Por Maurício Assuero
Estamos no final do ano e algumas coisas prometem fortalecer a economia em 2020. Primeiro, mais uma vez a CAGED registrou aumento no número de empregos. Logicamente, podemos relacionar este aumento com os empregos temporários que são gerados para atender a demanda do final do ano. Vamos esperar que não e um bom indicativo de que isso pode ser fruto da economia é que a construção civil começa a dar sinais de recuperação. O setor registrou um crescimento de 2% nos últimos 12 meses. A indústria de transformação é, sem dúvida, o setor mais preponderante de qualquer economia, por diversas razões, dentre elas o uso de tecnologia que se atualiza constantemente.
Outra questão importante é que estamos melhorando em relação ao risco país, chegamos ao menor nível nos últimos dez anos, e estamos atraindo a atenção de investidores internacionais. Aquela explosão do dólar foi, relativamente, controlada, mas ainda falta uma política mais definida na área, dentre outras coisas como a tão falada reforma tributária. Nesse sentido, já comentei aqui algumas vezes que uma reforma tributária não implica, necessariamente, em aumento de impostos. Uma boa otimização de procedimentos minora custos de cobrança de impostos e nesse sentido, o governo pretende isentar de imposto de renda quem recebe até R$ 3 mil por mês. Qual a vantagem disso?
A redução de imposto aumenta a renda disponível e com isso favorece o consumo e, por conseguinte, a produção e o emprego. Um segundo ponto, reduz os custos de processamento da Receita Federal porque existem mecanismos de restituição baseadas em despesas e dependentes. Assim, aumentando a isenção, esse custo de processamento melhora e a receita vai se tornar mais eficiente. Em resumo pode-se dizer que há uma série de indicadores que apontam para uma melhora da economia e para um crescimento entre 2 e 2,5% em 2020. Mas, nem tudo são flores.
A ameaça sobre a estabilidade traz o aroma dos problemas políticos. Até o momento, o mercado tem se pautado na presença de Paulo Guedes e por isso me arrisco a dizer que o presidente pode até sair do poder, mas se Guedes sair será muito difícil encontrar outra pessoa com propostas tão ousadas. Ouvi muito comentário contra ele, inclusive, com argumentos de que ele trabalharia pelos banqueiros, mas até agora eu vi projetos que afetam, negativamente, o setor, como, por exemplo, as mudanças no cheque especial, os pagamentos instantâneos e, agora, uma nova proposta para tratar bancos em processos de insolvência. Muito será explorado com essa questão do senador Flávio Bolsonaro e resta saber até que ponto o mercado vai considerar que isso não é um problema econômico. Feliz Ano Novo, a todos os leitores e a equipe Vanguarda e familiares.