No próximo dia 21 completa um ano da paralisação dos caminhoneiros que brecou a economia do País ao longo dos seus 11 dias de duração. E um novo movimento grevista começa a ganhar fôlego após o ultimato dado pelo presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José Fonseca, na última segunda-feira (13), ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Fonseca enviou ofício ao Governo Federal exigindo a articulação de um encontro com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, a fim de encontrar uma solução para as constantes altas no preço do diesel, que representa cerca de 50% do valor do frete e de janeiro até abril deste ano acumula alta de 24,34%.
Caso esse prazo não seja cumprido, a entidade promete realizar uma paralisação de 24 horas no dia 23 de maio. Após esse período, caso a política de preços da estatal não seja revista, Fonseca promete uma parada por tempo indeterminado.
De acordo com a Abcam, apesar da boa vontade do Governo Federal em abrir o diálogo, mas o que vem ocorrendo do começo do ano para cá não trouxe ganho real para a categoria. “Admiro a boa vontade de conversar, mas tudo o que foi colocado em prol da categoria até agora são ações de médio e longo prazo”, comenta José Fonseca.
A revolta do presidente da entidade que representa cerca de 450 mil caminhoneiros de todo o País é uma resposta ao que ele considera um descaso com a categoria pelo presidente da Petrobras. “Quando ele escolheu não participar da audiência pública na Câmara dos Deputados, na quarta passada, para debater o tema, ele debochou da gente e não vamos tolerar uma postura dessa. Queremos esse encontro presencial, em um local público para que todos possam conferir o que vamos mostrar”, diz, afirmando que a intenção do encontro é mostrar estudos realizados pela equipe técnica da Abcam sobre o tema.
Segundo ele, as análises com base em dados atuais e históricos revelam que os derivados do petróleo, notadamente o diesel, gasolina e gás, poderiam ficar significativamente abaixo dos níveis atuais, preservando-se adequada margem de lucro para a Petrobras. “Temos provas de que é possível o litro do diesel chegar a R$1. Uma condição necessária para isso é a preservação das refinarias em mãos da Petrobras, com o que a empresa manteria a situação de monopolista em produção de derivados, o que é, inequivocadamente, do interesse da segurança nacional e, portanto, também nosso”, completa.
A Folha de Pernambuco procurou a Petrobras, mas até o fechamento da edição desta terça-feira (14), a empresa não respondeu à reportagem. Em Pernambuco, o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas do Estado de Pernambuco (Sintracape), Wilton Neri, não acredita em uma nova paralisação. Contudo, compreende a magnitude da representatividade da Abcam em relação aos caminhoneiros do País. “Ao menos por ora nenhum sindicalizado me contatou. No entanto, minha ligação é com a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que continua a dialogar com o Governo em busca de uma solução”, revela o sindicalista.
Por nota, a CNTA afirma não promover greve e que qualquer decisão sobre uma nova paralisação é prerrogativa da categoria, manifestada em assembleia dos sindicatos. “A entidade sempre apoiará movimentos que reflitam os interesses coletivos da categoria, com respeito à ordem pública, às instituições, às leis e a sociedade como um todo, porém, crê que o momento atual é o do diálogo e da realização dos compromissos assumidos pelo governo”, diz documento.
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