O vereador Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), parece não ter gostado da vitória da Mangueira, escola de samba campeã do Grupo Especial do Carnaval no Rio de Janeiro. Neste Carnaval, a escola homenageou a vereadora Marielle Franco (PSOL), colega de Carlos assassinada há quase um ano em crime ainda não solucionado pelas autoridades.
No Twitter, Carlos sugeriu que a Mangueira tem envolvimento com o tráfico, bicheiros e milícias. “Dizem que a Mangueira, escola de samba campeã do carnaval e que homenageou Marielle, tem o presidente preso, envolvimento com tráfico, bicheiros e milícias. Esse país está de cabeça pra baixo mesmo”, escreveu.
Diversos usuários reagiram à publicação do vereador, entre eles a atleta Joanna Maranhão e o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL). “Se eu te contar quem tá acusado de mexer com milícia tu vai ficar chocado, carluxo!”, escreveu a nadadora, se referindo a notícias que circularam recentemente na mídia e nas redes sociais, ligando a família do presidente aos grupos paramilitares.
Uma delas mostrou que Flávio Bolsonaro, irmão de Carlos, manteve em seu gabinete na Alerj a mãe e a mulher de um ex-policial militar suspeito de comandar uma milícia na zona oeste do Rio. Ao longo dos anos, uma série de discursos do atual presidente e de seus filhos minimizou a gravidade das ações destes grupos. Eles defenderam e exaltaram policiais suspeitos de atuarem junto a milícias.
Já o deputado Marcelo Freixo respondeu ao tuíte de Carlos Bolsonaro dizendo que o presidente da Mangueira, Chiquinho, é investigado por participar dos esquemas do MDB. “Eu sempre denunciei, diferente da sua família, que sempre apoiou. Esqueceu do apoio de vocês ao Cabral, Pezão e Paes?”
Chiquinho da Mangueira, deputado estadual reeleito pelo PSC, mesmo partido de Carlos, foi preso em novembro do ano passado, com a deflagração da Operação Furna da Onça.
Na ocasião, dez parlamentares foram alvos de mandados de prisão sob suspeita de receber uma mesada do ex-governador Sérgio Cabral (MDB) para votar em favor dos interesses do Palácio Guanabara durante seu segundo mandato (2011-2014).
À época, o Ministério Público Federal afirmou que cerca de R$ 3 milhões em suborno foram dados a Chiquinho, “perto de um Carnaval”. De acordo com o órgão, ele utilizou parte da propina para financiar desfiles da Mangueira.
A fala faz parte das acusações feitas pelo ex-gerente de propina de Sérgio Cabral, o economista Carlos Miranda, que disse em delação que Chiquinho e parlamentares receberiam, além de suborno, cargos e vagas de trabalho para aprovar projetos do interesse de Cabral.
Em janeiro, o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro João Otávio de Noronha, deferiu uma liminar para conceder a prisão domiciliar a Chiquinho. O ministro entendeu que o estado de saúde do deputado inviabiliza sua internação no centro de atendimento médico penitenciário.
“Constata-se que, além da perda ponderal de 8 kg em 41 dias e risco de vida do paciente, há inviabilidade da manutenção da internação na Unidade de Pronto Atendimento, ante a superlotação e o risco de contágio de outras doenças”, decidiu.
A decisão foi confirmada em fevereiro pelo relator da Furna da Onça no STJ, o ministro Félix Fischer, com opinião favorável do MPF.
Folhapress