Brasil ultrapassou a marca de 30 mil mortes nesta semana e, nesta quinta-feira, ultrapassou a Itália na quantidade de casos fatais (Foto: Douglas Magno/AFP)
O Brasil completou nesta quinta-feira (4) 100 dias desde que registrou o primeiro caso de coronavírus, confirmado pelo Ministério da Saúde em 26 de fevereiro. Desde então, a curva de crescimento de infectados e óbitos no país avança em níveis assustadores, o que preocupa a população e exige ações ainda mais concretas, num momento em que o poder público começar liberar gradualmente as atividades econômicas.
Diferentemente das demais nações que ocupam hoje o top-10 no número de infectados, os brasileiros são os únicos que mantiveram a evolução progressiva depois de 50 dias. É o que mostra uma pesquisa da faculdade de medicina da US Pde Ribeirão Preto, que levou em consideração estatísticas divulgadas pelos países.
Foto: Reprodução/USP
Com o aumento dos casos desde o mês passado, o Brasil assumiu o segundo posto no mundo em contaminações, atrás apenas dos Estados Unidos, e ocupa o quarto lugar em mortes, ficando abaixo dos próprios norte-americanos, além de Reino Unido e Espanha – ultrapassou a Itália nesta quinta-feira. O cenário pode ser ainda muito pior, já que a Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que o país sul-americano não está no pico máximo da doença, o que deve ocorrer a partir da metade de julho, de acordo com especialistas.
O estudo realizado pela USP mostra que países como China, França, Itália e Espanha, que já foram epicentro de Covid-19 nos meses anteriores, mantiveram uma curva estabilizada depois do 50º dia de pandemia. Com o primeiro caso registrado em 21 de janeiro, até mesmo os Estados Unidos registraram aumentos dentro do previsto na evolução dos casos. Em 11 de março, quando completou 50 dias da doença, o país teve uma taxa de 9.385 infectados por 100 mil habitantes. Em 30 de abril, quando foi o marco dos 100 dias, o número subiu para 10.489. Já o Brasil pulou de 7.982 para 10.008 no período semelhante.
“Se colocarmos todos os países começando do zero da igual e contar os dias, observamos que o Brasil é o único país do mundo que a partir do 50º dia o número de casos e mortes estava acelerado. Em todos os demais países, houve desaceleração. A partir do 50º, os demais colocaram o pé no frio e nós não. Somos os únicos com os pés no acelerador”, ressalta o professor da USP, Domingos Alves, coordenador da pesquisa.
Para o especialista, o poder público brasileiro não seguiu corretamente o que foi determinado pelas autoridades de saúde no período mais crítico do coronavírus: “Essa situação perigosa do Brasil que observamos hoje se deve à má gestão da epidemia durante o que todo mundo chamou de medidas de restrição de mobilidade. Nós mantivemos o isolamento por quase dois meses em média por 50% e depois sempre caindo, um índice muito baixo. Hoje, por exemplo, segundo o Instituto In Loco, o Brasil atingiu 39,5% de adesão às medidas de isolamento. E esse é o grande motivo do alto número de contaminações e mortes”.
Desde a semana passada, o Brasil tornou-se o líder mundial em mortes diárias por Covid-19, chegando frequentemente a ultrapassar os 1 mil óbitos por dia. Os registros no país despencam em fins de semana e feriados, por exemplo, em virtude dos regimes de plantão nos centros de saúde e em laboratórios, o que atrasa o repasse das informações. A escassez de testes faz também que óbitos sejam incluídos no balanço apenas semanas depois da morte, pela falta de confirmação do diagnóstico.
Domingos Alves faz outra crítica à postura do poder público, que só toma atitudes concretas depois que a pandemia se alastrou: “Hoje, o boletim brasileiro divulga apenas as pessoas que estão hospitalizadas na prática. Não fazemos testes nos sintomáticos leves e nos assintomáticos. Não estamos monitoramento da forma certa. O motivo de não termos controlados a epidemia e sermos o maior foco no mundo está relacionado à política que foi adotada desde sempre de enfrentamento da epidemia. Há, na realidade, apenas uma política de avaliação das consequências. Quando você vê um gestor que está aumentando leitos ou comprando respiradores, ele está lidando com as consequências e não com as causas”.
O que é coronavírus?
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (Covid-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Como a Covid-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a Covid-19.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela Covid-19:
Febre
Tosse
Falta de ar e dificuldade para respirar
Problemas gástricos
Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
Pneumonia
Síndrome respiratória aguda severa
Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para Covid-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da Covid-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus
Fonte: Diário de Pernambuco