As comissões de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional e de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados aprovaram ontem (23) uma moção de repúdio contra as falas de cunho bairrista do governador mineiro Romeu Zema (Novo) por uma frente formada por estados das regiões Sul e Sudeste contra os eixos Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. Autor do requerimento, o deputado federal pernambucano Pedro Campos (PSB) defendeu a legitimidade de consórcios na discussão de pautas específicas, mas ressaltou que o debate em torno da reforma tributária, em trâmite no Senado, demanda um olhar responsável voltado ao desenvolvimento regional.
“Não há espaço para que se instaure uma guerra federativa entre os entes do país. É importante que o parlamento seja firme e rechace qualquer iniciativa que enfraqueça a unidade e a união do Brasil. É preciso cuidado para não cairmos na armadilha de transformar o debate numa briga fratricida, um cuidado que o governador Zema não teve disse que o Nordeste seria ‘uma vaquinha que dá menos leite’. O cidadão nordestino é tão cidadão quanto alguém do Sul, do Sudeste, do Norte ou do Centro-Oeste”, disse o socialista em relato exclusivo ao Diario de Pernambuco.
Vice-presidente da Frente em Defesa do Nordeste, Campos pontuou os desafios históricos enfrentados por uma região “que vivenciou 300 anos de escravidão e, ainda hoje, lida com todas as mazelas produzidas pelo sistema escravocrata, pela ocupação de grandes latifúndios por gente que queria apenas explorar riquezas”. “Até hoje pagamos o preço da consequência da política do café com leite, que esqueceu do Nordeste”, pontuou.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no início do mês, Romeu Zema propôs a atuação do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) na defesa dos interesses econômicos dos estados das duas regiões, que, segundo ele, estariam perdendo espaço principalmente para o Nordeste em votações no Congresso Nacional. O governador mineiro sugeriu então uma articulação no Senado para reverter eventuais quedas na arrecadação a partir da reforma tributária.
Diario de Pernambuco