Em entrevista exclusiva ao Diário de Pernambuco, o deputado estadual Coronel Feitosa (PL) demonstrou, nesta quinta-feira (2), indignação para com a postura que teria sido adotada pela gestão da governadora Raquel Lyra (PSDB) em interferir nas decisões da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Feitosa acusou Raquel de agir “na calada da noite” para determinar as lideranças das comissões técnicas na Casa de Joaquim Nabuco, uma manobra que, segundo o deputado, teria lhe custado a perda do posto de líder do Partido Liberal na Casa.
“Recebi com surpresa e tomei conhecimento pelo Diário Oficial da decisão de quem iria ocupar as lideranças na Alepe. Tudo foi feito na calada da noite na mesa da governadora. Isso é péssimo. A gente ver uma intervenção dessas vindo do Governo do Estado, que não possui autonomia para interferir nas decisões da Alepe… (…) Aliás, Raquel tinha dito que não iria fazer isso, mas fez. E nem na época do coronelismo aconteceu uma manobra dessas”, contou Feitosa.
O deputado disse estar aliviado por não ter mais que seguir como líder de bancada na Assembleia Legislativa e teceu duras críticas aos primeiros dois meses da atual administração estadual. “Há uma latente falta de competência da governadora Raquel Lyra de não pagar os salários aos funcionários e isso é algo que custa caro à população, principalmente à parcela mais vulnerável. Isso sem falar no sigilo imposto sobre os dados da segurança pública. Me questiono se estamos em uma ditadura militar… Na verdade, nem nos tempos da ditadura era assim”, pontuou.
Mais cedo, o parlamentar ocupou a tribuna para discursar em defesa da autonomia da Assembleia Legislativa e citou os artigos 2º e 9º do Regimento Interno da Casa. E questionou os pares eleitos para as comissões de Justiça, Finanças e Administração Pública se “vão segurar” discussões e votações de Propostas de Emenda à Constituição sobre legislação de matérias tributárias e financeiras; o aumento do valor progressivo de emendas parlamentares com a garantia de impositividade; e a limitação no número de projetos aprovados pela Alepe em caráter de urgência.
“Não somente a governadora e a vice foram eleitas, nós também fomos. E para isso temos que trabalhar para sua excelência: o eleitor. Vamos ter uma nova reunião para instalação de mais 14 comissões temáticas e vamos deixar que o episódio acontecido, classificado pelo deputado Francismar Pontes (PSB) de ‘A morte de São Bartolomeu’, perdure como perdurou por semanas e meses na França? Muitas pessoas têm nos procurado para saber o que a Alepe fará por elas? O que os deputados eleitos farão?”, pontuou Feitosa.
Diario de Pernambuco