Caminhoneiros ameaçam parar nesta segunda em Pernambuco

Suposta paralisação seria a partir das 5h desta segunda (22) - Arquivo/Agência Brasil
Suposta paralisação seria a partir das 5h desta segunda (22) – Arquivo/Agência Brasil
Diário de Pernambuco
Circulam em grupos de Whatsapp de caminhoneiros supostos áudios do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, dizendo que vai tentar suspender a tabela do frete divulgada na quinta-feira (18) pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Desde sexta (19), inúmeros caminhoneiros se reuniram em grupos diversos de Whatsapp para discutir a possibilidade de uma nova paralisação das estradas nesta segunda (22).
A parada seria uma reação à resolução da ANTT, que estipulou preços mínimos do frete rodoviário com valores abaixo do esperado pela categoria. Um dos áudios atribuídos a Tarcísio de Freitas mostra o ministro dizendo a uma das lideranças que quer “resolver a situação” e admitindo erro.
“Oi, Cesar, boa noite, obrigado pelas palavras. A gente está querendo resolver a situação. Saiu a tabela e ela desagradou a categoria. A gente tem o nosso limite. A gente erra também. Nós somos humanos. A gente está admitindo isso com muita humildade e estamos dispostos aí a conversar com a categoria. Então a gente vai tentar tirar aí, suspender a vigência dessa tabela por enquanto, até que a gente possa construir com a categoria soluções, procurar construir o consenso, o diálogo. Então nós vamos voltar a dialogar. E eu devo… então, vou tentar tirar essa tabela do ar aí entre segunda e terça-feira para que a gente converse num ambiente de mais tranquilidade”, diz a voz no áudio.
Pelo conteúdo, não é possível identificar quem é o interlocutor do ministro. A assessoria de imprensa do Ministério da Infraestrutura não nega que o áudio seja de Tarcísio, mas disse que não pode atestar a veracidade. O ministro não foi localizado, segundo a assessoria.
Um dos líderes da categoria, Wanderlei Alvez, o Dedeco, que ganhou notoriedade na paralisação de maio de 2018, disse à Folha de S. Paulo que falou com o ministro por telefone e que recebeu dele uma confirmação de que a tabela seria suspensa devido à reação dos caminhoneiros. O líder afirma que não faz parte dos grupos de Whatsapp que estão ameaçando o novo protesto. Dedeco disse que ouviu do ministro a promessa de que a resolução será suspensa em Diário Oficial na terça (23).
 
Em Pernambuco
Nesse fim de semana, viralizou nas redes sociais um vídeo de uma suposta assembleia de caminhoneiros, ameaçando parar as atividades a partir da meia-noite desta segunda. Nenhum dos sindicatos que representam a classe, consultados pelo Diario, admitem responsabilidade sobre a atitude. Tanto o Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas (Sintac-Caminhoneiros), de Caruaru, quanto o Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas da Zona da Mata de Pernambuco (Sintrac Zmp), limitam-se a dizer que irão apoiar o caminhoneiro, não a paralisação.
O líder dessa paralisação, que aparece no vídeo se pronunciando, é Marconi França, de 45 anos. Ele comenta que o movimento é dissociado de sindicatos e que a parada deve acontecer a partir das 5h, na BR-101 Sul, em Jaboatão, nas proximidades da fábrica da Vitarella, mesmo local onde foi feita a gravação. “Nós vamos reinvidicar o piso mínimo vigente. As empresas transportadoras não estão respeitando. O governo prometeu que, em 20 de julho, ia lançar uma tabela justa para todos e que o Ciot (Código Identificador da Operação de Transporte) seria obrigatório de fato. Quando foi no dia 19, lançaram uma tabela nojenta, que não nos atende. Se a gente for trabalhar em cima dela, vamos morrer de fome”, exclama.
Segundo Marconi, a paralisação será por tempo indeterminado: “se o governo nos atender, a gente para. Senão, continua”. Somente seriam dispensados o tráfego de cargas vivas (animais) e o de produtos médicos/hospitalares.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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