Pedro Augusto
Com o aumento das temperaturas, conforme os caruaruenses vêm sentindo muito bem na pele nas últimas semanas, é recomendável que eles fiquem atentos também, nesta época do ano, não só aos efeitos ocasionados pela exposição elevada ao sol, mas ainda a outros fatores nada agradáveis, que costumam causar problemas sérios, a exemplo de doenças. É justamente neste período, segundo os especialistas, que há uma proliferação em larga escala do Aedes aegypti, mosquito este transmissor de diversas enfermidades como a dengue, zika, chikungunya e febre amarela. De acordo com o gerente geral da Vigilância Municipal de Saúde, Paulo Florêncio, que concedeu entrevista esta semana ao VANGUARDA, é importante que a população local redobre os cuidados preventivos contra o Aedes.
“É sabido e isso já está comprovado através de estudos que na medida em que há a elevação das temperaturas, ou seja, o clima fica mais quente, o ciclo de reprodução do Aedes aegypti fica mais rápido. Se no inverno, o estágio de ovo até a idade adulta do mosquito corresponde a 12 dias, neste período de pré-verão, ele não ultrapassa a casa dos dez dias. Desta forma, na época quente, conforme já estamos sentindo em Caruaru, o ciclo de proliferação do Aedes fica em torno de 25% mais ágil no comparativo com os outros intervalos do ano, o que deve ser levado em conta pela população. Esta última precisa adotar as prevenções necessárias para que não seja vencida por esse mosquito causador de tantas doenças”, observou Paulo.
Segundo o gerente, hoje, dos quase 400 agentes de endemias, que se encontram atuando em toda Capital do Agreste, cerca de 100 vêm operando exclusivamente no combate à proliferação do Aedes aegypti. Embora o trabalho de contenção seja constante e desenvolvido em toda área territorial do município é imprescindível que os caruaruenses também contribuam pondo em prática medidas simples, mas de alta resolução. “Para se ter ideia, ainda nos tempos de hoje, ou seja, com todas as dicas de prevenção repassadas por nossas equipes, cerca de 90% dos focos do mosquito são encontrados nas residências e estabelecimentos comerciais da população. Isso devido ao armazenamento incorreto em relação aos volumes de água”, acrescentou Paulo Florêncio.
Neste período de clima de quente, também há mais um agravante, que geralmente costuma impulsionar bastante a reprodução do Aedes: a estiagem mais prolongada. Conforme explicou Florêncio, se chove menos, a população tende a acumular mais água, em espaços e objetos, às vezes, nada recomendados pela Secretaria Municipal de Saúde. “Naturalmente, a escassez do líquido acaba forçando às pessoas a empregarem mais reservatórios. Se numa situação hipotética, a água não chega conforme indicação do calendário da Compesa, elas acabam sendo obrigadas a utilizarem mais objetos para o armazenamento do maior volume do líquido possível, a exemplo de garrafas pets, panelas, dentre outros. Desta forma, o mosquito acaba encontrando mais brechas para garantir a reprodução, o que é preocupante!”.
Outra dificuldade observada pela Vigilância de Saúde no que se refere ao cenário local diz respeito à resistência ainda praticada por diversos moradores e proprietários estabelecimentos no que tange ao acesso dos agentes aos locais empestados por focos do mosquito. “Observamos que de uns tempos para cá, os nossos servidores têm tido mais dificuldades para adentrar nos imóveis, o que é muito sério, porque eles são acostumados a identificar e conter os focos, quando são autorizados a realizar os seus trabalhos. É imprescindível que esses proprietários contribuam no combate ao Aedes facilitando a entrada por parte dos agentes”, ressaltou Paulo Florêncio.
De acordo com os dados do órgão, os números atuais referentes às confirmações de dengue, zika e chikungunya se encontram dentro do aceitável para uma cidade do porte de Caruaru. Se de janeiro até dezembro do ano passado, o quantitativo de casos de dengue correspondeu a 191, de janeiro até o dia 23 de outubro (última quarta-feira, quando esta matéria foi produzida), a soma referente encontrava-se em 92. Em paralelo, no que diz respeito aos números da chikungunya, durante todo ano de 2018, foram contabilizados cinco casos contra quatro até agora computados, em relação a 2019. Adotando o mesmo comparativo, no ano passado, somente um caso de zika foi confirmado enquanto neste ano, já dois.
Além de adotar as medidas preventivas que se encontram destacadas no box abaixo, a população ainda pode contribuir no combate ao Aedes aegypti fazendo denúncias de focos pelos telefones 3701-1423, 3701-1424 e 3701-1407. “O verão está chegando e como já explicamos, a tendência é de aumento natural em relação à presença do Aedes. Entretanto, os caruaruenses podem contribuir para a sua contenção, promovendo as ações preventivas necessárias. Quem já contraiu as doenças transmitidas por ele, sabe que elas não são simples e não desejáveis para ninguém! Faça a sua parte leitor!”, finalizou o gerente.
As principais medidas de prevenção e combate ao Aedes aegypti são:
Manter bem tampado tonéis, caixas e barris de água;
Lavar semanalmente com água e sabão tanques utilizados para armazenar água;
Manter caixas d’água bem fechadas;
Remover galhos e folhas de calhas;
Não deixar água acumulada sobre a laje;
Encher pratinhos de vasos com areia ate a borda ou lavá-los uma vez por semana;
Trocar água dos vasos e plantas aquáticas uma vez por semana;
Colocar lixos em sacos plásticos em lixeiras fechadas;
Fechar bem os sacos de lixo e não deixar ao alcance de animais;
Manter garrafas de vidro e latinhas de boca para baixo;
Acondicionar pneus em locais cobertos;
Fazer sempre manutenção de piscinas;
Tampar ralos;
Colocar areia nos cacos de vidro de muros ou cimento;
Não deixar água acumulada em folhas secas e tampinhas de garrafas;
Vasos sanitários externos devem ser tampados e verificados semanalmente;
Limpar sempre a bandeja do ar condicionado;
Lonas para cobrir materiais de construção devem estar sempre bem esticadas para não acumular água;
Catar sacos plásticos e lixo do quintal.