnicas e princípios do teatro documentário que discute, sob diferentes ângulos, a fome no mundo. Da fisiologia humana a Glauber Rocha, de Oscar Wilde a João Cabral, da Palestina ao Sudão do Sul, de Beethoven ao rock, do agronegócio ao MST, a montagem apresenta um panorama de processos sociais que revelam a desumanização e a violação de direitos, para assim vislumbrar o seu possível contrário. Roteiro e direção: Fernando Kinas. Elenco: Fernanda Azevedo e Renan Rovida. Direção musical e execução ao vivo: Eduardo Contrera. Produção: Luiz Nunes e Daniela Embón.

Djamila Ribeiro
É mestre em Filosofia Política pela Universidade Federal de SP. Foi Secretária Adjunta De Diretos Humanos e Cidadania na gestão de Fernando Haddad. É feminista e colunista da revista Carta Capital.

Eduardo Suplicy
É economista, professor universitário e um dos mais destacados políticos brasileiros defensor do fim da ditadura militar e redemocratização do país. Começou sua carreira política em 1977 quando se filiou ao MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Em 1980, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). Foi pelo partido que se elegeu deputado federal dois anos depois. Vereador do Município de São Paulo, em segundo mandato, foi Senador pelo Estado durante 25 anos. É membro co-fundador do Partido dos Trabalhadores. Abraçou como projeto político a garantia de renda mínima a todos os brasileiros, mecanismo que ele considera o mais eficaz para erradicação da pobreza e construção de uma sociedade mais justa e igualitária. É autor de diversos livros, dentre os quais “Renda de Cidadania. A Saída é pela Porta”, de 2002, hoje na 7ª. edição; e “Um Notável Aprendizado. A Luta pela Verdade e pela Justiça do Boxe ao Senado”, de 2007.

Lourdes Barreto
Prostituta há 50 anos e uma das fundadoras com Gabriela Leite do Movimento Brasileiro de Prostitutas. Fundadora e dirigente do GEMPAC (Grupo de Prostitutas de Belém do Pará) há 27 anos e MOPROM (Movimento de Promoção da Mulher). Compõe a CAMS (Comissão de Articulação da Sociedade Civil) do Ministério da Saúde, Comitês de Garimpos e de Prostitutas, membro da PLAPERTS (Plataforma Latino Americana de Pessoas que Exercem Trabalho Sexual), e do NSWP (Rede Mundial de Trabalhadores Sexuais). No estado do Pará, fundou o Fórum Paraense de ONG/Aids e contribuiu na implantação da primeira Delegacia de Direitos da Mulheres do Pará. Seu ativismo é reconhecido nacionalmente, estando entre as 30 pessoas que começaram a luta contra Aids no Brasil.

Leandrinha Du Art
Nasceu e cresceu na cidade de Passos/MG. Mulher, transexual e cadeirante, tornou-se símbolo das grandes lutas pelas quais milita e inspira pessoas pelo mundo. Aos 22 anos, é midialivrista, artivista militante, escritora, fotógrafa, colunista na Mídia Ninja, produtora e nlogueira no “Leandrinha Du Art – Por Debaixo das Águas”.

Maria Clara Araújo
Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal de Pernambuco, pesquisadora de teorias pós-críticas em educação, idealizadora do projeto “Pedagogia da Travestilidade”, que consiste em interseccionalizar a experiência vivida de travestis e educação, colaboradora das Blogueiras Negras e site transfeminismo.com.

Show Rimas & Melodias
O coletivo de rap e r&b Rimas & Melodias, formado por Alt Niss, Drik Barbosa, Karol de Souza, Mayra Maldjian, Stefanie, Tássia Reis e Tatiana Bispo, entra em nova fase e apresenta o show de seu disco homônimo de estreia. Com cantoras, rappers e DJ, o grupo interpreta faixas como “Manifesto/Pule, Garota”, que tem participação de Djamila Ribeiro, e “Origens”, primeiro single e clipe da obra. Com sete músicas, a obra tem direção musical de DIA e produção musical de Grou. Além dos sons inéditos, o repertório traz rimas e melodias da fase pré-disco, como a cypher que lançou o projeto em 2016, parcerias e músicas-solo.

Preta Rara
Comec¸ou a cantar rap em 2013 apo´s uma participac¸a~o no show do rapper Criolo. Ale´m de cantar, e´ militante, turbanista, dona de uma marca de roupas e professora de histo´ria. Idealizou o projeto “Eu Empregada Dome´stica”, que teve mais de 5 mil relatos de mulheres que sofreram abusos como empregadas dome´sticas e Ocupação GGG. Lançou seu primeiro disco, “Audácia”, em outubro de 2015 e, em 2017, estreou a websérie “Nossa Voz Ecoa”, que fala da cultura e estética negra, racismo, machismo e gordofobia.

Tássia Reis
Com diploma de Design de Moda na bagagem, a jacareiense Tássia Reis é integrante do coletivo feminino “Rimas & Melodias”, além de apresentar discos autorias, como “Outra Esfera” (2016). A jovem sempre esteve envolvida com o mundo da música, desde a adolescência em que era dançarina de Danças Urbanas, até participações com artistas renomados como Marcelo D2, Rashid, AXL e o trio Mental Abstrato. Nessa lista podemos colocar ainda o lançamento do EP “Tássia Reis”, em 2014, quando todos puderam conhecer o seu “RapJazz”. Outro passo importante na trajetória de Tássia foi a concepção de sua própria marca de roupas intitulada como Xiu!. O e-commerce a princípio comercializa oito looks diferentes e veio munido a uma música inédita e clipe que descreveram a essência da linha que mistura conforto e liberdade, sem abrir mão da lacração e do close. Além disso, participou da ação “The Force is Female”, da Nike, e da campanha “Lacre Seu Make”, como Cover Girl Avon.

Amelinha Teles
Fundadora e integrante da organização autônoma “União de Mulheres de São Paulo” desde 1981. Militante política desde os anos 1960, foi presa política em 1972/1973. Fez parte de diversos movimentos populares, atuando intensamente no Movimento de Luta por Creche. Integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e da Comissões da Verdade do Estado e Município de São Paulo. Coordenadora dos projetos “Promotoras Legais Populares”, implementado em São Paulo em 1993, e “Maria, Marias”, voltado para capacitação dos casos de violência de gênero. Autora dos livros “O que é Violência contra as Mulheres?”; “O que são os Direitos Humanos das Mulheres”; “Os Cursos de Direito sob a perspectiva de Gênero”; “Da Guerrilha à Imprensa Feminista: a construção do feminismo no Brasil de 1975 a 1980” e “Breve História do Feminismo no Brasil – e outros ensaios”.

Marcelo D´Salete
É professor, ilustrador e autor de histórias em quadrinhos. Estudou design gráfico, é graduado em artes plásticas e mestre em história da arte. Publicou o álbum “Noite Luz” no Brasil e Argentina, com histórias urbanas envolvendo uma casa noturna. “Cumbe” é a sua obra mais conhecida, aborda o período colonial e a resistência negra contra a escravidão no Brasil, publicada também em Portugal, França, Áustria, Itália e EUA. Em 2016, ele relançou o álbum de quadrinhos “Encruzilhada”, que trata de violência, jovens negros e discriminação em grandes cidades. “Angola Janga (Pequena Angola)” é seu livro mais recente. Aborda os antigos mocambos da Serra da Barriga, mais conhecidos como Palmares.

Constroem o Boteco da Diversidade na edição de dezembro:
Idealização e Curadoria Sesc Pompeia;
Produção Executiva Elaine Bortolanza;
Assistente de Produção Heloisa Feliciana;
Iluminação Cris Souto;
Ambientação Cenográfica Silvia Mokreys;
Técnico de Som e Roadies Duda Gomes, Dennys Vilas Boas e Richie Venialgo;
Identidade Visual (capa) Laerte;
Texto Maria Amélia de Almeida Teles (Amelinha Teles);
Ilustrações Marcelo D´Salete
Revisão de Textos Regina Stocklen.

Serviço:
Boteco da Diversidade: Direitos Humanos
Dia 9 de dezembro, sábado – 20h
Comedoria

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