Quase 80% dos brasileiros dizem que o desemprego vai aumentar nos próximos meses, segundo pesquisa Datafolha.
Para 79% dos entrevistados, a expectativa é de piora. Para outros 10%, a taxa vai ficar como está. Para 10%, vai diminuir.
Esse é o pior resultado registrado nas pesquisas Datafolha, considerando a série histórica iniciada em 1995 para essa pergunta, no governo FHC.
O pior resultado até então eram os 76% de respostas negativas na pesquisa realizada em novembro de 2015, quando o país estava em uma das piores recessões da história.
A pesquisa telefônica Datafolha foi realizada nos dias 15 e 16 de março de 2021, com 2.023 brasileiros em todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para baixo ou para cima.
O pessimismo com o desemprego é maior entre homens (81%) do que entre mulheres (78%); no Sudeste (82%) e Sul (80%) do que no Norte/Centro-Oeste (74%); nas regiões metropolitanas (83%) do que no interior (77%); entre os com ensino superior (85%) do que naqueles com ensino fundamental (72%).
Funcionários públicos, apesar de terem estabilidade, estão entre os que mais avaliam que o desemprego geral vai subir (84%). O percentual também é alto entre estudantes, assalariados com registro e empresários (todos com 82%). Entre pessoas já desempregadas, o percentual é de 77%.
Entre as pessoas que estão vivendo sem isolamento, 88% esperam aumento do desemprego, ante 80% entre os que saem, mas tomando cuidados, e 78% entre os que só saem quando é inevitável.
Fica em 78% entre as pessoas com renda familiar de até dois salários mínimos e sobe para 84% entre os com renda superior a dez salários.
Entre aqueles que acham que o desemprego vai cair, os maiores percentuais estão entre moradores do Nordeste, Norte e Centro-Oeste (13%); pessoas com ensino fundamental (16%); desempregados (14%), aqueles que dizem não ter medo do coronavírus (16%) e/ou que avaliam o presidente como ótimo/bom (12%).
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no quarto trimestre de 2020, a taxa de desemprego no país foi de 13,9%, a maior para o período de toda a série histórica do IBGE, iniciada em 2002.
Em termos absolutos, o número de brasileiros em busca de uma vaga chegou à média de 13,4 milhões em 2020, 840 mil a mais do que o observado em 2019 e a maior marca da série histórica da Pnad.
A população ocupada chegou a 86,1 milhões, o menor número da série. Pela primeira vez, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país.
Os desalentados, ou seja, que desistiram de procurar emprego por acreditarem que não vão encontrar uma vaga, aumentaram 25,3% na comparação com o último trimestre de 2019. Atualmente, são 5,8 milhões nessas condições.
O repique da pandemia de Covid-19, a identificação de uma nova variante do vírus e as dúvidas quanto à velocidade da imunização abriram uma perspectiva de que o mercado de trabalho possa ter nova piora neste ano.
Alguns analistas estimam que o desemprego possa se aproximar de 20% neste ano, em meio à continuidade da atual recessão.
Folhapress