Um estudo desenvolvido pela Amadeus com passageiros de Brasil, Argentina, México e Colômbia descobriu que o viajante corporativo brasileiro é, entre os quatro países pesquisados, o que mais aproveita as viagens a trabalho para visitar atrações turísticas, ou estende a estadia para aproveitar por conta própria o destino assim que o trabalho estiver finalizado.
Chamada de bleisure, essa tendência vem se tornando especialmente importante nos últimos anos, com a maior flexibilidade das empresas em relação à escala de trabalho de seus funcionários, e configura-se em oportunidade para que as agências que atendem as corporações possam potencializar seus ganhos ao atender o viajante também como pessoa física.
A pesquisa concluiu que 97% dos viajantes brasileiros aproveitam a viagem a trabalho para fazer ao menos uma ação turística, seja visitar um monumento ou fazer compras, ou até viajar para outros lugares. O número cai para 87% na Colômbia, 85% no México e 79% entre os argentinos.
“A pesquisa veio a confirmar algo que o mercado de viagens já vem identificando informalmente há algum tempo. É do perfil do brasileiro aproveitar as oportunidades para curtir além das obrigações laborais. Isso reflete uma maior abertura nas políticas corporativas e também se configura em oportunidade para agências e fornecedores”, disse Paulo Rezende, diretor comercial da Amadeus no Brasil. Embora o estudo tenha identificado essa forte tendência entre os viajantes corporativos brasileiros, ele também mostrou que as agências ainda subaproveitam o potencial lucrativo da tendência “bleisure” na nação.
A pesquisa descobriu que 48% dos brasileiros buscam informações e reservas da parte turística de suas viagens corporativas com a própria agência que efetivou a compra pela empresa. Na Argentina, esse número é de 50%. Mas esses são valores pequenos se comparados a outros meios de compra bleisure. A pergunta sobre como os viajantes corporativos faziam tais reservas tinha respostas múltiplas, nas quais se destacaram as agências online (92% dos entrevistados), metabuscadores (87%) e sites dos fornecedores (75%).
“A cada número que a ciência da estatística nos dá, temos mais certeza que a produtividade é algo sem limites. As agências precisam trabalhar com as empresas para determinar um programa claro de ajuda ao viajante bleisure, e as corporações também tem um papel, estabelecendo regras claras para que o viajante se sinta seguro de estar atuando dentro da política da empresa. Aparentemente, esses dois fatores estão um pouco atrasados no Brasil, pois não há por que deixar de aproveitar o serviço do agente que já está te ajudando”, argumenta Paulo Rezende.
Tribos de viajantes
O estudo realizado pela Amadeus também mensurou como o viajante brasileiro se situa no âmbito das seis tribos identificadas pelo estudo Traveler Tribes 2030. Os entrevistados liam duas afirmações que remetiam a uma determinada tribo e poderiam assinalar com quais delas ele concordava. Se o respondente aderisse às duas assertivas, significava que era muito identificado com uma tribo. Ele também poderia ser um pouco identificado (1 assertiva) e nada identificado (nenhuma).
A tribo com maior penetração no Brasil é a dos Puristas Culturais, com 80% dos viajantes possuindo alguma identificação com ela. Os puristas culturais gostam de viver as experiências locais tal como são, sem grande influência de fatores externos. Em segundo lugar, vieram os Caçadores de Simplicidade, que buscam basicamente evitar dificuldades durante a experiência total, da compra até a chegada.
Também bem posicionados estão os Buscadores de Capital Social, com 70%. Esse viajante procura compartilhar suas experiências nas redes sociais para gerar interação com seus conhecidos.
O estudo da Amadeus ouviu 1.000 viajantes em quatro países em 2017.