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A redução da atividade física, tempo gasto assistindo TV, adoção de atividades sedentárias e ingestão calórica em excesso são fatores consolidados para o ganho de peso excessivo e, consequente, obesidade. Sabe-se que a prática da atividade física tende a diminuir com o aumento da idade. No entanto, tem-se observado que independente da faixa etária, as crianças estão trocando o lazer ativo para o entretenimento em ambientes fechados (televisão, internet e jogos de computador).
Uma revisão de literatura, desenvolvida por Guerra, de Farias Júnior et al. (2016), cujo objetivo foi avaliar o comportamento sedentário em crianças e adolescentes brasileiros, identificou uma associação positiva entre o maior tempo de comportamento sedentário (e baixos níveis de atividade física) e a massa corporal de crianças. Além disso, esta revisão também identificou que o maior tempo de comportamento sedentário está associado ao consumo de alimentos e bebidas calóricas.
Logo, o maior dispêndio energético em atividades menos vigorosas, como o uso de televisão, jogos digitais e computadores, e consequente consumo alimentar inadequado, tem colaborado para o aumento do excesso de peso infantil, uma vez que o balanço energético positivo, é a condição básica para a instalação da obesidade.
Na população brasileira, há critérios específicos que conduzem a elevada variabilidade na prevalência do sedentarismo, e estão relacionados aos aspectos sociais e de renda da população. Em uma recente metanálise desenvolvida por Silva, Bandeira et al. (2018), foi observado que menos da metade das crianças e adolescentes brasileiras atenderam as recomendações de tempo de tela e TV (<2h), no entanto, mais da metade atendeu as recomendações (<2h) sobre o uso de computadores e videogames.
Embora o interesse da utilização de computadores e videogames esteja crescendo na população de crianças e adolescentes, esses dispositivos ainda não são acessíveis a muitas residências brasileiras. No entanto, um estudo realizado por Aros, Germano-Soares et al. (2017) na cidade de Caruaru, identificou uma redução no tempo de TV e um aumento de mais de 180% de exposição ao computador e vídeo games.
O acesso ao uso de dispositivos eletrônicos está associado a mudanças nas condições socioeconômicas após o ano 2000, marcadas pela redução do desemprego, aumento progressivo do salário mínimo e expansão dos programas de transferência de renda.
Em comunidades pobres e conglomerados urbano, a ausência de espaços recreativos e centros comunitários podem estimular o sedentarismo. Além disso, a violência urbana, característica de muitas cidades do Brasil, está envolvida na retenção da criança ao ambiente doméstico, quase sempre com reduzido espaço para exercer atividades recreativas.
A atividade física e o comportamento sedentário podem coexistir, e a atividade física pode até ser um fator protetor sobre o risco de mortalidade relacionado ao comportamento sedentário. No entanto, a promoção e implementação de práticas de atividade física com base nos investimentos governamentais, parecem atrair mais adultos e idosos.
Ademais, a infraestrutura urbana, na escola ou em outros ambientes que a criança frequenta não são favoráveis a prática de atividade física, e muitas vezes, a prática de aulas de educação física são negligenciadas nas escolas.
Por Isabele Góes Nobre- Doutora em Nutrição, profissional de educação física e professora do curso de Educação Física da Faculdade UNINASSAU Caruaru