O Brasil abriu 313.902 vagas de trabalho com carteira assinada em setembro, embora o salário de contratação, de R$ 1.795, tenha caído R$ 18 em relação ao mês anterior, aponta o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Previdência. O número é resultado de 1.780.161 admissões e de 1.466.259 desligamentos e ficou abaixo do estimado pelos analistas, que previam cerca de 367,5 mil novas oportunidades. Representa uma desaceleração em relação a agosto (-0,76%), quando foram criadas 368.091 vagas.
No acumulado dos nove primeiros meses de 2021, o saldo do Caged ficou positivo em 2,513 milhões de vagas. No mesmo período do ano passado, houve queda líquida de 558.597 postos formais. Por outro lado, o total de requerimento de seguro-desemprego (494.513) é o maior desde maio (527.070) e também superior a setembro de 2020 (466.263).
Embora positivo quando confrontado com 2020, o estoque anual acumulado ainda contrasta com o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que aponta desemprego de 13,7% e 14,1 milhões de pessoas fora do mercado, em julho. No entanto, até mesmo pelo Caged, ficou claro que, em setembro de 2020, apesar da incidência mais grave da pandemia, houve de 319.151 novas vagas com carteira assinada — acima das 313.902 de 2021.
Brenda Rocha, 56 anos, artesã, trabalha informalmente há 40 anos. Ela conta que dorme na rua e, às vezes, vai para Goiânia. “Trabalho todos os dias, das 6h às 21h, inclusive em feriados. Dá para tirar pouco mais de um salário mínimo com a venda de artesanato”, disse. Ela explica que não procura trabalho formal porque, entende que, na sua idade “não compensa mais”. “Quem vai me dar emprego? Não sou formada em nada. É muito difícil alguém me oferecer algo agora, pois teria que aprender”, disse.
A bióloga Amanda Mendes Pereira, 25, está há um ano e meio procurando vaga no mercado. “Tenho procurado por vagas que têm a ver com minha área de formação, como clínicas de laboratório, empresas farmacêuticas, também em zoológico e em educação. Como ainda moro com meus pais, não estou passando dificuldades, porém é desmotivador.” Para Amanda, a pandemia dificultou, principalmente a área de concursos públicos.
“Outro fator que dificulta é a exigência do mercado de trabalho, como, por exemplo, experiência profissional. Como podemos ter experiência, se não conseguimos emprego?”, questiona Amanda. A secretária executiva Áquila Priscila Monteiro, 22, não atua na sua área e, hoje, vende planos de saúde. “Procurei oportunidades na minha área, porém, mesmo para aqueles que têm muita experiência, é complicado conseguir algo”, afirma.
Setores e regiões
Todos os cinco setores tiveram saldo positivo em setembro: serviços (143.418 postos); indústria (76.169); comércio (60.809); construção (24.513); e agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (9.084). Da mesma forma, as cinco regiões do país registraram avanço: Sudeste (139.081 postos); Nordeste (90.678); Sul 46.724); Centro-Oeste (21.371); e Norte (16.122).
Arrecadação de impostos é recorde
A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 149,1 bilhões em setembro, novo recorde para o mês. O resultado representa um aumento real (descontada a inflação) de 12,87% na comparação com setembro do ano passado. Em relação a agosto deste ano, houve crescimento real de 0,63% no recolhimento de impostos. O valor arrecadado no mês passado foi o maior para meses de setembro da série histórica, que tem início em 1995. No acumulado do ano até setembro, a arrecadação federal somou R$ 1,35 trilhão, também o maior volume para o período da série iniciada em 1995. O montante ainda representa um avanço real de 22,30% na comparação com os primeiros nove meses de 2020.