Com as fronteiras se fechando em todo o mundo, o turismo internacional ficou inviabilizado no auge da pandemia. E o resultado é que muitos turistas brasileiros se encantaram ao conhecer melhor o Brasil, movimentando a economia, aperfeiçoando serviços e gerando oportunidades. E o setor acredita que, mesmo com a reabertura de alguns países para os turistas brasileiros, essa descoberta de destinos nacionais é um ganho que veio para ficar.
“O desafio é manter isso. Muitos acreditam que, quando as fronteiras se abrirem totalmente, este turista voltará a viajar para o exterior. Eu não acredito nisso. Acho que muitos descobriram um país que não conheciam e vão considerar destinos nacionais nas próximas férias”, afirmou Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, exemplificando: “O Brasil tem muito mais a oferecer, é muito mais bonito que destinos como Cancún.”
Ele está confiante que este movimento se mantenha mesmo com a reabertura de fronteiras no exterior para brasileiros vacinados: “Estamos ampliando nossa malha. Passaremos dos atuais 45 destinos para 56 destinos domésticos no fim do primeiro trimestre de 2022”, conta ele.
Com a retomada das viagens nacionais, Carina Câmara, coordenadora da Câmara Temática de Turismo do Consórcio Nordeste, afirma que não houve crise para o setor em 2021, em especial a partir de meados do ano, quando a pandemia começou a perder força.
“De junho para cá, o turismo doméstico teve uma explosão. Tivemos empresas deixando de vender pacotes por falta de leitos (vagas em hotéis), em locais como Jericoacoara (CE), Lençóis Maranhenses (MA). Isso deu uma alavancada ao turismo doméstico, e com um turista com maior poder aquisitivo”, exemplificou Carina.
Alguns destinos já registram movimento superior ao do período pré-pandemia, caso de praias de Pernambuco, Foz do Iguaçu ou a Serra Gaúcha.
A redescoberta do país pelos turistas se deu de muitas maneiras. Ao mesmo tempo em que destinos como praias do Nordeste, as Cataratas do Iguaçu ou o Pantanal ganharam fôlego, houve também muito espaço para o “turismo de vizinhança”, em especial por pessoas que ainda sentem receio de pegar um avião em razão da pandemia:
“Houve um impulso muito grande no turismo feito de carro, de locais a até 300, 400 quilômetros da residência dos turistas”, destaca Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA).
Ele conta que as previsões são que sejam abertas 468 mil vagas na temporada de verão. Ao contrário do que se imaginava no começo da primeira onda da Covid-19, o setor conseguiu resistir bem à crise.
“Menos de 10% das agências fecharam”, afirma Magda Nassar, à frente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav).
Leonel Andrade, presidente da CVC, é otimista: “No turismo nacional, temos números iguais ou superiores ao pré-pandemia. Acredito que, daqui a 12 meses, estaremos todos em um cenário muito positivo. Na minha época de universitário, o sonho era ter um carro. Hoje, o sonho dos jovens é conhecer o mundo”, argumenta ele, que defende um planejamento de longo prazo para o setor.
Agência O Globo