O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mantém-se o favorito à reeleição ao cargo nas eleições da próxima semana, e articula um bloco de apoio que pode unir PT e PL em prol de sua recondução. Os dois partidos têm posições opostas, especialmente na eleição presidencial de 2022. As negociações em andamento visam apenas a recondução de Lira ao cargo.
A Mesa Diretora da Casa será eleita na próxima quarta-feira (1º/2), no primeiro dia da legislatura. Ela é responsável pela direção da atividade legislativa e conta com 11 parlamentares: o presidente e dois vice-presidentes; e quatro secretários.
Tanto partidos que apoiam a base do governo Lula quanto a oposição apoiam o atual presidente da Câmara. Homem forte de Jair Bolsonaro (PL) na Casa durante o último governo, Lira dialogou com o novo governo e atuou, antes mesmo da posse, para a aprovação da PEC da Transição, no final do ano passado, que abriu espaço orçamentário para bancar as promessas de campanha.
Nos bastidores, desenha-se um apoio com até 20 legendas: PT, PL, PP, MDB, PSD, PDT, União Brasil, PSB, PSDB, Republicanos, Podemos, PSC, PCdoB, Solidariedade, Patriota, Avante, Pros, PTB, Pros e Cidadania. Há, porém, resistências internas em alguns partidos, que ainda não declararam oficialmente o endosso.
Porém, independentemente do candidato à presidência da Câmara, os partidos precisam se organizar em blocos para a divisão de cargos. Além da eleição da Mesa Diretora, também está sendo acertada a distribuição das presidências das Comissões, que ocorre após 1º de fevereiro.
PT e PL disputam a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), comissão considerada estratégica por poder agilizar a tramitação de projetos considerados importantes pela legenda, e também atrasar projetos indesejados. Porém, é preciso integrar o maior bloco partidário para concorrer à comissão. O PT tentou isolar o PL, que tem a maior bancada da Câmara com 99 deputados, e impedir o partido de ocupar a presidência da CCJ. Arthur Lira, porém, é contra isso e vem articulando uma solução, que pode levar à aliança inusitada, mesmo que temporária.
Frente à ameaça do PL em conseguir formar o maior bloco e garantir as comissões mais importantes, o PT vem fazendo concessões durante o acerto, podendo ocupar menos cargos. A legenda quer, porém, o comando da CCJ no primeiro ano do governo Lula. O acordo que se desenha no momento é que os maiores colegiados serão revezados por PT, PL, União e PP, com o PT ocupando a CCJ neste ano e o PL, em 2024.
Correio Braziliense