A campanha Fevereiro Laranja – de conscientização sobre a leucemia e a importância da doação de medula óssea – alerta para o nono tipo de câncer mais comum em homens e o 11º em mulheres, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A principal característica da doença maligna (que acomete os glóbulos brancos/ leucócitos/ célula da imunidade) é o acúmulo de células doentes (que substituem as normais) na medula óssea, causando prejuízo à produção sanguínea saudável. Apesar de não poder ser prevenida, as taxas de cura têm crescido, como afirma a médica hematologista Carolina Militão, com atendimento no NOA – Núcleo de Oncologia do Agreste, em Caruaru, Pernambuco.
Por isso, é preciso ficar atento a sinais como: dores no corpo, fraqueza, cansaço, sono em excesso, perda de apetite e peso repentinos, manchas roxas (devido a alterações na coagulação do sangue), ínguas no pescoço e embaixo do braço, anemia, palidez (nos lábios e pele), além de infecções, pneumonia, aftas na boca e hemorragias. O tipo agudo da doença evolui de forma rápida e o crônico lentamente, como explica a médica. Para esse último, não se fala em cura e o tratamento acontece de forma mais leve, em casa, através de quimioterapia em comprimidos, por longos períodos ou pelo resto da vida. Para o primeiro, o tratamento é hospitalar, por meio de quimioterapia. Nesse caso, há efeitos colaterais mais fortes, a exemplo de fraqueza, perda de cabelo e falta de apetite. Há maior chance de cura, no entanto.
O transplante de medula óssea é uma possibilidade de tratamento para os casos mais agressivos da doença, com indicação feita até mesmo no início do tratamento. Por isso a importância da doação, como alerta a hematologista. “A medula óssea é o líquido que fica dentro dos ossos, o popular tutano, onde o sangue se produz. Ela tem características específicas; pouquíssimas pessoas têm as propriedades iguais, por isso a importância do cadastro no Redome (Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea)”. O número de doadores cadastrados no Brasil é de 5.575.092 e a quantidade de pacientes em busca de doador não aparentado é de 650.
Para se cadastrar no Redome, é preciso comparecer ao local que disponibilize o serviço no município onde o potencial doador more, para a coleta de sangue. Para ser um doador é preciso ter entre 18 e 55 anos, apresentar bom estado de saúde, não ter doenças infecciosas ou incapacitantes (no sangue, sistema imunológico ou câncer). Para o cadastro, é preciso apresentar documento com foto e preencher um formulário com dados pessoais. Em seguida, ocorre a coleta de 5ml de sangue – tipado para exame de compatibilidade, com identificação das características genéticas.
O resultado é incluído no Redome, como explica a hematologista. “Esse é cruzado com os dos pacientes que aguardam um doador compatível para transplante. O procedimento é indolor (sob efeito de analgesia) e sem necessidade de internamento. A medula óssea se reconstitui após o procedimento”.