O Maio Vermelho – de conscientização sobre o câncer de boca – alerta para a importância da prevenção e diagnóstico precoce da doença. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), mais de 15 mil novos casos de câncer dos mais diversos tipos devem surgir no triênio de 2023 a 2025. Por isso é preciso ficar atento a sinais e lesões na cavidade bucal (lábios, bochechas, céu da boca, gengiva ou língua), como adverte a odontóloga Érika Calixto, da área de odontologia oncológica do NOA – Núcleo de Oncologia do Agreste, em Caruaru, Pernambuco
A especialista enfatiza que os principais sinais e sintomas desse tipo de câncer incluem lesões que não cicatrizam por mais de 15 dias, podendo ser esbranquiçadas ou avermelhadas e, ocasionalmente, sangrentas. Nos casos mais avançados, os pacientes podem desenvolver nódulos na região do pescoço. “No estágio inicial, a doença se manifesta de forma indolor. No entanto, em fases mais avançadas, pode causar dor, mau hálito, dificuldades para engolir ou falar e até rouquidão sem motivo aparente. A qualquer um desses sinais, é crucial procurar um médico ou dentista porque essa é uma doença que apresenta alta taxa de mortalidade”.
Érika destaca que os fatores de risco incluem o hábito de fumar, o consumo frequente de álcool, a exposição desprotegida à radiação ultravioleta e a infecção pelo HPV, que pode ser transmitida através do sexo oral sem preservativo. “O HPV positivo se manifesta com verrugas esbranquiçadas na boca, afetando normalmente o céu da boca, a língua ou o interior da bochecha, podendo evoluir para câncer bucal. Isso reforça a importância da vacinação”.
De acordo com a odontóloga, o exame para identificar lesões é simples e pode ser feito pelo cirurgião-dentista. Assim, é essencial que, pelo menos uma vez por ano, um profissional examine toda a mucosa bucal e realize a higiene oral, com limpeza e remoção de tártaro. “A descoberta tardia do câncer bucal pode comprometer a fala, a mastigação, a deglutição e até mesmo a estética facial devido à necessidade de possíveis cirurgias”.
Érika Calixto diz que a conscientização para a mudanças de hábitos que possam contribuir para o desenvolvimento da doença é um primeiro passo. “Até vale destacar que o uso de cigarros eletrônicos (que diminui a nicotina, mas tem outras drogas nocivas) ou o hábito de mascar o tabaco ou colocá-lo na gengiva também são fatores de risco significativos para o câncer da cavidade oral. Por isso é indispensável buscar vencer o hábito do tabagismo”.
Uma vez identificada a lesão, é feita a biópsia e o estudo em laboratório, como explica a dentista. “Quando o câncer é confirmado, o tratamento é iniciado pelo cirurgião de cabeça e pescoço e, em muitos casos, a intervenção cirúrgica pode ser suficiente para resolver o problema sem necessidade de tratamentos mais complexos. No entanto, se a lesão for maior e o oncologista identificar a necessidade de outras formas de tratamento, como quimioterapia ou radioterapia na região da cabeça e pescoço, a conduta é adotada. O tratamento dura cerca de dois meses, com radioterapia diária (entre 30 e 40 sessões) e quimioterapia semanal. É um tratamento bastante agressivo e, muitas vezes, pode causar sequelas como boca seca e danos nos dentes devido à radiação”.
A odontóloga salienta que essa é uma doença que pode ser evitada, observando lesões suspeitas, com exames simples, de fácil diagnóstico. “Por isso, reforço a importância de consultas regulares a um dentista, especialmente para fumantes e pessoas que usam próteses removíveis, que não deve causar ferimentos ou traumas. Se houver má adaptação da prótese, essa lesão deve ser clinicamente avaliada por um dentista. Se a lesão não cicatrizar em até 14 dias após a retirada do aparelho, é um sinal que merece atenção especial.”