Mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão dos vírus da dengue, febre chikungunya e Zika
De acordo com o último boletim epidemiológico sobre arboviroses divulgado pelo Ministério da Saúde, o Brasil acumula 968 óbitos causados pela dengue em 2022. É o número mais alto desde 2015, quando foram 986 registros, e o país atingiu o recorde histórico. Porém, até o fim do próximo mês, com base no ritmo em que as mortes avançaram nas últimas semanas, o Brasil deve ultrapassar esse total e terminar o ano com o maior número de óbitos pela doença.
A previsão foi inclusive motivo de alerta da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) no início do mês. Em comunicado, a entidade médica afirmou que há uma “tendência real de chegarmos perto de mil mortes neste ano atingindo um recorde”, e pediu mais atenção às medidas preventivas da doença, como o combate ao mosquito vetor do vírus, o Aedes Aegypti.
“É urgente que tenhamos uma política de retomada efetiva para combater o vetor da dengue. A situação é crítica, por isso fazemos esse alerta nacional”, destacou na nota o vice-presidente da SBI, o infectologista Alexandre Naime Barbosa.
Segundo o boletim epidemiológico mais recente do ministério, até o dia 12 de novembro foram 1.378.505 casos prováveis de dengue no Brasil, um aumento de 180,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
O documento do Ministério da Saúde destaca que neste ano a região mais afetada tem sido a Centro-Oeste, com uma incidência de 1.955,6 casos a cada 100 mil habitantes. Em seguida, está a região Sul, com 1.038,5; a Sudeste, com 504,4; a Nordeste, com 413,6; e a Norte, com 240,5.
O coordenador do Comitê de Arboviroses da SBI, Antonio Bandeira, chama atenção para a disseminação da doença não ser mais restrita aos locais mais quentes, com aumento significativo no Sul do país, por exemplo.
“A dengue teve aumento exponencial e no Brasil não tem mais fronteiras geográficas. Está presente em todos os estados e é uma doença democrática”, disse o especialista.
Em relação aos óbitos, o país tem hoje um número 293% maior que o registrado durante todo o ano passado, quando foram apenas 246 mortes. Os estados com mais mortes neste ano são São Paulo (275), Goiás (149), Paraná (108), Santa Catarina (88) e Rio Grande do Sul (66).
Quando comparado com 2019, último ano pré-pandemia e quando o Brasil registrou um recorde de mais de 2 milhões de contaminados, 2022 já conta com um total de mortes 15% maior que o registrado durante os 12 meses daquele ano.
Especialistas reforçam que, em caso de sintomas, é importante buscar o atendimento médico para realizar o diagnóstico da doença e receber o tratamento adequado. Geralmente, os sinais envolvem febre abrupta, dores de cabeça, dores no corpo, nas articulações e ao redor dos olhos. Também pode provocar manchas avermelhadas na pele, enjôos e vômito.
Em relação, existe uma vacina, porém ela está disponível apenas em clínicas privadas, é focada em evitar reinfecções, que costumam ser mais graves, e tem o público-alvo restrito – apenas pessoas de de 9 a 45 anos que já foram infectadas anteriormente. Por isso, não é a principal estratégia de combate ao vírus.
As iniciativas são voltadas especialmente para diminuir a reprodução do agente transmissor da doença, o mosquito Aedes aegypti. Para depositar seus ovos, o inseto utiliza água parada. Portanto, os métodos envolvem verificar lugares onde pode haver recipientes com líquidos, como caixas d’água abertas, vasos de plantas, garrafas e pneus, e eliminar o acúmulo. Além disso, não deixar concentrar o lixo e utilizar repelente em áreas de grande exposição a mosquitos são formas eficientes de evitar a doença.
Agência O Globo