Com o mega-aumento do preço dos combustíveis, o valor do gás de cozinha disparou. Segundo os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) atualizados na sexta-feira (18/3), o botijão de 13 quilos, item essencial para preparação de alimentos das famílias, já chega a custar R$ 160. Na média, o gás é vendido no país a R$ 112,54, uma alta de 35% em relação ao valor praticado há um ano, quando o botijão era vendido por, em média, R$ 83,11.
Pela pesquisa de preços da agência, o botijão mais caro é encontrado em Mato Grosso, por R$ 160. Na região Sul, o valor mais alto identificado foi de R$ 155. No Norte, R$ 150. Já nas regiões Sudeste e Nordeste, o gás de cozinha já é vendido a R$ 144,99 e R$ 135, respectivamente.
O preço reflete o reajuste de 16,1% no valor do gás de cozinha anunciado pela Petrobras na última semana. Além do valor do insumo, a quantia paga pelos consumidores inclui imposto estadual e os custos e margens de comercialização das distribuidoras e dos pontos de revenda.
A realidade é distante do que foi prometido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro. À época, ele afirmava que o país passaria por um “choque da energia barata”. Em diversas ocasiões, o economista afirmou que o preço do botijão de gás poderia cair pela metade, algo em torno de R$ 35, considerando o valor médio à época. Em 2022, o presidente Jair Bolsonaro convive com a alta do combustível, que pode ficar ainda mais caro a depender da situação geopolítica global e da variação do câmbio.
Ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e professor de planejamento energético da UFRJ, Maurício Tolmasquim lembra que o acesso ao gás de cozinha vai além do uso de um combustível, pois se trata de um insumo de necessidade básica, que interfere diretamente na segurança alimentar das famílias. “Tão importante quanto ter o alimento é poder cozinhar. Usar combustíveis improvisados, como lenha, álcool e outros, em substituição a gás, coloca em risco a saúde das pessoas, da população, sobretudo da população mais pobre”, afirma.
O assessor sênior do Instituto Pólis, Clauber Leite, ressalta que a disparada dos preços afeta, sobretudo, as famílias mais pobres. “Quando falamos em aumento do gás de forma descontrolada, elas passam a deixar de ter acesso a algum tipo de alimento, para comprar o gás. Infelizmente, as famílias mais pobres começam a utilizar outros meios de combustíveis, que não são adequados”, disse.
Correio Braziliense