O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante lançamento do projeto da rede Nacional de Monitoramento da Qualidade do ar, da campanha Respire Vida, em parceria com a ONU Meio Ambiente.
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta tornou-se alvo de ataques de bolsonaristas nas redes sociais nesta sexta-feira (21). A hashtag #mandettagenocida ficou entre as mais compartilhadas no Twitter por horas, tendo sido compartilhada mais de 80 mil vezes até o fim da tarde.
Mandetta tem sido atacado por ter resistido em lançar protocolo que autorizasse o uso de cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes ainda em estágio inicial de coronavírus. Por essa resistência pressão do presidente Jair Bolsonaro, acabou demitido, assim como seu sucessor, Nelson Teich.
Os bolsonaristas mostraram empolgação com a recomendação do uso de cloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19 por parte da Comissão Nacional de Saúde da China, e por isso se lançaram contra Mandetta. Na primeira atualização que faz de suas “diretrizes de tratamento” desde março, o órgão ressalva:
“Alguns medicamentos podem demonstrar um certo grau de eficácia para o tratamento em estudos de observação clínica, mas não existem medicamentos antivirais eficazes confirmados por ensaios clínicos duplo-cegos e controlados por placebo.”
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Estudos científicos diversos têm mostrado que o uso de cloroquina ou hidroxicloroquina não tem eficácia no tratamento do coronavírus e, mais que isso, pode estar relacionado a um aumento no risco de morte por problemas cardíacos, como arritmia.
Os bolsonaristas também criticam a política do ex-ministro do “fique em casa”, indicado para pacientes com sintomas leves, para que não ampliem a disseminação do coronavírus. O ministro interino Eduardo Pazuello tenta mudar essa interpretação para o “vá imediatamente ao médico” desde julho.
Agora, a ideia é reforçar a mudança em novas campanhas para diagnóstico precoce e com aumento de centros de triagem na atenção básica, porta de entrada no SUS.
“Se fosse necessário mudar a orientação, eu não tinha problema em fazer. Mas as evidências até hoje não mudaram. A história natural dessa doença é que 85% registram formas leves, 15% vão precisar de internação hospitalar e 5% vão para a CTI”, disse Mandetta à Folha no começo de agosto.
“O que mudou foi que eles [ministério] passaram a acreditar que as pessoas têm que ir [mais cedo], porque acham que existe o uso precoce da cloroquina. Politizaram isso.”