Carteira de trabalho digital.
Com um em cada cinco pernambucanos em idade de trabalhar desocupado, Pernambuco se destacou negativamente como o estado com a maior taxa de desocupação do Brasil em 2021. O dado, divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), de 19,9% de desocupação, é o maior percentual do estado desde o início do levantamento, em 2012. Em 2020, a taxa de desocupação no estado era de 17,2%.
O resultado pernambuco está acima da média nacional, que apresentou redução no último ano, saindo de 13,8% em 2020 para 13,2% em 2021. A situação é semelhante a da maioria dos estados do Nordeste, que também apresentam altas taxas de desocupação. A Bahia aparece em 2º lugar no ranking nacional, com 19,5% da população desocupada. Em seguida, aparecem Sergipe e Alagoas, com 17,9% e 16,9%, respectivamente. Completando a Região Nordeste, o Maranhão aparece em 7º lugar, com 15,8%. Na 10º colocação estão Paraíba e Rio Grande do Norte, com 14,8%. O estado do Piauí aparece em 13º, com taxa de desocupação de 13,6%, enquanto o Ceará fica em 15º lugar, com 13,4%. No Nordeste, a média anual da taxa de desocupação foi de 17,1% em 2021, permanecendo estável em relação ao ano de 2020.
Em números absolutos, a população desocupada, termo utilizado para designar pessoas que procuraram emprego mas não encontraram, foi de 831 mil pessoas em 2021, um aumento de 25,5% em comparação com o ano anterior. De acordo com a gerente de planejamento e gestão do IBGE em Pernambuco, Fernanda Estelita, o avanço da vacinação pode ter contribuído para o aumento da taxa, tendo em vista que a flexibilização do distanciamento social pode ter incentivado a volta da busca por emprego para aqueles que ficaram inativos em 2020.
Outras hipóteses também foram levantadas pela gerente. “Ao longo de 2020, uma parcela significativa da população recebeu o Auxílio Emergencial, que foi reduzido tanto em valores quanto em número de beneficiados no ano passado. Outro fator que pode ter contribuído foi o fechamento de escolas e a evasão escolar de jovens durante a pandemia. Sem acesso a estudo e com dificuldades financeiras, parte deles passou a buscar ocupação para auxiliar nas despesas domésticas”, afirmou.
A pesquisa também apontou que a taxa de informalidade, que inclui os trabalhadores sem carteira, trabalhadores domésticos sem carteira, empregador sem CNPJ, conta própria sem CNPJ e trabalhador familiar auxiliar, subiu de 48% em 2020 para 51,1% em 2021 em Pernambuco. O resultado coloca o estado em 8º lugar no ranking nacional, empatado com a Paraíba. No total, um milhão e 737 mil pernambucanos trabalharam na informalidade em algum momento de 2021.
A pressão existente sobre o mercado pernambucano também é ilustrada pelo aumento da população na força de trabalho, que chegou a 4,1 milhões de pessoas em 2021 contra 3,8 milhões em 2020, um avanço de 8,5%. Esse grupo é composto pela soma de trabalhadores ocupados e trabalhadores desocupados. Enquanto mais pessoas voltaram a buscar oportunidades, o rendimento médio habitual de todos os trabalhos em 2021 foi de R$ 1.837, o menor desde 2012.
Já o número de desalentados, que representa a população que está fora da força de trabalho por não conseguir uma oportunidade mas que estaria disponível para assumir uma vaga, caiu 8,1% em Pernambuco, passando de 367 mil em 2020 para 338 mil no ano passado.
RESULTADO TRIMESTRAL
Além do balanço anual, o IBGE também divulgou os resultados da PNAD Contínua para o quarto trimestre de 2021. Em Pernambuco, a taxa de desocupação recuou 2,2 pontos percentuais, saindo de 19,3% para 17,1%. Mesmo assim, o estado teve a terceira maior taxa de desocupação do país, atrás apenas do Amapá (17,5%) e da Bahia (17,3%).
Em números absolutos, 723 mil pernambucanos procuraram emprego entre outubro, novembro e dezembro e não encontraram. Foram 83 mil pessoas desocupadas a menos em relação ao trimestre anterior. O número também é menor em comparação ao quarto trimestre de 2020, quando 775 mil pessoas, ou 19,4% da população em idade de trabalhar, procuraram trabalho, mas não encontraram.
Enquanto isso, o número de pessoas ocupadas em Pernambuco subiu de três milhões e 374 mil pessoas no 3º trimestre deste ano para três milhões e 494 mil trabalhadores no 4º trimestre, o que equivale a um aumento de 3,6%, ou 120 mil pessoas a mais. O número de empregados do setor privado cresceu 5,9% no acumulado de outubro a dezembro em comparação com o trimestre anterior, chegando a um milhão e 591 mil trabalhadores, um saldo de 89 mil pessoas a mais. Outro destaque na PNAD Contínua foi o aumento na quantidade de trabalhadores domésticos sem carteira, passando de 134 mil para 156 mil pessoas, um avanço de 16,6%.
Já a taxa de informalidade no estado passou de 52,1% da população ocupada no terceiro trimestre de 2021 para 52,6% no último trimestre do ano passado, o que equivale a um milhão e 838 mil pessoas. O rendimento médio habitual das pessoas ocupadas, no entanto, caiu 3,3% no acumulado de outubro a dezembro em relação ao trimestre anterior e chegou a R$ 1.709, menor resultado desde 2018. Quando se compara com o último trimestre de 2020, a perda chega a 10,5%.
“Os dados do último trimestre de 2021, com queda no número de pessoas desocupadas e aumento dos trabalhadores informais e dos subocupados, mostra que as novas vagas criadas ainda são precárias, o que é confirmado pela redução no rendimento médio do estado. É importante lembrar também que o último trimestre do ano tradicionalmente registra uma queda na taxa de desocupação em função das vagas temporárias criadas no fim do ano, especialmente nos setores de comércio e serviços”, finalizou Fernanda Estelita.
Diario de Pernambuco