Health personnel of a medical emergency response service carry Brazilian Eladio Lopes, 79, -infected with the new coronavirus- on a stretcher to be transferred on an ambulance boat from the community of Portel to a hospital in Breves, on Marajo island, Para state, Brazil, on May 25, 2020. – Ambulance boat services allow critical COVID-19 patients to be tranferred in very remote areas surrounded by water in Brazil. (Photo by TARSO SARRAF / AFP)
Sem perspectiva para frear a curva de transmissão do novo coronavírus, o Brasil pode encerrar a semana como a quarta nação com maior número de mortes. Ontem, o país registrou mais 807 óbitos, chegando a 23.473. Os Estados Unidos confirmaram mais 620 óbitos em 24 horas, totalizando 97.669. Em território nacional, são 1.220 mil municípios com registro de fatalidades e, mesmo sendo o segundo país com maior número de casos da covid-19 no mundo, com 374.898 mil infectados, o Brasil ainda está iniciando o processo de interiorização do vírus. Somente os EUA superam o Brasil em total de casos — a marca norte-americana está em 1,6 milhão de infectados.
Segundo balanço da Universidade Johns Hopkins, a Espanha soma 26,8 mil óbitos, enquanto a França, que está em quarto lugar com mais fatalidades no mundo, tem 28,4 mil perdas. No entanto, diferentemente do Brasil, os dois países europeus estão em ritmo de diminuição da doença. No ranking internacional, o país ocupa o sexto lugar, ficando atrás dos Estados Unidos, Reino Unido, Itália, França e Espanha, nesta ordem.
Pesquisadores do Portal Covid-19 Brasil, iniciativa da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Brasília (UnB), estimam, por meio de cálculo de modelo matemático exponencial para os 10 dias seguintes, que, até o próximo domingo, haverá 545 mil confirmações de casos no país. Pela mesma metodologia, o grupo concluiu que as mortes devem saltar de 23,4 mil mortes para mais de 32 mil no mesmo período. Continua depois da publicidade
“Quarentena inteligente”
São Paulo, epicentro da doença no Brasil, tem 6.220 óbitos pela doença, um aumento de 57 novas mortes em 24 horas. A capital do estado chegou a atingir 91% de ocupação dos leitos no fim de semana; agora, está com 88,1% de lotação. O Sistema de Monitoramento Inteligente do governo de São Paulo mostra que o percentual de isolamento social na unidade federativa foi de 55% no domingo. O decreto de isolamento no estado foi prorrogado até domingo, mas, segundo o governador João Doria, o objetivo, a partir de junho, é começar a adotar o que chama de “quarentena inteligente”.
“Até agora, ela [quarentena] foi homogênea em todo o estado porque ela precisava ser. Agora, nós temos a condição de fazê-la heterogênea, seguindo as orientações do comitê de saúde. Áreas e regiões em que possamos, nessa quarentena inteligente, ter um olhar diferente, nós vamos fazer. Aonde não for possível, porque os riscos e índices indicam que não devem, não haverá”, afirmou Doria, em entrevista ao canal Globonews.
Grupo dos seis
Além de São Paulo, outras unidades da federação preocupam quando o assunto é lotação de UTIs. O Rio de Janeiro espera pela entrega de hospitais de campanha. Pernambuco, Pará e Amazonas estão no limite. O Rio, aliás, voltou a ser o estado com maior registro diário de óbitos, acrescentando mais 112 fatalidades de domingo para segunda. Com isso, acumula 4.105 mortes. Superando a barreira de mil mortes também estão Ceará (2.493), Pernambuco (2.248), Pará (2.372) e Amazonas (1.781). Juntos, os seis estados somam 19.219 óbitos, ou seja, 81,8% das mortes confirmadas no país. Todos os 26 estados do Brasil, mais o Distrito Federal, registraram casos e mortes.
No Pará, as medidas de lockdown foram interrompidas ontem. De acordo com o governo, os bloqueios não seriam mais necessários, após uma avaliação das universidades federais do estado de que a tendência no número de casos é de queda. O isolamento social continua sendo aplicado, só que de forma mais branda. O governo do Pará permitiu, ainda, por meio de outro decreto, que os municípios adotem medidas mais rígidas, de acordo com a necessidade avaliada pela gestão local.
Saúde mantém protocolo
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu, ontem, a suspensão de testes com o uso da cloroquina no tratamento contra o novo coronavírus, após a constatação no aumento do risco de mortes. Questionada, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, disse que o estudo que serviu de base para a decisão da OMS, publicado na revista The Lancet “não é um ensaio clínico, é apenas um banco de dados coletado de vários países. Não entra em um estudo metodologicamente aceitável para servir de referência para outros países muito menos para o Brasil”. A secretária afirmou que o ministério da Saúde acompanha 216 protocolos de uso da cloroquina. Segundo ela, os técnicos da pasta estão “tranquilos e serenos” quanto à orientação que dá autonomia aos médicos oferecerem o tratamento.
Correio Braziliense