Apatia, desesperança, solidão. A depressão é uma das doenças que mais cresce a cada ano. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 5% da população mundial, cerca de 330 milhões de indivíduos, convivam com o problema — destes, 12 milhões são brasileiros. Ao observar essa temática, em especial devido ao novo coronavírus, o Janeiro Branco tem o objetivo de conscientizar a população quanto à importância dos cuidados com a saúde mental.
Especialista em fisiologia e meditação, Débora Garcia explica que ao contrário do que muitas pessoas acreditam, cuidar da mente demanda mais do que intenção ou desejo de acalmar emoções. “É importante entender ser natural sentir todas as emoções, que são iniciadas inconscientemente, mas que não necessariamente precisam controlar nossas atitudes”, aponta.
É fato que a qualidade do padrão de pensamentos e emoções impactam em diversos aspectos da vida, que vão desde relacionamentos — sejam eles pessoais ou profissionais — à produtividade, paciência e disposição. “Puxando para a fisiologia, as emoções são capazes de alterar nosso ciclo de sono e aprendizagem, por exemplo”, avisa.
A negligência em relação à saúde emocional tem um preço alto, visto que nenhum indivíduo está 100% imune a um transtorno mental. “O que podemos e devemos fazer é ter um cuidado diário, mesmo porque os transtornos são resultados de não darmos a atenção necessária para a nossa inteligência emocional e ao fluxo de pensamentos, que em alguns casos mais perturbam que ajudam”, alerta.
Segundo a fisiologista, ações pontuais e espaçadas não terão resultados expressivos, dado que os maiores benefícios são consequência da constância. “Imagina uma pessoa que trabalha apenas um mês e pensa que com isso pode gastar para o resto da vida, não faz muito sentido. Com as emoções e a mente é a mesma coisa, afinal, nós precisamos delas todos os dias e os hábitos de alto cuidado devem fazer parte da nossa rotina como o banho”, elucida Débora.
Não há mágica quando o assunto é autocuidado emocional, é necessário cuidar hoje para poder tem mais qualidade de vida e bem-estar a curto, médio e longo prazo, visto que a melhora é cumulativa.
1) É hora de procurar ajuda
Débora Garcia aponta que a depressão esbarra em pré-conceitos, levando quem sofre com o problema a ter dificuldades em fazer acompanhamento com um profissional da saúde mental. “Lembre que o profissional que vai te ajudar a fazer uma coisa que você não foi treinado para fazer, afinal não é da nossa cultura cuidar das nossas emoções desde criança e se autoconhecer”, diz.
Mesmo porque existem alterações neurofisiológicas “negativas” quando as emoções estão fora de controle, um profissional pode ajudar a usar as ferramentas corretas para reorganizar a parte fisiológica também. “Um ponto que pode ajudar é perceber se as suas tentativas até agora estão sendo eficientes. Existem diversos profissionais que podem auxiliar para uma melhor saúde mental, sejam psicólogos, terapeutas ou até mesmo especialistas em terapias alternativas” aponta.
2) O corpo afeta a mente
Melhorar hábitos alimentares e fazer exercícios físicos afeta diretamente a saúde da mente. “Com uma ligação direta chamada cérebro-intestino, nossa alimentação pode influenciar de variadas formas nossa melhor saúde tanto física como mental. Já os exercícios, por exemplo, ajudam a reduzir o hormônio cortisol, relacionado ao estresse. Ou seja, para equilibrar a mente, um estilo de vida saudável conta bastante”, comenta.
3) Escolha a calma
Percepção e clareza de ideias são habilidades que podem ser treinadas. Não há obrigatoriedade em responder a toda categoria de ideia ou pensamento que surge. Filtrando e trazendo qualidade de pensamentos. “Aderir a uma técnica de relaxamento e de respiração consciente é muito eficiente e ajuda a aumentar o nosso pavio emocional. Essas práticas causam mudanças positivas no funcionamento do nosso cérebro, que promove a mudança positiva de dentro para fora”, garante Débora Garcia.