Brasília – Acontece no Teatro Ulysses Guimarães, o Aulão Solidário ENEM 2017. organizado pelo colégio Olimpo (Wilson Dias/Agência Brasil)
Resistente a adiar a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) neste ano, Alexandre Lopes, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), defendeu na sexta-feira (15) que as universidades federais ampliem a reserva de vagas para alunos de escola pública para reduzir as desigualdades educacionais.
“As universidades pedem o adiamento da prova, mas o que elas pensam em fazer para ajudar esse aluno da escola pública? Elas poderiam, por exemplo, ampliar as cotas para esses estudantes e ajudar a superar essa dificuldade que estão enfrentando”, disse Lopes, em live para a empresa Evolucional, que faz simulados do Enem para escolas privadas.
A proposta não foi apresentada aos reitores das universidades federais, a quem cabe a decisão de definir a política de cotas. Desde 2012, 50% das vagas oferecidas pelas instituições é reservada para alunos de escola pública.
Na contramão da maioria dos países, o governo insiste em manter as datas do Enem mesmo com o número crescente de infectados pelo coronavírus e o fechamento de escolas em todo o país.
Principal forma de acesso ao ensino superior brasileiro, a aplicação do exame em papel está marcada para os dias 1º e 8 de novembro, e as provas digitais, para 22 e 29 de novembro.
Entidades estudantis, sindicatos e associações de professores, escolas públicas e privadas e universidades defendem que a manutenção da prova pode agravar as desigualdades educacionais.
O CNE (Conselho Nacional de Educação) também recomendou ao Ministério da Educação que acompanhe a reorganização dos calendários escolares antes de definir o cronograma do Enem.
Todas as redes estaduais de ensino do país, que concentram 87,5% dos alunos do ensino médio do país, interromperam as aulas. Estudantes mais pobres enfrentam dificuldade para continuar estudando fora da escola com atividades remotas e terão menos chances no exame.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse em 5 de maio que não vai adiar o Enem porque a prova não foi feita para “corrigir injustiças”.
Lopes defendeu que adiar a prova não beneficia os alunos de escola pública. “A desigualdade que existe entre as escolas públicas e privadas vai continuar existindo mesmo com o retorno das aulas. Adiar a prova dá mais tempo também para o aluno de escola particular, então não resolve o problema da igualdade”, disse.
Apesar de defender que a data do Enem deve ser mantida, Lopes admitiu que pode haver alteração futura na realização do exame com a incerteza de controle da pandemia no Brasil.
“Eu preciso ter a data para publicar o edital e garantir que a prova vai ser feita. O Enem envolve uma operação muito grande. Por isso, preciso de uma data da prova que oriente todo o processo de sua elaboração”. ‘Quando estiver tudo pronto, a gente volta a discutir a data”, afirmou.
Folhapress