Cras Itinerante leva serviços socioassistenciais e orientações sobre direitos sociais à comunidade de Fernando de Noronha

Os moradores da comunidade dos Três Paus, em Fernando de Noronha, receberam a 4ª edição do Cras Itinerante, ação da Superintendência de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, executada pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras), em parceria com o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e a Coordenadoria da Mulher do arquipélago.

O evento ofereceu atendimento descentralizado de serviços socioassistenciais às pessoas que moram distantes do Cras, como orientações sobre acesso a programas sociais do Cadastro Único, a exemplo do Bolsa Família, orientações sobre direitos sociais e benefícios eventuais. Ao todo foram disponibilizadas três concessões de cestas básicas, cinco cadastros para recebimento de cesta básica, cinco atendimentos pelo Programa Atitude, seis abordagens, dez visitas domiciliares, 12 inscrições para oficina de crochê e 20 atendimentos.

O coordenador do Cras Noronha, Jefferson Silva, destaca que nesta edição foi reforçado o atendimento já oferecido à comunidade. “Além de reforçar o atendimento junto às famílias, fizemos uma busca ativa para a inclusão de novos participantes. Trouxemos também inscrições para oficinas que vão acontecer através da Coordenadoria da Mulher”, disse, ratificando que “o Cras Itinerante busca sempre reunir outros serviços, não só os da assistência, mas também os de parceiros.”

Hellen Ramos, supervisora técnica do Programa Atitude nos Territórios, do Governo do Estado de Pernambuco, informou que o programa foi levado para Noronha por uma necessidade de discutir as políticas sobre drogas, além de executar medidas preventivas e ações de redução de danos, aproximando os moradores dos serviços da assistência com atendimento individual e às famílias através de visitas domiciliares, buscando oferecer os melhores encaminhamentos para a população de forma conjunta.

A moradora dos Três Paus, Das Neves, foi uma das pessoas atendidas e ficou feliz em ser acolhida perto de casa, além da oportunidade de se inscrever para fazer um curso de crochê. “Achei a ação muito interessante. A gente chega em uma idade avançada e tem que ter um lazer, mas não é todo mundo que gosta de festa, então o curso que vocês trouxeram para a gente fazer é muito gratificante para as mulheres ficarem mais ativas e aprenderem. Achei muito legal, venham mais vezes”, completou.

De acordo com o planejamento da Superintendência de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, a próxima edição do Cras Itinerante deve acontecer na Floresta Nova, na primeira quinzena de dezembro de 2024.

Proibição de celular em sala de aula: especialista orienta para adaptações que escolas precisam promover caso lei seja aprovada

Aprendizagem, rotina escolar e uso de aparelhos tecnológicos caminham juntos há algumas décadas, e após a pandemia de Covid-19, alguns dispositivos entraram de forma permanente no material utilizado nas salas de aula. Atrelado a isso, iniciaram-se os debates sobre os benefícios e malefícios que o uso contínuo deste tipo de tecnologia pode trazer às crianças e adolescentes.

O uso pedagógico dos dispositivos é defendido por especialistas, que consideram a prática uma forma de inclusão digital. No entanto, o relatório Global de Monitoramento da Educação 2023 da Unesco alerta para os efeitos negativos do uso de telas em sala de aula, tendo em vista a distração que o dispositivo proporciona, ocasionando um impacto danoso na aprendizagem das crianças e adolescentes.

Nesta direção, está pautado o projeto 104/15, do deputado Alceu Moreira (MDB/RS), na Câmara Federal, que propõe a proibição do uso de dispositivos eletrônicos em sala de aula, tanto em escolas públicas, quanto em privadas. O PL acaba de passar por aprovação na Comissão de Educação na Câmara dos Deputados e segue para apreciação da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, antes de ir ao Senado e posterior sanção.

De acordo com o advogado especialista na área educacional, Dr. Luiz Tôrres Neto, as escolas precisam estar atentas à possível aprovação desta lei ainda esse ano. “Diante desse projeto de lei, a instituição que é flexível quanto ao uso de celulares terá que obedecer ao que está disposto, restringindo o uso de aparelhos eletrônicos e criando procedimentos internos claros de controle”, alerta.

“O texto menciona a proibição de uso de celulares para os alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental I e II. Então esses estudantes não poderão portar o aparelho. Diferentemente dos alunos do ensino médio, que podem usar o dispositivo, exclusivamente, para fins pedagógicos e com autorização dos pais”, esclarece Dr. Luiz Neto.

Diante do entendimento exposto até o momento e respaldo do Ministério da Educação, que já demonstrou apoio ao PL, é possível que a proposta seja aprovada ainda em 2024, para aplicação no ano letivo de 2025. Desta forma, as adaptações das escolas precisam ser amadurecidas com brevidade, para que as instituições de ensino não sejam pegas de surpresa. “Agora a instituição deverá criar procedimentos internos claros para as situações que se apresentarem. Como por exemplo, se um aluno do 2º ano fundamental levar celular para a escola, poderá ter esse aparelho recolhido e entregue aos responsáveis na saída. Ou se houver resistência para seguir a nova norma, a direção tem autonomia para advertir este estudante e, até ensejar, a depender da repetição, uma suspensão”, propõe o advogado.

Para dar início à transição, as instituições de ensino podem promover campanhas educativas sobre o uso saudável e monitorado de tecnologias, a fim de transmitir os cuidados que não só a escola, mas as famílias precisam manter com relação às crianças e adolescentes. “Os colégios devem realizar um trabalho de conscientização, demonstrando o malefício da utilização indevida de celulares em sala de aulas e o quanto isso prejudica em termos de atenção dos alunos”, sugere Dr Luiz como forma de trabalhar o tema com as famílias e preparar os alunos para as futuras mudanças.

Hospital Mestre Vitalino divulga programação do Novembro Azul

O Hospital Mestre Vitalino (HMV), ciente da importância da saúde masculina e da conscientização sobre o câncer de próstata, realizará uma série de atividades em alusão ao Novembro Azul, mês dedicado à prevenção e diagnóstico precoce dessa doença. Com o intuito de informar, sensibilizar e incentivar os homens a adotarem cuidados com a saúde.

A programação tem início no dia 08, com uma roda de conversa, na recepção da Unidade de Oncologia, com o tema “Câncer de Próstata (autocuidado e prevenção)”, mediada pela residente Livia Pereira. A ação é voltada para pacientes e acompanhantes. Já nos dias 18 e 19 de novembro será a vez de orientar os colaboradores, os residentes de medicina estarão nas docas realizando uma atividade sobre cuidados com a saúde do homem.

No dia 20 de novembro, o enfermeiro Italo Rocemberg irá ministrar um momento com o tema “Prevenção ao Câncer de Próstata: Uma Abordagem Multidisciplinar”, nos solários da HMV, voltada aos pacientes e acompanhantes. Finalizando, no dia 21 e 22, os residentes de medicina estarão na frente do hospital realizando a distribuição de panfletos e dinâmicas sobre a prevenção ao câncer de próstata para pacientes e acompanhantes.

O Novembro Azul não é apenas sobre a luta contra o câncer de próstata, mas também uma oportunidade de promover um olhar mais atento à saúde do homem como um todo. Muitas vezes, os homens têm dificuldades em buscar ajuda médica, seja por questões culturais ou por falta de informação. O Hospital Mestre Vitalino, por meio de suas ações, busca quebrar esses tabus, proporcionando um espaço seguro para que os homens se informem, realizem exames preventivos e, principalmente, cuidem da sua saúde de forma integral.

Renovações de matrículas para ano letivo 2025 foram iniciadas na rede municipal de Caruaru

A Secretaria de Educação e Esportes de Caruaru (Seduc) deu início ao processo de renovações de matrículas para 2025, nesta quarta-feira (06), nas escolas da rede municipal de ensino. Para realizá-las, bastam os pais ou responsáveis confirmarem as documentações que já se encontram registradas nas unidades em que os seus filhos se encontram finalizando o ano letivo 2024, apresentando ainda um específico:

“Estamos solicitando para 2025 que o comprovante de residência seja atualizado para o da Neoenergia (conta de luz), porque através do código do cliente presente na fatura, o nosso setor de transporte poderá fazer o georreferenciamento. Quanto aos demais, como se tratam de renovações, os pais ou responsáveis terão apenas de confirmar nas escolas se está faltando algum documento para apresentá-lo na sequência”, explicou a gerente de Organização Escolar da Seduc, Juliana Ferreira. As renovações serão feitas até o dia 22 de novembro.

No caso de remanejamentos (trocas) de unidades, os interessados terão desta quarta até o dia 29 de novembro para realizarem o procedimento, acessando exclusivamente o link: https://forms.gle/iqoFUv8cWjMoKh5r6 , que foi publicado no Diário Oficial de Caruaru, dessa terça-feira (05), cujo o acesso é: https://diariooficial.caruaru.pe.gov.br/ . O resultado desses remanejamentos estará disponível, a partir do dia 27 de dezembro.

Já as pré-matrículas para estudantes novatos estão programadas para 2 a 10 de janeiro, por meio de cadastro online.

Estudantes de Fernando de Noronha conquistam vagas no Programa Ganhe o Mundo

O Governo de Pernambuco, através da Secretaria de Educação e Esportes (SEE), divulgou a lista final dos candidatos aprovados pelo Programa Ganhe o Mundo 2024. O resultado foi recebido com alegria pelos estudantes e docentes da Erem Arquipélago, em Fernando de Noronha. Neste ano, as alunas do 1º ano do Ensino Médio, Lara Karolynie Nunes e Alana Gonçalves de Almeida, ambas de 15 anos, foram selecionadas para o intercâmbio e, em breve, embarcarão para o Canadá, onde vão cursar o correspondente a um semestre letivo.

Na classificação geral, em nível estadual, as estudantes Lara Karolynie e Alana Gonçalves conquistaram a 62ª e 239ª posições, respectivamente. “Eu sabia que tinha potencial para passar, e rezei bastante. Estou feliz, realizei o meu sonho”, comemorou Lara. Para Alana, a conquista assustou um pouco. “Eu sonhava em ir para o Canadá, é bem emocionante, dá um pouquinho de medo, já que é um país diferente, mas estou bem feliz”, declarou a aluna.

De acordo com o superintendente de Educação, Amaro Miguel, os estudantes que participaram da seleção passaram por um momento de preparação, o que resultou em uma boa colocação. “Com grande alegria, anunciamos essa ótima notícia. Lara e Alana terão a possibilidade de fazer intercâmbio, sair do país, conhecer novas culturas, e isso é fantástico. A alegria de Noronha é dupla, isso mostra a capacidade que os nossos estudantes têm, mostra o bom trabalho desempenhado pela escola, pelos nossos professores e pela própria Administração, que vem trabalhando em busca desses resultados através da Superintendência de Educação”, pontuou.

Na primeira chamada de embarque, 918 estudantes da Rede Estadual foram selecionados, sendo 400 estudantes com bolsas de estudos para o Canadá, 300 para os Estados Unidos e 200 para o Chile. As vagas adicionais contemplaram 18 estudantes, sendo 10 para o Canadá, três para os Estados Unidos e cinco para o Chile.

Além de Fernando de Noronha, o Ganhe o Mundo contou com a participação de todos os 184 municípios do estado. De acordo com a Secretaria de Educação, a previsão de embarque é março de 2025. Os estudantes receberão bolsas de manutenção durante a estadia fora do país, custeadas pelo Governo de Pernambuco.

Entidades criticam elevação dos juros básicos da economia

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de acelerar o aumento da Taxa Selic, juros básicos da economia, recebeu críticas do setor produtivo. Na avaliação deles, a elevação da taxa para 11,25% ao ano ameaça a recuperação da economia, especialmente quando os Estados Unidos começaram a cortar os juros.

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que recebeu “com indignação” a decisão do Copom. Segundo a entidade, a Selic está em nível excessivo e incompatível. Para a entidade, o aumento dos juros só vai impor restrições adicionais à atividade econômica, com reflexos negativos sobre o emprego e a renda, e atrapalhar o equilíbrio das contas públicas.

“A CNI estima que a taxa básica de juros de equilíbrio deveria estar em 8,4% ao ano, considerando a inflação acumulada nos últimos 12 meses. Mesmo ao considerar a expectativa de inflação, a taxa de juros de equilíbrio é estimada em 9,3% ao ano”, criticou a confederação.

A Associação Paulista de Supermercados (Apas) considera que o choque de juros adotado pelo Banco Central tende a prejudicar a atividade econômica e desestimular os investimentos. A entidade pede que o governo avance no pacote de corte de gastos obrigatórios para que os juros possam cair no futuro.

“A Apas entende ainda que é fundamental que o conjunto da política macroeconômica avance de modo conjunto e coordenado e, neste sentido, a política fiscal possui um papel importante tanto na ancoragem das expectativas quanto no desenvolvimento consistente e sustentável da economia brasileira”, destacou em nota o economista-chefe da associação, Felipe Queiroz.

Centrais sindicais

O aumento dos juros básicos também recebeu críticas das centrais sindicais. Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a medida aumenta o aperto financeiro à população e às empresas. A entidade lembrou que o Brasil está entre os maiores pagadores de taxa básica real (juros acima da inflação) do mundo, enquanto o país bate recorde em empresas com pedido de recuperação judicial.

“As consequências dessa política monetária, que vem sendo praticada pelo Banco Central nos últimos anos, são danos irreparáveis ao desenvolvimento do Brasil, porque trava toda a economia. Tem impactos nas taxas de juros de todo o sistema financeiro, ou seja, aumenta o custo do dinheiro para as famílias e empresas, aumentando também o endividamento de quem precisa de empréstimos, mas não consegue mais pagar”, destacou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira.

A CUT citou um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), segundo o qual a elevação de 0,5 ponto na Selic aumentará em R$ 26 bilhões os gastos da União com os juros dos títulos públicos. O impacto é apenas da alta da última reunião, desconsiderando novos aumentos nos próximos meses. Cada 1 ponto percentual de aumento na Selic, informou o estudo, eleva em R$ 40 bilhões os custos com os títulos.

A Força Sindical classificou a decisão de “irracional, nefasta e desastrosa”. Em nota, o presidente da entidade, Miguel Torres, disse que o Banco Central vai na contramão do desenvolvimento do país.

“Aumentar a taxa é uma irracionalidade. O aumento é mais uma forma de asfixiar os trabalhadores. Sem cortes relevantes, há redução dos investimentos e das chances de crescimento. É importante ressaltar que juros em patamares proibitivos sangram as divisas do País e inviabilizam o desenvolvimento e o investimento, e, consequentemente, a geração de empregos com mais renda”, destacou Torres.

Desempenho republicano pode facilitar aprovação de projetos de Trump

O ex-presidente dos EUA e candidato presidencial republicano Donald Trump dança enquanto faz campanha em Indianola, Iowa, EUA, 14 de janeiro de 2024. REUTERS/Brendan McDermid
© REUTERS/Brendan McDermid

O desempenho do Partido Republicano nas eleições estadunidenses deste ano surpreendeu parte dos analistas e especialistas brasileiros que acompanham o dia a dia da política e da economia da maior potência econômica mundial.

Além de Donald Trump ter superado, com folga, a candidata democrata Kamala Harris na disputa pela presidência dos Estados Unidos, os republicanos já conquistaram a maioria dos assentos no Senado, que, atualmente, é controlado pelos democratas. E caminham para assumir também o comando da Câmara dos Deputados.

Se a vitória na Câmara se confirmar, Trump, que já presidiu os Estados Unidos entre 2017 e 2021, chegará à Casa Branca contando com uma maioria de congressistas que, em tese, estarão mais dispostos a ajudá-lo a cumprir suas promessas de campanha. Situação que o próprio Trump, ao discursar logo após a divulgação dos primeiros resultados apontando sua vitória, classificou como um “mandato sem precedentes”.

Brasília (DF), 06/11/2024 - Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad. Foto: Danilo Igliori/Arquivo Pessoal
 Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad. Foto: Arquivo Pessoal

“O fato de o Trump ter ganhado não é surpresa. No mercado financeiro, em particular no norte-americano, havia mais apostas neste sentido. Ainda assim, a expectativa era de que as eleições seriam mais apertadas e, neste sentido, o resultado [geral] sim, surpreendeu”, disse à Agência Brasil o economista-chefe da empresa de tecnologia financeira Nomad, Danilo Igliori, classificando o resultado das urnas como “uma vitória maiúscula e incontestável” dos republicanos.

Para Igliori, com o resultado, Trump deve começar sua gestão enfrentando menos resistências à implementação de suas propostas de campanha.

“Conquistando, junto, o Congresso, o Trump terá condições de aprovar sua agenda mais facilmente. A questão é o quanto as propostas de tom mais visceral, agressivo, disruptivo, vão, de fato, se materializar nas políticas reais”, ponderou o economista, lembrando que, via de regra, encerrada a disputa eleitoral, é hora dos eleitos adotarem uma conduta mais pragmática.

“Mas acho que o mundo, com o Trump [na presidência dos EUA], é um mundo com mais risco, no qual tendemos a reafirmar um contexto que já é de bastante incerteza. Embora eu ache que os principais vetores não serão fundamentalmente impactados pelo Trump, já que há um fenômeno maior, que é economia [global] que vem emergindo após a pandemia [da covid-19]”, acrescentou o economista, referindo-se a rearranjos das cadeias globais de comércio, entre outros fenômenos.

“O principal deles, a meu ver, é uma redução no nível de globalização. Acho que o centro da proposta do Trump, expressa no slogan Make America Great Again [Tornar a América Grande Outra Vez], sinaliza para os Estados Unidos mais isolado, menos inserido nos fluxos globais de comércio e atividade. O que [se acontecer] vai gerar uma série de desdobramentos para as outras nações. Começando pelos impactos da política tarifária e da menor boa vontade para acordos multilaterais e bilaterais”, apontou o economista.

“Para o Brasil, o cenário tende a ficar bem mais complexo, já que o relacionamento com os Estados Unidos é bastante relevante para nós. Embora isso também possa acabar gerando oportunidades, particularmente no relacionamento brasileiro com a China. Porque se os Estados Unidos restringirem suas relações com a China, ela certamente vai procurar privilegiar outros parceiros.

Seletividade

Brasília (DF), 06/11/2024 - Roberto Goulart Menezes, professor do Instituto de Relações Internacionais da UnB e pesquisador do INEU (Instituto Nacional de Estudos sobre os EUA). Foto: Roberto Goulart/Arquivo Pessoal
 Roberto Goulart Menezes, professor do Instituto de Relações Internacionais da UnB e pesquisador do INEU (Instituto Nacional de Estudos sobre os EUA). Foto: Arquivo Pessoal

Para o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador do Instituto Nacional de Estudos sobre os EUA (Ineu), Roberto Goulart Menezes, Trump não é exatamente um político isolacionista.

“Ele tende a uma abordagem que não é [só] dele. O [ex-presidente republicano] George Bush já a adotou no passado. Como também o [ex-presidente democrata] Bill Clinton em certo momento. É uma política de interesse nacional seletivo. Segundo a qual os Estados Unidos admitem que nem todos os temas [globais] os interessam e que há assuntos dos quais outros [países] podem cuidar melhor”, ponderou Goulart, frisando que, paralelamente a isso, Trump considera que, nos últimos tempos, organismos multilaterais como a Organização Mundial do Comércio (OMC) vem regularmente contrariando aos principais interesses estadunidenses.

“Então, para ele, se os Estados Unidos não têm capacidade de reformar essas instituições para que contemplem seus interesses, é o caso de adotar uma atitude brusca em relação a essas instituições. Caso da OMC, cujo órgão de soluções de controvérsia está paralisado desde 2019 justamente porque os Estados Unidos não concordaram em renovar os árbitros – algo que começou no primeiro governo Bush e que foi mantido na gestão [do democrata e atual presidente] Joe Biden”, lembrou o pesquisador, para quem há “pontos de contato” entre a ação democrata e republicana na defesa dos interesses dos Estados Unidos.

“Desde o governo Clinton, os Estados Unidos vêm tentando reconstruir sua hegemonia política e econômica global – a militar já está consolidada. O Trump também tem isso em seu horizonte. E, para isso, ele adota essa estratégia do interesse nacional seletivo. De forma que os Estados Unidos não vão disputar toda bola dividida”, acrescentou Goulart, que também se disse surpreso com o desempenho dos republicanos nas urnas.

“Primeiro porque as pesquisas apontavam para uma disputa voto a voto [entre Trump e Kamala Harris]. Depois, pela própria trajetória do ex-presidente, que enfrenta processos na Justiça e a consequente exposição midiática negativa. O resultado mostrou tanto que Trump e sua ala política detém o controle hegemônico do partido, quanto que sua política sobreviveu na memória dos eleitores, mesmo os dados econômicos do governo Biden, agora, serem bons”, avaliou o professor, destacando que, no último período, a inflação oficial caiu e o nível do emprego formal melhorou, embora o custo de vida penalize os consumidores.

Na avaliação do pesquisador, com maioria no Congresso, Trump tentará implementar, já no primeiro ano de governo, mudanças nas leis trabalhistas e de imigração, entre outras medidas que reduzam as despesas do Estado. Além disso, sua vitória deve fortalecer a extrema-direita em todo o mundo, com prováveis consequências para as próximas eleições brasileiras.

“Talvez o Trump não consiga fazer tudo, mas com maioria no Senado e na Câmara, há grandes chances de ele conseguir aprovar seus projetos, sem grande resistência. Em 2025, a política externa deve se concentrar em três grandes temas: a guerra entre Ucrânia e Rússia; o conflito no Oriente Médio e a relação dos EUA com a China. Para o Brasil, resta redobrar o pragmatismo e, se necessário, corrigir a rota de sua política externa a fim de contornar eventuais dificuldades que os Estados Unidos venham a colocar em termos comerciais, principalmente”, concluiu Goulart.

Dólar cai para R$ 5,67 no dia do anúncio da eleição de Trump

Dólar
© Valter Campanato/Agência Brasil

Num dia de bastante volatilidade no mercado financeiro, o dólar fechou abaixo de R$ 5,70 após iniciar a sessão se aproximando de R$ 5,90. A bolsa de valores começou o dia em forte queda, mas recuperou-se durante a sessão até fechar em leve baixa.

O dólar comercial encerrou esta quarta-feira (6) vendido a R$ 5,674, com recuo de R$ 0,072 (-1,26%). A cotação chegou a R$ 5,85 pouco depois da abertura das negociações, minutos após a confirmação da vitória do ex-presidente Donald Trump nas eleições norte-americanas.

Durante a manhã, porém, desacelerou e inverteu o movimento por volta das 12h30, passando a cair. Na mínima do dia, por volta das 15h15, chegou a ser vendida a R$ 5,66.

A moeda norte-americana está no menor valor desde 24 de outubro. Apesar da queda, a divisa acumula alta de 4,16% desde o início de outubro e sobe 16,92% em 2024. O euro comercial também teve forte queda nesta quarta, caindo 3% e fechando a R$ 6,092.

A queda do dólar ocorreu num dia em que o sistema de buscas do Google informou errado o valor da moeda. No início do dia, a página mostrava o dólar comercial cotado a R$ 6, chegando a R$ 6,14 no fim da manhã. No início da tarde, o Google desativou o mecanismo que mostra a cotação do real.

No mercado de ações, o dia também foi marcado pela instabilidade. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 130.296 pontos, com queda de 0,29%. O indicador chegou a cair 1,4% por volta das 11h30, mas recuperou-se ao longo da tarde.

A eleição de Donald Trump para um segundo mandato à Casa Branca fez os investidores desmontarem apostas contra o real e outras moedas latino-americanas.

No cenário interno, o mercado continua na expectativa pelo anúncio do pacote de corte de gastos obrigatórios previsto para sair nos próximos dias. Nesta quinta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou de mais uma rodada de reuniões com ministros no Palácio do Planalto.

Os investidores também estiveram atentos à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a Taxa Selic (juros básicos da economia) para 11,25% ao ano, nível esperado pelo mercado. A decisão foi divulgada após o fechamento do mercado financeiro.

Copom eleva juros básicos da economia para 11,25% ao ano

Edifício-Sede do Banco Central em Brasília
© Marcello Casal JrAgência Brasil

A alta recente do dólar e as incertezas em torno da inflação e da economia global fizeram o Banco Central (BC) aumentar o ritmo de alta dos juros. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic, juros básicos da economia, em 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano. A decisão era esperada pelo mercado financeiro.

A alta consolida um ciclo de contração na política monetária. Após passar um ano em 13,75% ao ano, entre agosto de 2022 e agosto de 2023, a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto, entre agosto do ano passado e maio deste ano. Nas reuniões de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano, começando a aumentar a Selic na reunião de setembro, quando a taxa subiu 0,25 ponto.

Em comunicado, o Copom informou que a incerteza nos Estados Unidos se ampliou. Sem citar diretamente a eleição do ex-presidente Donald Trump, o texto mencionou “a conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed [Federal Reserve, Banco Central norte-americano]”.

Em relação ao cenário doméstico, o Copom informou que está acompanhando a política fiscal e cobrou ajustes dos gastos públicos. “O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, destacou o comunicado.

Inflação

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial, subiu para 0,44%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), puxado pela bandeira vermelha nas contas de luz e pelo preço dos alimentos, que subiu por causa da seca no início do semestre. O IPCA de outubro só será divulgado na sexta-feira (8).

Com o resultado, o indicador acumula alta de 4,42% em 12 meses, cada vez mais próximo do teto da meta deste ano. Para 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 4,5% nem ficar abaixo de 1,5% neste ano.

No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de setembro pelo Banco Central, a autoridade monetária elevou para 4,31% a previsão para o IPCA em 2024, mas a estimativa pode subir ainda mais mudar por causa da alta do dólar e do impacto da seca prolongada sobre os preços. O próximo relatório será divulgado no fim de dezembro.

As previsões do mercado estão mais pessimistas. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 4,59%, acima do teto da meta. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 4,38%.

O comunicado do Copom trouxe as expectativas atualizadas do Banco Central sobre a inflação. A autoridade monetária prevê que o IPCA chegará a 4,6% em 2024 (acima do teto da meta), 3,9% em 2025 e 3,6% no acumulado em 12 meses no fim do primeiro trimestre em 2026. Isso porque o Banco Central trabalha com o que chama de “horizonte ampliado”, considerando o cenário para a inflação em até 18 meses.

O Banco Central aumentou as estimativas de inflação. Na reunião anterior, de setembro, o Copom previa IPCA de 4,3% em 2024, de 3,7% em 2025 e de 3,5% no acumulado em 12 meses no fim do primeiro trimestre em 2026

Crédito mais caro

O aumento da taxa Selic ajuda a conter a inflação. Isso porque juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas maiores dificultam o crescimento econômico. No último Relatório de Inflação, o Banco Central elevou para 3,2% a projeção de crescimento para a economia em 2024. O número foi revisado após o expansão de 3,1% do PIB em 2024.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

Amupe promove ‘Seminário Novos Gestores’ para prefeitos eleitos

A Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) promoverá o Seminário Novos Gestores. Com o tema “Gestão que Transforma”, o evento é voltado especialmente para os prefeitos e prefeitas escolhidos pela população nas eleições de 2024 para a legislatura 2025 – 2028. O Seminário acontecerá nos dias 11 e 12 de novembro, no Hotel Canários de Gravatá. O evento contará com a presença da governadora Raquel Lyra.

Mais do que um espaço de aprendizado técnico, o Seminário Novos Gestores também se configura como uma oportunidade para fomentar redes colaborativas, preparando os novos prefeitos para a realização de uma administração eficaz, voltada para o desenvolvimento socioeconômico de toda a população. Na tarde do dia 11, recém-eleitos participarão de painéis sobre finanças, responsabilidade na gestão pública, programas de habitação e construção de parcerias estratégicas com o Governo Federal.

Às 14h00, no painel “Finanças Municipais” serão abordados temas como pacto federativo e autonomia dos municípios. O painel será conduzido pelo professor da Fundação Getúlio Vargas, Eduardo Grin; o consultor da Confederação Nacional dos Municípios, Eduardo Stranz; e o prefeito de Águas Belas e presidente do Consórcio dos Municípios Pernambucanos, Luiz Aroldo, que abordará a importância dos consórcios na redução dos custos das gestões.

Na sequência, às 15h15, a equipe jurídica da Amupe, composta pelos advogados Vadson Almeida, João Batista e Marcos Alencar conduzirão o painel “Gestão Responsável”, tratando de temas como  responsabilidade fiscal, gestão de pessoal, previdência e continuidade dos serviços públicos.

A partir das 16h30, uma equipe da presidência da Caixa Econômica Federal vai falar das principais novidades e esclarecer dúvidas referentes aos programas de habitação do banco federal. Encerrando a programação do primeiro dia, às 17h00, o assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Mozart Sales, vai falar sobre a importância do fortalecimento das parcerias entre União e municípios.