Um grupo de ex-presidentes, parlamentares, professores e estudiosos divulgou carta, nesta segunda-feira (6/9), na qual afirmam que os atos convocados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no 7 de Setembro, Dia da Independência, representam uma tentativa de “insurreição que ameaça a democracia no Brasil”.
No documento, os líderes afirmam que vários países estão com os olhares voltados para as manifestações. Para eles, a comunidade internacional não vai tolerar rupturas democráticas.
A carta é assinada pelo ex-primeiro-ministro da Espanha José Luis Rodríguez Zapatero; pelos ex-presidentes da Colômbia Ernesto Samper e do Paraguai Fernando Lugo; pelos filósofos e ativistas políticos norte-americanos Noam Chomsky e Cornel West; pelo o arquiteto e ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel, vencedor do prêmio Nobel da Paz; e outros políticos europeus.
“Bolsonaro e seu governo têm ameaçado – diversas vezes – cancelar as eleições presidenciais de 2022 se o Congresso não aprovar seus reformas”, diz a carta. “Estamos seriamente preocupados com a ameaça às instituições democráticas do Brasil – e estamos vigilantes para defendê-las antes e depois de 7 de setembro. O povo brasileiro tem lutado por décadas para proteger a democracia de um regime militar. Bolsonaro não deve ter permissão para roubá-la agora”, finaliza o texto.
A carta foi coordenada pela Progressive International, entidade que mobiliza organizações em defesa da democracia no mundo.
Em 2020, a entidade enviou uma delegação ao Brasil para sondar ameaças do governo Jair Bolsonaro.
O 7 de Setembro
As manifestações do 7 de Setembro foram inflamadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Nos últimos meses, ele vem falando para apoiadores que ganhou as eleições presidenciais de 2018 em primeiro turno.
Para o presidente, as eleições foram fraudadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As declarações ampliaram as tensões entre Bolsonaro e o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, também ministro do STF.
Barroso defende que as eleições são justas e que as declarações do presidente não passam de fake news.
Após diversos xingamentos do presidente direcionados a Barroso, ao TSE e também ao STF, o ministro Alexandre de Moraes incluiu Bolsonaro no inquérito das fake news.
A ação implodiu uma verdadeira “guerra” contra o Supremo. Agora, apoiadores do presidente marcham a Brasília para protestar contra a Corte, pedir o voto impresso e auditável, o impeachment de Barroso e Moraes, e caso a Corte não seja extinta, a implantação de um regime militar.
Estado de Minas